por Almir Cezar Filho[1]
| John Maynard Keynes (1883 - 1946) | 
"-Todos somos keynesianos"[i], assim afirmava até mesmo Milton Friedmann (1912-2006), um dos pais da contra-ataque antiKeynes, também chamado de neoliberalismo. Mas serão os macroeconomistas, embora o citando com frequência e enfatizando essa filiação científica, mesmo keynesianos? Salvacionismo, intervencionismo, política anticíclica, etc., são essencialmente keynesianos?
Não em si. Mas para entender, é preciso relembrar a principal contribuição de Keynes para a Economia [ii] - o “Princípio da Demanda Efetiva” - e distingui-la das reinterpretações dos epígonos. E responder uma outra pergunta, Keynes aceitou ou não os postulados neoclássicos. Keynes aposta numa perspectiva reformista-social e conclui pela regulação estatal para evitar os “males econômicos da sociedade que vivemos”. É possível dizer assim que, os governos e os financistas, com as políticas econômicas, no que defendem e aplicam, em nada ou muito pouco, sejam Keynes de verdade, suas teorias e de seus legítimos continuadores, seja de escola keynesiana de tipo A ou de tipo B.
Não em si. Mas para entender, é preciso relembrar a principal contribuição de Keynes para a Economia [ii] - o “Princípio da Demanda Efetiva” - e distingui-la das reinterpretações dos epígonos. E responder uma outra pergunta, Keynes aceitou ou não os postulados neoclássicos. Keynes aposta numa perspectiva reformista-social e conclui pela regulação estatal para evitar os “males econômicos da sociedade que vivemos”. É possível dizer assim que, os governos e os financistas, com as políticas econômicas, no que defendem e aplicam, em nada ou muito pouco, sejam Keynes de verdade, suas teorias e de seus legítimos continuadores, seja de escola keynesiana de tipo A ou de tipo B.
Na busca da crítica da crítica, primeiramente parte-se do próprio Keynes, para distingui-lo dos macroeconomistas intervencionistas vulgares, e do que havia antes dele hegemonicamente na Teoria Econômica. Antes de criticar-se uma teoria, é preciso desmistificar as falsas acusações que lhe são imputadas. A crítica da crítica, como método, não se edifica em cima de "espantalhos" teóricos de inimigos, nem de corruptelas de epígonos. Karl Marx e F. Engels, ao construírem a Crítica da Economia Política, não partiu dos que eles mesmo chamaram de "economistas vulgares", mas retomada do estudo da assim chamada Economia Política Clássica, indo diretamente aos autores consagradores e fundadores.
Somente assim, entende-se seu limite teórico, e pode-se posteriormente, retomar a crítica necessária a sua superação, especialmente sobre a capacidade de operar a política econômica nos marcos do sistema capitalista, ou o quanto o planejamento pode proteger ou recuperar das crises.
O que pensava afinal J. M. Keynes?
Será para Keynes o Princípio da Demanda Efetiva (PDE) que explica - e não as imperfeições de mercado, a rigidez em preços ou as interferências exógenas perturbadora da “mão invisível” - as flutuações nos três objetos fundamentais da Macroeconomia (o emprego, os juros, a moeda), e por sequência no nível de produção geral. Keynes, na TG, tentou desenvolver uma “Teoria Geral” sobre o funcionamento da economia capitalista.
Seus epígonos não a entenderam ou a desvirtuaram. É entender, na verdade, que a instabilidade é da própria essência do capitalismo, do funcionamento natural desse tipo de economia. É entender que os macroeconomistas que não trabalham tendo como perspectiva teórica a abordagem em termos do Princípio da Demanda Efetiva não compartilham da essência da teoria keynesiana. Em suma, “eles não usam lorde Keynes” [iii].
Na TG Keynes critica os fundamentos da teoria neoclássica, caracterizava-a como uma teoria a respeito de uma economia cooperativa, e também a criticava por expressar uma equivocada dicotomia entre lados real e monetário. Proclamava então, que no capitalismo vigorava um papel ativo do ativo dinheiro e a existência de uma fragilidade financeira (“natureza problemática do investimento”). Logo, naquela época da redação da TG (meados da Grande Depressão) se as sociedades continuassem seguindo os cânones do liberalismo e as políticas preconizadas pela teoria neoclássica o capitalismo seguiria em crise [iv]. 
O problema central em debate seria a validade ou não da Lei de Say. Ela se sustentaria na ontologia da existência de uma economia real de troca, onde haveria um “lado real” (que interessa) e um “lado monetário” (que seria apenas reflexo do lado real, algo passivo, à medida que a moeda seria uma espécie de “lubrificante”). A condição de equilíbrio e de pleno emprego para os neoclássicos seria a plena flexibilidade dos preços.
Para Keynes haveria necessidade de uma teoria onde a moeda é ativa e existe lucro. Consequentemente não vigora a Lei de Say, mas o “Princípio da Demanda Efetiva” (PDE). Sendo que o PDE vigora não por existir imperfeições de mercado, mas que a economia, independentemente da estrutura de mercado, do tamanho das firmas, do comportamento destas e dos consumidores diante da variação de preços e quantidades, existe sob uma “economia monetária de negócios” [v].
Para a concepção neoclássica a produção capitalista buscaria como objetivo atender as necessidades sociais materiais, o que Keynes nega. O objetivo é o lucro [vi]. O atendimento das necessidades decorre frequentemente porque, visando os lucros, é preciso produzir e vender, o que acontece somente à medida que os produtos oferecidos são chancelados socialmente [vii].
