sexta-feira, 31 de julho de 2009

Atingido por Barragem é assassinado na Paraíba

Na noite de ontem (29/07) o trabalhador rural do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) da Paraíba, conhecido como Joãzinho, irmão de uma das líderanças do movimento, foi assassinado com tiros pelas costas. A emboscada foi montada próximo a sua residência em Pedro Velho, um dos três reaasentamentos onde estão alojadas 470 famílias atingidas pela construção da barragem de Acauã.

Militantes do MAB já vinham denunciando há algumas semanas o crescente clima de tensão na região, causado por ameaças de morte aos integrantes do movimento. Na semana anterior um rapaz que passava de moto próximo a um dos reassentamentos, em Itatuba, foi atingido com um tiro pelas costas, o que, de acordo com os dirigentes do movimento pode ter relação com as ameaças.

Atingidos por barragem lutam por terra

Após violento despejo (4/05), 120 famílias atingidas pela barragem de Acauã, montaram acampamento em terreno público, pertencente a prefeitura de Itatuba, próximo a fazenda Mascadi, onde ficaram acampadas durante dois meses aguardando vistoria do INCRA.

As famílias ficaram muito assustadas após as cenas de violência que viveram no despejo, realizado por 100 policiais militares e alguns jagunços da fazenda que aproveitaram a situação e atearam fogo em lonas e colchões dos acampados. Mesmo com a repressão, as familias se mantiveram organizadas e o acampamento a cada dia recebia mais e mais atingidos.

Há aproximadamente uma semana se iniciaram ameaças de morte a lideranças do acampamento, avisando que caso eles insistissem em permanecer no local assassinariam a eles e suas familias.
Desde então o clima de terror se alastrou na comunidade de Melancia (agrovila próxima ao acampamento) no município de Itatuba. Essa é mais uma página de uma longa de história de injustitas, vivida por essas familias atingidas.

Seis anos de injustiça e de luta

Há seis anos, 800 famílias paraibanas vivem difícil saga após a construção da barragem de Acauã. Todas viviam da agricultura, mas tiveram de deixar suas terras para a instalação da barragem. Desde então essas famílias nunca mais puderam recuperar sua antiga situação social, vivendo hoje em agrovilas, sem terra para cultivar e em pequenas casas de placa.

Foram muitas lutas travadas nesses seis anos, por indenizações justas, por reassentamento, por estruturas dignas de moradia, por escolas, posto de saúde e outros serviços sociais, como também por transporte e vias de acesso as comunidades.

Antes e depois da barragem

Antes da construção da barragem, as populações das comunidades atingidas viviam em áreas rurais, possuindo modo de vida compatível com o local de moradia e trabalho. Havia pesca de subsistência e, mesmo em condições humildes, os moradores possuíam uma vida digna, com habitações adequadas ao número de membros de cada família, acesso à água, alimentação adequada, garantida pelo trabalho que desempenhavam nas pequenas lavouras e pequenas criações, lazer, vida religiosa e social, escolas e postos de saúde, etc, além da possibilidade de negociar a produção nas comunidades vizinhas.
Depois da barragem, não foram garantidos aos atingidos os meios de vida que possuíam antes de serem desalojados de suas propriedades. Eles foram obrigados a mudar seu modo de vida: saíram de uma vida tradicionalmente rural para um meio “urbano” (sem que tenha a estrutura de uma aglomeração urbana). Não há terras agricultáveis, nem terrenos que permitam a criação de animais.

A degradação social e econômica elevou o número de casos de alcoolismo, além de aumentar os episódios de violência. As crianças não estudam, ou estudam sob péssimas condições. O esgoto corre a céu aberto. Muitos moradores não têm registro civil. Nenhum assentado possui documentação relativa à propriedade do imóvel que recebeu e em que reside. As comunidades são praticamente inacessíveis ou têm acesso muito difícil. Nenhuma é servida por transporte público regular. Nenhuma possui ambulância. Apenas alguns moradores são beneficiados por programas sociais do governo federal, sendo que os municípios não utilizam todos os benefícios previstos para serem concedidos às suas populações. As comunidades não recebem informações acerca desses programas, não sabendo como pleiteá-los. Muitos não têm acesso aos mesmos por não possuírem documentos de identidade.

A Barragem de Acauã foi concluída em 2002 e está localizada no Rio Paraíba, entre os municípios de Aroeiras, Itatuba e Natuba. Ela ocupa uma área de 1.725 hectares e causou o deslocamento de 4,5 mil pessoas (cerca de 800 famílias) que tiravam seu sustento do rio. Os povoados foram completamente inundados.

O Ministério Público Federal na Paraíba pede, por liminar, que a Justiça Federal mande o estado pagar uma remuneração mensal de um salário mínimo às famílias atingidas pela barragem, até que seja constatado que estejam construídas estruturas de produção que assegurem trabalho e renda à comunidade. Para o MPF, a remoção das comunidades desestruturou a economia das famílias, que ficaram sem uma atividade produtiva, além de terem sido encaminhadas para conjuntos habitacionais sem serviços e atividades essenciais.

Contra a criminalização dos Movimentos Sociais!

- Exigimos imediata apuração e punição dos responsáveis pelo assassinato atingido Joãozinho em Pedro Velho!
- Exigimos o fim das ameaças e violência em Itatuba, e punição dos agressores!
- Exigimos reassentamento imediato das famílias atingidas!
- Exigimos revisão das idenizações!

Movimento dos Atingidos por Barragens-PB

Comitê contra a Criminalização dos Movimentos Sociais

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Também, com taxa de juros de 37% ao ano...

Também, com taxa de juros de 37% ao ano...
Inadimplência do crédito em bancos atinge 5,7% e retoma recorde de 2000


A taxa de inadimplência média do crédito livre cresceu pelo sétimo mês seguido em junho. De acordo com o Banco Central (BC), a parcela dos empréstimos com atraso superior a 90 dias atingiu 5,7% das operações no mês passado, ante 5,5% em maio.

A inadimplência do crédito livre retomou o nível recorde da série histórica, que havia sido observado em setembro de 2000. O aumento foi liderado em junho pelas operações destinadas às empresas, com a taxa subindo de 3,2% em maio para 3,4% em junho. Entre as pessoas físicas, o percentual permaneceu em 8,6%.

Pelo sétimo mês consecutivo, a taxa média de juros praticada pelas instituições financeiras no crédito livre caiu em relação ao mês anterior. Em junho, o juro médio ficou em 36,7% anuais, ante 37,9% praticados em maio. Segundo o Banco Central, essa redução ocorreu nas operações para empresas e pessoas físicas.

Nos empréstimos para pessoas jurídicas, o juro médio caiu entre maio e junho de 28,5% para 27,5%. Nos financiamentos para as famílias, a queda foi de 47,3% para 45,6%. O spread médio ficou em 27,2 pontos percentuais, ante 28,1 pontos percentuais de maio. Os dados médios são influenciados por financiamentos como o de crédito consignado, em que o risco é quase nulo.

As operações de crédito do sistema financeiro mantiveram recuperação, puxada principalmente pelo BNDES, com expansão de 1,3% em junho na comparação com maio. O estoque de todos os empréstimos somava R$ 1,278 trilhão no fim do mês passado. No período de 12 meses encerrado em junho, o estoque de crédito cresceu 19,7%.

