domingo, 20 de agosto de 2017

A Economia e a Revolução: uma dialética explosiva

Posso chamar o conjunto que eu pesquiso de "A Economia e a Revolução". Se chama assim pelo simples fato que analisa a complementariedade entre esses dois aspectos da vida social humana. Ou melhor dizendo, tenta dar início a esse desafio. Falaremos de uma dialética explosiva. Que apesar de "dialética", não é de dois, mas de três: Economia, economia e revolução. Revolução essa tanto econômica e social, como revolução científica.

A Economia, enquanto esfera social, como dimensão social, similar a Política, a Moral, a Cultura, passa constantemente por “revoluções”, súbitas transformações, desenvolvimentos em saltos. Mas também é impactado pela revolução social geral. Pelas revoluções políticas, revoluções nos costumes, na tecnologia. Como ainda pelas revoluções na ciência. Na própria disciplina científica pertinente à economia: a Ciência Econômica, também chamada Economia (o “e” maiúsculo).

Quer dizer, a economia é influenciada pela Economia. Mas, não é apenas isso. Aí vamos ao eixo invertido.

A Economia é influenciada pela economia. A cada transformação na sociedade, nas formas de produzir, trocar, distribuir e consumir, a ciência da economia, a Economia, reage com novas formulações, novas teorias, que amparam (ou não) o desenvolvimento econômico.

Dizemos “ou não” porque essas teorias podem simplesmente negar, contradizer, criticar esses mesmos desenvolvimentos na vida econômica. Mas mesmo quando o fazem, estão elucidando aspectos da economia, se amparando em tendências do desenvolvimento econômico, isto é, ainda não efetivadas no tempo e no espaço, ou em aspectos minoritários, marginais da vida econômica.

A ciência econômica reage aos eventos da economia e, portanto, se desenvolve igualmente em saltos, em revoluções científicas. Essas mesmas revoluções científicas da Economia podem se antecipar (‘mas não muito’) aos fatos, eventos, desenvolvimentos da economia.


Se antecipam, mas não muito, porque essas antecipações se dão em bases da sociedade, à medida que se dão absorvendo as tendências em germe na sociedade ainda não efetivadas e se limitam igualmente nas condições concretas, técnicas, de recursos, como também de mentalidades dessa sociedade. E ainda das necessidades manifestadas ou ocultas dessa sociedade, no tempo e no espaço.

Temos assim a interação entre a Economia e a economia. Ambas se desenvolvendo em revolução. Portanto, temos a segunda interação entre a Economia/economia e a Revolução.

Essa dialética perpassa todo o livro. Apesar de sua constituição não se limita a uma didática. A estrutura do trabalho de pesquisa se debruça no estudo do desenvolvimento econômico e o estado da arte da ciência. Logo, se tanto a economia, como a Economia se desenvolve em revoluções, a dialética mencionada anteriormente transversaliza o estudo.

Consequentemente, uma conclusão que subjaz todo o trabalho, especialmente em sua parte final, é que a Economia do Desenvolvimento, isto é, o ramo da Economia que se debruça sobre o desenvolvimento econômico, é no fundo uma Economia da Revolução.

E, logo, à medida que, as revoluções sociais no Capitalismo maduro são revoluções socialistas, estamos falando do Socialismo.

Temos então que o pensamento sobre a Economia da Revolução é um pensamento do movimento socialista, do pensamento socialista, em vista na construção da sociedade socialista.

Isto não quer dizer que não possa ser útil aos não socialista. Muito pelo contrário. Por isso mesmo que a obra pode ser “perigosa”. A burguesia ilustrada, com boa vontade social ou não, e ao contrário de muitos ideólogos - que na verdade tem sua origem de classe no proletariado ou na classe média -, muito se utiliza dos escritos socialistas e marxistas, inclusive, ou contra a luta revolucionária, ou a serviço dos bons préstimos das reformas sociais.

Reside, portanto, como em qualquer conhecimento científico, em como empregá-lo, sua finalidade, seu propósito, o segredo do bem ou do mal. E não a ferramenta em si.

O propósito deste livro é desvendar, ou melhor, iniciar o longo caminho, da investigação em torno à questão do desenvolvimento econômico, ou melhor ainda, do desenvolvimento da sociedade capitalista. Pensar o sistema capitalista, em si, como um sistema que se transforma ao longo do tempo e assume variadas formas ao tempo e espaço e com múltiplas dimensões.

Uma ferramenta inclusive para impor mudanças nele.

Reconhecendo que as reformas sociais são revertidas, enquanto as revolucionárias não.

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