segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Quase metade do Orçamento de 2014 vai para juros e amortizações da dívida

O governo federal prevê a destinação de apenas 3,31% do valor total do Orçamento Anual de 2014 para a Educação e 4% (R$ 100,3 bilhões) para a Saúde. Para pagamento de juros e amortizações da dívida pública, contudo, o Projeto de Lei Orçamentário Anual (PLOA), aprovado na madrugada do dia 18 de dezembro, prevê a destinação de 42% (R$ 1,003 trilhão) do total de R$ 2,48 trilhões.

Informações do grupo Auditoria da Dívida afirma que “esse valor consumido pela dívida corresponde a 10 vezes o valor previsto para a saúde, a 12 vezes o valor previsto para a educação, e a 4 vezes mais que o valor previsto para todos os servidores federais (ativos e aposentados) ou 192 vezes mais que o valor reservado para a Reforma Agrária”.

A Auditoria da Dívida assegura que “esse privilégio mostra que o endividamento é o maior problema do gasto público brasileiro, e afeta todas as áreas sociais. Diante disso e tendo em vista as inúmeras comprovações denunciadas pela CPI da Dívida realizada na Câmara dos Deputados (2009/2010), de falta de contrapartida dessa dívida, além de ilegalidades e ilegitimidades, é urgente realizar completa auditoria, conforme previsto na Constituição Federal. Conheça mais sobre o assunto no livro Auditoria Cidadã da Dívida – Experiências e Métodos”.

“Bônus” para emendas em ano eleitoral
Ainda do total da previsão de receita aprovados, os parlamentares designaram uma espécie de “plus” no valor de R$ 2 milhões para emendas parlamentares patrocinadas pelos integrantes da Comissão Mista do Orçamento (CMO), líderes partidários e presidentes de outras comissões. Informações da imprensa dão conta de que senadores e deputados federais ameaçaram não aprovar a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2014 caso o Palácio do Planalto não assumisse o compromisso de pagar esse “plus” ainda este ano para obras em seus redutos eleitorais.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fator previdenciário ‘rouba’ mais 2% da aposentadoria

por Almir Cezar
para o site da ANOTA

Uma notícia boa (o aumento da expectativa de vida do brasileiro apurado pelo IBGE) leva a uma notícia ruim: isso implica na elevação do "fator previdenciário". Esse redutor provoca perda média de 40% no valor das aposentadorias e obriga o trabalhador para ganhar o teto, tempo de trabalho extra ainda maior. O problema é que a cada ano o tempo para o teto aumenta, distanciando o trabalhador da idade para se aposentar.

A divulgação, nesta segunda-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da revisão para cima da expectativa de vida do brasileiro fará com que as pessoas que a partir de agora entrem com pedidos de aposentadoria percam, em média, 2% no valor final do benefício em relação aos pedidos feitos até o último sábado.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Como fugir de uma ceia de Natal mais cara em 2013

por Almir Cezar, de Brasília
para o site da ANOTA

A ceia deste Natal do brasileiro vai ficar mais cara, em média vai ficar 8,10% mais cara do que em 2012, segundo a pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). E ainda, o preço da ceia de Natal varia até 132%  - no interior ainda chega a ser maior, 182% apurou a Fundação Procon-SP, fenômeno que se reflete por todo o Brasil. Então as famílias precisam levar em consideração a grande variação e o forte aumento nos preços dos itens na hora de escolherem qual será o prato principal da ceia de Natal.

Os levantamentos consideraram itens que devem fazer parte das compras de Natal: arroz branco, batata inglesa, cebola, couve mineira, frutas, farinha de trigo, frango inteiro, ovo, frango especial, lombinho suíno, pernil suíno, bacalhau, azeite de oliva, óleo de soja, maionese, azeitona em conserva, azeitona em conserva a granel e vinho.

sábado, 21 de dezembro de 2013

"Natal do brasileiro em 2013 ficou mais caro. Como fazer pra ceia ficar mais em conta"

ECONOMIA É FÁCIL, com Almir Cezar

Quadro no Programa "Censura Livre" - Rádio Aliança FM 98,7 - São Gonçalo - RJ
Tema de hoje (21/12/2013): "Natal do brasileiro em 2013 ficou mais caro. Como fazer pra ceia ficar mais em conta"

