quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Equipe econômica anuncia mais arrocho para diminuir deterioração fiscal provocada pelas políticas deles mesmos

por Almir Cezar

O desastrado pacote de cortes de investimentos e aumento de impostos anunciado pela equipe econômica na segunda-feira conseguiu deixar o governo à direita de partidos conservadores.  o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. As principais críticas são aos aumentos de impostos e corte em investimentos como Minha Casa Minha Vida. Até Saúde e Educação não foram poupadas pela tesoura de Levy. 

As medidas anunciadas pela equipe econômica desagradaram a quase todos os setores. A FIESP e a FIRJAN cobraram políticas para estimular a produção e o setor empresarial. Apenas a Federação dos Bancos (FEBRABAN) e a agência de classificação de risco Moody's deram apoio incondicional.

Tudo para tentar resolver o problema e trocar o deficit por uma meta de superavit de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto). "Remédios amargos", como classificou Dilma em suas últimas declarações públicas. O plano previa um deficit - a diferença entre gastos e receitas - de R$ 30,5 bilhões. Sem ter "troco", o governo não terá o que poupar para pagar juros e diminuir a dívida pública – o avanço do gasto com juros é apontado por alguns especialistas como o principal motivo para o rebaixamento do país.

A carta de intenções de cortar gastos e aumentar impostos soma R$ 66,2 bilhões. Quase 80% desse dinheiro virão de:

1) CPMF, R$ 32 bilhões; 
2) Salário de servidores federais, R$ 7 bilhões: adiamento do reajuste, fim do abono de permanência e limitação do pagamento de aposentadorias e salários no teto.
3) Apropriação de 30% das contribuições para o sistema "S" (Sesc, Sesi, Senai etc), R$ 6 bilhões, facada nos empresários; 
4) Cancelamento de 80% do valor das emendas parlamentares, R$ 7,6 bilhões.

Não teve aumento do "imposto da gasolina" (Cide), talvez por medo de mais inflação e da reação do BC. A CPMF nova, 0,20% de cada movimentação de dinheiro, representaria apenas dois milésimos do preço da entrada do cinema ou do sanduíche, ajuda para a fechar o buraco da Previdência, como disse Joaquim Levy na segunda-feira.

Ao não mexer nos juros, o governo mostra que não pretende mudar o essencial da política econômica, que vai drenar perto de R$ 500 bilhões do orçamento da União este ano. O rebaixamento da nota de classificação de risco do Brasil pela agência Standard&Poor's se deveu à deterioração fiscal provocada pelas políticas implantadas pelo ministro.

Juro do cartão no Brasil é seis vezes maior que na Colômbia. Taxa para crédito rotativo chega a 748,67% ao ano, constata Proteste . A taxa média de juros de 378,76% cobrada no rotativo do cartão de crédito no Brasil é a mais elevada na comparação com outros seis países (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, México e Venezuela). Foi o que constatou a Proteste Associação de Consumidores ao comparar, em setembro, dados do Banco Central dos países. A taxa média cobrada no Brasil supera em mais de seis vezes o valor da Colômbia, país com a maior taxa entre os demais analisados (62,51% ao ano).

Talvez não seja apenas pelos vinte centésimos da CPMF que o plano desande ("Não é só pelos vinte centavos" era um mote das manifestações de junho de 2013 em São Paulo contra o aumento da passagem de ônibus).

Derrubar o plano é um modo de puxar o tapetinho sobre o qual ainda caminha Dilma Rousseff.

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