quarta-feira, 20 de julho de 2016

MBL após impeachment apóia reacionária Lei da Mordaça a professores

Iniciativa fere princípios liberais básicos, especialmente a 'liberdade de cátedra'

Ensaios sobre a Pós-Modernidade de Direita n° 10

Por Almir Cezar Filho*

O tal Movimento Brasil Livre (MBL), campeão liberal na campanha pró impeachment de Dilma e combate a corrupção dos políticos do PT, sem nada pra "fazer" diante do "honesto" governo Temer (PMDB/PSDB/Centrão), ataca agora apoiando o reacionário projeto de lei da Mordaça aos professores, eufemisticamente chamado de "Escolas Sem Partido".

Além de violar a liberdade de opinião e de expressão, nada mais antiliberal do que atacar a 'liberdade de cátedra', um dos direito fundamentais assegurado na Revolução Francesa. Para piorar se alinham com o que há de mais conservador e reacionário na política e sociedade civil brasileira, como os fascistas Bolsonaros e os fundamentalistas religiosos Malafaias.

Deprimente, mas não surpreende. Os liberais brasileiros historicamente sempre agiram assim. Não à toa que desde D. João VI liberais tentam quimeras ideológicas fundindo pervertidamente 'A Riqueza das Nações' de Adam Smith com a Bíblia. "Livre comércio como parte do Plano da Providência"; "Mão Invisível que prepara o Restabelecimento, não só da Ordem Civil, mas também da Ordem Cosmológica".

Os liberalecos querem acabar com a liberdade de cátedra dos professores, pois justamente a Educação e a Ciência podem se contrapor a doutrinação dadas pelas igrejas, famílias alienadas e televisão; a massa de cidadãos esclarecidos pode se insurgir contra a privataria, às contrarreformas em direitos sociais, etc.

Mas esse oportunismo é burro. Um liberal clássico brasileiro como Tavares Bastos condenaria. Todas as pretensões góticas do fanatismo religioso podem se virar contra eles. 

Por outro lado, apesar de vantajosa a proibição de ensinar Ciências em base a paradigmas e escolas do pensamento que não são favoráveis ao programa político e econômico adotados por eles, não se pode esquecer que muito do que lhes é favorável agora também pode ser encarado como "perigoso" ou ao menos de "heterodoxa" quando se consolidar a nova ortodoxia que a ditadura do pensamento único imporá.

A liberdade de cátedra, o laicismo e o secularismo são garantias inclusive para os Liberais. Triste é o país cujas liberdades democráticas básicas da sociedade de forma burguesa são justamente atacadas por àqueles que deveriam ser seus campeões.

Resta aos socialistas e aos marxistas a defesa das liberdades democráticas, para nós, e para eles.

(*) texto publicado também no blog da Agência de Notícias Alternativas. Almir é economista e codiretor da ANotA.

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