A participação do crédito no Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 43,7%, ante 43,2% em maio deste ano, e 36,3% em junho de 2008.

Fonte: Jornal Monitor Mercantil - 28/07/2009

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A teoria do subimperialismo brasileiro

notas para uma (re)discussão contemporânea
A teoria do subimperialismo brasileiro


Fábio Bueno, Raphael Seabra

A década de 2000 consolidou uma nova fração da burguesia brasileira ligada ao mercado internacional não mais pela simples exportação de mercadorias, mas também pela de capitais na forma de investimentos diretos, implicando na recente expansão das multinacionais brasileiras3. Este processo de internacionalização da burguesia brasileira coincide com i) o aumento de conflitos envolvendo a burguesia brasileira em países da América do Sul - empresários da soja em terras paraguaias e bolivianas, Petrobrás na Bolívia e Odebrecht do Equador -, e com ii) uma orientação da política externa brasileira de maior destaque internacional, não só buscando assento no Conselho de Segurança da ONU, mas comandando as tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti desde 2004. Esse quadro permite formularmos a hipótese de que o movimento conjunto da política externa e da economia brasileira novamente corresponde à noção de subimperialismo de Ruy Mauro Marini, mas sob novas determinações. Para tanto, retomaremos brevemente a teoria do subimperialismo e em seguida destacarmos as novas determinações deste conceito no campo da política externa, da conformação das frações burguesas e da acumulação e composição orgânica do capital no Brasil.

[ clique aqui para ler a íntegra do artigo ]

Fonte: site da ALAI http://alainet.org

terça-feira, 28 de julho de 2009

(resenha) “A América Latina e os desafios da globalização - ensaios dedicados a Ruy Mauro Marini"

Jornal dos Economistas, no. 240 (Julho, 2009). Pág. 13

-Almir Cezar de Carvalho Baptista Filho*

Por iniciativa da REGGEN e publicada pela Editora da PUC-Rio e Boitempo Editorial, recentemente foi lançando livro reunindo ensaios de pensadores contemporâneos de vários países a respeito da obra, do contexto histórico ou sob a influência
do cientista social brasileiro Ruy Mauro Marini na interpretação da globalização a partir da América Latina.

O livro, mais que um resgate e celebração à vida e obra de Marini através das escritas dessa seleção de autores, chega em um momento excelente, coincidindo oportunamente com os 40 anos do livro de Marini “Subdesenvolvimento e Revolução”
(1969) e com o aparecimento de uma nova crise mundial capitalista,
a maior desde a de 1929. E mais do que isso, serve ao resgate de seu pensamento e para romper o silêncio no Brasil em torno desse autor, permitindo a nova
geração de intelectuais mais do que conhecê-lo, tê-lo como ponto de partida e relocalização com a nova realidade e a religação entre prática e teoria.

Um dos fundadores da Teoria da Dependência e um dos principais expoentes de sua versão marxista, Ruy Mauro Marini é participante de um seleto grupo responsável pela projeção do pensamento de produção regional latino-americano. As décadas de 1960 e 970 foram de renovação do pensamento marxista. A Teoria da Dependência era a articulação dessa renovação na periferia do capitalismo mundial, em especial na América Latina. Por sua vez, Marini sempre procurou casar nas análises a questão nacional e a questão democrática com a luta de classe e, articulando-os, resultando em um enfoque e uma perspectiva socialista.

Contudo, embora ainda seja pouco divulgada em seu próprio país, sua obra serve de base e inspiração a uma vasta gama de pensadores e influência a várias correntes da ciência social ainda hoje, mesmo passado mais de uma década de sua morte (1997).

Marini tinha uma visão crítica do desenvolvimento das economias latino-americanas:
monopolista e sócia dos monopólios transnacionais do centro imperialista. Para Marini, a dinâmica econômica própria e regular das sociedades da zona periférica gera uma descapitalização crônica e crescentemente maior, e reforço da desigualdade
social, especialmente na zona periférica industrializada, combinada da ampliação da situação de dependência crescente ao centro.

Mas também, a dependência é do centro com a periferia, que se torna também cada vez mais refém das transferências do excedente econômico, garantidos por um controle mais férreo das burguesias nacionais sobre as massas, e pela ampliação da taxa de exploração da força de trabalho. E ainda terá que repetir no plano interno o modal de geração de mais-valia pela superexploração do trabalho. Reforçando consequentemente a crescente transnacionalização da economia mundial.

Infelizmente, Marini não viveu para ver uma espécie de renascer do interesse no seu pensamento e na Teoria da Dependência, despertados pela crise do modelo neoliberal marcadas pelas sucessivas crises da década 1990 e pela recente ascensão dos movimentos de massas. Na atual década houve uma produção autoral sob enfoque dependentista ou derivado que ultrapassa o volume das duas anteriores.

Contudo, a esquerda intelectual latino-americana, especialmente a brasileira, ainda está se reajustando a essa nova realidade. Tentar se apropriar do legado da obra de pensadores como Marini seria um bom passo e esse livro cumpre um papel fundamental neste sentido.

* Almir Cezar de Carvalho Baptista Filho é economista graduado pela UFF e mestre pela Universidade Federal de Uberlândia

Para ler a íntegra do Jornal dos Economista no. 240 clique aqui.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

"Jardim da liberdade": a Escola de Artes Visuais do Parque Laje

Prezado companheiros,

leiam este artigo que fala da Escola de Artes Visuais Parque Laje uma bela experiência de se constituir arte e resistência, na qual todos nós participamos dessa idéia.

Abraços,

Eduardo.


***

Jardim da Liberdade

Em pleno tempos de chumbo, o Parque Lage abria suas portas para poetas e cabeludos: estava criada a Escola de Artes Visuais no Rio de Janeiro.

Bernardo Camara

As coisas andavam calmas pelo jardim. Com cavaletes espalhados pelo casarão, jovens e senhoras pintavam suas paisagens e moldavam seus bustos de gesso. A notícia chegou como um furacão: “Estão dizendo que não querem mais o clássico e o acadêmico. Dizem que o novo diretor quer tudo moderníssimo e muita liberdade”, denunciava ao Jornal do Brasil uma das alunas do Instituto de Belas Artes.

Sediada no antigo palacete do Parque Lage, no Rio de Janeiro, a tradicional instituição trocou de nome e de rumos, nos idos de 1975, no decorrer da ditadura militar. A sigla IBA deu lugar às letras EAV – Escola de Artes Visuais. Foi o primeiro sinal de que a gestão do artista plástico Rubens Gerchman se iniciava para não deixar, por ali, pedra sobre pedra.

E não deixou. Numa dessas contradições da ditadura brasileira, a Secretaria de Cultura do Estado chamou o contestador Gerchman para assumir o ensino no Parque Lage. Chegando lá, ele encontrou cursos engessados no academicismo. As aulas ocupavam as salas da antiga construção de estilo eclético, que até hoje divide espaço harmoniosamente com árvores e cascatas. Nas palavras do jornalista e crítico de arte Wilson Coutinho, o Instituto vivia “um tempo descompassado, desatualizado”.

