País acumula rombo externo de US$ 300 bi, valor que equivale à diferença coberta por capitais externas entre 2003 e 2010. O endividamento externo cresceu 42%, sendo que o setor privado respondeu por 63% do aumento de US$ 84 bi da dívida.
Enquanto o saldo comercial responde por US$ 259,7 bilhões, ou 2,66% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado do período, o déficit da balança de serviços no mesmo intervalo é de US$ 341,2 bilhões, ou 3,5% do PIB.A diferença precisa ser financiada pela entrada de divisas, atraídas pelos juros mais altos do planeta. Esse saldo atinge US$ 299,2 bilhões, somando-se investimentos diretos e indiretos de estrangeiros.
Mesmo com o saldo de reservas de US$ 288,6 bilhões (em 2003 as reservas de divisas brasileiras eram de US$ 37,8 bilhões), o Brasil está no limite da crise cambial, em função do déficit nas transações correntes. Isso porque o país está sendo financiado pelos investimentos externos em função dos juros altos, não pelo seu comércio exterior. Com qualquer susto do mercado financeiro a explosão será inevitável.
País acumula rombo externo de US$ 300 bi
Monitor Mercantil, 16/06/2011
Valor equivale à diferença coberta por capitais externas entre 2003 e 2010
Entre 2003 e 2010, as reservas de divisas brasileiras saltaram de US$ 37,8 bilhões para U$ 288,6 bilhões. No entanto, enquanto o saldo comercial responde por US$ 259,7 bilhões, ou 2,66% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado do período, o déficit da balança de serviços no mesmo intervalo é de US$ 341,2 bilhões, ou 3,5% do PIB.
A diferença precisa ser financiada pela entrada de divisas, atraídas pelos juros mais altos do planeta. Esse saldo atinge US$ 299,2 bilhões, somando-se investimentos diretos e indiretos de estrangeiros.
Em seu site, o economista Ricardo Bergamini, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) alerta para o risco dessa desproporção: "Mesmo com o saldo de reservas de US$ 288,6 bilhões, o Brasil está no limite da crise cambial, em função do déficit nas transações correntes. Isso porque o país está sendo financiado pelos investimentos externos em função dos juros altos, não pelo seu comércio exterior. Com qualquer susto do mercado financeiro a explosão será inevitável."
Já o professor Plínio de Arruda Sampaio Júnior, da Universidade de Campinas (Unicamp), não vê risco iminente, mas "estrutural e cada vez mais latente". Para Sampaio Jr., as reservas protegem o Brasil de eventuais turbulências, mas no momento de uma crise sistêmica o país sofrerá forte fuga de capitais:
"São as tendências estruturais que vão minando o país pouco a pouco, como a desindustrialização", comparou, lembrando que, se no curto prazo, o "risco Brasil" está abaixo do norte-americano, no médio e longo prazos "estamos a anos luz de chegar ao patamar dos EUA".
"Ou seja, o próprio mercado reconhece que somos o centro da especulação. Não fomos nós que melhoramos, mas os EUA é que caíram para uma situação gravíssima", resumiu.
Endividamento externo cresce 42%
Monitor Mercantil,17/06/2011
Endividamento externo cresce 42%. Setor privado responde por 63% do aumento de US$ 84 bi da dívida
De acordo com o Instituto para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), de janeiro de 2009 a abril de 2011, o endividamento externo do país cresceu US$ 84,1 bilhões ou 42,4%.
E o setor privado respondeu pela maior parte. Enquanto a dívida do governo aumentou 8,7%, as captações dos bancos (mais 63,%) - cuja participação no total passou de 37,4% para 42,8% no mesmo período - o endividamento das empresas não financeiras subiu 51,8%.
Os dados não incluem a dívida decorrente de empréstimos intercompanhias, que cresceram US$ 38,2 bilhões, ou 59,2%.
"No total, a dívida externa brasileira foi ampliada no período pós-crise em US$ 122,3 bilhões ou 46,5%.", contabiliza o Iedi, acentuando que o endividamento em moeda estrangeira "é um destacado componente da fragilidade financeira potencial das empresas brasileiras diante de um eventual choque externo".
Para o economista Fernando Ferrari, da Associação Keynesiana do Brasil (AKB), "tudo leva a crer que o problema cambial vai se resolver pela crise".
Para Ferrari, enquanto o governo "faz vista grossa", a tendência é que as empresas se endividem cada vez mais no exterior: "Pois lá fora o juro é mais baixo e o viés para o dólar é de queda."
O economista da AKB destaca, ainda, que as empresas que têm capacidade de alavancagem no exterior, "seja de forma mascarada, para diminuir o lucro tributável, seja para financiamento mesmo", tendem a seguir aumentando suas dívidas, que são avalizadas pelo governo.
"Em caso de crise, os problemas serão repassados ao governo", resume o economista, acrescentando que o fluxo cambial já vem apresentando queda significativa.
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