segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Apesar de superávit comercial e pacote de estímulos à indústria, o controle de capitais torna-se necessidade.

Almir Cezar
O fluxo cambial do Brasil segue crescentemente negativo, apesar de superávit comercial, cuja balança começa 2º semestre no azul, cujo saldo no início de julho soma US$ 2,8 bilhões, após o pior 1º semestre em 10 anos. O segmento de bens intermediários, que fabrica insumos para a produção de outros bens foi o único no vermelho no período (0,9%), na quarta queda consecutiva no segmento, justamente onde os importados mais avançam, foi o destaque negativo da indústria brasileira de maio para junho, reforçando a estagnação da atividade industrial no mês. Apesar de superávit comercial e pacote de estímulos à indústria, a economia, em especial a indústria, segue com crescimento pífio, com um saldo negativo no fluxo de moeda estrangeira. Esse cenário impõe que o controle de capitais torne-se uma necessidade iminente.

Essa situação comprova que o programa do governo de incentivo à indústria nacional, de isenções da folha de pagamento e de cortes no IPI, que totalizam renúncias fiscais de quase R$ 200 bilhões, tem impacto limitado e é insuficiente para aumentar a competitividade do país. Os estoques internacional no setor intermediário em alta devido a crise mundial jogam o preço lá em baixo ampliando a baixa competitividade do segmento nacional.

Portanto, a própria indústria nacional, apesar dos recentes socorros do governo federal, é o responsável pelo tombo em sua atividade, e pelo avanço das importações. E consequentemente também, do recente saldo negativo de dólares, pois a indústria nacional compra insumos e peças fabricados fora, e ainda remete lucros para as matrizes, mesmo que este no momento esteja declinante. Assim, cada vez mais, torna-se inócua políticas de incentivos às exportações - um desperdício do dinheiro público.

Por sua vez, torna-se necessário o controle de capitais diante da fuga de dólares, a fim de evitar uma eventual crise cambial, provável se a economia brasileira seguir esta tendência. Inclusive se a atividade industrial se recuperar a situação pode piorar, com mais importações nos insumos e remessas de lucros. 
Seguindo o padrão da economia brasileira toda expansão da atividade industrial interna amplia também as importações de produtos industriais.


Assim, a política de desenvolvimento industrial não pode ser destinar recursos públicos aos empresários (que simplesmente utilizam como meio de recuperar a queda em sua margem de lucro) com seu consequente aperto orçamentário aos serviços públicos e funcionalismo (vide o grande contingenciamento e a forte resistência de Dilma em não conceder reajustes salariais), sob severo risco macroeconômico ao país.

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(matéria 1) Fluxo cambial tem saldo negativo de US$ 1,46 bilhão em julho até dia 27
Agência Brasil, 01/08/2012 

A saída de dólares do país superou a entrada em US$ 1,461 bilhão em julho, até o dia 27, segundo informou hoje o Banco Central. Se o resultado negativo no mês passado for confirmado, será a segunda vez no ano com fluxo cambial registrando maior saída que entrada de dólares.

Em maio, a saída líquida foi US$ 2,691 bilhões. Em junho, houve entrada líquida de US$ 318 milhões. No mesmo período de julho do ano passado, com 20 dias úteis, a entrada superava a saída em US$ 15,629 bilhões.

O saldo negativo apontado nos dados preliminares de julho é resultado do segmento comercial (operações relacionadas a exportações e importações). No mês passado, até o dia 27, a saída foi maior que a entrada no segmento comercial em US$ 1,907 bilhão.

Já o segmento financeiro (investimentos em títulos, ações, remessas de lucros e dividendos ao exterior, entre outras operações) registrou entrada líquida de US$ 446 milhões.

De janeiro até 27 de julho, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 21,483 bilhões. O fluxo financeiro teve entrada líquida de US$ 18,227 bilhões e o comercial, de US$ 3,256 bilhões.


(matéria 2) Balança começa 2º semestre no azul
01/08/2012 
Balança começa 2º semestre no azul. Após pior 1º semestre em 10 anos, saldo no início de julho soma US$ 2,8 bilhões

Brasília - A balança comercial brasileira teve superávit de US$ 2,879 bilhões, em julho, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O saldo positivo é fruto de exportações de US$ 21,005 bilhões e importações de US$ 18,216 bilhões.

Com o resultado, a balança começa o segundo semestre no azul. Nos primeiros seis meses do ano, a balança teve o pior resultado para o período nos últimos dez anos.

Em julho, a média diária dos embarques externos ficou em US$ 954,8 milhões, queda de 9,9% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Houve redução nas três categorias de produto: básicos (10,7%), semimanufaturados (12,5%) e manufaturados (7,6%). Nos básicos, a retração concentrou-se nas vendas de petróleo em bruto, minério de ferro, café em grão, carne de frango, minério de cobre e fumo em folhas.

A média diária das compras internacionais somou US$ 823,9 milhões, um tombo de 59,5% em relação a julho de 2011 (US$ 910,2 milhões).

De acordo com o MDIC, foram registradas quedas nos gastos com matérias-primas e intermediários (12,4%), bens de consumo (11,6%), bens de capital (6,2%), e combustíveis e lubrificantes (1,7%).

No acumulado do ano, as exportações somam US$ 138,219 bilhões e as importações, US$ 128,270 bilhões. Essa corrente comercial gerou um saldo positivo de US$ 9,949 bilhões.

O resultado é 38,2% menor que o registrado no mesmo período de 2011, quando o superávit somou US$ 16,097 bilhões.




(matéria 3) Indústria desaba 5,5% em junho.
IMPORTADOS AVANÇAM SOBRE MERCADO NACIONAL, MAS MANTEGA PREVÊ MELHORA
Monitor Mercantil

A produção industrial brasileira tombou 5,5% em junho sobre o mesmo mês de 2011. No primeiro semestre, a indústria acumula queda de 3,8%. Nos últimos 12 meses, a queda acumulada chega a 2,3%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sobre maio, houve alta de apenas 0,2% em junho. Foi o primeiro dado positivo nesse tipo de comparação desde fevereiro.

O segmento de bens intermediários foi o destaque negativo da indústria brasileira de maio para junho. O setor, que fabrica insumos para a produção de outros bens, foi o único no vermelho no período (0,9%). Foi a quarta queda consecutiva no segmento. 

"Esse é um setor que tem uma concorrência com produtos importados. A desaceleração do mercado internacional e o nível de estoques do setor são outros pontos a ser considerados para se entender o comportamento que vem marcando os bens intermediários já há algum tempo", avaliou o coordenador da pesquisa, André Macedo.

Já os bens de consumo duráveis tiveram o principal impacto positivo no crescimento de 0,2% da indústria de maio para junho: 4,8%. Entre as atividades que puxaram o resultado nessa comparação está a de equipamentos de transporte (12,5%), graças, em grande parte, à indústria aeronáutica e ao setor automotivo, que contribuiu com alta de 3% de maio para junho.

Apesar dos números negativos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o Instituto para Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi), viram motivos para prever um futuro melhor. Para Mantega, a alta da produção industrial em junho significaria um ponto de inflexão. "Está dando uma virada, é um ponto de inflexão. Depois de vários resultados negativos, durante vários meses consecutivos, eu vejo que agora é um ponto de virada. Daqui para frente, vamos ter resultados melhores", disse, após reunião com a presidente Dilma Rousseff. 

Já o Iedi disse que junho dá sinais de que as de medidas que o governo para estimular a economia começam a surtir efeito.

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