domingo, 28 de fevereiro de 2010

Recorde de dentistas no país dos banguelas

Recorde de dentistas no país dos banguelas

Por Andrea Dip
www.folhauniversal.com.br

O Brasil é o país com maior número de dentistas no mundo: tem cerca de 250 mil profissionais na área – três vezes mais do que o número ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi o que concluiu um estudo promovido pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), batizado de “Perfil Atual e Tendências do Cirurgião-dentista Brasileiro”, lançado este mês.

Mas, infelizmente, esses dados não se refletem em saúde bucal da população. Números do próprio Ministério da Saúde apontam que quase um terço da população (60 milhões de pessoas) nunca fez tratamento dentário (os números são de 2003, ano do último balanço). E se o novo estudo aponta que as faculdades de odontologia deverão despejar mais 8 mil profissionais por ano no País, três em cada quatro idosos com mais de 65 anos não têm mais nem um único dente na boca, segundo os números oficiais. A situação é tão crítica que, em 2004, o Governo implantou o programa Brasil Sorridente, com a abertura de centros de tratamento para prevenção e orientação sobre higiene bucal. Ainda assim, em 2008, 58% dos brasileiros não tiveram acesso a escovas de dente.

Mas como explicar essa disparidade? Segundo a professora da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, e pesquisadora do Observatório de Recursos Humanos Odontológicos da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), Maria Celeste Morita, que participou da pesquisa sobre dentistas, o Brasil tem uma realidade complexa, com excesso e falta de profissionais ao mesmo tempo: “No Brasil, há locais onde a proporção de população por profissionais é de um dentista para mais de 40 mil habitantes. Nosso problema não é a quantidade de profissionais, mas sim a distribuição deles no interior do País.” Ela fala principalmente da grande concentração de dentistas nas regiões Sul e Suldeste, que abrigam 75% de todos os profissionais da área. “Há um aumento da oferta de cursos de Odontologia na região Sudeste. O estudo mostra que 86% dos profissionais iniciam sua vida profissional no mesmo estado em que fizeram sua graduação”, completa Maria Celeste. “Outro fator que conta para esse desequilíbrio está ligado à desigualdade de distribuição de renda no Brasil. “Durante muito tempo, o atendimento odontológico não foi considerado prioritário, ficando sob a responsabilidade do cidadão arcar com despesas com saúde bucal”, explica a professora. ( ler mais )

Roubolation

A melô do Arruda, políticos corruptos e cia. após o carnaval

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Até FMI já pede controle de capitais

Até FMI já pede controle de capitais

3 anos após defender o "liberou geral" fundo admite que quem restringiu, cresceu mais
Monitor Mercantil, 19/02/2010  - O Fundo Monetário Internacional (FMI) exortou as nações em desenvolvimento a estudarem o uso de impostos e regulação para moderar os fluxos expressivos de entrada de capital, para que estes não produzam bolhas de ativos e outras distorções financeiras.
O fundo destacou que os mercados emergentes que adotaram controles de capital saíram-se melhor do que os outros durante a crise.
A recomendação representa uma defesa firme do FMI às restrições de capital e uma mudança de 180 graus na posição defendida há três anos para os países em desenvolvimento.
Durante muito tempo, o FMI foi a favor do fluxo livre de capitais, como corolário do fluxo livre de comércio, para supostamente ajudar os países em desenvolvimento a prosperarem.
Mas a crise global jogou no lixo essas idéias ortodoxas, obrigando o fundo a repensar seus dogmas econômicos, para tentar manter alguma relevância no mundo pós-crise.
Recentemente, o FMI sugeriu que o mundo estaria em situação melhor com um nível mais alto de inflação do que aquela a que bancos centrais visam agora.
"Nós tentamos olhar para as evidências e aprender alguma coisa com a crise atual", admitiu o vice-diretor de Pesquisa do FMI, Jonathan Ostry, autor do estudo Fluxos de capital: o papel dos controles, com mais cinco economistas do fundo.
O dinheiro que voltou a fluir para os emergentes causa temores de formação de bolhas de ativos na China, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura, entre outros países, principalmente nos mercados imobiliários.
Este ano, cerca de US$ 722 bilhões em capital privado deverá fluir para os países em desenvolvimento, mais 66% sobre 2009, contra US$ 1,28 trilhão de 2007 - auge da especulação mundial - segundo o Instituto de Finanças Internacionais.
O FMI, enfim, admite que esses recursos podem levar a bolhas e novas crises.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dupla moral dos EUA sobre o programa nuclear iraniano

Os EUA têm usado dupla moral na avaliação da produção de armas nucleares, por perseguir o programa nuclear iraniano, mas colaborar com os de Israel, Paquistão e Índia.


Os EUA apoiaram Israel, Índia e Paquistão a produzirem as suas, assinaram programas de cooperação. Por sua vez, o foco estadunidense é frouxo quanto ao que Israel pode produzir.


 Por um lado, os EUA são responsáveis por fazer a Coreia do Norte ou o Irã ambicionarem armas nucleares. Os dois se sentem inseguros por não terem armas nucleares e viverem a ameaça de invasão (lembrem-se os dois países foram taxados por W. Bush como "eixo do mal"). 


Por outro lado, os EUA é o país com o maior arsenal nuclear do mundo, e não faz nenhum gesto na tentativa de mudar essa sua posição.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

(Eleições 2010) Quem manda: BC é pedra no caminho

  Quem manda em quem

Coluna Brasil S/A :: Antonio Machado, Valor Econômico (19 fev. 2010)

Congresso e orçamento fiscal engessado vão moldar programa do novo presidente, não sua vontade 
BC é pedra no caminho

O poder de arbítrio do presidente sobre os gastos orçamentários é quase nenhum. Ele tem livre para gastar cerca de 7% da arrecadação tributária, e ainda a divide com as emendas dos parlamentares. Vem daí também a pressão sobre a redução dos juros operados pelo Banco Central. Eles indexam o custo da dívida pública, que consome algo como 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Parte do custo é bancada pelo superavit primário, a fatia do orçamento desviada para juros.

