

Funcionários  da empreiteira contratada pela prefeitura do Rio de Janeiro contaram  com a ajuda de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora  (UPP) instalada no Morro da Providência, no Centro da cidade, para tomar  a praça Américo Brum, situada no interior da comunidade. A praça ganhou  repercussão pública em 2008, quando três jovens foram sequestrados por  militares do exército, que então ocupavam a favela, e levados para outra  comandada por uma facção rival, na qual foram mortos.
A  área está sendo requerida pela prefeitura para ali ser instalada a base  do teleférico que será construído na localidade, uma das obras  inseridas no plano de reurbanização da comunidade, bem como no projeto  “Porto Maravilha”, de revitalização da região portuária. Tal obra  implicará na remoção de dezenas de famílias. Em conjunto com as moradias  que a prefeitura alega estar em áreas de risco, o número das  construções a serem removidas chega próximo de 700 construções. Como tem  ocorrido em outras áreas da cidade (atualmente, aproxidamente 150  favelas encontram-se ameaçadas ou em processo de remoção), não há  diálogo com os moradores locais, que não sabem exatamente o que vai lhes  acontecer. A prefeitura não apresentou em detalhes o projeto de  reurbanização, muito menos explicou a necessidade de construção de um  teleférico. Apenas marcou as casas das pessoas com a inscrição “SMH”. A  falta de informação marca a relação do poder público com os moradores,  que questionam a necessidade da remoção de moradias.
Hoje,  pela manhã, os moradores haviam programado um café da manhã, como uma  forma de protestar contra o fim da praça Américo Brum e pela não remoção  das moradias. Entretanto, com a ajuda de policiais da UPP local, os  responsáveis pela obras invadiram a praça e a cercaram, impedindo a  entrada dos moradores. É importante destacar que esta é a única área de  lazer na Providência, utilizada largamente pelas crianças de jovens da  localidade. Apesar disso, em nenhum momento foi discutido com os  moradores a necessidade de acabar com este espaço de convivência, muito  menos se seria reconstruída em outro lugar. Simplesmente chegaram,  cercaram e impediram as pessoas de a utilizarem. A prefeitura sequer  respeitou o período de férias escolares. Muitos jovens, com esta ação  arbitrária, ficarão sem um espaço no qual podem se encontrar e se  divertir, já que não há outro local próximo e gratuito para atividades  de lazer. Não bastasse o desreito ao direito à informação e à moradia, o  poder público municipal desrespeitou o direito ao lazer, tão importante  para a sociabilidade de crianças e jovens.
Os  moradores estão realizando, neste momento, um protesto no local.  Consideram injusta a forma de tratamento da prefeitura e exigem que  sejam ouvidos pelo poder público.
Comissão de Comunicação da Rede contra Violência
Originalmente publicado em Pela Moradia
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