Também critica a ideia que “todos desencadeiam gastos pela renda prévia que tenham”. Para os neoclássicos a renda prévia explica os gastos e, por sua vez, demanda (D = C + I, sendo C consumo agregado e I investimento agregado) era determinada pelo consumo. Para aumentar a produção devia-se reduzir C para elevar I, usando para isso o aumento da taxa de juros. Isso era chamado de “lógica do consumidor privado”.
Entretanto, Keynes apresenta uma inovação teórica, os gastos são o que determina a renda, especialmente I, à medida que poupança é resíduo, derivação. Assim, como axioma da “renda prévia” é incapaz de explicar o nível de produção. Com isso, a variável chave é o investimento, i. e., passa a primazia analítica [viii]. Entre as variáveis é a causa causans – a causa prévia. A tarefa teórica seria descobrir os mecanismos indutores para buscar convergir o investimento para mais próximo do nível que garanta o pleno emprego [ix].
A Demanda Efetiva não é a mesma coisa que “problema de Demanda Efetiva”. O problema de demanda efetiva remete a esfera da realização da produção, a um problema de “realização”: produziram-se bens que não serão transacionados, não se consegue realizá-los. Para Keynes princípio da demanda efetiva é o princípio pelo qual a demanda se efetua. A demanda efetiva é a alocação de recursos que gera ou não (a depender do volume) o pleno emprego [x].
A questão do nível de alocação de recursos ser abaixo da máxima capacidade - logo abaixo do pleno emprego - é um problema impensável para os Neoclássicos. Pois a economia funcionaria (a oferta está) sempre a plena capacidade, em vista do princípio da “maximização do lucro” é atingido na plena capacidade produtiva da firma. E que Oferta e Demanda Agregada são esferas independentes (embora influenciáveis: O determina D, pela Lei de Say). Enquanto isso, para Keynes, há uma interdependência das esferas. 
Em verdade, a teoria keynesiana não seria o que afirmam os seus críticos e os epígonos uma teoria que explica o “lado da Demanda” enquanto que a teoria neoclássica explicaria o lado da “Oferta”. No artigo Ex ante e Ex post, Keynes mesmo esclarece antecipadamente que as suas “curvas” não são curvas neoclássicas [xi] e o equilíbrio na Demanda Agregada - no caso seria entre Demanda Efetiva e “Demanda Potencial” [xii] - é uma análise que só pode ser vista pela perspectiva funcional (funções de consumo, de investimento, etc)
A Demanda Efetiva é resultado da decisão de quanto da capacidade produtiva máxima será ocupada e de expandir no futuro a capacidade. Para os neoclássicos tal ideia é um absurdo científico, pois quanto maior a produção maior o produto e logo os rendimentos das participações dos fatores [xiii]. O que é chamado de “lucro normal”.
Racionalmente, para Keynes, no curto prazo, não necessariamente a plena capacidade é operada, pois o que objetiva a produção pelas firmas é a maximização dos lucros e isso se dá minimizando os custos, como empregados. E, por sua vez, o nível de custos cresce em ritmo diferente da capacidade da produção. Além disso, a taxa de salário usada é a taxa nominal. 
A taxa real para Keynes não serve como provara anteriormente, vide a crítica sobre reduções salariais na questão da igualação entre salários e produto marginal do trabalho. A taxa de salário nominal é a unidade de medida, pois a taxa salário nominal é que é facilmente apurada pelo empresário e comparado/comparável à taxa de lucros esperados.
Consequentemente o nível de emprego da economia e da firma individualmente não é determinado, segundo afirmam os neoclássicos, pelo mercado de trabalho [xiv], mas pelo empresário a partir de um cálculo onde compara (confronta) com o lucro esperado. E por sua vez, o lucro esperado com o nível de demanda esperada (escoamento esperado da produção) e a capacidade de produção da empresa.
Com isso Keynes explica a interdependência das forças de oferta e demanda (D = O) e que a produção maximizada (em razão do lucro) pode estar abaixo da plena capacidade (pleno emprego). Então para cada nível de produção corresponde um nível de emprego, confrontado com os lucros esperados que cada nível de emprego forneceria, então decide o nível de produção e consequente o uso de empregados: Lͤ = CN máx [xv]. 
Logo, a decisão de gasto (contração de empregados e uso dos outros fatores), obviamente balizado (e não determinado) pela expectativa de lucro, determinará o produto e a renda (os salários e lucros). Reafirmando que a demanda efetiva é anterior à esfera da realização.
Mas essa é uma decisão (gasto) de curto prazo - quando a renda é gerada e realizada. Quanto ao de longo prazo, que consiste na ampliação ou não da capacidade de produção e não a montante de utilização da capacidade dada.. Se a decisão de produção atual será superada, em razão da adição esperada de consumidores. Keynes é assim o teórico das expectativas, pois as decisões se fazem a partir do futuro esperado; da expectativa que se fazem sobre o futuro. Quanto mais distante do futuro, maior a incerteza.