Na prática, não há essa economia, já que a dívida é rolada, assim como os juros distribuídos. Mas na conta dos políticos, e de muito economista que os assessoram, o gasto financeiro é real. Se menor, poderia virar gasto público. É, mas há conseqüências para a lógica da macroeconomia atual e ao mandato do Banco Central para cumprir a meta de inflação definida pelo governo, conforme instrui a lei.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Lucro de bancos e desemprego na indústria batem recordes

Apesar da crise global que freou a economia brasileira, o lucro de oito bancos privados que já publicaram seus balanços aumentou 24,1% no ano passado, na comparação com 2008. O Itaú Unibanco registrou o maior ganho da década do setor bancário no país: R$ 10,067 bilhões, 29% a mais do que o lucro contábil informado no ano anterior.

Na indústria, porém, os efeitos da crise internacional atingiram em cheio o nível de emprego, que encolheu 5,3%, a maior queda desde 2002, quando o IBGE iniciou a sua série histórica. A folha de pagamento das fábricas, por sua vez, recuou 2,8%. Segundo projeções da Fiesp, foram fechadas cerca de 180 mil vagas no setor industrial em 2009. Para analistas, a recuperação do emprego nas indústrias deve se acentuar em meados do ano.

para ler mais clique aqui

Fonte: O Globo (10 fev. 2010)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Dieese: Cesta Básica subiu em 10 capitais do país

Dados do Dieese apontam que valor da cesta básica subiu em 10 capitais do país

Portal da Conlutas - Dez capitais apresentaram, em janeiro, elevação no custo dos gêneros alimentícios essenciais, de acordo com dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica, realizada mensalmente pelo DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. O levantamento é realizado mensalmente em 17 cidades brasileiras.

Apesar da predominância de aumento no preço, as variações foram moderadas na maior parte das localidades. As maiores altas ocorreram em Goiânia (4,61%), Salvador (1,43%) e Florianópolis (1,10%). As principais retrações foram apuradas em Belo Horizonte (-3,87%), Brasília (-3,49%) e São Paulo (-1,39%). Nas demais capitais, os preços variaram entre 0,79%, em João Pessoa e -0,86%, em Vitória.

Em comparação com janeiro de 2009, todas as 17 cidades apresentaram diminuição no custo da cesta. As menores quedas deram-se em Belém (-2,89%) e Recife (-2,99%). As maiores foram apuradas em Belo Horizonte (-11,35%) e Goiânia (-9,38).

Mais uma vez, o maior custo para a cesta básica foi registrado em Porto Alegre, com R$ 236,55. São Paulo apresentou o segundo maior valor (R$ 225,02), vindo a seguir Vitória (R$ 217,20) e Manaus (R$ 216,53). Os menores valores foram apurados em Aracaju (R$ 169,13), João Pessoa (R$ 171,97) e Recife (R$ 172,29).

Com base no valor da cesta observado em Porto Alegre, e levando em consideração
a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as
despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em janeiro deste ano, enquanto o salário mínimo passou a corresponder a R$ 510,00, o mínimo necessário foi estimado em 3,90 vezes este valor, equivalendo a R$ 1.987,26. Em dezembro de 2009, quando o salário mínimo era de R$ 465,00, o menor salário deveria ser de R$ 1.995,91 (4,29 vezes o mínimo então em vigor). Em janeiro do ano passado, o salário mínimo necessário era estimado em R$ 2.077,15, ou seja, 4,62 vezes o mínimo de então (R$ 415,00).

Cesta x salário

O aumento de 9,68% concedido ao salário mínimo a partir de 1º de janeiro fez com
que a jornada de trabalho necessária para a aquisição da cesta básica caísse para 86 horas e 48 minutos na média das 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE. Em dezembro, o trabalhador que ganha salário mínimo precisava cumprir uma jornada de 95 horas e 20 minutos, enquanto em janeiro de 2009, o tempo de trabalho necessário ficava em 114 horas e 26 minutos.

A redução no comprometimento do salário com a compra da cesta também pode ser
vista quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido - após o desconto equivalente à Previdência Social. Enquanto em janeiro último 42,88% do rendimento eram necessários para a aquisição da cesta, em dezembro a mesma compra demandava 47,10% do salário. Em janeiro de 2009 o comprometimento chegava a 56,54% do piso líquido.A alta verificada na maioria das capitais, em janeiro, resultou de elevação em produtos de grande peso na composição da cesta.
O açúcar registrou aumento em 16 capitais, com destaque para João Pessoa (32,47%), Goiânia (19,18%), Vitória (16,97%), Natal (16,77%), Recife (16,56%) e Belo
Horizonte (16,35%). Em Aracaju o preço permaneceu inalterado.

A elevação no preço do arroz foi verificada em 12 capitais, em especial em Belo
Horizonte (8,51%), Vitória (7,41%), Goiânia (7,23%) e Porto Alegre (7,07%). Em Recife
constatou-se estabilidade. Quatro cidades apresentaram redução no custo do produto: Natal (-0,56%), Belém (-0,74%), Manaus (-1,44%) e Fortaleza (-3,12%).
Carne e pão, dois dos itens com maior peso na cesta, subiram em 10 capitais. Com
relação à carne, as taxas mais significativas foram apuradas em Goiânia (6,67%), Natal (3,48%), Aracaju (2,55%) e Belém (2,06%). Em São Paulo, a variação foi nula e quedas foram registradas em seis localidades, tais como Belo Horizonte (-2,08%) e Vitória (-1,99%).

