sábado, 20 de abril de 2013

Como a ciência torna-se ciência

COMO A CIÊNCIA TORNA-SE CIÊNCIA?
Guilherme Hofmann em 10/11/2012 | http://misteriosdomundo.com

Astronomia, Física, Química, Botânica, Zoologia, Medicina, Geologia e os mais variados estudos são frutos da evolução científica. Mas, você sabe como os cientistas fazem ciência? Afinal, qual o limite entre a ciência e as crenças mais variadas?

Ciência é o conhecimento cuidadosamente testado e confirmado. Quando um cientista faz uma descoberta, ela é o resultado de muitas experiências, do registro de fatos e até mesmo da comparação com outras descobertas científicas. Todos os cientistas usam o mesmo método de observação, testes e experiências, até que tenham plena certeza de sua observações. Para entendermos isso, precisamos entender o Método Científico.

Como a ciência se inicia?
O principal objetivo da ciência é fornecer explicações para os fenômenos da natureza. Essas explicações são formuladas e testadas por meio de procedimentos rigorosos, ao qual iniciam-se sempre com uma pergunta simples: Por quê?

Suponhamos, por exemplo, que um cientista queira explicar o fenômeno da combustão. Diante de um problema, o cientista passa a imaginar possíveis explicações, ou hipóteses, capazes de solucioná-lo, como por exemplo: ela ocorre pela combinação do combustível com o oxigênio ou ela ocorre pela combinação do combustível com outro tipo de gás.

Embora se possa dizer que uma hipótese científica é comparável à um mero palpite, ela não é um palpite qualquer. Em ciência, hipótese é uma teoria provável mas ainda não demonstrada, ou seja, uma suposição admissível. Para formular uma hipótese, o cientista deve analisar, interpretar e reunir as informações disponíveis sobre o assunto que está sendo pesquisado. Uma condição fundamental para a elaboração de uma hipótese científica é a existência da possibilidade de submetê-la a testes, que permitam refutá-la, ou melhor, destruí-la.

Como a ciência é testada?
O próximo passo após a elaboração de hipóteses é a experimentação. No caso da combustão, teríamos que repeti-la diversas vezes, fazendo observação precisas sobre a sua ocorrência. Para testar as hipóteses anteriormente citadas, a combustão teria de ser processada inicialmente na presença de oxigênio, depois na presença de diferentes gases, como o gás carbônico, o nitrogênio, etc.

Imaginemos um exemplo mais fácil: um menino está sentado perto de uma goiabeira. Ele observa que onde as moscas pousam, após algum tempo, aparecem “bichos” nos lugares onde elas pousaram. Sabendo que todo o ser vivo surge da reprodução de outro ser vivo, ele elabora a seguinte hipótese: os “bichos” são, na verdade, larvas de moscas. Com base nisso, ele bolará a seguinte estratégia para verificar se sua hipótese é verdadeira: se as goiabas forem protegidas com saquinhos de papel, nelas não se desenvolverão “bichos”, ao passo que nas desprotegidas aparecerão larvas.

Mas, como já vimos, o objetivo principal da experiência não é prová-la, mas sim refutá-la. Foi o filósofo Karl Popper que propôs os princípios da falseabilidade científica como solução lógica contra os dogmas que poderiam dominar a visão científica. Um único fato que poderia ir contra a hipótese já derrubaria-a completamente. Um conjunto de hipóteses não é automaticamente promovido a teoria científica. Apenas hipóteses exaustivamente testadas, tão testadas quanto possíveis, se tornam teorias. E assim mesmo, provisoriamente.

Quando uma teoria é aceita – ou quase isso?
Sabemos que existem goiabas com larvas que crescem em seu interior. Isso se chama fato científico. Se os especialistas aceitam uma teoria científica, é porque ela está de acordo com os fatos. Assim, a teoria científica irá explicar como o fato ocorre. No caso anterior, as goiabas com “bichos” podem ser explicados pela teoria que baseia-se na reprodução das moscas como explicação lógica para o surgimento das larvas. Porém, nem por isso a teoria será tida como verdade absoluta, pois a ciência é movida pelo ceticismo: a teoria sempre será alvo de constantes ataques do meio científico.

