terça-feira, 6 de outubro de 2015

Projeção da economia é de queda ainda maior. Indústria no maior tombo desde 2003, mas bancos surfam

Projeção de queda da economia tem 12ª piora seguida
Agência Brasil 05/10/2015

A economia brasileira deve encolher 2,85%, este ano, de acordo com a projeção de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central. Essa foi a 12ª piora consecutiva na estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Na semana passada, a estimativa estava em 2,8%. No próximo ano, a retração deve ser menor: 1%, a mesma projeção anterior.

Na avaliação do mercado financeiro, a produção industrial deve ter uma queda de 6,50%, este ano. A estimativa anterior era 6,65% de queda. Para 2016, a projeção de retração passou de 0,60% para 0,29%.

A projeção para o dólar ao final do ano chegou a R$ 4, contra R$ 3,95 previstos na semana passada. Para o fim de 2016, a estimativa para a cotação do dólar também é R$ 4.


As estimativas para a inflação também pioraram. A estimativa do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela terceira vez seguida, ao passar de 9,46% para 9,53%, este ano. Para 2016, no nono ajuste seguido, a projeção passou de 5,87% para 5,94%.

As projeções para a inflação estão acima do centro da meta, 4,5%. E no caso de 2015, a estimativa supera também o teto da meta, 6,5%. Para tentar levar a inflação ao centro da meta em 2016, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, por sete vezes consecutivas. Na reunião de setembro, o Copom optou por manter a Selic em 14,25% ao ano.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao manter a Selic, o comitê indica que ajustes anteriores foram suficientes para produzir efeitos na economia.

A pesquisa do BC também traz a projeção para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços ? Disponibilidade Interna (IGP-DI), que passou de 8,26% para 8,42%, este ano. Para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), a estimativa subiu de 7,88% para 8,34%, em 2015. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) passou de 9,46% para 9,66%, este ano.

A projeção para a alta dos preços administrados passou de 15,50% para 15,55%, este ano, e de 5,92% para 6%, em 2016.

Produção industrial cai 1,2% em agosto, diz IBGE, o maior tombo em desde 2003
Agência Brasil | 02/10/2015

A produção industrial brasileira caiu 1,2% em agosto, em comparação a julho, terceiro resultado negativo consecutivo. O parque fabril do país fechou os primeiros oito meses do ano com queda acumulada de 6,9%. A taxa anualizada (últimos 12 meses) teve queda de 5,7%. Os dados relativos à Pesquisa Industrial Mensal foram divulgados, hoje, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda da produção industrial reflete retração em 14 dos 24 ramos investigados pela pesquisa do IBGE e em três das quatros categorias econômicas. Entre os setores, a principal influência negativa foi registrada por veículos automotores, reboques e carrocerias, que recuou 9,4%. Também houve influência significativa no resultado a queda das atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,6%), produtos de metal (-3%), metalurgia (-1,3%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-3,6%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,5%).

Em contrapartida, entre os nove ramos que ampliaram a produção nesse mês, o desempenho de maior importância para a média global foi assinalado por produtos alimentícios, que avançou 2,4%. Também houve impactos positivos importantes nos setores de bebidas (4,3%), de indústrias extrativas (0,6%) e de produtos de madeira (5,1%).

Já entre as grandes categorias econômicas, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, as reduções mais acentuadas foram registradas em bens de capital, com recuo de 7,6%; e bens de consumo duráveis, com queda de 4%. No primeiro caso, a principal influencia veio da menor produção de caminhões; e, no segundo caso, de automóveis e eletrodomésticos, ainda afetadas pela concessão de férias coletivas em várias unidades produtivas.


Bancos surfam na crise
01/10/2015

Rentabilidade cresce, e instituições mostram solidez, diz BC

A rentabilidade do sistema bancário aumentou, influenciada por maiores margens de intermediação, com destaque para ajustes nas taxas de concessão e resultados com tesouraria, mostra o Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado pelo Banco Central (BC) nesta quinta-feira. A alta da taxa Selic, que impacta as contas públicas, é a principal responsável pelo maior lucro dos bancos.

Apesar da recessão, que levou à redução na demanda por crédito e à adoção de critérios de concessão mais conservadores pelas instituições financeiras, a inadimplência não apresentou aumento significativo até o encerramento do primeiro semestre.

