quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Esquerda intelectual perde a grande Vânia Bambirra

por Almir Cezar

Recebi ontem (09/12) com profundo pesar do falecimento de nossa mestre Vânia Bambirra, co-fundadora da Teoria Marxista da Dependência. Autora dos consagrados El capitalismo dependiente latinoamericano (1972)Teoria de la dependencia: una anticritica (1977). Momento de pesar e também de reivindicação do seu legado, de homenagem, antes, agora e sempre. Sua luta, obra, exemplo e influência intelectual, comprometida com o saber científico e o engajamento social, continuam conosco.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Crise, regulação e eficiência no Capitalismo pelo valor, segundo o Marxismo

por Almir Cezar

A questão do desenvolvimento econômico e vários aspectos da dinâmica econômica, especialmente quanto ao longo prazo e a sua dimensão mundial, não puderam se desenvolvidas por Marx e Engels - embora constasse no escopo do plano de redação dO Capital - abrindo uma lacuna para um longo e agudo debate sobre a concepção marxista sobre o fenômeno do desenvolvimento do Capitalismo, tanto em sua dimensão nacional, quanto mundial.  Assim, partindo de Marx e Engels, décadas mais tarde, Lênin, Trótski e outros sempre procuraram mostraram a interrelação causa-efeito-causa entre os fenômenos econômicos e políticos. Assim, os fenômenos da crise, regulação e eficiência no Capitalismo estão vinculados à lei do valor-trabalho.

A crise capitalista que vivemos no momento - enquanto crise econômica que o mundo parece recém imerso, apesar de parecer termos superado o auge do projeto político neoliberal, e como crise da humanidade (manifesta em desemprego, miséria, injustiça social, opressão política, cataclismo ecológico, guerra, estresse, alienação, etc) - é, portanto uma crise no padrão de desenvolvimento.  Mas esse padrão é definido pela direção que lhe dado.

Tal qual o desenvolvimento do capitalismo não é exclusivamente econômico, a dinâmica capitalista também não o é. Ela também é constituída pela dinâmica política e pela dinâmica das relações internacionais ou entre Estados. O desenvolvimento do capitalismo é definido pela dinâmica de longo prazo, isto é, na adição gradual dos sucessivos momentos econômicos e sociais que se desenrolam no tempo e no espaço.

Nesse sentido as determinações do Capitalismo - sistema histórico e mundial – advêm da acumulação de capitais, enquanto que, por outro lado, sua dinâmica de longo prazo está também condicionada pelas determinações extra-econômicas. À medida que as causas das crises econômicas são endógenas a esfera econômica, mas a superação dessas (e não reversão, à medida que a reversão do ciclo sim pode e/ou se dá autonomamente) é exógena ao processo de acumulação, muito embora, resida ainda sim na necessidade econômica.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Instituições e confiança: a emergência de um bonapartismo fundamentalista cristão no Brasil

Por Almir Cezar

As últimas pesquisas de opinião reafirmam o cenário de dificuldade para o governo Dilma Rousseff junto à população, mas também a credibilidade anda baixa da maioria das instituições brasileiras, a exceção das igrejas. Foi o que mediu a pesquisa realizada pela MDA-Pesquisas sob encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) (veja um quadro-resumo abaixo). Este ambiente de extremo descrédito com o conjunto das instituições políticas, amplia o poder da Igreja (cristãs). E, por sua vez, torna fértil ao fundamentalismo religioso de matiz cristã, que pode explicar a primazia da pauta conservadora/reacionária que vem dominando o cenário político e legislativo do Brasil no momento. Pode-se dizer que vem emergindo em nossa sociedade uma bonapartismo em base ao fundamentalismo cristão.

No ranking da credibilidade, a maioria do conjunto de instituições brasileiras encontram-se tão mal avaliadas quanto o governo (que tem a confiança de 1,1%), o Congresso (0,8%) e partidos políticos (0,1%), ocupando o quinto lugar como instituição mais confiável, com a preferência de 4,8% - a margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos para mais ou para menos. Nas primeiras posições da lista estão a polícia (5%), justiça (10,1%), forças armadas (15,5%) e igreja (53,5%). Mas também traz outro dado, este alarmante para a imprensa: apenas 13,2% das pessoas que responderam ao estudo afirmaram que sempre acreditam no que a mídia publica. Quase o dobro disso, 21,2%, disseram que nunca confiam no que é dito pelos jornais.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Teoria das Ondas Longas - uma retrospectiva crítica

por Almir Cezar

Nos últimos anos, com a conjuntura mundial imersa na maior e prolongada crise desde a grande crise 1929, ressurgiu toda um vasto interesse por algumas teorias econômicas marxistas, entre elas as "ondas longas" ou ciclos de Kondratiev. O fenômeno já foi por mim bem explorado em vários artigos, em que se manifesta o meu desenvolvimento teórico contrário à esta teoria, e dando minha própria abordagem alternativa à questão dos ciclos econômicos de longo prazo no Capitalismo. Em várias também apresento a divergência à teoria de Kondratiev por parte de León Trotsky e de outros marxistas clássicas contemporâneos ou subsequentes.

Uma abordagem marxista sobre crise capitalista sempre encontrou tratamento no fenômeno dos ciclos econômicos. Explicava-se assim que as flutuações da dinâmica do sistema se dão de maneira cíclica, numa sucessão de crise e boom, que ocorrem periodicamente. Dentro dessa perspectiva cíclica, a raiz encontra-se nas próprias obras de Marx e Engels. Mas como tudo desses dois autores, abre-se a interpretações, complementações, revisões, atualizações, e esse tema não seria diferente, muito pelo contrário.

Um aporte sobre ciclos econômico muito importante é a chamada "ondas longas", onde compreende os ciclos como um processo recorrente mas de longo prazo. Seriam ondas históricas de 40-50 anos, repartidas em duas fases de 20-25 anos cada, uma fase de ascenso econômico, chamada de fase A, onde o capitalismo operaria em boom, e uma fase de descenso, chamada de fase B, onde operaria em crise.

O economista russo N. D. Kondratiev (1892-1938) que foi um dos primeiros teóricos que tentou provar estatisticamente o fenômeno das “ondas longas”, movimentos cíclicos de aproximadamente 50 anos de duração, conhecidos posteriormente na Economia, como “ciclos de Kondratiev”, ou 'ciclos K'. A primeira referência de Kondratiev aos ciclos prolongados ocorreu em seu livro de 1922 “A economia mundial e sua conjuntura durante e depois da guerra”