Almir Cezar
O fluxo cambial do Brasil segue crescentemente negativo, apesar de superávit comercial, cuja balança começa 2º semestre no azul, cujo saldo no início de julho soma US$ 2,8 bilhões, após o pior 1º semestre em 10 anos. O segmento de bens intermediários, que fabrica insumos para a produção de outros bens foi o único no vermelho no período (0,9%), na quarta queda consecutiva no segmento, justamente onde os importados mais avançam, foi o destaque negativo da indústria brasileira de maio para junho, reforçando a estagnação da atividade industrial no mês. Apesar de superávit comercial e pacote de estímulos à indústria, a economia, em especial a indústria, segue com crescimento pífio, com um saldo negativo no fluxo de moeda estrangeira. Esse cenário impõe que o controle de capitais torne-se uma necessidade iminente.
Essa situação comprova que o programa do governo de incentivo à indústria nacional, de isenções da folha de pagamento e de cortes no IPI, que totalizam renúncias fiscais de quase R$ 200 bilhões, tem impacto limitado e é insuficiente para aumentar a competitividade do país. Os estoques internacional no setor intermediário em alta devido a crise mundial jogam o preço lá em baixo ampliando a baixa competitividade do segmento nacional.
Portanto, a própria indústria nacional, apesar dos recentes socorros do governo federal, é o responsável pelo tombo em sua atividade, e pelo avanço das importações. E consequentemente também, do recente saldo negativo de dólares, pois a indústria nacional compra insumos e peças fabricados fora, e ainda remete lucros para as matrizes, mesmo que este no momento esteja declinante. Assim, cada vez mais, torna-se inócua políticas de incentivos às exportações - um desperdício do dinheiro público.
Por sua vez, torna-se necessário o controle de capitais diante da fuga de dólares, a fim de evitar uma eventual crise cambial, provável se a economia brasileira seguir esta tendência. Inclusive se a atividade industrial se recuperar a situação pode piorar, com mais importações nos insumos e remessas de lucros.
Seguindo o padrão da economia brasileira toda expansão da atividade industrial interna amplia também as importações de produtos industriais.
Assim, a política de desenvolvimento industrial não pode ser destinar recursos públicos aos empresários (que simplesmente utilizam como meio de recuperar a queda em sua margem de lucro) com seu consequente aperto orçamentário aos serviços públicos e funcionalismo (vide o grande contingenciamento e a forte resistência de Dilma em não conceder reajustes salariais), sob severo risco macroeconômico ao país.
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