Segundo o BC, novos pedidos de recuperação judicial de empresas – como as envolvidas na Operação Lava Jato – e o endividamento das empresas em moeda estrangeira são exemplos de situações que demandam atenção especial. No caso do endividamento em moeda estrangeira, o BC ressalta as operações de proteção (hedge) adotadas pelas empresas reduzem esse risco.

Porém, o relatório ressalta que os bancos têm adequada capacidade para suportar efeitos de choques de cenários adversos, bem como de mudanças abruptas nas taxas de juros e de câmbio. Em junho de 2015, o Índice de Basileia dos bancos no Brasil atingiu 16,3%, redução de 0,4 ponto percentual. Esse percentual indica a capacidade do banco de emprestar, levando-se em consideração os recursos próprios e a ponderação de riscos de perdas. O índice é um conceito internacional definido pelo Comitê de Basileia. No Brasil, o índice mínimo é 11%, ou seja, para cada R$ 100 emprestados, os bancos devem ter R$ 11 de capital. O Comitê de Basileia estabelece o percentual mínimo de 8%. Segundo o relatório, essa redução no índice em junho foi influenciada por ajustes prudenciais progressivos para a adoção completa das regras de Basileia III.


Economia global está longe da recuperação
06/10/2015

UNCTAD PEDE MAIS GASTOS PÚBLICOS E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Relatório divulgado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) afirma que a economia mundial deve crescer 2,5% em 2015, o mesmo ritmo de 2014, interrompendo a sequência de duas altas. A taxa “é significativamente inferior à média de 4% dos anos pré-crise” e reflete “uma ligeira aceleração nas economias desenvolvidas, uma desaceleração moderada nas economias em desenvolvimento e um declínio mais acentuado nas economias em transição”.

Para o secretário-geral da entidade, Mukhisa Kituyi, oito anos após a crise financeira, o mundo ainda não descobriu como mudar a marcha “para alcançar o desenvolvimento econômico global, inclusivo e sustentável”.

No caso dos países desenvolvidos, a previsão é de crescimento de 1,9% este ano, ante 1,6% em 2014, puxado pela energia mais barata e preços mais altos dos imóveis residenciais. Para Unctad, os países ricos precisam aumentar a despesa pública, salários e a demanda por bens e serviços para evitar a desaceleração da economia global. A entidade alerta para o declínio dos salários (cerca de dez pontos percentuais, em média, desde 1980) e da crescente desigualdade na distribuição da renda.

Segundo a Unctad, o conjunto de países em desenvolvimento deve crescer 4,1% em 2015, menos que os 4,5% observados no ano passado. Se confirmado, será o menor ritmo desde 2009, quando o grupo cresceu 2,6%.

Unctad defende regulação financeira ousada
06/10/2015

Entidade alerta para alavancagem excessiva e riscos à economia

A Unctad defende uma regulação financeira ousada e um sistema monetário internacional estável e diversificado como forma de controle mais efetivo das finanças globalizadas. Na avaliação dos líderes, é preciso transformar regras financeiras e os acordos monetários existentes, em vez de apenas introduzir ajustes modestos.

O secretário-geral da entidade, Mukhisa Kituyi, destaca “o impacto negativo sobre o investimento produtivo dos fluxos de capitais de curto prazo e especulativos”. Relatório da entidade divulgado nesta terça-feira propõe “reformas e políticas que, no contexto da nova agenda de desenvolvimento, poderão ajudar a mitigar as recessões e extinguir turbulências financeiras locais antes que elas ameacem engolfar a economia global”.

“Níveis de adequação de capital mais elevados e novas medidas para os bancos sistemicamente importantes são iniciativas bem-vindas, mas que ainda permitem uma alavancagem excessiva, ao mesmo tempo que desestimulam os empréstimos para as pequenas e médias empresas”, ressalta a publicação.

Segundo a Unctad, a ação mais ousada começa com uma estrita separação entre banco comercial e de investimento, inclusive no âmbito internacional, bem como o monitoramento e a regulação do sistema bancário paralelo. Para Kituyi, “uma melhor opção para os países em desenvolvimento talvez seja a de buscar de forma proativa uma série de iniciativas regionais e inter-regionais com os objetivos de promover a estabilidade macroeconômica e financeira regional, reduzindo a necessidade de acumulação de divisas, e fortalecendo a capacidade para lidar com crises de balanço de pagamentos”.

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