quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O fim da URSS não é o fim da marcha ao Socialismo. Nem eventualmente na própria Rússia

(100 Anos da Revolução Russa)

Por Almir Cezar Filho


 A História não é linear e não se encerra tão simplesmente. Segue em ziguezague. Como outras revoluções no passado, como a Francesa ou a Inglesa nos mostraram. A Revolução Vermelha Russa não se encerrou em 1989/1991. E com certeza veremos outros desdobramentos no futuro, também na própria Rússia.

Para os intelectuais da burguesia e mesmo para muitos epígonos do marxismo a Queda do Muro de Berlim, a restauração ao Capitalismo e a dissolução da URSS foi a prova definitiva que o Socialismo sob a Ditadura do Proletariado está fadada à lata de lixo da História. Mas a experiência das revoluções burguesas que implementaram o modo de vida Capitalista mostram o contrário.

Muito se compara a Revolução Russa com a Francesa. Mas o crepúsculo stalinista e a restauração em muito se assemelha a outra revolução, a Inglesa. Aquela de 1630 a 1640. Que antes da consolidação do regime burguês, com divisão de poderes, sufrágio periódico, constituição e liberdades econômicas passou por inúmeras reviravoltas.


Guerreou contra, depôs e decapitou o rei (Carlos I). De republicana em pouco anos virou uma autocracia sob as mãos de Cromwell, cujo filho o sucedeu hereditariamente ao posto. Para depois vir a "Restauração" monárquica sob o filho do rei morto (Carlos II), em 1650. Em seguida, o irmão e herdeiro (Jaime II) é deposto pela própria filha e sobrinho/genro (Maria II e Guilherme II de Orange) pela "Revolução Gloriosa", em 1688, fundamental na longa evolução dos poderes do Parlamento do Reino Unido e da Coroa Britânica. A aprovação, pelo parlamento, da Bill of Rights (declaração de direitos).  E por fim, passa a uma nova dinastia estrangeira (Ascensão Hanoveriana, em 1715) que instituí a fórmula reina-mas-não governa ou "primeiro-ministro nomeado pelo rei mas escolhido pelo partido da maioria do parlamento", o Parlamentarismo.

Por sua vez, a própria história inglesa será base e inspiração para a Revolução Americana, em 1776, e a Revolução Francesa, em 1789, como também da própria Revolução Industrial. Portanto, a marcha ao Capitalismo e à formação social de tipo burguesa não cessou com o fim da Revolução Inglesa simbolizado na Restauração.

Assim, embora a História não se repita (a não ser por farsa, e tragédia...), o mais científico a dizer é que, provavelmente, o proletariado, inclusive o russo, desdobrará essa revolução socialista, por ora suspensa, em muito mais caminhadas mais no futuro.

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