O balde de contemporaneidade veio de repente. Em poucos meses, o novo diretor estava com um time de artistas de vanguarda formado. Gente como Lina Bo Bardi, Helio Eichbauer, Sérgio Santeiro e Léliz Gonzalez teriam o papel de desenferrujar a noção de ensino de arte.

No início de 1976, os primeiros cursos já mudavam o cenário do parque: as aulas transbordaram das salas para os pátios e jardins. E se o IBA era apegado às artes plásticas, a EAV abria largos caminhos para que literatura, cinema, teatro, fotografia e outras formas de expressão se embaralhassem à vontade.

Em tempos de ditadura, o local se tornou um refúgio de poetas e cabeludos. “Esse lugar era muito sedutor, fascinante. Eu via isso como uma ilha de liberdade cercada de repressão por todos os lados”, recorda Luiz Ernesto Moraes, que estava entre os mais de dois mil alunos que circularam por ali à época.

Entre as árvores centenárias, vez por outra um maluco-beleza transitava como veio ao mundo. A marola que exalava dos cigarros de maconha se misturava com o ar puro. E alunos, professores e curiosos passavam dias inteiros se embebedando de uma cultura que, dali para fora, fatalmente encontraria resistência.

“Tudo o que não podia acontecer em lugar algum – filmes censurados, artistas que tinham trabalhos proibidos, poetas – acontecia aqui. Isso era um oásis, as pessoas vinham para cá porque sabiam que aqui as coisas aconteciam”, diz Luiz Ernesto.

Com aulas instigantes e interativas, o espaço logo transcendeu o ensino e passou a ser o principal palco de eventos, debates, exposições, leituras de poesia, teatro e performances que aconteciam na cidade. Gil, Caetano, Paulo Moura e uma penca de outros grandes artistas passaram por lá.

“Era o lugar no Rio em que as pessoas se refugiavam, se encontravam. Um lugar muito efervescente, de encontros, idéias”, define o artista plástico Helio Eichbauer, que integrou a primeira equipe de professores da EAV. “Em termos de cultura, ali aconteceram as coisas mais importantes no Rio, na época. Foi onde se fez história da cultura, da arte”.

Hippies inofensivos

Ao lado do palacete, um camburão da Polícia Militar batia ponto todos os dias. Luiz Ernesto cansou de ser revistado pelos soldados. “Muitas vezes eu parava, botava as mãos no carro, o cara dava uma geral, derrubava minhas coisas da bolsa”, conta, acrescentando, porém, que a opressão não passava disso.

“Eles achavam que os artistas eram hippies e que não tinham uma atuação tão perigosa”, explica Eichbauer. O que poderia ser ingenuidade, já que a nata revolucionária de pensadores não parava de borbulhar ideias e críticas ao regime. Mais que artistas, a escola congregou sociólogos, antropólogos, historiadores e outras áreas de discussão. “O que exercíamos ali era um outro tipo de guerrilha. Uma guerrilha espiritual, intelectual, de ideias”.

Foi nos jardins do parque que a poesia marginal – a mais importante expressão literária de resistência – encontrou morada. Ali, os psicanalistas da vanguarda lacaniana sediaram a Escola Freudiana do Brasil. Foi nos porões do casarão que uma das primeiras revistas gay, Lampião, saiu impressa. “Enfim, aqui era onde se pensava artisticamente e politicamente”, conclui Luiz Ernesto.

As coisas aconteciam no ímpeto. As verbas do Estado mal davam para o papel higiênico e o café, dizia Gerchman. Mas só o prazer de se expressar livremente valia a conta, garante Eichbauer: “Os artistas iam porque queriam. Ali era uma escola de contracultura oficial. Um lugar onde se exercia o direito à liberdade de pensamento e de ação”. Algo tão em falta naqueles tempos de chumbo.

Retirado do Portal - www.revistadehistoria.com.br

Textos do G. Arrighi falando do Novo Imperialismo

Por Almir Cezar Filho


Textos do G. Arrighi falando do Novo Imperialismo. "Compreender a hegemonia" - o texto está em espanhol.

Parte 1: http://www.newleftreview.org/?getpdf=NLR26602;pdflang=es

Parte 2: http://www.newleftreview.org/?getpdf=NLR26707;pdflang=es

Obs: dica de nosso amigo e colunista do blog Vinícius

sábado, 25 de julho de 2009

Livro "Raízes do Brasil" de Sérgio Buarque de Holanda

Raízes que dão frutos
por João Cezar de Castro Rocha

O provérbio ensina: o hábito faz o monge – não o oposto. Como o alferes Jacobina – do onto “O espelho”, de Machado de Assis – descobriu com alguma inquietude, sem o espelho proporcionado pelo olhar do outro, tornamo-nos invisíveis, sobretudo aos nossos próprios olhos. Habituado a ser reconhecido pela patente de alferes, jacobina descobre que está sozinho, ou pior, cercado por escravos – possivelmente a forma mais cruel de solidão numa sociedade escravocrata. Longe de seus pares, ele logo começa a duvidar da sua própria existência social. Na cortante formulação de Machado, “o alferes eliminou o homem”.

Sérgio Buarque de Holanda deve ter recordado o conto de Machado ao delinear o perfil do brasileiro médio e estabelecer o conceito de “homem cordial”, para o qual “a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente de viver consigo mesmo”. Raízes do Brasil é uma modalidade do espelho de Machado de Assis – forma através da qual uma comunidade se reconhece.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Neoliberalismo, por Nami Klein

Dica de hoje é o sítio eletrônico sobre Naomi Klein, uma canadense que escreve sobre neoliberalismo

lavaca.org/seccion/actualidad/1/1619.shtml

Agradeço a Vinícius, nosso amigo e colaborador do blog pela dica.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Conferência Anual da Associação Internacional para o Realismo Crítico ocorrerá na UFF

Conferência Anual da Associação Internacional para o Realismo Crítico ocorrerá na UFF

Entre os dias 23 e 25 de julho, pesquisadores do Brasil e do exterior irão se reunir no Instituto de Geociências da UFF, Campus da Praia Vermelha, São Domingos, Niterói, para a 12ª Conferência Anual da Associação Internacional para o Realismo Crítico (IACR).

A conferência, que terá como tema "Realismo e Emancipação Humana: Outro Mundo É Possível?", pretende receber contribuições de todas as áreas das ciências sociais e naturais.

Além de palestras, participantes poderão assistir a um minicurso sobre realismo crítico com os professores Roy Bhaskar, da Universidade de Londres, e Alan Norrie, da King’s College London. Esta é a primeira vez que a conferência terá como sede a América Latina.

As informações pelo site www.uff.br/iacr ou pelo e-mail iacr2009@vm.uff.br.

Entrevista de Immanuel Wallerstein ao Programa Milênio

Após os vídeos de Giovanni Arrighi postamos aqui uma entrevista de outro grande autor da Teoria dos Sistemas Mundo e fundador dessa abordagem, Immanuel Wallerstein.