Porém, a expectativa de longo prazo contamina a expectativa de curto prazo. A expectativa de longo prazo poder ser perturbada pela variação abrupta e inesperada dos ativos. O mercado de títulos é muito especulativo. O nível de emprego se dá pela decisão produtiva do capitalista, onde é definida pelo seu cálculo expectacional, principalmente o lucro esperado. Uma decisão que foi vista equivocada [xvi] induz o empresário a gerar uma nova decisão que visa se contrapor a ela, mudar de ativo ou suspender o gasto (deixar de investir).
Com o “Princípio da Demanda Efetiva” a Oferta é determinada pela Demanda (gerada pela demanda expectacional) e gerada pelas decisões produtivas (os gastos advindos das decisões). Mas os esforços em concorrência não são coordenados. São feitos até simultaneamente, mas não coordenados, podem consequentemente não coincidir. Assim os gastos totais podem não serem feitos nos montantes exigidos gerarem os lucros esperados e não foram suficientes porque tinham expectativas equivocadas. “A depressão teria as suas causas na insuficiência de investimento perante as poupanças desejadas pela comunidade”. Ao analisar as determinantes do gasto estão ligados a incerteza [xvii].
.Então para Keynes para se analisar o comportamento da Demanda estaria como solução-chave analisar os componentes da própria Demanda, como Consumo e Investimento, e suas funções. Entendendo que D = C+I, uma teoria de produção monetária e empresarial residiria na inversão analítica neoclássica para G= g(I+C) = Y [xviii]. Para Keynes, C é uma variável passiva, residual: C=D-I.
Para os neoclássicos, o investimento é a residual, é um não-consumo, uma poupança. Então juros seria o prêmio pela abstinência, porém para Keynes não, juros é um prêmio pela liquidez. Os detentores de riqueza (em forma de dinheiro) decidem hoje como manter ou expandir a riqueza no futuro, às vezes, em ativos não ligados à produção real (em próprio dinheiro). A decisão de investimento de aplicação financeira (inversão) para órbita produtiva.
Para Keynes C é um componente passivo e I é o componente ativo da Demanda Efetiva [xix]. A lógica keynesiana, quem gera os processos deflagradores da renda que serão gastos com consumo é feita pelo investimento [xx]. Nesse sentido, apesar do Consumo compor a Demanda, ela é variável residual da “renda dada” [xxi] à medida que C é função da renda (da renda esperada) e do emprego, i. e., C é variável residual das alterações no I [xxii]. À medida que emprego é função do consumo e do investimento. O consumo portanto é ceteri paribus função da renda líquida, i. e., do investimento, da adição de renda. Quando ΔC → ΔY é porque ΔI→ΔY [xxiii]
Há dois tipos de gastos: os gastos autônomos (I) e gastos derivados, os gastos induzidos (C), estruturalmente ligados e um subordinado ao outro. Logo, variações em investimentos podem gerar variações mais que proporcionais na Renda e no nível de emprego [xxiv]. Assim há uma relação entre a propensão marginal a consumir (a parcela da renda agregada que os agentes da comunidade estão dispostos a gastar com Consumo) e o “multiplicador”.
Como, por sua vez, mesmo entre o investimento há uma relação dependência estrutural entre si. Uma dependência subordinada entre e empresas que produzem bens de consumo (que serão dispendidos pelos salários) com as empresas que produzem bens de capital [xxv] (que permitem constituir os investimentos, adição de fatores de produção para ampliar a capacidade produtiva) ΔI→ΔNE→ΔY→ΔC (NE : fatores empregados).
Os proprietários da riqueza sentem-se obrigados no hoje a valorizar suas riquezas. Para isso Keynes irá analisar as decisões do empresário, inverter dinheiro para ampliar a capacidade produtiva (investir) ou especular (ganhar juros). Investimento [xxvi] é efetuado por uma decisão, realizada num ambiente de incerteza e a partir de um cálculo expectacional.
O empresário compara a fim de inverter seu dinheiro comparando a EMK (a “eficiência marginal do capital”) com i (a taxa de juros) [xxvii]. A EMK é a medida de eficiência da riqueza ilíquida (ativos usados na produção); é a taxa interna de retorno de um bem de capital (ativo instrumental), portanto, determinada pelo grau de expectativas da economia de rendimentos pelos empresários [xxviii]. O mote é evitar pela intervenção do Estado a desorganização das expectativas que favoreceriam a “preferência pela liquidez”, i. e., a inversão do capital em ativos alternativos com retornos mais garantidos ou menor incerteza.
A causa das flutuações econômicas e da instabilidade crescente do capitalismo (i. e., da flutuações drásticas da demanda efetiva) é que em condições de laissez faire [xxix] o incentivo ao investimento reduz-se ao longo do tempo [xxx] ou ocorre a crescente “subversão do emprego” [xxxi]. Tal compreensão levará Keynes a apostar numa perspectiva reformista-social e concluir pela regulação estatal para evitar os “males econômicos da sociedade que vivemos”. 
Os epígonos ignorando a lição do mestre reivindicam os remédios [xxxii] que o mestre tanto combateu. De fato, dá para dizer que “eles não usam lorde Keynes”. 
Porém, por outro lado, não se pode ignorar os limites da política econômica na prevenção das flutuações econômicas ou mesmo resgate em uma crise. Na insuficiência do reformismo social para solucionar os problemas centrais do Capitalismo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
- AMADEO, E & DUTT, A. (1987) Os keynesianos neo-ricardianos e os pós-keynesianos, PPE. 17 (3), pp.561-604.
 