No caso do pão, Curitiba (3,17%), Florianópolis (1,73%) e Goiânia (1,58%)
apresentaram os maiores aumentos. Três capitais mantiveram os preços estáveis – Aracaju, Belém e Porto Alegre. Dentre as quatro cidades com retração, o destaque foi Belo Horizonte (-2,79%). Pesquisada nas nove capitais do Centro-Sul do país, a batata teve aumento nas nove. As maiores taxas foram observadas em Porto Alegre (40,53%), Florianópolis (32,08%) e em Curitiba (31,84%). As menores variações ocorreram em Brasília (2,54%) e Belo Horizonte (3,08%).

Com os preços acompanhados no Norte e Nordeste, a farinha de mandioca
apresentou alta em cinco das oito capitais, com destaque para Natal (5,70%) e Belém (5,19%). Dentre as três localidades com queda, a mais significativa ocorreu em Aracaju (8,21%). Oito itens tiveram predomínio de queda. O tomate ficou mais barato em 15 capitais, o óleo de soja em 13, e o café em 10.

O tomate, produto cujo preço é sempre suscetível a oscilações, apresentou as principais quedas em Curitiba (-29,44%), Porto Alegre (-28,22%), Brasília (-26,02%) e Belo Horizonte (-23,71%). Os aumentos ocorreram em Salvador (15,38%) e João Pessoa (2,86%).

Para o óleo de soja, as maiores retrações foram encontradas em quatro capitais do
Norte-Nordeste: João Pessoa (-6,47%), Recife (-4,78%), Belém (-4,15%) e Manaus
(-3,66%). Florianópolis apresentou estabilidade e altas foram apuradas em Aracaju
(1,59%), Goiânia (0,89%) e Natal (0,35%).

Entre as capitais onde o preço do café recuou, os destaques foram Salvador (-5,97%), Belo Horizonte (-1,54%) e Natal (-1,42%). Em Fortaleza, Curitiba e Aracaju
houve estabilidade. Aumentos foram anotados em Goiânia (4,75%), Recife (3,27%),
Brasília (1,09%) e Vitória (0,54%).

Pesquisada apenas nas capitais do Centro-Sul, a farinha de trigo apresentou queda
em cinco localidades, especialmente em Vitória (-3,55%). Três cidades tiveram alta, como por exemplo, em Porto Alegre (4,30%) e Goiânia (4,47%), enquanto em Curitiba houve estabilidade.

Em 12 meses, o açúcar se destacou por ter registrado aumento em todas as 17
capitais, com variações entre 21,71%, em Belo Horizonte e 78,38%, em Salvador. As fortes altas têm origem na demanda internacional e no câmbio, diante da redução do valor do real frente ao dólar. A entressafra da cana também contribui para este aumento.

Também em comparação com janeiro do ano passado, o leite apresenta alta em 13
localidades, em especial em Vitória (20,16%), João Pessoa (19,75%) e Natal (19,54%). Os preços não se alteraram em Brasília, enquanto em Belo Horizonte (-12,47%), Salvador (-7,96%) e Belém (-5,94%) houve queda. As taxas elevadas ainda refletem a alta praticada nos primeiros meses do ano passado e este efeito deve ser neutralizado nos próximos meses. O período atual é de plena produção e as pastagens encontram-se em boas condições devido às chuvas.

A manteiga, derivada do leite, encareceu em 12 cidades, com destaque para Porto
Alegre (24,81%), Recife (24,35%) e Florianópolis (13,32%. O encarecimento do produto acompanha o comportamento verificado com o leite. Em cinco capitais houve redução de preço, como em Aracaju (-17,57%) e Vitória (-13,21%).

Onze capitais registraram alta no preço do óleo de soja, com as maiores taxas observadas em Recife (6,90%), Brasília (4,49%), Aracaju (4,08%) e Curitiba (4,04%). Em Natal a variação foi nula e foram anotadas reduções em cinco capitais, principalmente em São Paulo (-4,80%) e Belo Horizonte (-4,20%). O aparente declínio da crise financeira tem permitido o aumento da demanda, principalmente da China, e o câmbio com alta no valor do dólar frente ao real favorece as exportações, diminuindo o volume do produto no mercado interno.

Todas as nove capitais do Centro-Sul registraram alta no preço da batata, com variações entre 16,18%, em Goiânia e 67,38%, em Curitiba. A intensidade das chuvas vem prejudicando a produção.

Tomate, feijão, carne e arroz destacaram-se pelo predomínio de retração em seus
preços na comparação com janeiro de 2009.
O tomate apresentou queda em todas as 17 capitais, com taxas expressivas variando entre -13,30%, em Manaus e -43,35%, em Aracaju. O tomate havia subido muito durante boa parte de 2009 em função do clima desfavorável e redução da oferta. Desde o final de novembro, com a safra maior, os preços caíram.

Também o feijão ficou mais barato em todas as cidades pesquisadas. A menor redução ocorreu em Belém (-19,28%) e as maiores foram apuradas em Florianópolis (-51,28%) e Curitiba (-51,79%). No início de 2008 houve escassez do produto, resultando em aumento substancial. Os produtores, dado o preço elevado, aumentaram a área plantada, o que resultou em grande safra, e provocou a redução.
O preço da carne caiu em 14 capitais, em especial, em Vitória (-12,98%), Belo Horizonte (-12,61%), Goiânia (-12,06%) e Florianópolis (-11,44%). Os aumentos foram anotados em João Pessoa (5,32%), Aracaju (3,31%) e Recife (0,27%). Apesar de ser período de safra da carne e haver predomínio de redução do preço, já se nota um processo de alta na variação mensal. O Brasil é um dos grandes exportadores do produto e com a demanda mais aquecida e câmbio mais favorável, houve aumento das exportações.