Para o cientista político radicados nos EUA o mundo contemporâneo está diante de uma doença terminal. Chegamos a um momento de esgotamento do processo de acumulação do capital e entramos em uma era caótica e de incerteza, porque o sistema atual será forçosamente substituído por um outro que não sabemos qual é e, portanto, não sabemos se será melhor ou pior. Mas será, certamente, pós-americano.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Entrevista de Giovanni Arrighi à GloboNews

Por que os países dominam e perdem o domínio do mundo? A partir do século XVI este domínio pertenceu aos europeus. O século XIX foi dos ingleses, e desde então temos a hegemonia americana. Isso é exposto na entrevista de Giovanni Arrighi à GloboNews em março do ano passado.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Giovanni Arrighi, por José Luís Fiori

Valor Econômico - 15 de junho de 2009

Morreu nos Estados Unidos, na cidade de Baltimore, no dia 19 de junho de 2009, o economista italiano Giovanni Arrighi, que foi professor, nos últimos anos de sua vida, da Universidade Johns Hopkins. Arrighi nasceu em Milão, em 1937, estudou na Universidade de Bocconi e, na década de 1960, participou da geração de cientistas sociais europeus e americanos que trabalharam na África e se dedicaram ao estudo do desenvolvimento econômico em países da periferia capitalista. De volta à Itália, na década de 70, e depois nos Estados Unidos, a partir dos anos 80, Giovanni Arrighi dedicou quase três décadas de sua vida intelectual ao estudo da "crise da hegemonia americana" dos anos 70, e das transformações econômicas e políticas mundiais das décadas seguintes, que passaram pela expansão vertiginosa da China e de grande parte da Ásia, e chegaram até à crise financeira de 2008.
[ clique aqui para ler todo ]

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cartunistas contra o golpe militar em Honduras

Vejam companheiros,

A mobilização internacional em apoio a luta dos trabalhadores e trabalhadoras de Honduras, que resistem ao golpe militar bravamente.

Viva o povo hondurenho!

Até a vitória da resistência!


http://www.youtube.com/watch?v=SgX1MAWUN2Q


Viva a resistêcia hondurenha...eles não passarão!

Segundo dia: nada será como antes em Honduras



Cristina Barbosa, presidente da Fed. Estudantil da Costa Rica e Roberto Herrera do MAS (LIT-QI)



• Acompanhe a reportagem sobre a resistência ao golpe de Estado, enviada por uma delegação que está em Honduras. Desde o dia seguinte ao golpe, formou-se na Costa Rica o Movimento de Solidariedade ao Povo Hondurenho. O Movimento ao Socialismo (MAS), seção oficial da LIT-QI na Costa Rica, participa desde o início das atividades do comitê, com a firme certeza de que a atitude dos revolucionários da América Central deve ser assumir para si qualquer luta que ocorra nos cinco países da região que foram artificialmente divididos. Neste momento, uma delegação se encontra em Honduras, levando solidariedade e participando da resistência. Estas são as primeiras notícias que eles nos enviam desta importante luta democrática, antioligárquica e antiimperialista.


# Leia a reportagem do primeiro dia



Quinta-feira, 16 de julho, segundo dia
Hoje completam-se 19 dias de luta contra o golpe. Participamos do fechamento de ruas na altura de El Durazno, principal saída de Tegucigalpa para o norte do país. O bloqueio durou das 8h30 até 15h.

O protesto, aqui, reuniu duas mil pessoas e, no sul, cerca de mil. Nesta saída, concentraram-se os ativistas liberais que se opõem ao golpe. Em El Durazno, se concentraram os sindicatos do estado (PANI, Frente de organizações do magistério, INA, enfermeiras etc.).

Além destes bloqueios, estavam fechadas as cidades de San Pedro Sula (capital industrial onde se concentram as maquiladoras) e Porto Cortês (principal porto do país), o que representou uma paralisação importante da economia. Para sexta-feira, espera-se uma nova jornada de resistência, igual à da quinta-feira. Um novo dia de luta nos espera.

Muitos símbolos indicam que, em meio a muitos “estica e afrouxa”, tentam solucionar por cima o conflito. Os olhos apontam para a negociação de sábado em Costa Rica. Vamos resumir alguns fatos políticos que nos parecem importantes.

1) O governo golpista mostra sinais de cansaço. A saída de dois servidores públicos do governo, entre eles López Colindres (chanceler), se soma a um estranhamento dos militares com o governo e com o próprio anúncio de Michelletti de que poderia renunciar desde que Zelaya não regressasse.

2) Diferentes formas de repressão seguem ativas, como, por exemplo, o fechamento temporário dos sinais de rádio e TV, o toque de recolher, a perseguição a servidores públicos governistas, a perseguição sindical, o assassinato seletivo ocultado como crime comum. Esta violência política é acompanhada também pelo aumento da delinquência, como ajustes de contas e fatos vinculados aos “maras” (violenta gangue da região).

3) O custo econômico do golpe num país tão pobre como Honduras, começa a surgir. Há projetos interrompidos, fundos congelados e bloqueios. Além disso, há o custo de manter mobilizado o exército por 19 dias. Amanhã é o pagamento de salário dos servidores públicos. Gabriela Núñez, ministra de finanças, está tentando reunir fundos de todos os lados.

4) O mais importante é que o movimento popular segue ativo apesar das ameaças. Entre os docentes, é muito forte. Exemplo disso foi o início da transmissão da rádio clandestina ligada à Resistência (Rádio Morazán) e de que as ações continuarão amanhã, mesmo que não se concretize a paralisação geral. No interior do país, as ações também ganham força.

5) É importante assinalar que a direita latino-americana mantém uma campanha muito agressiva em relação a Honduras. Hoje chegou o grupo UNO América, que é o “rim dos vermes”. Seu objetivo era legalizar o golpe e lhe dar apoio político. Na delegação, haviam reconhecidos representantes da direita da Venezuela e da Colômbia. Além do delírio fascistóide e dos argumentos deste grupo, a presença de UNO América assinala um claro vínculo das direitas golpistas latino-americanas e norte-americanas, mas, sobretudo, um esforço deste setor ultradireitista em descongelar o isolamento internacional dos golpistas.

Estes são alguns fatos, mas como assinalamos, a situação é instável. Ainda que existam sinais de negociação, o “estica e afrouxa” de ambos os lados, o fato mais importante para os revolucionários é que o povo continua nas ruas e com um nível crescente de politização. Se Zelaya retornar pela ação das massas, isso representaria uma clara vitória democrática e popular, que não seria detida facilmente, mas continuaria avançando e questionando o regime. Se as elites conseguem uma saída negociada [1], não será fácil para eles desativar as bandeiras que foram articuladas pelo movimento popular, sobretudo, o chamado à Assembleia Nacional Constituinte.

Como dissemos algumas vezes, nada será como antes em Honduras.


NOTA:
1. É claro, no processo de possíveis saídas negociadas, que cumpre um papel fundamental a mediação pró-imperialista do presidente Arias, que já tem levantado a consigna de governo de reconciliação nacional, que consistiria em duas opções: ou num governo de transição, apoiado na Corte Suprema de Justiça, ou num regresso condicionado de Mel Zelaya, isto é, afastado da Alba, sem o projeto de quarta urna, e com a anistia para ambos os lados. Estas saídas são incômodas para os golpistas, sobretudo para as forças armadas. Outra opção pela qual se decantariam os golpistas é um governo de reconciliação sem Zelaya, em que ele possa regressar e ser anistiado dos supostos delitos políticos, mas que seja julgado pelos delitos de corrupção. Como se vê, os cenários são múltiplos e variáveis. Evidentemente, para os revolucionários, a melhor saída é que o movimento popular consiga através de sua ação independente uma quebra total do regime e uma convocação à Assembleia Nacional Constituinte sobre as ruínas do velho regime, apoiado nas organizações populares. Para conseguir isto, é evidente que é preciso forjar uma força política ampla, orientada pela independência de classe e a meta socialista.