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Gasto com juros em 2014 será 10 vezes maior do que com a Saúde e 12 da Educação

Gasto com juros é 10 vezes maior do que com a saúde
Rentistas levam R$ 1 tri do Orçamento, 12 vezes mais do que o destinado à educação

O valor destinado no Orçamento para 2014 ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. corresponde a dez vezes o previsto para a saúde, a 12 vezes o destinado à educação e a quatro vezes mais ao previsto para todos os servidores federais (ativos e aposentados). A comparação é do economista Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, ao analisar a Lei Orçamentária Anual (LOA) para o ano que vem, aprovada na madrugada de quarta-feira pelo Congresso Nacional.

Do total de R$ 2,4 trilhões orçado, o economista destaca que R$ 1,002 trilhão (42%) será destinado ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Ávila, que defende a realização de uma "completa auditoria da dívida, conforme previsto na Constituição", acrescenta que os gastos financeiros representam a 192 vezes mais que o valor reservado para a reforma agrária.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Dinheiro público em aeroportos recém-privatizados

Uma das justificativas para privatização não era trazer capitais privados para investimento em infraestrutura? Por que então o empréstimo de um banco público e com juros subsidiados?

Bndes aprova R$ 4,27 bi para aeroportos de Guarulhos e Brasília

A direção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) aprovou a concessão de dois empréstimos de longo prazo para os aeroportos de Guarulhos e de Brasília, totalizando R$ 4,27 bilhões. Os recursos destinam-se à ampliação, modernização e exploração da infraestrutura dos dois aeroportos e também servirão para quitar os empréstimos-ponte concedidos aos dois concessionários pelo Bndes..

Maior aeroporto do país, Guarulhos será apoiado com R$ 3,48 bilhões. Neste total, está incluído R$ 1,2 bilhão relativo ao empréstimo-ponte concedido em outubro de 2012, a ser pago quando ocorrer o primeiro desembolso para a Concessionária do Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A. (GRU Airport).

Já a Inframérica Concessionária do Aeroporto de Brasília S.A. receberá R$ 797,1 milhões. No primeiro desembolso deste financiamento será pago o empréstimo ponte de R$ 488 milhões, concedido em dezembro último.

No caso do financiamento para a ampliação, manutenção e expansão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, a participação dos recursos do Bndes será de 64% do total dos investimentos, enquanto que no projeto do Aeroporto Internacional de Brasília ela será de 61%.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

No Senado Tombini diz que BC busca meta de inflação de 4,5%

No Senado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirma que busca meta de inflação de 4,5%. Isso abre a seguinte pergunta: se é difícil ficar dentro do teto (2% para mais), que esse ano é de 6,5%, que arrocho monetário seria necessário para se atingir o centro da meta? E porque perseguir exatamente esse percentual? E não devemos nos esquecer que, se o aumento dos juros continuar, o crescimento econômico ficará ainda mais difícil.

Tombini: Banco Central busca a meta da inflação de 4,5%
Jornal do Senado | 11/12/2013

Alexandre Tombini (C) fala à CAE  ao lado de Altamir Lopes,
Carlos Araújo, Lindbergh Farias  e Delcídio do Amaral 
(Foto: Marcos Oliveira)
O presidente do Banco Central disse aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos que a instituição não está acomodada diante dos atuais índices, próximos ao teto

O Banco Central vai continuar se esforçando para fazer a inflação convergir rumo à meta anual de 4,5%, afirmou ontem o presidente Alexandre Tombini em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Tombini respondeu os questionamentos dos senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Armando Monteiro (PTB-PE) quanto a uma possível acomodação da inflação no teto da meta, de 6,5% — a variação acumulada de 12 meses, medida pelo IPCA, está em 5,77%.

Também em resposta a Dornelles e Armando, o presidente do BC negou artificialismo no controle da inflação, pelo fato de o governo segurar preços administrados, como os dos combustíveis, para compensar a alta nos chamados preços livres (sobre os quais o governo não exerce nenhum controle).

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Inflação desacelera

Inflação oficial (o IPCA) de novembro desacelera puxada pelos alimentos e bebidas, porém, habitação, transporte e despesas pessoais puxam em sentido contrário. Justamente os preços controlados e intensivo em mão de obra. O IPCA fecha em 12 meses em 5,77%, abaixo do teto da meta de inflação de 6,5%.

IPCA desacelera em novembro e registra aumento de 5,77% em 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de 0,54% em novembro, contra 0,57% no mês anterior. Em 12 meses, o IPCA acumulou variação de 5,77% e, no ano, a variação é de 4,95%. O IPCA Administrados (que engloba os preços controlados pelo governo) apontou alta de 0,48% em novembro (contra 0,14% em outubro) e variação de 0,94% em 12 meses. A leitura de novembro apontou que o grupo Alimentação e Bebidas registrou expressiva desaceleração (de 1,03% para 0,56%), com impacto de 0,14 ponto percentual sobre o IPCA (a maior dentre todos os grupos). Em sentido oposto, apontaram alta outras duas categorias de grande relevância para o indicador Habitação (de 0,56% para 0,69% e impacto de 0,10 p.p) e Transportes (de 0,17% para 0,36% e impacto de 0,07 p.p). As fontes de pressão que justificam tal movimento foram o aumento de 1,63% nas contas de energia elétrica e o incremento de 6,52% no preço das passagens aéreas, respectivamente.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de 0,54% em novembro, contra 0,57% em outubro. Em 12 meses, o IPCA acumulou variação de 5,77%.

Alimentos e bebidas: O grupo registrou expressiva perda de ritmo, ao passar de 1,03% para 0,56% entre outubro e novembro. Em 12 meses, o grupo registrou alta de 8,63%.

Habitação: O grupo apresentou aceleração entre outubro (0,56%) e novembro (0,69%), mantendo-se como uma das principais fontes de pressão inflacionária (impacto de 0,10 p.p sobre o IPCA, o segundo maior no mês). Em 12 meses, o grupo registrou alta de 3,52%.

Transportes: O grupo mostrou forte aceleração entre outubro (0,17%) e novembro (0,36%). Em 12 meses, o grupo registrou alta de 2,18%.

Despesas pessoais: O grupo acelerou na passagem de outubro (0,43%) para novembro (0,87%). Em 12 meses, o grupo registrou alta de 9,04%.

Monitor Mercantil | 06/12/2013

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Economia recua 0,5% e apresenta pior resultado desde 2009

Portal da CSP-Conlutas | 06/12/2013

 Agropecuária, Investimentos e Serviços são os setores mais afetados; números colocam em xeque imagem de Brasil distante da crise

O Produto Interno Brasileiro (PIB) apresentou queda de 0,5%, comparando o terceiro trimestre de 2013 ao segundo trimestre do ano, e apesar da possibilidade de expansão em 2,5% até o fim do trimestre corrente, este é o pior resultado para a economia do país desde 2009.

Os setores mais afetados desde o segundo trimestre são o de agropecuária e investimentos, e segundo o IBGE, o mesmo período também apresentou leve queda de “despesa de consumo da administração pública”.

A pesquisa aponta que a agropecuária foi um dos principais setores em queda, com recuo de 3,5% de julho a setembro na comparação com o trimestre anterior, e assim, o resultado reflete a instabilidade do modelo de agronegócio no país, apresentado pelas autoridades como o grande propulsor da economia, a partir das grandes safras de produtos como a soja, por exemplo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Selic volta aos 2 dígitos: explode cheque especial e contas públicas e derruba a economia

por Almir Cezar

Na quarta-feira passada  (03/12) a maior taxa de juros do mundo voltou aos 2 dígitos, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) de 9,5% para 10% ao ano. Esse aumento ainda não mexeu com o faturamento das empresas e com a taxa de desemprego, porém faz explodir os juros cheque especial e obriga as famílias a comprometerem quase metade de sua renda em dívidas, complica as contas públicas e derruba o PIB, e ainda aumenta a desindustrialização.

Esse aumento foi o sexto seguido de abril para cá, quando a taxa estava em 7,25%, no nível mais baixo desde que o Copom foi criado, em junho de 1996. Contudo, a alta de juro dos bancos é bem superior à da Selic, e já subiam antes do anúncio, informa o BC, o Copom apenas ‘sancionou’ nova rodada de aumento, para taxas de até 145% ao ano. Entre setembro e outubro, os juros do cheque especial subiram em 1,2 ponto percentual, para inacreditáveis 144,5% ao ano. As dívidas já consomem 45% da renda familiar. Entre setembro e outubro, os juros do cheque especial subiram em 1,2 ponto percentual, para inacreditáveis 144,5% ao ano. O percentual de inadimplentes no Brasil não aumenta porque o desemprego segue em baixa e a renda em alta.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Banqueiros, governo e oposição de direita conseguem no STF adiar reparo de tunga de rendimentos de planos econômicos

Como se sabe, o STF adiou a decisão sobre o caso sobre perdas no rendimento de cadernetas de poupança por causa de planos econômicos que se arrasta há, até 27 anos, para o ano que vem. É mais uma prova da força no Brasil da coalização política pró-rentismo. Em manifesto enviado às vésperas do julgamento ao Supremo Tribunal Federal (STF), todos os ex-ministros da Fazenda vivos e ex-presidentes de Banco Central, entre eles nomes emblemáticos como, FH, Pedro Malan, Zélia Cardoso de Mello, Antônio Palocci e Maílson da Nóbrega, além dos atuais ocupantes dos cargos, Guido Mantega e Alexandre Tombini, respectivamente, pediram que o STF barre o pleito de poupadores que viram suas economias expurgadas por quatro planos econômicas. 

Supremo adia conclusão do julgamento sobre perdas com planos econômicos
Agência Brasil, 27/11/2013

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na quarta-feira (27/11) que o voto dos ministros no julgamento das ações que sobre perdas no rendimento de cadernetas de poupança por causa de planos econômicos será proferido somente em fevereiro do ano que vem. Os ministros decidiram, porém, iniciar o julgamento, para que as partes envolvidas e os advogados façam a sustentação oral.

O adiamento da conclusão do julgamento partiu de um pedido do ministro Marco Aurélio, que considerou inadequado iniciar a análise do processo a poucas sessões do começo do recesso no Judiciário. A proposta foi aceita pela maioria do plenário.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Economia brasileira caiu no 3° trimestre. Faturamento também caí, mas segue em alta no ano

O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu 0,5% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior, refletindo a nova escalada de juros deflagrada pelo Banco Central a partir de abril, que vem travando a economia. O PIB totalizou 1,21 R$ trilhão no período de julho a setembro, segundo dados divulgados hoje (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB se manteve estável no primeiro trimestre deste ano e cresceu 1,8% no segundo trimestre. Na comparação com o terceiro trimestre de 2012, a economia brasileira teve crescimento de 2,2 %. O PIB cresceu 2,4 % no acumulado do ano e 2,3% no acumulado de 12 meses. Por outro lado, apesar da queda de 1,2% registrada em outubro, na comparação com setembro, o faturamento da indústria acumula crescimento de 4,6% no ano, de acordo com os Indicadores Industriais de outubro, divulgados ontem (2) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Então, enquanto o faturamento acumulado no ano seguir em alta, apesar da queda na economia, não haverá "gritaria" contra as sucessivas altas dos juros.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Marxismo e teoria da dependência, por Álvaro Bianchi

Blog Convergência | novembro 29, 2013 |por Alvaro Bianchi

A necessidade de desenvolver uma interpretação de nossa realidade torna a trajetória do marxismo latino-americano desviante. Perry Anderson (2004) analisou o deslocamento que ocorreu no marxismo europeu do pós-guerra para os temas da filosofia e da crítica literária. A necessidade de o marxismo interpretar a América Latina e, particularmente, o Brasil impediu que a pesquisa histórica, social, política e econômica sofressem o mesmo deslocamento. Pode-se, até mesmo, dizer que a filosofia e a crítica literária brasileiras foram desde cedo marcadas pela análise histórica e social, inclusive no marxismo, ou seja, que o objetivo explícito dessa filosofia e dessa crítica literária foi, senão sempre pelo menos na maioria das vezes, interpretar o Brasil.[1]

Isso é evidente naqueles autores já citados que assumiram como desafio o estudo da formaçãodo Brasil. Mas pretendo apresentar de modo mais detalhado um caso que tinha tudo para ser a realização do “marxismo ocidental” no Brasil, mas que nunca o foi: o lendário “Seminário d’O Capital”, aquele grupo de estudos sobre a obra de Marx integrado por José Arthur Giannotti, Fernando Henrique e Ruth Cardoso, Paul Singer, Fernando Novais, Octávio Ianni e outros.