Muitas pessoas também confundem hipótese com teoria, empregando a expressão “Isso não passa de uma teoria”, como se teoria científica fosse inferior a um fato. Em 1989, o biólogo norte-americano Stephen J. Gould escreveu: “[...] Fatos e teorias são coisas diferentes e não degraus de uma hierarquia de certeza crescente. Os fatos são dados do mundo. As teorias são estruturas que explicam e interpretam os fatos. Os fatos não se afastam quando os cientistas debatem teorias rivais. A teoria da gravitação de Einstein tomou o lugar da de Newton, mas as maçãs não ficaram suspensas no ar, aguardando o resultado [...]“.

Com isso, Gould quis dizer que há uma certa desinformação por parte do público leigo. Poderíamos também usar o exemplo da forma esférica dos planetas. Obviamente, sabemos que estes possuem forma esferoide. Isso é um fato científico. A teoria da gravidade explica como a massa planetária tomou essa forma esférica.

Em um outro exemplo, também podemos afirmar que a teoria celular, por exemplo, procura explicar a vida a partir de informações sobre a estrutura e o funcionamento das células. A teoria da gravitação universal de Newton buscava explicar os movimentos dos corpos celestes com base na força da atração gravitacional e assim por diante.

Mas, não há teorias eternas em ciência. Sempre acontece que alguns dos fatos previstos pela teoria são desaprovados por outras experiências que vão surgindo com o passar do tempo. Toda teoria tem o seu período de desenvolvimento gradativo e triunfo, após o qual um único fato não previsto poderá derrubá-la. Entretanto, deve-se salientar que quase todo o desenvolvimento científico surge de uma velha teoria em crise, através de um esforço para melhor explicar como as coisas acontecem mediante uma nova verdade provida pela observação da natureza.

 O ceticismo é o espírito da ciência.  Se assim não fosse, a ciência seria dogmática.

Como as descobertas tornam-se reconhecidas pela comunidade científica?
Uma das exigências da ciência é que as ideias e conclusões sejam tornadas públicas, para que possam ser criticadas. Fatos, teorias, hipóteses e leis só passam a ser integrantes do corpo da ciência se forem publicados, na forma de artigo, em uma revista científica especializada, credenciada pela comunidade acadêmica. Esse tipo de veiculação é importantíssima, pois dá credibilidade às informações e permite não apenas a sua consulta e referência por outros cientistas e pelo público geral, mas também possibilita a crítica, a refutação ou o aperfeiçoamento das ideias nelas contidas.

O artigo científico não é um artigo convencional. Nele, apresentam-se escritos a introdução, materiais e métodos, discussões, resultados e referências bibliográficas. A introdução tem por objetivo apresentar às pessoas o tema abordado, apresentando os objetivos da investigação realizada, as hipóteses e estudos relacionados já publicados nas revistas científicas. O item relativo aos materiais e métodos tem por objetivo descrever detalhadamente os materiais e os procedimentos usados durante a pesquisa, de modo que, em uma outra repetição, possam ser obtidos os mesmos resultados. No item dos resultados, descrevem-se detalhadamente (muito detalhadamente) o que foi obtido durante os estudos. A discussão visa analisar, de uma forma crítica, o trabalho realizado e as hipóteses testadas de acordo com outras publicações, bem como apresentar a devida importância do estudo. O item relativo às referências bibliográficas relaciona todos os artigos citados, com indicação dos autores, assim como todas as outras informações contidas. Após isso, o autor do artigo envia-o à revisão por pares.

Geralmente, as revistas científicas são periódicos vinculados com uma sociedade científica ou a uma instituição científica. Os editores são os melhores cientistas que existem no mundo acadêmico, e sua função é promover a avaliação dos artigos recebidos para a publicação. Durante essa etapa, os avaliadores tentam incansavelmente refutar o trabalho enviado. Esse procedimento, também conhecido como revisão por pares, evita que a autoridade e fama por si sós sejam suficientes para a aceitação de uma ideia em ciência. Além disso, qualquer teoria, fato, hipótese ou lei passou e não está blindado de passar novamente por essa etapa. Sobre isso, o cientista francês François Jacob, prêmio Nobel em Medicina ou Fisiologia, comentou: “No final deste século XX, é preciso que fique claro para todos que nenhum sistema explicará o mundo em todos os seus aspectos e detalhes. Ter ajudado na destruição de uma ideia de uma verdade inatingível e eterna talves seja uma das mais valiosas contribuições da metodologia científica”.

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