terça-feira, 8 de setembro de 2015

Brasil ruma para "tragédia grega". Mas não é do jeito que a mídia diz

O Brasil está trilhando o caminho da Grécia. A comparação não chega a ser exagerada, nem é igual a certas falas de economistas de bancos e do mercado financeiro ou de comentaristas da imprensa. Mas resultada de uma lógica diferente da deles. Ao fazer cortes em cima de cortes para equilibrar o orçamento, o que se obteve na Grécia foi o agravamento da crise, jogando a economia no fundo do poço, gerando maiores déficits fiscais e levando a relação Dívida/PIB para um patamar em que ela ficou impagável.

A grande diferença é que os gregos fizeram isso por imposição de seus “parceiros”. Sem controle da política monetária, as alternativas do país seriam de alto risco – e o Syriza, partido eleito para fazer as mudanças, renegou o mandato popular, mesmo após reafirmado em plebiscito.

O Brasil caminha para o cadafalso por vontade própria de seu governo. Com controle sobre as políticas monetária e fiscal, seria possível alcançar soluções muito menos custosas para a sociedade. A opção escolhida, a reboque de uma grave crise política, tem gerado os mesmos efeitos que na Grécia. Porém, a situação econômica brasileira é muitas vezes superior à grega; a guinada traria mais ganhos políticos que perdas. Não há porque acelerar à beira do precipício.

A alta da Selic está arrasando as contas do Tesouro Nacional, sem maior proveito no combate à inflação. Na década de 1970, a causa era bem clara, a crise do petróleo. Hoje, é um problema estrutural, e ele vê uma solução em um horizonte de dez anos, se não houver uma drástica reforma política e administrativa. Reforma esta evidentemente não neoliberal, ou até mesmo, antineoliberal.

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