O arroz também apresentou recuo em seus preços em 14 localidades, com as
maiores reduções observadas em Aracaju (-30,47%), Belém (-21,18%), Curitiba (-18,18%) e Recife (-17,80%). Os aumentos ocorreram em Porto Alegre (5,91%), São Paulo (1,00%) e Belo Horizonte (0,49%). Apesar de os preços terem reduzido em um ano, no mês as altas predominaram, pois as intensas chuvas vêm prejudicando a safra do arroz, além de haver dificuldade para o transporte pela precariedade das estradas vicinais, o que contribui para a elevação dos preços.

São Paulo

A capital paulista continuou a apresentar, em janeiro, o segundo maior valor dentre
as 17 capitais onde o DIEESE realiza, regularmente, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica.

Seu custo correspondeu a R$ 225,02, com um recuo de 1,39%, em comparação com
dezembro e de 6,84%, em relação a janeiro de 2009. Dos 13 produtos que compõem a cesta básica pesquisada em São Paulo, seis tiveram queda: tomate (-19,08%), banana nanica (-4,17%), óleo de soja (-3,64%), farinha de trigo (-2,97%), feijão carioquinha (-0,84%) e café em pó (-0,16%). O preço da carne bovina de primeira manteve-se estabilizado. Elevações foram apuradas para outros seis produtos: batata (6,90%); arroz agulhinha tipo 1 (6,88%); manteiga (5,00%); leite in natura integral (2,48%); açúcar refinado (1,03%) e pão francês (0,66%).

Em comparação com janeiro de 2009, nove itens registraram retração em seus
preços, em alguns casos, bastante significativas: feijão (-43,75%); café (-18,64%); farinha de trigo (-17,92%); tomate (-13,91%); banana (-13,11%); manteiga (-9,60%); carne (-5,83%); óleo de soja (-4,80%) e pão (-3,02%). Apenas quatro itens registraram alta em seus preços, a principal notada no açúcar (54,33%). Também aumentaram a batata (29,17%), o leite (8,51%) e o arroz (1,00%).

O trabalhador paulistano cuja remuneração equivale ao salário mínimo necessitou
cumprir, em janeiro, uma jornada de 97 horas e 04 minutos para adquirir o conjunto de bens de primeira necessidade. A mesma compra demandava, em dezembro de 2009, cerca de 11 horas a mais, ou seja, 107 horas e 58 minutos. Em janeiro de 2008, o tempo de trabalho necessário para a mesma compra chegava a 128 horas e 2 minutos.

Comportamento equivalente é observado quando se considera o valor do salário
mínimo líquido – após o desconto da parcela referente à Previdência Social. Em janeiro último - já com o salário mínimo reajustado para R$ 510,00, e o líquido correspondendo a R$ 469,20 – a compra da cesta exigia 47,96% do rendimento, enquanto em dezembro eram necessários 53,34%, e em janeiro de 2009 o comprometimento chegava a 63,26% do mínimo líquido.

Fonte: Dieese

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Coordenação Pró nova Central realiza plenária durante Forúm Social Mundial

Plenária de Reorganização aprova data de Congresso em junho e reafirma campanha classista ao Haiti

O encontro reafirmou a necessidade da unificação dos movimentos, além aprovar um manifesto nacional

A Plenária da Coordenação Pro Central realizada no sábado de manhã (30), no Fórum Social Mundial, em Salvador, reuniu em torno de 700 pessoas, discutiu os critérios para a preparação do congresso da unificação e aprovou um manifesto nacional “Organizar a resistência dos trabalhadores e movimentos sociais”.

Antes da saudação oficial das organizações presentes à plenária, a abertura foi marcada pelas intervenções do movimento negro que propôs a realização de uma reunião nacional de trabalho para elaboração de um projeto político para o povo negro a ser apresentado no Congresso para construção da nova central, com indicativo para a segunda quinzena de março.

Também foi reforçada a importância da campanha de solidariedade de raça e classista às organizações e movimentos sociais do Haiti. A Conlutas anunciou que sua arrecadação já atingiu mais de R$ 100 mil e clamou para que todas as entidades façam um esforço para ampliar as doações.

Notas de repúdio

O Movimento Terra Livre denunciou a situação de calamidade vivida pela população da periferia em São Paulo com as enchentes provocadas pelas chuvas que já duram um mês. De acordo com o movimento a situação de calamidade se deve à abertura das barragens na região o que provocou os alagamentos.

“A inundação não teve causa natural, ocorreu por ação do governo Serra. Entre os dias 8 e 10 de dezembro de 2009 as comportas da barragem da Penha foram fechadas inundando com esgoto todas as Vilas acima da barragem, atingindo cerca de 5.000 famílias. Agora, no dia 24 de janeiro, cerca de 8 mil famílias tiveram suas casas inundadas e perderam quase tudo, graças à abertura das comportas das barragens do Alto Tietê”, disse Ronaldo, do Terra Livre, que denunciou que essas inundações fazem parte da estratégia do governador de São Paulo José Serra para desocupar a várzea e construir "o maior Parque Linear do Mundo".

O membro da coordenação da Conlutas Zé Maria de Almeida também pediu a aprovação de uma nota de repúdio de todas as entidades contra a violência presenciada por diversos manifestantes ao final da marcha do Haiti na noite do dia anterior, a sexta-feira (29). Um policial atirou em um mendigo, morador de rua, que fazia poesia e artesanato. O crime passaria anonimamente, caso manifestantes e população não repudiassem o ato com veemência. A plenária aprovou a nota de repúdio e as entidades entrarão com uma queixa contra o policial.

Na mesa de abertura estavam representantes da Conlutas, da Unidos pra Lutar (Conlutas), da Intersindical, do MTL e do MTST. Todos saudaram a plenária e reafirmaram a necessidade da unificação das entidades e movimentos em junho e a necessidade de redobrar os esforços para fazer avançar a organização das trabalhadoras e trabalhadores em nosso país numa perspectiva classista e socialista.