Retirado do Portal www.pstu.org.br

Um mês sem Giovanni Arrighi, o escritor de "O longo século XX"

por Almir Cezar Filho

Hoje dia 20 fará exatos um mês de falecimento do economista político italiano radicado nos EUA Giovanni Arrighi. Curiosamente, apesar de certa popularidade por aqui pelo Brasil, obtida especialmente após a publicação de O Longo Século XX, houve um total silêncio na grande mídia sobre sua morte.

Nascido em 1937 na Itália, falecido em Baltimore, EUA em 20 de junho de 2009, Giovanni Arrighi se formou como economista neoclássico em Milão, Itália. Foi doutor em Economia e catedrático de Sociologia na Universidade estadual de Nova York (campus de Binghamton) e professor de Sociologia e gerente do Instituto para Estudos Globais em Cultura, Poder e História da Universidade Johns Hopkins, ambas instituições localizadas nos Estados Unidos da América. Atuou principalmente no campo da sociologia comparativa e história, na análise do sistema mundial e em sociologia econômica.

É um dos 5 principais autores sobre a Teoria do Sistema Mundial, juntamente com o seu fundador Immanuel Wallerstein, Samir Amim, Theotonio dos Santos e o falecido em 2005 André Gunder Frank. Seus livros mais recentes são "O Longo Século XX", "Caos e Governabilidade no Moderno Sistema Mundial" (em co-autoria com a esposa e companheira intelectual Beverly Silver) e "Adam Smith em Pequim". Em conjunto, formam sua trilogia sobre o capitalismo em perspectiva histórico-mundial.

Sua morte, pelo câncer, que lutava por vários meses, ceifou justamente em um momento de intensa produção intelectual.

Postamos aqui dois vídeos onde Arrighi expõe suas ideias. No primeiro é um auto-depoimento de Arrighi entitulado "Lendo Karl Polanyi em Pequim" preparado para o Encontro internacional sobre Karl Polanyi ocorrido em 2008 em Montreal, Canadá e cujo título é um trocadilho com o título de seu famoso livro "Adam Smith em Pequim".



O segundo é uma entrevista concedida em 2005 em Madri para a Universidade Nômade.



Fontes: "http://pt.wikipedia.org/wiki/Giovanni_Arrighi"

domingo, 19 de julho de 2009

Livro "Crítica y teoría en el pensamiento social latinoamericano"

Crítica y teoría en el pensamiento social latinoamericano - Fernanda Beigel; Alfredo Falero; José Guadalupe Gandarilla Salgado; Néstor Kohan; Ladislao Landa Vásquez; Carlos Eduardo Martins; Cecilia Mahón; Corina Rodríguez Enríquez; Martín Schorr. Buenos Aires: CLACSO, agosto 2006. 448 páginas

[ clique aqui para acessar ]

Indice

Prólogo
Bettina Levy

Pensamientos indígenas en nuestra América
Ladislao Landa Vásquez

América Latina en la conformación de la economía-mundo capitalista: las transferencias de excedente en el tiempo largo de la historia y en la época actual
José Guadalupe Gandarilla Salgado

Pensamento latino-americano e o sistema mundial
Carlos Eduardo Martins

El paradigma renaciente de América Latina: una aproximación sociológica a legados y desafíos de la visión centro-periferia
Alfredo Falero

Vida, muerte y resurrección de las “teorías de la dependencia”
Fernanda Beigel

El pensamiento latinoamericano en el campo del desarrollo del subdesarrollo: trayectoria, rupturas y continuidades
Cecilia Nahón, Corina Rodríguez Enríquez y Martín Schorr

Pensamiento Crítico y el debate por las ciencias sociales en el seno de la Revolución Cubana
Néstor Kohan

sábado, 18 de julho de 2009

A “fúria virtuosa” de Israel e suas vítimas em Gaza, por Ilan Pappe

Apresentação

Por Vinicius Valentin Raduan Miguel ( vmiguel@marxists.org )

16.07.2009

O presente texto foi originalmente publicado em inglês como editorial do site Electronic Intifada (http://electronicintifada.net) no dia 2 de janeiro de 2009. Ilan Pappé nasceu em 1954, Haifa, Israel. É filho de judeu-alemães que escaparam da perseguição nazista nos anos 1930 e é um dos mais renomados especialistas do conflito Israelo-Palestino tendo publicado 9 livros, sido co-autor em outros 3 e escrito centenas de artigos para jornais acadêmicos.

O mais famoso de seus livros, A Limpeza Étnica da Palestina (The Ethnic Cleansing of Palestine. Oneworld Publications, 2006; sem tradução para o português) denuncia que a guerra de 1948 foi uma sistemática e elaborada estratégia para expulsão dos palestinos, destruição das áreas construídas, objetivando a eliminação de não-judeus para a criação de Israel – um Estado para um só grupo étnico-religioso e/ou cultural-lingüístico. Um processo racista e colonial, eliminando a população tradicional para a instalação de grupos estrangeiros.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O Positivismo

O Positivismo de Augusto Comte - filosofia, religião, pensamento político e ciência social de Comte à República no Brasil

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A crise econômica no Brasil é uma crise de uma indústria dependente

por Almir Cezar Filho

A crise econômica mundial pegou o Brasil. Demissões em massa e adoção de reduções salariais. Mas essa crise não se manifesta por igual na economia nacional, vemos mesmo ao contrário setores indo bem, contratando, mas tendo dificuldade em manter seu ritmo. Na verdade, a crise é uma crise na indústria, e como tal gera impacto sobre a economia como um todo. A questão é que a indústria brasileira ficou mais vulnerável as crise e adota sempre a estratégia da demissão. A alternativa real não pode passar pelas adotadas pelo Governo Lula, pois de fato não vão a raiz do problema.

O setor industrial tem função dinamizadora na economia como um todo. O crescimento da indústria puxa o setor de serviços e a inovação. Se, por um lado, a indústria no Brasil responde apenas por 30% dos empregos, enquanto o setor de serviços responde por 60%, por outro, os postos de trabalho na indústria são de muito mais qualidade e têm efeito multiplicador na dinâmica da economia. Porém, a crise econômica por que passamos é da indústria, pois o agronegócio e o setor de serviços apresentaram variação positiva, após outubro do ano passado.

As décadas de neoliberalismo deixaram a indústria brasileira muito vulnerável às crises como a que o mundo está vivendo, à medida que, com a abertura comercial, um terço do investimento produtivo no Brasil provém de multinacionais e com a abertura financeira o país ficou ainda mais dependente de crédito externo e não reduziu o grau de concentração bancária (produziu na verdade o efeito contrário). Logo, a crise no Brasil é uma crise na indústria.

