segunda-feira, 30 de maio de 2016

Olavismo Cultural e o discurso raivoso de direita na classe média

Ensaio sobre a Pós-Modernidade de Direita nº 6

Por Almir Cezar Filho

Um dos aspectos mais curiosos da ascensão, ou melhor dizendo, da consolidação da Pós-Modernidade na Direita sob a forma radical de Olavismo Cultural é a manifestação crescente de um discurso raivoso [de direita], muito popular na classe média tradicional, a velha classe "A" e parcelas da classe "B". Nem todos à Direita são adeptos do Olavismo Cultural, mas é um sinal comum dessa vertente a pouca diplomacia e gentileza nos debates da parte deles - embora tenham uma hipersensibilidade a críticas a suas próprias opiniões.

Outro traço contraditório é o álibi recorrentemente empregado por eles do direito à liberdade de expressão e opinião para garantir, mesmo que forçosamente, o espaço à sua fala em ambiente e temas que não lhe atém. Porém, sem primeiramente a mesma garantia da parte deles de reconhecer o direito do outrem à crítica à sua opinião ou ao conteúdo da sua expressão. Em suma, querem direito à opinião, mas não estão abertos a opinião dos outros, muito menos que esse outro alvo de crítica possa criticar essa crítica. 

Ainda também há a antiliberal imposição que sua opinião seja tolerada mesmo que excite ao ódio ao outro ou à opinião desse outro. Isto é, exigem tolerância ao discurso seu intolerante sob o subterfúgio da tolerância. E acusam de intolerantes todos aqueles que lhe são contrários ao seu discurso.

domingo, 22 de maio de 2016

O Brasil precisa de um Ministério para Política Agrária

Respondendo aos críticos: Não temos dois ministérios de "Agricultura"

por Almir Cezar Filho

Nas últimas semanas, com os rumores da extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) pelo corte do número de ministérios pelo presidente "interino" Temer, confirmado no dia 12/05, acabei no meio de um debate no seio dos meus colegas servidores efetivos do MDA que muito me surpreendeu: alguns deles comemoravam o seu fim. Isso mesmo, celebravam a extinção do órgão que trabalhavam nos últimos 6 a 3 anos. 

Alegavam que um órgão com mais de 15 anos de existência interrupta (sem esquecer que no passado existiu outros) mas tão mal estruturado e frequentemente usado para cooptação dos movimentos sociais rurais não merecia continuar. E que não deveria haver "dois" ministérios para a Agricultura, referindo-se ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Choramingam ainda que a absorção das atribuições e estruturas não deveriam ser ao novo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.

Dificuldades de entender a diferença de papel entre o MAPA e o MDA? Não é isso. Nem é apenas confusão técnica entre o que é agrícola e agrário. Há uma concepção ideológica (ou oportunista) a respeito do discurso de que a "agricultura é única", que os impedem de ver o básico, o fundamental. Não fazem distinção entre os aspectos socioprodutivos do agronegócio e da agricultura familiar. Não fazem distinção entre a Política Agrícola e a Política Agrária.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Os servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário lutam contra a sua extinção

por Almir Cezar Filho

Como alguns sabem, em final de 2009 abandonei (temporariamente) a docência e segui o caminho da Administração Pública virando servidor concursado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Fiquei grande parte desses anos na equipe de planejamento e orçamento de uma das suas principais secretarias. E acabei também virando dirigente sindical e associativo da categoria, inclusive em postos de direção da entidade que temos junto com os servidores do INCRA, a CNASI-AN.

Contudo, após anos de indefinições políticas e cortes orçamentários no governo Dilma, assim que seu "substituto" Temer assumiu pôs em funcionamento sua extinção, e absorção (subordinação) pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e retirando competências institucionais para o Ministério da Agricultura.