Manifesto

No plano de ação foi aprovado o manifesto “Organizar a resistência dos trabalhadores movimentos sociais”, que reafirma os desafios que estão diante dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras “e agrega novos, como o que resulta da tragédia que se abateu sobre o povo do Haiti, que exige de todos nós o mais amplo esforço no sentido da solidariedade de classe”, afirma o manifesto que também se posiciona sobre a crise econômica mundial.

“A crise da economia que se abateu sobre o mundo a partir de 2008, ao contrário do que pregam o governo Lula e demais autoridades está longe do fim. Apesar de uma recuperação momentânea e parcial neste momento, segue trazendo consequências para as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros e de todo o mundo”.

O manifesto aborda ainda o processo de destruição dos serviços públicos e o aumento do controle privado sobre o poder público, a piora das já péssimas condições de trabalho, o aumento do arrocho salarial, a criminalização das lutas e das organizações dos trabalhadores e outros pontos importantes (leia a íntegra na matéria “Plenária de reorganização do movimento aprova manifesto no FSM, em Salvador”).

Ao final, o manifesto faz um chamado ao fortalecimento da resistência e da luta dos trabalhadores e todos os setores explorados e à definição de passos concretos que permitam, já neste primeiro semestre de 2010, a realização de ações conjuntas em torno às bandeiras do movimento.

Congresso de unificação

A plenária também discutiu o calendário, do Congresso de Unificação e os critérios para eleição de delegados. O cronograma já traz o prazo para a inscrição de teses: 15 de março de 2010.

As assembléias para eleição de delegados deverão acontecer de 1 de abril a 15 de maio, sendo o dia de 20 maio o prazo para o pagamento das taxas e inscrição dos (as) delegados (as). O congresso foi reafirmado para os dias 5 e 6 de junho deste ano. No início da semana serão divulgados os critérios de participação na página da Conlutas e na rede ( www.conlutas.org.br ).


Redação Conlutas

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Solidariedade ao povo do Haiti da ALAS e do CLACSO

As duas mais importantes entidades latino-americana e caribenha de pesquisadores e profissionais de ciências sociais, a Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS) e o Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO), divulgaram notas de solidariedade ao povo haitiano.

Para ler as notas, que podem ser acessado pelas respectivas páginas na internet, ou também no blog do economista e sociológo professor Theotonio dos Santos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mostra Internacional de Teatro de Animação

Ótimo programa cultural pré-carnavalesco na cidade do Rio de Janeiro, para aqueles que não gostam de samba e blocos ou não.

Mostra Internacional de Teatro de Animação

O evento conta com espetáculos nacionais e internacionais de teatro de animação, e acontece até domingo em seis espaços, incluindo teatros e áreas públicas. Confira a programação completa, na cidade do Rio de Janeiro:

Qua (03.02): Caixa Cultural – Teatro Nelson Rodrigues, às 19h:
“A chegada de lampião no inferno”
Largo da Carioca, às 16h: “DIRK”

Qui (04.02): Caixa Cultural – Teatro Nelson Rodrigues, às 19h:
“A chegada de lampião no inferno”Teatro de Arena, às 19h: “Bonecos de Santo Aleixo”
Central do Brasil , às 16h: “DIRK”

Sex (05.02): Caixa Cultural – Teatro Nelson Rodrigues, às 19h:
“Sacy Pererê”
Teatro de Arena, às 19h: “Bonecos de Santo Aleixo”
Central do Brasil , às 16h: “DIRK”

Sáb (06.02): Teatro Nelson Rodrigues, às 16h (jardim):
“Circo minimal”. Às 16h (arredores): “DIRK”. Às 17h: “Os bufos da matinê”. Às 19h: “Romeo & Julieta”
Espaço Cultural Sérgio Porto, às 17h: “Bonecos de Santo Aleixo”

Dom (07.02): Aterro do Flamengo (altura do n 300, em frente à Rua Tucumã), às 11h:
“Os bufos da matinê”. Ao meio-dia: “DIRK”
Parque dos Patins (Lagoa Rodrigo de Freitas), às 15h: “Circo minimal”
Caixa Cultural – Teatro Nelson Rodrigues, às 19h: “Romeo & Julieta”

CPI da Dívida: Entrada de dólar aumenta rombo externo

Rombo gerado pelo IED cresce 500% em 6 anos

Dólar que entra para "comprar" Brasil gera alta de remessas para US$ 25 bilhões

jornal Monitor Mercantil, 03 fev. 2010 - Citando dados do Banco Central (BC), o economista Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, ligada à Rede Jubileu Sul, afirmou ao MM que as remessas de lucros e dividendos de investimento estrangeiro direto (IED) - o dito capital produtivo - saltaram de US$ 4 bilhões, em 2002, para US$ 25 bilhões, em 2008.

"É uma alta superior a 500%. Políticas de abertura ao capital financeiro e de privatizações dão nisso", disse, ao comentar notícia veiculada pelo MM, terça-feira, dando conta de que a média anual de remessas ao exterior de lucros amealhados por estrangeiros em aplicações financeiras no governo de Luiz Inácio Lula da Silva superou em 277% os já generosos ganhos da administração Fernando Henrique, saltando de US$ 1,29 bilhão/ano para US$ 4,87 bilhões.

Incluindo as remessas de lucros e dividendos dos investimentos em carteira (bolsa de valores e títulos públicos), Ávila diz que eles estavam perto de US$ 5 bilhões, em 2002, e chegaram a US$ 33 bilhões, em 2008.

"Dizem que o rombo em transações correntes hoje é fechado com entrada de investimentos, em vez de endividamento externo, e que isso é uma grande evolução. Mas esses investimentos entram agora, um vez só, para saírem continuamente depois", disse, acrescentando que a necessidade de atrair capital estrangeiro explica melhor a alta de juros do que o controle da inflação.