Assim a crise pegou os melhores empregos com os respectivos efeitos compressivos sobre o mercado consumidor interno. E ainda ampliou a taxa de rotatividade da mão-de-obra. Como no Brasil é fácil demitir, e como as empresas do setor industrial são em geral de maior porte e que têm mais condições de arcar com as demissões, o oposto ocorre no setor de serviços onde predomina empresas de pequeno porte. A consequência foi que a taxa de rotatividade da mão-de-obra cresceu 30% sobre 2007. Só para ilustrar essa facilidade, usamos o caso dos EUA, epicentro da crise e onde ocorre seus maiores estragos, país que a legislação trabalhista é flexível, a taxa de rotatividade é metade da brasileira, mesmo com a crise.

Com a crise, e a redução das vendas externas e dos investimentos e créditos internacionais, as indústrias passaram a demitir para ajustar os estoques e compensar a queda do volume de lucros aumentando a taxa de lucros pela redução de salários pagos, e assim conseguiam também os capitais para crédito para giro.

Por sua vez, apostaram pela estratégia de demissões por seu baixo ônus, diferentemente do que ocorre nos EUA e Europa, pois mesmo que possam vir a ser forçados re-contratar em caso de recuperação econômica mundial, podem recontrar seus próprios ex-funcionários sem ter com que arcá-los durantes os meses de baixa, e ainda sob salários menores.

A gravidade também é que esta a crise estancou a recuperação da participação dos salários no PIB, interrompendo dois anos de crescimento. Nas décadas de neoliberalismo houve um severo aumento da concentração de renda no país entre a população entre os vários segmentos dos trabalhadores. A participação na renda nacional em 1980 era que os 50% mais pobres da população recebiam 13% da renda do fator trabalho (salários), que por sua vez, representa 50% da renda nacional (PIB); em 2002, os 50% mais pobres recebiam 11% da renda do fator trabalho, que representa apenas 38% da renda nacional.

A solução à crise não passa pelas isenções tributárias (redução e isenção de IPI para eletrodomésticos e automóveis) ou redução do aperto fiscal (redução do superávit fiscal do Governo de 3,5% para 2,5% do PIB). De fato essas medidas não resultaram nos últimos meses em redução no ritmo de queda nos postos ocupados na indústria.

O Brasil tem que diminuir o grau de abertura financeira e depender menos do comércio com os países ricos (que já foi de 70% e agora ainda está em 40%). E também promover um processo de desconcentração bancária, até mesmo pelo incentivo às cooperativas de crédito e outras alternativas para oferecer financiamento à pequena empresa, que é responsável por 80% dos empregos mas que quase nunca recebem os bilhões em juros subsidiados do BNDES. É preciso, por um lado aumentar a dificuldade em demitir no Brasil especialmente na indústria e pela grande empresas e, por outro, nas pequenas facilitar a formalização trabalhista e a legalização, combinando com um programa de obras e compras públicas.

Infelizmente sabemos que o Governo Lula não fará isso, vide seus compromissos políticos com as grandes empresas e bancos. Tudo isso com a conveniência de partidos de esquerda e centrais sindicais, que em muito, limitam-se a comentaristas críticos da políticas econômicas.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

(Neoliberalismo) "Doença francesa": o mal econômico do Brasil

Postamos aqui o trecho final do artigo ECONOMIA: Ciência ou Arte? Uma Nota Metodológica do economista João Paulo de Almeida Magalhães publicado no sítio eletrônico do CORECON-RJ que pode ser acessado na íntegra pelo endereço http://www.corecon-rj.org.br/ced_economia_ciencia_ou_arte.asp

***
(...)

Cabe aqui uma última observação sobre a atual situação brasileira. Tornou-se recentemente moda apelidar-se de “doença” erros graves de política econômica (doença holandesa, doença japonesa, doença brasileira etc.) A indagação que se faz é se o Brasil não se acha braços com uma “doença francesa”. Vejamos por que.

Nos anos 1950 François Perroux, possivelmente o maior economista francês do século passado, acusou os economistas de seu país de estarem escrevendo em três seções (“paragraphes”) sobre assunto que não entendiam. A referência é ao fato de, nos trabalhos de Economia, os capítulos serem usualmente divididos em três seções. A preocupação de Perroux era com o fato de, enquanto os economistas austríacos (Hayek, Von Mises, Schumpeter, Haberler, Rosenstein-Rodan e outros) desenvolviam trabalhos teóricos que os projetavam em todo o mundo, os franceses se especializavam em publicações sobre a história do pensamento econômico, pensamento, para o qual pouco contribuíam.

A pergunta é se, no Brasil, não nos achamos diante de problema semelhante ou de um ataque de “doença francesa”. Ou seja, muitos e bons trabalhos econômicos são publicados, mas poucas são as contribuições para teorias ajustadas à realidade nacional. E, sendo isso verdade, a situação é aqui mais séria. Porque se na França, “doença” resultava apenas em desprestígio da ciência econômica do país, no Brasil ela leva à adoção de políticas econômicas incompatíveis com o desenvolvimento econômico. Não é chegado o momento de o economista brasileiro compreender que, diferentemente do que acontece em outras ciências, não basta importar teorias e paradigmas gerados no Primeiro Mundo? Sua opção profissional implica em responsabilidade muito superior a de especialistas em outros ramos da ciência, ou seja, de gerar paradigma teórico que leve em conta a especificidade do crescimento retardatário.

Dependency Theory - Teoria da Dependência

Veja essa apresentação de slide em inglês sobre Teoria da Dependência (Dependency Theory):

Theories On Development - Teorias sobre Desenvolvimento

Veja apresentação em slide em inglês sobre Teorias do Desenvolvimento (Theories on Development):

terça-feira, 14 de julho de 2009

14 de julho: França em Vermelho!

por Almir Cezar Filho

O vermelho que correu hoje em Paris não foi da bandeira tricolor francesa desfralda nas comemorações ao "14 de julho" (aniversário da Queda da Bastilha, principal evento da Revolução Francesa), mas do sangue, das bandeiras vermelhas e das chamas dos protestos dos trabalhadores e do povo pobre nas ruas e nas manifestações contra a crise econômica, o governo Sarkozy e o desemprego.

Com o capitalismo contemporâneo em plena CPI (especialmente nos países do núcleo central, entre eles a França), os estragos das duas décadas de neoliberalismo e o colapso da esquerda tradicional francesa empurraram os movimentos sociais (organizados ou não) para ação. Vimos isso nos últimos anos com a juventude na rua, tanto a juventude estudantil como a das comunidades periféricas. Também se viu o mesmo com os servidores públicos. Agora vemos de novo os trabalhadores industriais, que desde o início da década de 1970 andavam sumidos.

Nem a ideologia do patriotismo e civismo, nem o cacetetes e gás lacrimogênio de Sarkozy conseguiu impedir. A temperatura da "panela-de-pressão" da luta de classe está em ebulição.

Estamos às vesperas de uma "nova Bastilha"? Só o tempo dirá. O que vemos agora, com certeza, é que o "verdadeiro vermelho" que inspirou a bandeira tricolor está de volta às ruas. Esperamos que a esquerda aproveite essa oportunidade histórica para transformações sociais.