- AMADEO, E. & ESTEVÃO, M. (1994) “A Teoria Econômica do Desemprego”, São Paulo: Hucitec.
 
- CARVALHO, F. C. (1988). Keynes, a instabilidade do capitalismo e a teoria dos ciclos econômicos.PPE, 18(3), pp. 741-764.
 
- KALECKI. Teoria da Dinâmica Econômica - considerada a sua maior obra, na qual Kalecki realiza uma síntese de seu desenvolvimento teórico acerca do funcionamento da economia capitalista, especialmente da demanda efetiva. Formular também a relação entre ciclo econômico e tendência.
 
- KALECKI. Teoria do Crescimento em Economia Socialista - apresenta uma formulação teórica acerca do funcionamento da economia socialista. Trata-se de uma coletânea de artigos escritos durante sua participação no governo polaco.
 
- KALECKI (Coleção Grandes Cientistas Sociais) - coletâna de artigos organizada pelo economista brasileiro Jorge Miglioli, que traz uma panorâmica geral sobre a obra de Kalecki. O livro é parte da coleção Grandes Cientistas Sociais, organizada por Florestan Fernandes.
 
- KALECKI. Crescimento e Ciclo das Economia Capitalista - coletânea de artigos organizada também por Jorge Miglioli.
 
- KEYNES.  A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, Nova Cultural, São Paulo, 1996.
 
- _____.(1987). Teorias Alternativas da Taxa de Juros. Literatura Econômica, 9(2), jun., pp.147-158.
 
- _____.(1987). A Teoria ex ante da Taxa de Juros. Literatura Econômica, 9(2), jun., pp.165-172.
 - _____ (1973). A treatise on money. Vol. 1 e 2, 1930. Reproduzidos em KEYNES, J.M. The collected writings of J.M. Keynes, Edited by D. Moggridge. London, Macmillan, vol. 7, 1973.
 
