quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Dilma diz agora que privatizações são essenciais, negando discurso eleitoral

Presidenta ‘vende’ país em seminário do Goldman Sachs

Dilma discursa para executivos de multinacionais e bancos
em seminário nos EUA (Foto: EBC)
Em discurso no seminário empresarial na 68ª Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidenta Dilma Rousseff fez o oposto do que ela e seu partido (PT) costumam fazer nas campanhas eleitorais: defender as privatizações. Para empresários estrangeiros, porém, Dilma defendeu que a privatização é “essencial” para melhorar a infra-estrutura de transportes e do setor energético.

“Para o Brasil, é essencial que haja essa maior participação (do financiamento privado). Não é possível haver uma expansão do porte de que necessitamos sem a participação de mercados de capitais e de outros instrumentos e do sistema financeiro privado”, disse, sem mencionar, porém, que a esmagadora maioria dos investimento dos concessionários privados se dá com dinheiro público subsidiado pelo BNDES.

A presidenta Dilma Rousseff destacou ontem (25), em Nova York, que o Brasil tem uma demanda reprimida por infraestrutura por causa de baixos investimentos em décadas, o que torna o setor atrativo para empresários externos. No seminário Oportunidades em Infraestrutura no Brasil para investidores estrangeiros, a presidenta destacou que o consumo interno tem sido maior do que a oferta de serviços, e por isso o governo tem feito concessões de aeroportos, ferrovias e rodovias.

"Temos números para ilustrar as boas perspectivas. Em dez anos, o PIB [Produto Interno Bruto] cresceu 40% em termos reais, o investimento, 70%, e o comércio varejista, 120%", disse Dilma. Ela reforçou a expansão da massa salarial em 65% no período e a baixa taxa de desemprego, abaixo dos 6%.

Dilma disse à plateia de empresários que o Brasil está construindo a malha ferroviária, fundamental para o escoamento da produção de minério e alimentos, com mais de um século de atraso em relação às grandes potências. Com a crise econômica mundial e a diminuição do comércio internacional, os gargalos em infraestrutura ficaram mais claros, com perda de competitividade.

"Nosso objetivo é melhorar a economia brasileira estruturalmente, contribuindo para torná-la mais competitiva e aumentar a produtividade", disse Dilma, acrescentando que o governo federal vem tomando uma série de medidas para enfrentar a crise e posicionar melhor o Brasil na economia mundial.

A presidenta ressaltou que, apenas em 2007, foi iniciado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida, de habitação popular. “Agora é necessário perceber que nosso desafio é novo, é diferente. O Brasil tem muitos gargalos, e não se dá só na infraestrutura”.

Dilma disse que a escassez de profissionais qualificados é um dos fatores que contribuem para os gargalos. Para corrigir o problema, a presidenta citou os incentivos para a formação de engenheiros e a criação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). "Criamos o Pronatec para formar 8 milhões de pessoas, mas também como saída do Bolsa Família", disse, explicando que o programa de ensino técnico também possibilitará aos beneficiários da assistência do governo a conquistar a independência.

Na área educacional, a presidenta ressaltou o compromisso em ampliar os investimentos em banda larga no país, importante para que a população tenha acesso às informações e conhecimentos que os habitantes de países desenvolvidos já dispõem. “Não queremos perder o barco como perdemos com a ferrovia. Nós não queremos perder o avião da história, ou talvez o foguete”, disse Dilma, lembrando que o uso dos recursos provenientes dos royalties darão uma grande contribuição para o sistema de educação.

Depois das duras críticas nas campanhas as privatizações, ela alegou que as concessões foram a alternativa de seu governo para suprir a demanda da infra-estrutura e enfrentar uma “falta de investimentos de décadas”. Boa parte do desinvestimento se dá, no entanto, pelas políticas de cortes de gastos públicos, inclusive do governo dela, para suprir o pagamento de juros.

Ao fazer propaganda do Programa de Investimentos em Logística, Dilma disse que privatizar rodovias, ferrovias e aeroportos é uma opção estratégica para a gestão do setor: “Há entraves imensos no Brasil para a gestão de obras e, quando (os investimentos) são feitos exclusivamente pelo setor privado, são mais ágeis, mais eficientes e de menor custo”, disse Dilma, presidenta de um país, que após as privatizações tem tarifas de energia, rodovias e telefonia mais caras do que as dos países desenvolvidos.

Não por acaso, essas afirmações foram feitas no encontro Oportunidades em Infra-estrutura no Brasil, organizado pelo banco norte-americano Goldman Sachs.

Com informações do Jornal Monitor Mercantil e Agência Brasil

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