"Projetando taxas de inflação acima da meta para 2010, os bancos privados fazem com que o Banco Central aumente os juros, sob a justificativa de combate à inflação. Esse fato tem sido denunciado na CPI da Dívida: a questionável atuação do BC na definição dos juros, tomando como base números produzidos por investidores que ganham diretamente com a alta das taxas aplicando em títulos da dívida interna."

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

(Haiti) Vodu: entre a resistência e o preconceito

Como toda religião surgida nas Américas nos 500 anos da diáspora africana, o Vodu, a religião predominante no Haiti, sofre com um forte preconceito das elites, que em seu olhar eurocêntrico, a veem como "uma crença primitiva, responsável pelo atraso social e até econômico do Haiti", algo não muito diferente do que ocorre no restante da América Latina, a exemplo do Brasil, com a Umbanda e o Candomblé.

Na recente catástrofe por que passa o Haiti, esse trama e tensão sobre o Vodu volta a tornar-se nítido: falas de representantes das elites, como o "flagra" do Cônsul do Haiti em São Paulo em entrevista a um veículo da grande imprensa brasileira, ou mesmo comentários ácidos ou matérias tendenciosas de jornalistas sobre os hábitos culturais-religiosos da população haitiana diante e após a tragédia, como feitas pelo jornalista Claúdio Humberto, âncora de programa na rádio BandNews FM Brasília.

Esse tipo de prática da burguesia branca, racista e colonialista deve ser repudiado. O Vodu, além de ser uma religão - e como religião merece o respeito e reconhecimento tal como as igrejas cristãs, o judaísmo e etc - foi, e o é, símbolo da resistência cultural e política do povo haitiano contra o colonialismo, o racismo e o imperialismo.

Leia a seguir uma matéria, rara na grande imprensa, mesmo de internet, que apresenta de maneira razoável, o que é o Vodu, e o seu papel na cultura haitina.

Religião dominante no Haiti, vodu mistura elementos cristãos e crenças africanas

Religião foi oficializada pelo governo e é praticada nacionalmente.
Rituais lembram a umbanda e o candomblé brasileiros.


Giovana Sanchez Do G1, em São Paulo

m meio à situação de catástrofe humanitária vivida pelos haitianos após o terremoto que devastou o país no dia 12 deste mês, o cônsul do Haiti em São Paulo foi pego numa declaração dizendo que toda aquela tragédia era culpa de uma 'maldição' feita 'pelos africanos que moram lá'. Tentando associar a 'maldição' à 'macumba', George Samuel Antoine quis dizer basicamente que o terremoto foi culpa do vodu - religião amplamente praticada pelos cidadãos do país.

No dia seguinte, o cônsul pediu desculpas pelos comentários - ele ainda disse que a 'desgraça de lá' estava sendo 'boa pra gente aqui'. Mas o "flagra", segundo analistas entrevistados pelo G1, mostra um preconceito que há muitos anos domina a elite ocidental de maneira geral: a visão de que o vodu é uma crença primitiva e de que seria responsável pelo atraso social e até econômico do Haiti.

A religião existe antes mesmo da criação do país. Uma versão amplamente aceita da história da independência do Haiti, em 1804, conta que a revolta dos negros teve origem em um ritual de vodu.

"O vodu é central na história haitiana e atinge a maior parte da população", explica o antropólogo e professor do programa de pós-graduação em antropologia social da UFRJ Federico Neiburg. Segundo ele, a religião foi construída nas Américas por escravos, como o candomblé no Brasil, e mistura elementos de cultos africanos com o cristianismo. Há entidades que são associadas com santos, e datas festivas católicas que são celebradas pelos praticantes do vodu. "Junto com o vodu, surge uma língua, que é o crioulo, que também é uma mistura."

Apesar de o vodu estar profundamente atrelado à tradição e aos valores nacionais, houve durante muitos anos uma perseguição aos seus praticantes no Haiti. "A elite haitiana que fez a revolução olhava mais para a França do que para a África. Esse olhar fez com que, durante quase um século, até o início do século XX, a elite haitiana tivesse uma relação paradoxal: rejeitavam o vodu, embora muitos integrantes conhecessem e até praticassem a religião. Eles colocavam a prática como a causa do atraso da nação. Isso começou a mudar na década de 1920 e 1930, no contexto da ocupação norte-americana do país. Essa ocupação (de 1915 a 1934) produziu na elite um sentimento nacionalista e uma volta do olhar para a África", explica o professor Neiburg.

O vodu ainda sofreria um outro revés, em 1940, quando houve uma campanha contra a prática no país. A religião só foi reconhecida oficialmente pelo Estado com a promulgação da Constituição de 1987, que também reconheceu o crioulo como um dos idiomas oficiais do país.

( clique aqui para ler a íntegra )

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

(Haiti) Comunicado das organizações populares: As perspectivas após a catástrofe

“Honra e respeito à população de Porto Príncipe! Foi a extraordinária solidariedade manifestada pela população da região metropolitana que durante os três primeiros dias depois do terremoto respondeu com a auto-organização construindo 450 campos de refugiados que contribuíram para salvar milhares de pessoas graças ao fato de partilharem de forma comunitária todos os recursos disponíveis (alimentos, água, roupas)”.


O relato é do comunicado redigido por uma série de organizações populares do Haiti acerca da catástrofe que atingiu o país. As organizações declaram também sua “indignação frente à utilização da crise haitiana para justificar uma nova invasão de 20 mil marines norte americana (...) não aceitamos que o nosso país seja transformado em uma base militar”, afirmam elas.


A tradução é do Cepat.- Curitiba, Paraná


Eis o comunicado:


A todos os nossos aliados:



No dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto de enorme violência atingiu nosso país com consequências dramáticas para as populações de vários municípios dos Departamentos do Oeste, do Sudeste e do conjunto do país. Este terremoto de magnitude 7,3 na escala Richter e as perdas irreparáveis que provocaram enlutaram nosso país deixando dores insuportáveis. Este drama que nos afeta hoje é sem dúvida alguma um dos mais graves de nossa história e a causa de um traumatismo profundo que marcará o século XXI haitiano.