Salário menor para ampliar lucro

Indústria mantém demissões mesmo com recuperação da demanda

Monitor Mercantil - 10/07/2009 - 21:07

Demissões na indústria automobilística e de bens de capital em São Paulo e Minas Gerais contribuíram para a redução do nível de emprego em maio, que caiu 0,5% em relação a abril (oitava queda consecutiva ) e 6% na comparação com mesmo mês do ano passado.

Em 2009, o emprego na indústria acumula queda de 4,7% e, em 12 meses, redução de 1,1%. Para o economista Jardel Leal, do Dieese, a indústria está se aproveitando da crise para promover um ajuste nos custos salariais e para rever margens de lucro.

"A crise oferece oportunidade para essa rearrumação, que deve alterar a relação capital-trabalho, em função da demanda e da adoção de novas tecnologias. A indústria está aproveitando a crise para fazer recomposição. Para manter as margens de lucro, usam a questão da ameaça do desemprego", critica, lembrando que normalmente os empresários brasileiros se apropriam dos ganhos de produtividade, o que também pode estar provocando efeitos agora.

Segundo Leal, a indústria, sobretudo a exportadora, "puxou o freio de mão" e deve ficar assim até que as coisas se arrumem. "Uma parcela da atividade industrial é fornecedora de insumos a exportadores e, com a crise, acaba usando as melhores condições de uso da força de trabalho. Agora mesmo dizem que a redução da jornada de trabalho vai aumentar custos."

Para o economista do Dieese, existe sempre um estoque e uma capacidade ociosa planejados. "Quando o estoque baixa a tendência é que haja uma reposição. Em algum momento vão repor estoques, mas a capacidade ociosa permanecerá se não houver demanda. Tudo vai depender, também, da capacidade de reconversão da produção do mercado externo para o interno", resumiu.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

As lições de Honduras, por Theotonio dos Santos

Texto de Theotonio dos Santos

Conta-se uma reveladora brincadeira entre os presidentes latino-americanos:

- Sabe por que não existem golpes de Estado nos Estados Unidos?

- Não!

- Porque nos Estados Unidos não existe embaixada dos Estados Unidos.

Além do mais, sabemos que os golpes nos Estados Unidos se dão através do assassinato, puro e simples, dos seus presidentes (como no caso de John Kennedy) ou com a ajuda do Supremo Tribunal para impedir a recontagem dos votos (como no caso Bush).

Apesar destes e de muitos outros precedentes, vemos agora os líderes do Partido Democrata indignar-se com a negativa de recontagem de votos no Irão, acusado de ser uma tremenda ditadura.

No entanto, qual a lição das Honduras? Pela primeira vez na história, os Estados Unidos apoiam a condenação de um golpe de Estado na América Latina, permitindo que se realize uma condenação unânime de um acto de força militar em todas as organizações internacionais.

Isso quer dizer que desta vez a embaixada americana não participou do acto de força? Desgraçadamente não.

[ ler a íntegra do artigo - clique aqui ]

sábado, 11 de julho de 2009

O fim do G8

por Almir Cezar Filho

Um dos fatos quase ocultos na reunião do G8 na Itália, onde se agregou o G5 (Brasil, Índia, México e África do Sul) foi o fim do G8 (grupo que reúne os sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia) e a formação de um novo fórum com a presença de outras economias foram as conclusões mais importantes tiradas da reunião da cúpula que aconteceu nos últimos três dias na Itália.

Isso significa que o Brasil passa a ser instrumento direto, incluindo o governo Lula, que no passado sempre denunciou o poder dos países ricos, para impor suas políticas sobre o próprio Brasil e o resto do mundo. Ainda mais em um momento que os mais países ricos passam por uma grave crise econômica e seus governos de credibilidade juntos as massas trabalhadores do mundo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Debate do novo livro sobre Marini

Debate Pensamento de Ruy Mauro Marini - Debate sobre o tema e o livro

A AMERiCA LATINA E OS DESAFIOS DA GLOBALIZAÇÃO: ENSAIOS DEDICADOS A RUY MAURO MARINI

Debatedores:
Carlos Eduardo Martins
Adrian Sotelo Valencia
Oswaldo Munteal

Casa Bolivariana
Sexta feira, dia 10 de junho às 18 horas
Auditório da FAFERJ Praça da República, 24/3º andar

Realização:
Missão Ruy Mauro Marini – Movimento Revolucionário Nacionalista – Círculos Bolivarianos

quinta-feira, 9 de julho de 2009

As lições de Honduras, por Theotonio dos Santos

Las lecciones de Honduras

THEOTONIO DOS SANTOS - http://theotoniodossantos.blogspot.com


Corre un revelador chiste entre los presidentes latinoamericanos:

“ - Sabes porque no hay golpes de Estado en los Estados Unidos?

- No!

- Porque en los EE.UU. no hay embajada de EE.UU.”

Además, sabemos que los golpes en Estados Unidos se dan através del asesinato puro y simples de sus presidentes (como en el caso de John Kennedy) o con la ayuda de la Suprema Corte para impedir el recuento de los votos ( como en el caso de de Bush).

Apesar de estos y muchos otros precedentes, vemos ahora los líderes del Partido Demócrata indignarse con la falta de recontaje de votos en Irán, acusado de ser una tremenda dictadura.

Pero cual es la lección de Honduras? Por la primera vez en la historia, los Estados Unidos apoyan la condena de un golpe de Estado en América Latina permitiendo que se realize una condena unánime de un acto de fuerza militar en todas organizaciones internacionales.

Esto quiere decir que de esta vez la embajada americana no participó del acto de fuerza? Desgraciadamente no.

[ clique aqui para ler a íntegra ]

terça-feira, 7 de julho de 2009

Com a crise vem aí mais capitalismo de Estado: nasce a Nova GM

Nova GM pode nascer na próxima quinta-feira

Fonte: agência EFE 06/07/2009 - 17h09

A nova General Motors (GM) está pronta para nascer na próxima quinta-feira, depois de um juiz aprovar na noite de domingo a venda dos ativos rentáveis da companhia para evitar "o desastroso resultado" da liquidação da principal montadora dos Estados Unidos.

Termina às 12h de quinta-feira o prazo dado pelo juiz Robert Gerber, do Tribunal de Quebras de Nova York, para que os grupos envolvidos apresentem suas objeções à venda dos ativos, o que significará que o Governo americano possuirá 60,8% da nova empresa.

Grupos de credores, aposentados e indivíduos lesionados em acidentes de trânsito se opuseram à venda, ao considerar que seus direitos desaparecerão com a criação da nova companhia, que terá o nome de General Motors Company.

Além disso, asseguram que outros grupos, como os trabalhadores representados pelo sindicato United Auto Workers (UAW), estão sendo tratados de forma preferencial.

Entretanto, o presidente da GM, Fritz Henderson, disse hoje em mensagem postada em seu blog que não espera que as objeções detenham o processo de criação da General Motors Company.

"Esperamos que a venda seja fechada o mais rápido possível depois do fim do processo de apelação no final desta semana e que a nova GM seja operacional e totalmente competitiva", acrescentou.

O otimismo de Henderson é partilhado por muitos analistas, especialmente depois do ocorrido com a Chrysler, que entrou em concordata em junho depois de os juízes desprezarem todas as objeções dos credores.

