terça-feira, 12 de março de 2013

Lei Seca não reduz violência no trânsito. O que reduz é transporte coletivo e fiscalização


por Almir Cezar

O efeito midiático das ações contra a explosiva combinação de álcool e direção parece tentar encobrir a falta de medidas que ataquem as causas principais, excesso de motoristas imprudentes, despreparados, ou simplesmente cansados ou desatentos. O necessário é ampliar a fiscalização, não se restringindo a meras blitzes da Lei Seca, e principalmente, dispor de transporte público de qualidade e a preço acessível, inclusive para simplesmente reduzir o número de motoristas em circulação.

A falta de atenção dos motoristas foi a principal causa de acidentes com mortes nas rodovias federais durante o feriado de Carnaval de 2013. Morreram 32 pessoas por este motivo, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A ultrapassagem indevida é a segunda maior causa, provocando 25 mortes nos seis dias do feriado. A velocidade indevida matou 16 pessoas nas estradas. No total, foram 157 vítimas fatais. Do total de mortes, 70 ocorreram em acidentes com colisão frontal.


O Governo Federal se limita a dizer que fará "campanhas de conscientização" dos motoristas em relação às infrações responsáveis pelo maior número de vítimas. A redução do número de acidentes (em 10%) e de mortes (em 18%) nas rodovias federais poderia ser muito maior se os governos se concentrassem nas causas principais, porém, o foco é na Lei Seca, apesar de o consumo de álcool ser responsável por menos de 2% dos acidentes (estatísticas da PRF de 2007). 

Na verdade, tirando o estardalhaço da Lei Seca, alguma coisa já foi feita: o aumento do efetivo da PRF em cerca de 1.100 policiais desde o Carnaval 2012 parece ter sido a principal razão para a queda no número de acidentes e vítimas. Ainda insuficiente, mostra que só um trabalho sério e cotidiano, com repressão e multas pesadas, vai tirar das rodovias motoristas que ultrapassam em lugares proibidos, dirigem enquanto falam ao celular, trafegam pelo acostamento ou pilotam em alta velocidade. 

Porém, mais do que fiscalização, o fundamental mesmo para redução da violência do trânsito é reduzir o número de motoristas no trânsito. A lógica é simples: menos carros de passeio, menos motoristas despreparados, imprudentes, cansados ou desatentos, logo menos acidentes. É preciso ampliar o transporte público, dando alternativa àqueles que beberem ou simplesmente viajaram de férias ou vêm do lazer puderem voltar para casa seguros e confortáveis.

Dispor de transporte coletivo 24h e de qualidade, incluindo o ferroviário de passageiros de média e longa distância, reduziria com absoluta certeza o número de mortes nas ruas e estradas.

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