sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Dois mitos repetidos pelo jornalismo econômico

Mitos do jornalismo econômico
Fatos & Comentários, Monitor Mercantil - 21/08/2013

Com alguma frequência, leitores interessados, mas não iniciados nas peripécias da economia, pedem explicações sobre algumas das fixações do jornalismo econômico. Uma das mais recorrentes prega, a qualquer suspeita de alta da inflação, a elevação dos juros, de preferência, para a faixa de dois dígitos. A defesa renitente do aumento da gasolina, sob o pretexto de que os preços praticados aqui estariam defasados em relação ao mercado internacional, é outra obsessão desse tipo de jornalismo.

No primeiro caso, a defesa do poder aquisitivo da população contra a escalada dos preços, que, não raro, não se realiza nos níveis supostos, é apenas um álibi para defender a alta dos juros, que, via desemprego, rebaixamento de salários e bloqueio aos investimentos, pune por outras vias os brasileiros.

Para se aceitar acriticamente tal receituário, seria preciso crer serem os juros a única forma de combater alta de preços determinada pela ação de monopólios, como os que controlam os setores de limpeza e higiene em nosso país – na sua quase totalidade em mãos de não nacionais – ou pelos especulativos mercados de futuros, que, a partir de contratos na Bolsa de Chicago, de escassa relação com a produção física, determinam os preços dos alimentos produzidos no Brasil.

No caso dos combustíveis, a defesa da Petrobras pelos mesmos lobistas que se empenharam, em passado recente, pela sua privatização e pelo seu esvaziamento, não se constrangem sequer a cometer erros grosseiros de matemática para defender um novo nível para os preços, que, pelo humor das multinacionais, seria alçado ao equivalente a US$ 2.

Para isso, se desviam do fato de que, em sua grande maioria, os combustíveis aqui vendidos são aqui produzidos, sem sofrerem qualquer influência das variações do câmbio. Este afeta apenas a pequena parte importada pela Petrobras em relação à produção nacional para suprir o vazio deixado pela ação de usineiros e distribuidoras, que, se aproveitando da ausência de estoques reguladores, vinculam a entrega do etanol aos postos ao sabor dos preços internacionais do mercado internacional.

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