- PREOBRAZHENSKY, E. A.. The Crisis of Soviet Industrialization - select essays. M.E. Sharpe, Inc. White Plains, New York, 1979.
 
- PREOBRAJENSKI, E. A. The Decline of Capitalism. M.E. Sharpe, Inc.. Armonk, New York, 1985.
 
- WIKIPEDIA.PT - Demanda efetiva. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Demanda_efetiva (visto em: 11 mai. 2020)
 
- WIKIPEDIA.PT - Ievguêni Preobrajenski. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ievgu%C3%AAni_Preobrajenski (visto em: 11 mai. 2020)
 
NOTAS
1 Originalmente este artigo era short paper  elaborado como trabalho de avaliação à disciplina de Macroeconomia do curso  de Mestrado, ministrado pelo prof. José  Rubens Damas Garlipp, cujo tema é “Princípio da Demanda Efetiva  e instabilidade do capitalismo” (2007). Mestrado em Economia (Desenvolvimento Econômico), Programa de Pós-graduação  em Economia, IE/UFU.
i O próprio Friedman, numa carta à Times em 1966, admite a autoria da frase, mas a expressão completa, segundo ele, era: “Num determinado sentido, somos todos keynesianos agora; em outro, ninguém mais é um keynesiano”
ii   explicar  e permitir que os homens intervenham conscientemente na economia  para evitar a instabilidade do capitalismo
iii   O  ator e dramaturgo brasileiro Gianfrancesco  Guarnieri  numa de suas peças mais famosas, narra a agridoce vida de uma  família favelada, o movimento reivindicatório de operários de uma  fábrica onde trabalha o pai (principal líder da greve) e seu jovem  filho, que se transforma num “fura-greve”. Essa peça se chama  Eles  Não Usam Black-tie?.
iv   Como a teoria clássica aplica  a Lei de Say como axioma, logo não vê ou reconhece o fenômeno das  crises, e pior não há intervenção política remediável  conhecível para as crises, fazendo com que persista a crise pela  passividade da coletividade. Isto é, primeiramente, o desemprego  seguirá (pois era atribuído ao desemprego apenas um caráter  friccional e voluntário), em segundo, haveria uma tendência a  retomada do equilíbrio e, por fim (em razão duas vetores  anteriores), sendo a crise exógena, deveria não haver  interferência estatal para que por si só resolve-se.
v   No Um Tratado sobre a Moeda (em inglês: A Treatise on Money) ainda está  na matriz equilibrista - mas quer o equilíbrio abaixo do pleno  emprego. Na TG romperá, não podendo incluí-lo em esquemas de  estática comparativa como o fazem os velhos keynesianos (Síntese  Neoclássica-keynesiana) e os novos keynesianos A “Síntese” com  o modelo IS-L e o Novos Keynesianos com a histerese, expectativas  racionais e taxa natural de desemprego. Keynes é oposto disso, seu  modelo é dinâmico, inclusive anos depois romperá mesmo com a  idéia de curva de demanda.
vi   Só que uma economia monetária  e empresarial o objetivo não é maior produção, mas chegar ao fim  da produção com uma massa maior de dinheiro (lucro): D-M-M’-D’.
vii   No texto de 1926 e no capítulo 2 da TG critica que não há  convergência automática entre interesses privados e coletivos e  ajuste da produção (oferta e demanda) via preços. Para isso os  neoclássicos usam hipóteses irreais.
viii   Num mundo não-monetário, de trocas reais (não o mundo de trocas  nominais) o investimento é igual a poupança obrigatoriamente (I =  S). E o nível de poupança agregada determina o nível de  investimento agregado (S ⥱ I). Mas uma economia monetizada, parte da poupança pode não ser  gasta, retida na forma de moeda (“entesouramento”), logo  igualação não é mais certa (então, S ≤ I)e também a  determinação se inverte (S ← I).
ix   Keynes trabalhará no TG do Cap. 3 até o 9 com Consumo e do 10 em  diante os fatores que perturbam ou fomentam I e que o agente  representativo será o empresário, pelo gasto autônomo
x   “..., a teoria pura dos determinantes do ‘emprego efetivo’ dos  recursos disponíveis poucas vezes foi objeto de exame detalhado”  (Keynes, TG, p. 24) Em  suma, é um problema ex  ante, enquanto que,  o problema da demanda efetiva seria ex  post, da realização  da produção. Nesse sentido, as flutuações econômicas são  decorrências não de variações da realização, mas de variações  no nível de demanda efetiva. Nos neoclássicos o pleno emprego era  garantido pela flexibilidade dos preços.
xi   até porque haviam sido  teoricamente refutadas por Joan Robison e Piero Sraffa
