por Almir Cezar
A dívida pública federal bateu, em 2015, seus recordes de valor absoluto e de crescimento em relação ao ano anterior. Com R$ 498 bilhões a mais que em 2014, ela subiu 21,7% e chegou a R$ 27,9 bilhões em dezembro do ano passado, de acordo com o Tesouro Nacional, que estima um aumento para entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões até o fim de 2016 - aumento de mais 18,5%
O gasto com juros e amortizações da dívida pública federal atingiu em 2015 (apenas até 1/12/2015) o valor de R$ 958 bilhões. Em parte, a dívida é contraída pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo, mas não apenas. Ao contrário do que saí na grande imprensa, a maior parte decorre de cobertura de gastos feitos pelo Banco Central com, por exemplo, Operações de Mercado Aberto e de Swap Cambial, da ordem de centenas de bilhões de reais.
Não há transparência sobre tais operações, seus beneficiários, e suas reais necessidades para o país, conforme pode ser verificado no artigo “O Banco Central está suicidando o Brasil”, de Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional do movimento Auditoria Cidadã da Dívida. Destaca-se também a falta de transparência e discussão com a sociedade sobre a real necessidade das altíssimas taxas de juros, responsáveis pelo crescimento da dívida pública e pelo expressivo aumento dos gastos do Tesouro com a dívida.
A justificativa de “controle da inflação” não tem se confirmado na prática, dado que a alta de preços não tem sido causada, preponderantemente, por um suposto excesso de demanda, mas sim, por preços administrados pelo próprio governo, como energia, combustíveis, transporte público, planos de saúde, e pela alta de alimentos, em um contexto no qual é priorizada a agricultura para exportação.