domingo, 9 de abril de 2017

'Recessão e desemprego derrubam inflação e devolvem poder de compra aos brasileiros'. Como que é?

(Economia é Fácil, 08/04/2017)

Almir Cezar Filho

Abaixo minha participação no programa Censura Livre, do dia 08/04/2017, da rádio Difusora Aliança FM 98,7 (São Gonçalo - RJ) com o quadro Economia é Fácil, em que comento esta semana os dados de forte desaceleração da inflação e o fato de que a grande imprensa estar comemorando, apesar do altíssimo desemprego.

Olá ouvintes. Olá pessoal no estúdio. Aqui é Almir Cezar Filho, com mais um Economia é Fácil.

No último dia as redes sociais foram invadidas com comentários jocosos e memes tirados em cima de uma manchete de um grande canal de notícias de tevê por assinatura em que curiosamente tenta dar como positiva a queda na inflação, apesar do intenso desemprego e a recessão.

A manchete bizarra era assim: “recessão e desemprego derrubam inflação e devolvem poder de compra aos brasileiros”. Ora, ora o motivo das piadas é simples - qualquer uma pessoa em são consciência entende que, apesar da queda na inflação, ninguém pode comprar nada, justamente pela recessão e desemprego.

A contradição lógica produzida pela jornalista se deve a desesperada pressão da grande mídia, aliada do governo Temer e de seus projetos de austeridade e de reformas neoliberais, de tentar passar à opinião pública de que há sinais de melhora no cenário econômico.

A notícia original foi que a Fundação Getúlio Vargas (FGV), anunciou que em todo o país, o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famílias com renda até 2,5 salários mínimos, ficou em 0,56% em março. A taxa é superior ao 0,07% de fevereiro. 

As taxas acumulada no ano de 1,18% e em 12 meses é de 4,24%, abaixo portanto da meta de inflação do Banco Central de 4,5%.


O Banco Central usa o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE. O IPCA de março, divulgado no dia 7, mostra que a inflação brasileira voltou a uma situação de normalidade. Com uma alta acumulada no ano de apenas 0,96%. O ano de 2017 será caracterizado pelo retorno da inflação ao centro da meta. 

Esse cenário mostra que, a política monetária que fixou a taxa básica de juros mais alta do mundo, com taxas ao consumidor final como do cartão de crédito girando em torno de quase 400%, cumpriu seu papel nos preços, a despeito dos efeitos nocivos no restante da economia. 

Ou seja, a manutenção de taxas de juros em patamares elevados, contribui com a enorme recessão econômica e um índice oficial de desemprego girando em torno de mais de 13%, mas alimentou decisivamente à estabilidade dos preços da economia.

Porém, justamente, ao contrário do a grande imprensa tortuosamente tenta fazer acreditar o cidadão comum, com o desemprego, e mesmo aqueles ainda empregado, a recessão não permite de jeito nenhum aproveitar da desaceleração da inflação. Muito pelo contrário.

Outro indicador ruim, que demonstra isso, é que também esta semana foi divulgada a pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) que mostra, em março, que três em cada dez consumidores afirmaram que fecharam o mês “no vermelho”, sem condições de pagar todas as contas.

E conforme o mesmo levantamento, que analisou a propensão ao consumo em 12 capitais do país, apenas 15% dos entrevistados tiveram sobra de dinheiro no mês passado.

Além disso, desempregado ou com salários achatados, o consumidor tem que lidar com o fato de que a desaceleração da inflação não é por igual. O IPCA mediu que toda uma série de preços essenciais tiveram acréscimo esse mês. Alimentação, lazer, construção civil, tiveram forte alta.

Domar a inflação não é a via para recuperar a economia por si só. 

Como disse antes, a alta da taxa de juros, combinado com o ajuste fiscal do governo federal contribuíram em muito para recessão. É preciso isso sim, agir sobre a demanda agregada, retomando investimentos públicos e incrementando o crédito e o salário dos trabalhadores para encerrar a recessão.

Por ora é só.

Aqui foi Almir Cezar Filho, direto da redação da Agência de Notícias Alternativas (ANOTA).

Dúvidas, críticas e sugestões envie um e-mail para almircezarfilho@gmail.com, cezar com “Z” e tudo junto. 

Um forte abraço a todos e até semana que vem!

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