Os balanços parciais até aqui tentam medianamente expressar uma realidade espantosa e indizível: o horror que vivemos juntos durante estes 35 segundos intermináveis que, em 12 de janeiro, deixou um pesado tributo de dores e de lágrimas. Mais de 150 mil mortos, 500 mil feridos, mais de um milhão sem teto, dezenas de milhares de amputados, mais de 300 mil pessoas refugiadas, mais de três milhões de seres devastados que, em um minuto, viram transformar para sempre suas vidas, suas famílias e suas sociedades. Uma sociedade inteira traumatizada que vive no medo permanente de um possível novo terremoto.


Todas nossas organizações foram profundamente sacudidas por este acontecimento. Perdemos familiares, companheiros de trabalho, crianças, jovens, profissionais cheios de promessas, de sonhos e de capacidades, edifícios, equipes, ferramentas de trabalho e uma documentação imensa baseada em mais de 30 anos de experiências coletivas com as organizações e as comunidades de base. As perdas são imensas e irreparáveis.



É indispensável apesar da dor que todos e todas sentimos refletir sobre o que acaba de acontecer e tirar dessa experiência trágica as lições e as orientações que nos permitam continuar com o nosso incansável trabalho de construção de outro país capaz de vencer o ciclo de desgraça e dependência e de se colocar à altura dos sonhos de emancipação universal de seus fundadores e de todo o povo haitiano.


O tamanho do desastre está vinculado sem duvida alguma a natureza do Estado em nosso país, uma herança histórica colonial e neocolonial e a implementação das políticas neoliberais ao longo das últimas três décadas. A hipercentralização ao redor da ‘República do Porto Príncipe’ definida pela ocupação norte-americana de 1915 é sem dúvida um dos fatores determinantes. Em particular, a liberalização completa do mercado dos bens imobiliários abriu um espaço de especulação desenfreada aos aproveitadores de todo tipo.



Comove-nos profundamente a extraordinária solidariedade manifestada pela população da região metropolitana que durante os três primeiros dias depois do terremoto respondeu com a auto-organização construindo 450 campos de refugiados que contribuíram para salvar milhares de pessoas graças ao fato que partilharam de forma comunitária todos os recursos disponíveis (alimentos, água, roupas). Honra e respeito à população de Porto Príncipe! Estes mecanismos espontâneos de solidariedade devem desempenhar um papel essencial no processo de reconstrução e de re-conceitualização do espaço nacional.



Enviamos esta carta a nossos colaboradores das diversas redes nacionais e internacionais, das quais fazemos parte, com o objetivo de informar sobre os passos que temos dado e sobre nossos objetivos a curto, médio e longo prazo.



Faz mais de uma semana nosso grupo de organizações e de plataformas se reúne com frequência com o objetivo de fazer frente a esta nova situação definindo novas estratégias e implementando novas maneiras de trabalhar. Assim, nós, os responsáveis das organizações e plataformas que assinamos esta carta, depois de vários encontros para analisar a nova situação e definir estratégias comuns adotamos uma posição baseada nos seguintes eixos:




- Contribuir para preservar os principais êxitos dos movimentos sociais e populares haitianos ameaçados pela nova situação;


- Contribuir na resposta às necessidades urgentes da população organizando centros de serviços comunitários capazes de responder de forma adequada às seguintes necessidades: alimentação, atenção a saúde primária, assistência médica e psicológica em resposta aos traumas sofridos no momento do terremoto;



- Aproveitar o fato de que os grandes meios de comunicação olham nosso país para difundir uma imagem diferente da projetada pela forças imperialistas;



- Implementar novas formas de atuar que permitam superar a atomização e a dispersão que constituem uma das principais debilidades de nossas organizações. Este processo de aproximação deve se constituir com a estruturação de um espaço comum que possa acolher provisoriamente nossas seis equipes que continuam trabalhando de modo autônomo uma vez que implementaram mecanismos permanentes de intercâmbios e de trabalhos mutualizados. Estaremos atentos em fazer prevalecer um enfoque coletivo na busca de respostas comuns a nossos problemas na construção de uma alternativa democrática popular efetiva e viável.



Quanto à situação de urgência, estamos instalando centros de serviços. Um de nossos centros já implementado e em operação acolhe 300 pessoas que recebem comida duas vezes ao dia e estão protegidas sob tendas.



O centro oferece também consultas médicas e acompanhamento psicológico. Estes serviços são também proporcionados as pessoas que moram nos campos de refugiados na região. No centro da avenida Popupelard funciona graças ao apoio de profissionais haitianos (médicos, enfermeiros, psicólogos, trabalhadores sociais) apoiados por médicos alemães da organização de socorro Cabo Anamur. Tratamos de instalar centros similares em outros bairros da região metropolitana duramente afetadas pelo terremoto nos quais não existe nenhuma oferta de serviços dessa natureza. Instalaremos 4 nos bairros de Carrefour (Martissant, Fontamara) e de Gressier. Contamos com a solidariedade de todos nossos colaboradores para assegurarmos um funcionamento eficiente.



Ao mesmo tempo, nossas 2 plataformas e 4 organizações instalaram um ponto focal de encontros e de coordenação no local de FIDES-Haïti. Estamos dispostos a acolher nesse espaços novas plataformas e organizações do movimento democrático popular. Comprometemo-nos em mobilizar os diferentes componentes desse movimento para ampliar os esforços para socorrer aos sobreviventes e, de outro lado, para formular um plano comum para a reabilitação de nossas instituições e organizações. Apresentaremos esse plano e os projetos concretos que o acompanham brevemente.