Subordina-se com isso as Políticas Agrária, de Apoio à Agricultura Familiar e de Desenvolvimento Rural à Política Agrícola (hegemonizada pelo agronegócio) e à Política de Assistência Social (voltada apenas a mitigar a pobreza e ser compensatória), negligenciando a questão-chave do reordenamento agrário para o desenvolvimento nacional brasileiro. Nesse contexto, o Brasil segue sendo o único país industrializado que não fez nem mesmo parcialmente Reforma Agrária.Apesar disso, os servidores efetivos se levantaram contra esse ataque do governo interino. A categoria resolveu iniciar uma campanha pela "Não Extinção do MDA".

sexta-feira, 6 de maio de 2016

A Pós-Modernidade de direita, o novo ultralibertarianismo econômico e a Escola Austríaca

Ensaio sobre a Pós-Modernidade de Direita nº 5

Por Almir Cezar Filho


No presente artigo tratarei o porquê e como o novo ultralibertarianismo econômico e a Pós-modernidade de Direita na Economia aderiram à Escola Austríaca ou a posições que lhe são próximas. Mas, apesar da Escola Austríaca ter posições liberais, mesmo que não-convencionais às tradições do Liberalismo Clássico e do Neoclássico, de fato o que pregam ou seguem esses pós-modernistas de Direita ou ultralibertarianos em nada tem em comum com o Liberalismo.

Recapitulando, em alguns artigos passados (a série iniciada com o artigo “O perigo do novo libertarianismo econômico”, e antecedido pelo artigo “A utopia reacionária do livre mercado”) venho estudando a popularidade que vem ganhando junto ao público, especialmente de classe média “A” e “B”, o tratamento de temas econômicos sob a forma de um ultralibertariano de um tipo novo, que nada tem de similar com aqueles derivados do Liberalismo convencional, débil em conhecimento econômico científico e interdisciplinaridade com demais ciências sociais.

No último artigo (“O Olavismo Cultural e a Pós-modernidade de direita na Economia”) tratei especificamente que o advento da Pós-Modernidade, como atual zeitgeist[1] nosso tempo, impactou as ideologias e as ciências, não apenas à esquerda, mas a direita também - em todas as ciências sociais, inclusive na Economia.

domingo, 1 de maio de 2016

O atraso científico na Economia

[Atenção: texto em construção!]

por Almir Cezar Filho

A Economia, enquanto ciência, está muito atrasada se comparada em termos epistemológico com as Ciências Naturais. Seguimos uma metodologia ainda similar à da Física do século XVIII, centrado na noção de "equilíbrio".  É preciso incorporar conceitos e metodologias à Economia que fazem reportar à que mais avançado nas outras ciências, especialmente, a Física, Química e Biologia, que durante séculos foram e são ainda referência, como por exemplo, a Teoria Ergódica, a Homeostase, a Entropia, a Cibernética e a Teoria do Caos e da Complexidades.

Ao contrário dos detratores, o Marxismo deve ser o ponto de partida desse processo. Porém, o Marxismo não pode ser uma série de notas de rodapé às obras de Marx e Engels e outros. O Marxismo é considerado por muitos, para além de uma ferramenta da luta anticapitalista, socialista, simultaneamente, uma teoria social, um método analítico e um programa político. O Marxismo em si não é autodogmático, embora haja vários marxistas e organizações políticas que o sejam. É possível um Marxismo aberto a crítica e a contribuições de outras teorias, sem necessariamente cair em um desvio eclético.

A teoria ergódica - é uma área da matemática que estuda sistemas dinâmicos munidos de medidas invariantes [1].  A palavra "ergódico" é o resultado da concatenação de duas palavras gregas, ergos = trabalho e odos = caminho, e foi introduzida pelo físico L. Boltzmann. As ideias e resultados da Teoria Ergódica se aplicam em outras áreas da Matemática que a priori nada têm de probabilístico, por exemplo a Combinatória e a Teoria dos Números. Ainda outra motivação fundamental para que nos interessemos por medidas invariantes é que o seu estudo pode conduzir a informação importante sobre o comportamento dinâmico do sistema, que dificilmente poderia ser obtida de outro modo.