xii   a demanda plena da economia, de acordo com a capacidade máxima que  os recursos disponíveis poderiam ser alocados. O nível de demanda  de pleno emprego
xiv   pelo ponto de equilíbrio nas  curvas de oferta e demanda por trabalho e que se iguala a salário a  produtividade marginal
xvi   No Cap. 3 da TG há o chancelamento social (realização) de todas  as expectativas, mas depois em outros textos ele esclarece que a  hipótese era simplificada.
xvii   Incerteza difere de “risco”. Risco é estatisticamente provado e  calculável, mensurável, incerteza não. Esse foi o truque teórico  da síntese neoclássica para fundir/confundir os dois conceitos e  reintroduzir a noção de equilíbrio via igualação da taxa de  juros e a EMK, logo a reidentidade entre S e I e consequente e a  reigualação entre oferta e demanda.
xix   Os detentores de salários (trabalhadores) teriam propensão a  gastá-lo totalmente com consumo em razão do montante de rendimento  obtido, logo não haveria variação no dispêndio, enquanto que os  detentores de lucros uma parte gastaria com consumo e outra parte  poderia gastar com investimentos. Mas salário é resultado da  contratação de empregados pelo empresário e lucro do montante  produzido, então da inversão de capital em emprego de fatores  dados (alocação) ou ampliação da capacidade produtiva (o que por  sua vez, emprego de novos capitais), i. e., investimentos.
xx   Mostrará inclusive que há  fatores que variam o consumo sem variação na renda, logo variações  significativas no Consumo são determinadas por variações no  Investimento (I→C).
xxi   Uma “renda dada” não que seja previamente estabelecida, mas  previamente esperada (expectativa).
xxii   O gasto do empresário é  autônomo porque antecipa o processo de produção. Não depende de  renda prévia, logo gera renda.
xxiii   “... concluir que as variações de curto prazo no consumo  dependem, em grande parte, das alterações do ritmo com que se  ganham as rendas (medidas em unidades de salários) e não da  variação na propensão a consumir uma parte determinada renda”  (Keynes. TG: 98)
xxiv   Por isso, chega-se a duas conclusões. Por um lado, os capitalistas  do DII  dependem das decisões dos capitalistas de DI.  Embora não saibam quais decisões foram tomadas, nem obtém renda  acima do nível de renda esperada em DI.  Não há como compatibilizar as decisões porque não há mecanismo  coordenador, embora as decisões até sejam simultâneas Pode haver  mecanismos do tipo prospecção de preços, etc, para tentar os  capitalistas convergirem às expectativas, mas só. Somente o Estado  tem as ferramentas para saber o volume geral e os tipos de  investimento na economia efetuados.
 Por  outro lado, a crise não é deflagrada pelo colapso do consumo, como  diziam os economistas da escola sueca, mas por colapso da  “eficiência marginal do capital”. Retoma-se com políticas de  combata esse colapso através de criação de novos investimentos  (induzidos ou feitos pelo próprio Estado), e alternativas de  investimentos, que acabam recuperando a EMK e o consumo, que, por  extensão, também entrou em colapso. Para isso, o Estado entraria  dando confiança e indicando, e criando mecanismos para  convergência, a fim de reduzir a incerteza do confronto entre a  renda esperada e a renda efetiva.
xxvi   Keynes que explica que exceto I, tudo o demais é errático  (emprego, consumo, renda), i. e., residual ou resultante.
xxvii   i (taxa de juros) é a medida  de eficiência da riqueza líquida (ativos empregados  alternativamente), lembrando que a riqueza mais líquida de todas  está sob a forma de dinheiro; são analiticamente distintos, diferentemente do que fazem os  neoclássicos e alguns epígonos de Keynes.
xxviii   Seu colapso é gerador uma redução na propensão aos  investimentos, e consequentemente fazer com que os retornos  efetivos sejam menores que o esperado, e logo de novas reduções  dos gastos - a chamado “reversão das expectativas” ou “reversão  da eficiência marginal do capital”.
xxix   E o crescente peso do mercado financeiro (que leva a chamada  “contaminação das expectativas”)   
xxx   Radicalização da incerteza que pressionará cronicamente a  preferência pela liquidez
xxxi   produção maximizadora de lucro mas que não alcança o pleno  emprego
xxxii   flexibilização dos preços,  reduções salariais, laissez faire, estímulo a poupança, etc
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