sexta-feira, 22 de abril de 2016

Liberdade e Capitalismo

Ensaio sobre a Pós-Modernidade de Direita nº 3

por Almir Cezar Filho

É facilmente afirmável que o Capitalismo tem fracassado, ou ao mínimo tem dificuldades, em generalizar as liberdades enaltecidas por seus porta-vozes, os economistas e demais filósofos sociais burgueses.

A Grã-Bretanha, por exemplo, jamais levou ao seu império a liberdade econômica e as liberdades civis de que gozam os habitantes das Ilhas Britânicas. Nos EUA há milhões cuja cidadania é apenas de segunda classe — negros, hispano-americanos e membros de grupos minoritários, o que inclui não só outros grupos raciais ou mesmo religiosos, mas também, outros tipos de grupos, como os homossexuais e as mulheres — cujos pretensos direitos constitucionais são constantemente pisoteados de formas por vezes claras e óbvias e por vezes ocultas e obscuras.

Em suma, até a mais livre sociedade capitalista pratica formas de discriminação que envolvem a redução das liberdades de alguns dos seus membros ou dependentes. Haverá razão para se acreditar que essa discriminação resulte da própria essência do sistema capitalista.

A discriminação e as opressões estão associados aos elementos mais básicos do sistema capitalista, o principio da extração de mais-valia e acumulação de capital. Do ponto de vista econômico, a discriminação é lucrativa; e, por assim ser, sobrevive e reaparece a despeito de todos os esforços porventura desenvolvidos para a sua abolição.


Se os negros, imigrantes, minorias nacionais, como também mulheres ou LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), puderem ser excluídos de grande número de ocupações, terão necessariamente de concentrar-se nas que ainda lhes sejam acessíveis e isso poderá fazer os salários caírem abaixo dos níveis que seriam estabelecidos na ausência desse fenômeno. Isso beneficia diretamente os empregadores de mão-de-obra; e, fato talvez mais importante ainda, é diretamente benéfico aos capitalistas em geral, porquanto cria a divisão na classe trabalhadora e permite os empregadores jogar os dois grupos um contra o outro.

Por sua vez, jamais poderá generalizar as liberdades - que, sob certas condições, inclusive propicia a um setor favorecido de seus membros. E também, não superam, nem podem superar, uma situação meramente formal de liberdade (jurídica e ideológica), ou pior, limitando-a a uma concepção negativa - protetora e legitimadora da grande propriedade e da exploração econômica.

Portanto, os dois aspectos cruciais das liberdades - as liberdades civis e a liberdade econômica - são incompletas no Capitalismo. Sendo essa uma situação que esse sistema, por sua própria natureza, está incapacitado para solucionar.

No sentido contrário, o Socialismo pode levar as liberdades a todos os cidadãos e, finalmente, considerando-as fato consumado, pode avançar rumo ao objetivo de propiciar a todos a liberdade positiva de viver a vida em sua plenitude.

A triste experiência dos regimes stalinistas pode criar uma ilusão contrária ou legitimadora aos críticos pró-burgueses, mas não apaga na essência essa conclusão analítica. Confundir a burocracia stalinistas com o socialismo é confundir a Inquisição com o Cristianismo.

Este artigo é mais um da série sobre o Ultralibertarianismo.

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