A ajuda urgente da qual participamos é alternativa e temos a intenção de desenvolver um trabalho de denúncia das praticas tradicionais em matéria de intervenções humanitárias, as quais não respeitam a dignidade das vítimas e se inscrevem no marco de um processo de fortalecimento de nossa dependência. Lutamos por uma ajuda humanitária adaptada e respeitosa a nossa cultura e de nosso entorno e que não destrua as construções de economia solidária elaboradas faz várias décadas pelas organizações de base com as quais trabalhamos.




Para terminar queremos saudar, a extraordinária generosidade da opinião publica mundial manifestada pelo drama que vivemos. Somos gratos e acreditamos que é o momento de construir um novo olhar sobre o nosso país que permita construir uma solidariedade autêntica livre dos reflexos paternalistas de piedade e inferiorizarão. Deveríamos trabalhar para manter esta vigorosa solidariedade para além da excitação midiática. A resposta à crise demonstra que em certas situações os povos do mundo são capazes de ir para além das leituras superficiais e estereotipadas de corte sensacionalista.



A ajuda humanitária massiva é hoje indispensável dada a amplitude da catástrofe, mas deve ser estruturante articulando-se com uma visão diferente do processo de reconstrução. Deve romper com os paradigmas que dominam os circuitos tradicionais da ajuda internacional. Desejaríamos ver nascer brigadas internacionalistas de solidariedade que trabalhariam junto com as nossas organizações na luta pela realização de uma reforma agrária e de uma reforma territorial urbana integrada à luta contra o analfabetismo e para repovoação florestal, na edificação de novos sistemas educativos e de saúde universais, descentralizados e modernos.



Devemos também proclamar nossa cólera e nossa indignação frente à utilização da crise haitiana para justificar uma nova invasão de 20 mil marines norte americana. Denunciamos o que pode converter-se em uma nova ocupação militar, a terceira de nossa historia por tropas norte-americanas. Inscreve-se obviamente na estratégia de remilitarização do Caribe no marco da resposta do imperialismo a rebelião crescente dos Povos do continente frente à mundialização neoliberal.



Inscreve-se também em uma estratégia de guerra preventiva frente a uma insurreição eventual e social que viria de um Povo esmagado pela miséria em que se encontra em uma situação de desespero. Denunciamos o modelo aplicado pelo Governo norte-americano e a resposta militar frente a uma trágica crise humanitária. Ao se apoderar do aeroporto Toussaint Louverture e de outras infra-instrutoras estratégicas do país, privaram ao Povo haitiano de uma parte das contribuições que vinham do CARICOM, da Venezuela e de alguns países europeus. Denunciamos o método aplicado e não aceitamos que o nosso país seja transformado em uma base militar.



Nós, dirigentes das organizações e das plataformas iniciadoras dessa gestão, escrevemos-lhes hoje para transmitir nossa primeira analise da situação. Estamos convencidos que vocês – como já têm demonstrado – continuarão acompanhando nosso trabalho e nossa luta no marco da construção de uma alternativa nacional, que será fonte do renascimento de nosso país golpeado por uma catástrofe horrível e que lutará para sair do ciclo da dependência.



Porto Príncipe, 27 de janeiro de 2010.



Pelo Comitê de coordenação:


Sony Estéus - Diretor SAKS


Camille Chalmers - Diretor PAPDA


Marie Carmelle Fils-Aimé – Officier de Programme ICKL



Pelas organizações e plataformas que participam dessa iniciativa:



Marc Arthur Fils-Aimé, Institut Culturel Karl Léveque (ICKL)


Maxime J. Rony, Programme alternatif de Justice (PAJ)



Sony Estéus, Sosyete Animasyon ak Kominikasyon Sosyal (SAKS)



Chenet Jean Baptiste, Institut de Technologie et d’animation (ITECA)


Antonal Mortimé, Plataforma de Organizações Haitianas de Direitos Humanos (POHDH) que agrupa: Justice et Paix (JILAP), Centre de recherches Sociales et de Formation pour le Développement (CRESFED), Groupe Assistance Juridique (GAJ), Institut Culturel Karl Léveque (ICKL), Programme pour une Alternative de Justice (PAJ), Sant Karl Lévèque (SKL), Réseau National de Défense des Droits Humains (RNDDH), Conférence haïtienne des Religieux (CORAL-CHR)


Camille Chalmers, Plataforma haitiana de Advocacia por Desenvolvimento Alternativo (PAPDA) que agrupa : Institut de Technologie et d’animation (ITECA), Solidarite Fanm Ayisyèn (SOFA), Centre de Recherches Actions pour le Développement (CRAD), Mouvaman Inite Ti Peyizan Latibonit (MITPA), Institut Culturel Karl Léveque (ICKL), Association Nationale des Agroprofessionnels Haïtiens (ANDAH).

Ao invés de ajuda, UE envia policiais para o Haiti

Potências imperialistas ao invés de ajuda humanitária e defesa civil enviam aparato de repressão ao Haiti

UE aprovará envio de policiais para reforçar missão da ONU no Haiti

25/01 - 04:54 , atualizada às 05:24 25/01 - iG São Paulo

Os 27 países do bloco realizam hoje reuniões do Conselho de Assuntos Gerais, sob a Presidência do ministro espanhol Miguel Ángel Moratinos, que explicará as prioridades do semestre, e do Conselho de Relações Exteriores, presidido pela alta representante, Catherine Ashton.

Este Conselho de Relações Exteriores debaterá sobre o Haiti, Somália e Irã, entre outros assuntos.

No que diz respeito ao Haiti, a Europa planeja enviar pelo menos entre 220 e 240 agentes de países com corpos de Polícia militarizada, como a Guarda Civil espanhola, a Gendarmaria francesa ou os Carabineiros italianos.

Estes policiais estarão sob comando das Nações Unidas, embora exibirão um distintivo europeu em seus uniformes, segundo explicaram fontes comunitárias.

**Com informações da Efe**