terça-feira, 29 de setembro de 2015

Reforma Agrária e estagflação: 'Teorema de Preobrazhenski' no Brasil hoje

ATUALIZADO
por Almir Cezar*

Presidenta do Brasil Dilma Roussef dirigindo uma moderna
colheitadeira. Inflação dos alimentos no "celeiro do mundo"
Um dos problemas brasileiros atuais que vem dando "dor de cabeça" é A recorrência da inflação alta, e a pressão desta nos ciclos de crescimento econômico.  O Brasil estaria na endêmica situação de recorrentes problemas no câmbio e no balanço de pagamentos e/ou inflação alta, que se intensificam quando mais cresce a economia, gerando um fortíssimo dilema. Porém, nesse momento, o país se depara com os dois atuando simultaneamente.

Esse fenômeno de estagflação (inflação e estagnação) não é tipicamente exclusivo do Brasil. É muito curioso que no momento que a economia mundial passa por deflação, o inverso ocorra não apenas no Brasil, mas nos demais BRICSs e nos países emergentes em geral, em um maior ou menor, apesar dos mesmos estarem com forte pressão de desemprego e desaceleração econômica. Por sua vez, ainda mais curioso que o Brasil, seja um celeiro do mundo e passe por um forte inflação dos alimentos.

Ao longo da História econômica são inúmeros casos registrados, particularmente sobre países considerados subdesenvolvidos, especialmente em momentos de surto de desenvolvimento. Vários estudiosos do ramo da Economia que analisa o fenômeno do desenvolvimento econômico chamam essa situação de "Teorema de Preobrazhenski". Uma homenagem ao economista marxista russo Eugene Preobrazhenski,(1886-1937), autor que primeiro descreveu esse dilema. A solução é a esse mal endêmico seria três: reforma agrária, industrialização acelerada e planejamento econômico.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Pesquisa revela que tributação sobre consumo no Brasil é excessivamente alta

A insistência do governo Dilma em repassar ao contribuinte a responsabilidade por reequilibrar as contas públicas com aumento de impostos demonstra a falta de controle, visão e experiência econômica, ancorada infelizmente na ideologia neoliberal dos cabeças da equipe econômica. Mas, para além disso, esbarra na carga tributária extremamente elevada no Brasil. Contudo, o peso dessa carga é sobre tributação de consumo e não sobre renda - contrariando padrão aplicado nos países desenvolvidos. É o que confirma pesquisa do professor de contabilidade tributária Paulo Henrique Barbosa Pêgas.

O pesquisador, professor de contabilidade tributária do Ibmec/RJ e Contador do Bndes, Paulo Henrique Barbosa Pêgas, fez um estudo onde revela que não existe uma única explicação para a carga tributária extremamente elevada no Brasil, representando mais de um terço do Produto Interno Bruto (PIB). A tributação sobre o consumo representa mais da metade da carga tributária do país, enquanto a renda responde por menos de 20%, contrariando padrão aplicado nos países desenvolvidos. A média dos países que integram a OCDE é bem diferente, sendo a renda responsável por 35% da carga tributária, com o consumo representando 32%.

A pesquisa, realizada em julho, analisou as demonstrações financeiras de 100 grandes grupos empresariais brasileiros, de diversos setores de atividade econômica, com o objetivo de compreender alguns dados sobre a tributação brasileira, notadamente sobre a renda e o consumo.  Os dados analisados foram encontrados na página eletrônica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e algumas outras em demonstrativos disponibilizados ao público pela própria empresa ou em jornais.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Equipe econômica anuncia mais arrocho para diminuir deterioração fiscal provocada pelas políticas deles mesmos

por Almir Cezar

O desastrado pacote de cortes de investimentos e aumento de impostos anunciado pela equipe econômica na segunda-feira conseguiu deixar o governo à direita de partidos conservadores.  o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. As principais críticas são aos aumentos de impostos e corte em investimentos como Minha Casa Minha Vida. Até Saúde e Educação não foram poupadas pela tesoura de Levy. 

As medidas anunciadas pela equipe econômica desagradaram a quase todos os setores. A FIESP e a FIRJAN cobraram políticas para estimular a produção e o setor empresarial. Apenas a Federação dos Bancos (FEBRABAN) e a agência de classificação de risco Moody's deram apoio incondicional.

Tudo para tentar resolver o problema e trocar o deficit por uma meta de superavit de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto). "Remédios amargos", como classificou Dilma em suas últimas declarações públicas. O plano previa um deficit - a diferença entre gastos e receitas - de R$ 30,5 bilhões. Sem ter "troco", o governo não terá o que poupar para pagar juros e diminuir a dívida pública – o avanço do gasto com juros é apontado por alguns especialistas como o principal motivo para o rebaixamento do país.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Tempo de viagens casa-trabalho-casa causa prejuízo bilionário ao país

Segundo estudo o prejuízo anual para o RJ é estimado em mais de R$ 19 bi

Via-crúcis diária do trabalhador com o transporte
gera prejuízo bilionário ao país.
O tempo do deslocamento no trajeto casa-trabalho-casa vem crescendo ano após ano nas principais áreas metropolitanas do Brasil, segundo estudo do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), divulgado na última quarta-feira. No Rio de Janeiro, considerando os deslocamentos acima de 30 minutos, mais de 2,5 milhões de trabalhadores demoram, em média, 141 minutos nessas viagens. O tempo perdido nos deslocamentos tem um impacto para a economia, a chamada produção sacrificada, superior a R$ 19 bilhões.

Na Baixada Fluminense, Japeri foi o município onde os trabalhadores registraram maior tempo de deslocamento (187 minutos) e Itaguaí, o que registrou a menor média (122 minutos). Em Duque de Caxias o tempo da viagem (149 minutos) representa, em relação ao custo, um prejuízo de R$ 1,5 milhão (6,1% do PIB metropolitano). Já em Nova Iguaçu, o impacto do tempo perdido no deslocamento (164 minutos) é de mais de R$ 700 mil e representa 7,3% do PIB metropolitano.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Brasil ruma para "tragédia grega". Mas não é do jeito que a mídia diz

O Brasil está trilhando o caminho da Grécia. A comparação não chega a ser exagerada, nem é igual a certas falas de economistas de bancos e do mercado financeiro ou de comentaristas da imprensa. Mas resultada de uma lógica diferente da deles. Ao fazer cortes em cima de cortes para equilibrar o orçamento, o que se obteve na Grécia foi o agravamento da crise, jogando a economia no fundo do poço, gerando maiores déficits fiscais e levando a relação Dívida/PIB para um patamar em que ela ficou impagável.

A grande diferença é que os gregos fizeram isso por imposição de seus “parceiros”. Sem controle da política monetária, as alternativas do país seriam de alto risco – e o Syriza, partido eleito para fazer as mudanças, renegou o mandato popular, mesmo após reafirmado em plebiscito.