quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Crises cambiais se espalham pelos países emergentes

por Almir Cezar

No momento vários países emergentes se veem às voltas com desvalorização de suas moedas em meio à crescente desconfiança dos investidores, com elas alta na inflação e ameaça de crise nas contas externas. As autoridades econômicas dos mercados emergentes foram obrigados nessa terça-feira (28/1) a emitir 'sinais concretos de determinação' a corrigir os problemas que estão fazendo as suas moedas 'derreterem'.

Ao antecipar um endurecimento da política monetária americana, os investidores repatriaram seus fundos, de forma abrupta, para os Estados Unidos, o que afetou as contas públicas e privadas de alguns países, como Brasil e Turquia. Investidores estão arredios em relação aos mercados emergentes, diante da redução dos estímulos à economia dos EUA - Bolsa de Nova York subiu 0,57%.

Com derretimento da lira, Banco Central turco 'radicalizou' e eleva os juros para 12% ao ano, e informou que manterá a política monetária apertada, até que a inflação, que ronda os 8%, ceda para níveis mais confortáveis. Por sua vez, a autoridade monetária indiana também aumentou o custo do dinheiro.

Na Argentina, depois da crise cambial instalada na semana passada, que levou a equipe de Cristina Kirchner a reduzir as restrições de compra de dólares para pessoa física para evitar uma nova mordida nas parcas reservas internacionais, foi obrigada a voltar atrás. Somente em janeiro, a moeda argentina perdeu 22,7% de seu valor, a maior desvalorização registrada em um mês, desde março de 2002, quando o país saía da pior crise de sua recente história.

Segundo o FMI e instituições financeiras, os Bancos Centrais dos emergentes devem combater urgentemente a inflação, que desanima os investidores ao enfraquecer o valor de seus ativos. Para esses, o combate se faz com elevação da taxa básica de juros e superávits/austeridades fiscais.

Já o governo brasileiro indica corte maior no Orçamento desse ano, para economizar até 2% do PIB, porém, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a Casa Civil não confirmaram ainda. O corte (de R$ 30 ou mesmo R$ 50 bilhões no Orçamento de 2014) havido sido divulgado ou sugerido por analistas do mercado financeiro. Segundo o Mantega, o corte será definido após estudos, simulações e discussões entre os técnicos.

Com derretimento da lira, BC turco radicaliza e eleva juros para 12% ao ano
Deco Bancillon | Rosana Hessel |29/01/2014 | Correio Braziliense

Alvos de desconfiança dos investidores, os mercados emergentes foram obrigados nessa terça-feira (28/1) a emitir sinais concretos de determinação a corrigir os problemas que estão fazendo as suas moedas derreterem. A medida mais drástica foi anunciada pelo Banco Central da Turquia, que aumentou a taxa básica de juros de 7,75% para 12% ao ano, surpreendo os especialistas, que apostavam em uma alta para, no máximo, 10%. O ajuste, de 4,25 pontos percentuais, superou todo o movimento de alta conduzido pelo BC brasileiro desde abril do ano passado, de 3,25 pontos.

Em comunicado após a decisão, o BC turco informou que manterá a política monetária apertada, até que a inflação, que ronda os 8% , ceda para níveis mais confortáveis. O mercado temia que a autoridade monetária fosse mais comedida, diante da resistência do primeiro-ministro do país, Tayyip Erdogan, de arrochar a economia, que dá sinais de fragilidade. Tão logo o aumento radical dos juros foi anunciado, a cotação do dólar caiu de 2,25 para 2,18 liras. Desde maio do ano passado, a divisa turca recuou 21,5%.

Fuga de capitais pressionou peso na Argentina
28/01/2014 | Monitor Mercantil

Retiradas do setor privado somam US$ 14 bi desde 2008, puxando desvalorização de 60%

A fuga de capitais do setor privado argentino, entre 2008 e o terceiro semestre de 2013, já soma cerca de US$ 14 bilhões. O dado é citado pelo sociólogo Carlos Eduardo Martins, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para analisar a desvalorização do peso argentino em relação ao dólar, que se valorizou 60% em um ano –de 5 pesos para 8 pesos.

“Essa quantia equivale, aproximadamente, ao montante de redução de reservas do governo no período. Esse setor é, portanto, o principal responsável pela pressão contra o câmbio argentino”, aponta Martins.

A avaliação vai na direção das afirmações da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que criticou as “pressões especulativas” contra as moedas dos países emergentes.

“Parece que alguns nos querem fazer comer a sopa, mas desta vez com um garfo. Quem? Sempre os mesmos. Os que ficaram com suas economias em 2001”, atacou Cristina, referindo-se aos bancos e grupos econômicos que levaram à quebra do país em 2001.

Já o economista Carlos Thadeu de Freitas, consultor econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central do Brasil (BC), disse considerar que a Argentina segurou artificialmente a cotação do dólar e os índices de inflação. E que, por isso, a economia estaria vivendo um ajuste forçado.

Freitas prevê que a situação da Argentina e a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), nesta quarta-feira, deverão acentuar a fuga de capitais nos países emergentes.

“Quem quiser sair, que pague o preço. Não faz sentido o BC intervir no mercado, pois não se pode remar contra a maré. Gastaremos divisas por pouco resultado”, previu o consultor da CNC.

Governo desmente corte de R$ 50 bilhões
28/01/2014 | Monitor Mercantil

A Casa Civil desmentiu as especulações de que o governo vai mudar o percentual do superávit primário (recursos desviados da economia para pagar juros). Segundo a Casa Civil não há definição nesse sentido nem sobre o valor do contingenciamento do Orçamento deste ano.

“A propósito de matérias divulgadas na imprensa nesta terça-feira relativas ao superávit primário do Orçamento Geral da União para o ano de 2014, informamos que não existe definição ou decisão a esse respeito e quaisquer manifestações estão desautorizadas”, afirma em nota.

Fontes não identificadas que seriam técnicos do Ministério da Fazenda disseram que o governo estaria estudando a possibilidade de o governo estabelecer o superávit em cerca de 2% do PIB. Isso implicaria corte de gastos público entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões, o que um efeito arrasador sobre o já raquítico crescimento da economia do país.

Já outras fontes, também não identificadas, apontavam um arrocho menor, de R$ 30 bilhões. Sancionado semana passada, o Orçamento da União estabelece a meta em 3,17%, equivalente a R$ 167,3 bilhões. Porém, com a economia patinando, o governo deve abater investimentos para fazer um aperto fiscal menor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário