quinta-feira, 3 de outubro de 2013

'A volta dos que não foram...' Megacorporações privadas voltam a liderar ranking mundial de maiores empresas

por Almir Cezar

Ranking das maiores empresas:
mudança de posição 2009-2013
A última edição da prestigiosa revista estadunidense The Economist tem uma matéria interessante sobre o desencanto do mercado financeiro com  as grandes companhias de controle estatal com o título Back on top - The world’s biggest firms  ("Volta ao topo - as maiores empresas do mundo"). A pouco mais de ano e meio a capa da mesma da revista tinha o sugestivo título da capa The rise of state capitalism - the emerging world´s new model ("A ascensão do capitalismo de estado - a emergência do novo modelo mundial"), com uma arte em que figurava líder socialista Lênin ao estilo de um magnata empresarial, inclusive portando um charuto.

Em 2009 entre as 10 maiores companhias do mundo estavam bancos chineses, uma petrolífera chinesa e a Petrobras. Hoje, 9 das 10 maiores companhias são estadunidenses, e o capitalismo de "mercado" parece ter se salvado (veja o gráfico). Em quatro anos, as megacorporações privadas, especialmente dos EUA, UE e Japão, recuperaram à posição. Com uma pequena virada na conjuntura, as empresas privadas voltaram a sua condição tradicional: de centro do centro da acumulação de capital. Dá para afirmar que foi a "volta dos que não foram..."

Contudo, primordialmente a nova matéria (e a anterior) erram em vários aspectos analíticos da conjuntura:
  1. no auge da crise (2009), as empresas privadas puras estavam em maus lençóis, portanto, suas ações estavam em queda;
  2. no momento atual, a economia não vem passando por um período de agudização da crise - segue-se uma estabilização da crise;
  3. também está em curso o programa de compra de papéis pelo FED (Federal Reserve System - banco central dos EUA) - que incluí compras até mesmo de ações de grandes companhias;
  4. no auge da crise, os rentistas fugiram das empresas privadas da UE, EUA e Japão e correram para as empresas mistas dos emergentes e dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Principais estrelas da economia mundial desde o começo da crise, os emergentes, e em especial os BRICS, perderam impulso e vários deles devem avançar mais lentamente nos próximos anos. A recessão global, a perda de vigor do comércio exterior e a acomodação dos preços das commodities, depois de anos de alta, compõem o lado cíclico. Com a mudança do cenário, diminuiu o potencial de crescimento dos países do grupo, mas isso se explica também por problemas estruturais, aplicando-se tanto a economia chinesa como a brasileira.

Capa anterior que destaca as empresas
 estatais, então liderando ranking das maiores
Por sua vez, a cada crise econômica, emerge a olhos vistos, algumas caraterísticas próprias do capitalismo. Além da própria instabilidade e capacidade à disrupção, e a tendência natural a concentração e centralização de capitais, também há a permanente dependência do Estado.

Nas crises, utiliza-se do formato conciliatório das empresas públicas e mistas, diante dos embates e rivalidades interburguesas, para facilitar a centralização de capitais. E para atuar de maneira planejada sobre a economia, numa atuação anticíclica. As grandes empresas estatais, tal como o Estado em si,  são sempre auxiliares da acumulação, e essa característica tornar-se apenas mais visível nessas circunstâncias e momentos.

É assim na China ou no Brasil, ou mesmo nos EUA - não à toa que nesse último, quando da derrocada da GM, esta foi estatizada, ou o uso da Petrobras em ajudar o mercado nacional brasileiro através de um programa de compras públicas ou garantindo ampliação de lucratividades aos acionistas e aos fornecedores.

Atualizada em 09/10/2013

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