Em sua decisão, o juiz Gerber aceitou quase todos os pontos e propostas dos advogados da GM e do Departamento do Tesouro, em favor da venda.

O que o magistrado não aceitou em sua decisão foi o pedido da montadora e do Governo americano para que a venda fosse fechada de forma imediata.

Se a venda de ativos for completa na quinta-feira, as autoridades americanas e canadenses entregarão à GMC cerca de US$ 50 bilhões para a compra dos ativos da GM e assegurar a operação da companhia, que estará formada pelas marcas Chevrolet, Cadillac, GMC e Buick.

Em troca de sua contribuição monetária, o Governo americano possuirá os mencionados 60,8% da GMC. As autoridades canadenses, que entrarão com pouco mais de US$ 9 bilhões, controlarão 11,7%.

O resto será repartido entre o UAW, com 17,5%, e os credores da GM, que terão 10%. Estes dois grupos poderão aumentar posteriormente sua participação até 20% e 25%, respectivamente.

O governo americano disse na semana passada que está preparado para abandonar sua participação na GMC em 2010 assim que a companhia fizer uma oferta pública de ações.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

ONU pede a restauração da ordem constitucional em Honduras

Retirado do "Portal ig" em 06/07/2009 - 12:22 e a Redação com agências internacionais


GENEBA - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira a restauração, com assistência da Organização dos Estados Americanos (OEA), da "ordem constitucional" em Honduras, onde o presidente Manuel Zelaya foi detido e expulso pelos militares.


O Governo brasileiro se diz preocupado com o aumento de violência em Honduras, Zelaya pede às Forças Armadas que baixem as armas, ao ser impedido de pousar em Honduras e ter que descer em El Salvador.


"A OEA deve assumir um papel de líder para encontrar uma solução pacífica graças à qual se possa restaurar a ordem constituicional", afirmou Ban, acrescentando lamentar muito a perda de vidas humanas na repressão aos partidários do presidente derrubado.

Zelaya não concretizou o objetivo de retornar a Tegucigalpa no domingo, mas a imagem das novas autoridades hondurenhas ficou ainda mais arranhada aos olhos da comunidade internacional com a morte de dois manifestantes em um protesto.

Em um cenário digno de um filme de ação, o Exército hondurenho, que ignorou as ordens de Zelaya, bloqueou a pista do aeroporto de Toncontin com caminhões para impedir o pouso do avião Falcon, registrado na Venezuela, no qual o presidente viajava, uma semana depois de ter sido deposto e expulso por um golpe militar de Estado.

domingo, 5 de julho de 2009

Desemprego nos EUA e na Europa volta a piorar

DESEMPREGO NOS EUA E NA EUROPA VOLTA A PIORAR
CORTE DE VAGAS NOS EUA VOLTA A SE ACELERAR
Autor(es): FERNANDO CANZIAN
Folha de S. Paulo - 03/07/2009

Após recuo no número de demissões, resultado de junho surpreende e põe em dúvida previsões de recuperação da economia.

Crise já eliminou 6,5 milhões de postos de trabalho e levou taxa de desemprego a 9,5%, a maior desde 1983; dados derrubam Bolsa.

[ clique aqui]

Frase do Dia

O mundo de amanhã é o nosso mundo.
Em seu nome, exigimos que se façam os grandes sacrifícios
e as renúncias forçadas
e a arregimentação
geral.


Ruy Mauro Marini, excerto de um poema de juventude

Fonte: Archivo de Ruy Mauro Marini.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A Poesia de Jorge Salomão

Prezado camaradas,

Este vídeo foi produzido a partir de textos de um grande poeta baiano radicado no Rio e que possui um trabalho muito legal, que vale muito a pena ser lido, pois para nós resistentes, Jorge Salomão nos apresenta como um enorme aliado, principalmente através de suas poesias, e para quem quizer, o nome do seu último trabalho foi CRU Tecnólógico.

Além disso a animação caiu muito bem.

Vejam e sintam as palavras,

Abraços,



http://www.youtube.com/watch?v=Iff_GdMlqfU


Livro sobre história da vida cultural de Niterói

"Luís Antônio Pimentel e a vida cultural de Niterói nos anos 1930" de Ana Paula Campos
pela Editora EdUFF livro sobre história da vida cultural de Niterói [ clique aqui para baixar gratuitamente ].

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Discussão sobre origem do capitalismo é analisada em novo livro

A dica de livro de História de hoje é "Os debates sobre a transição - Ideias e intelectuais na controvérsia sobre a origem do capitalismo", de Daniel de Pinho Barreiros, pela Editora da UFF (Eduff).

A primeira parte do livro trata de um dos temas mais polêmicos e caros à historiografia brasileira das décadas de 1960/70: o debate sobre a origem do capitalismo ou, dito de outra forma, a transição do feudalismo para o capitalismo. Tendo por base o livro de Dobb, "A evolução do capitalismo", e a coletânea "Transição do feudalismo para o capitalismo", organizada por Paul Sweezy, reunindo artigos publicados entre 1950 e 1976.

A segunda parte é dedicada à análise do modo como este debate desembarcou no Brasil da década de 1960. Ancorado pelas concepções teóricas apresentadas e discutidas na primeira parte, o autor revisa a tese do capitalismo colonial brasileiro, especialmente no tocante à estrutura agrária nacional.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

OEA estabelece ultimato de 72 horas para golpistas em Honduras

01/07/2009 - 07:37 , atualizada às 08:35 01/07
Retirado do "Portal ig" com agências internacionais


WASHINGTON - Os membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) deram ao governo interino de Honduras um prazo de 72 horas para que a democracia seja restabelecida, ou o país sofrerá possível suspensão da entidade, de acordo com uma resolução aprovada na madrugada desta quarta-feira.

Imagens das ruas de Honduras após o golpe de Estado em Honduras prolonga toque de recolher após golpe Micheletti garante que há normalidade em Honduras.

A OEA condenou o golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya no domingo e exigiu o "imediato, seguro e incondicional retorno do presidente a suas funções constitucionais". A entidade afirmou que "nenhum governo resultante dessa interrupção inconstitucional será reconhecido".

A OEA instruiu seu secretário-geral, José Miguel Insulza, a tomar "iniciativas diplomáticas com o objetivo de restaurar a democracia e o regime da lei". "Se isso não tiver sucesso em 72 horas, uma sessão especial da Assembleia Geral poderá suspender Honduras", disse a resolução.

A resolução da OEA foi lida durante sessão especial da organização para discutir a situação de Honduras, com a presença de Zelaya.

Volta de Zelaya

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou que voltará a seu país, após o ultimato de 72 horas imposto pela OEA para sua restituição, e disse que, se os militares quiserem "executá-lo ou assassiná-lo", que o povo os julgue.

"Vou retornar a Honduras, eu sou o presidente", disse Zelaya, ao fim de uma entrevista coletiva organizada após o 37º período extraordinário de sessões da Assembleia Geral da OEA.

Zelaya disse que esperará que termine o ultimato de 72 horas para "continuar este processo" e para não prejudicar os esforços diplomáticos para resolver a crise, mas não precisou a data.