sexta-feira, 5 de julho de 2013

Mais pobres pagam a conta da ineficiência do transporte


O valor das passagens de ônibus subiu em nível 65% superior ao da inflação entre 2000 e 2012, acima do custo de automóveis particulares e da gasolina. Com isso, a demanda por transporte público registrou queda de 25%, em comparação com os anos 90, gerando um círculo vicioso que favorece, novamente, o aumento das tarifas. Para a parcela de famílias que corresponde aos 10% mais pobres do país, o impacto médio do gasto com transporte público na renda domiciliar é de 13,5%, enquanto a média total, que inclui famílias de todos os níveis de renda, é de 3,4%. No primeiro semestre, o Brasil registrou recorde de vendas e de produção de automóveis novos.

Para a parcela de famílias que corresponde aos 10% mais pobres do país, o impacto médio do gasto com transporte público na renda domiciliar é de 13,5%, enquanto a média total, que inclui famílias de todos os níveis de renda, é de 3,4%. A informação consta da nota técnica Tarifação e financiamento do transporte público urbano, divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira.

Entre 2003 e 2009 esse impacto foi minimizado pelo aumento de renda verificado em todo o país. No entanto, o valor das passagens de ônibus subiu em nível 65% superior ao da inflação entre 2000 e 2012, acima do custo de automóveis particulares e da gasolina. Com isso, a demanda por transporte público registrou queda de 25%, em comparação com os anos 90, gerando um círculo vicioso que favorece, novamente, o aumento das tarifas.

“O congestionamento urbano também acaba aumentando em 20% os custos do transporte público e, consequentemente, o preço da tarifa. E quanto mais aumenta o preço menos é usado, gerando, então, nova necessidade de se aumentar o preço. Para piorar, o aumento do custo não vem acompanhado de uma melhora da qualidade, o que também desestimula seu uso”, argumenta o pesquisador do Ipea Carlos Henrique Ribeiro.

Segundo ele, o aumento da renda das famílias também pode ser considerado negativo para o transporte público, uma vez que ele veio associado a mais investimentos em transportes privados e, consequentemente, em maiores congestionamentos urbanos. - É um círculo vicioso - conclui o pesquisador, que aponta o oligopólio do setor como outro fator que influencia o aumento das tarifas acima do índice de inflação.

Ele explica que, em regra geral, o custo do transporte é 100% coberto pelas tarifas cobradas dos usuários, diferentemente do que ocorre em outros países. Com isso, a conta acaba sendo paga exclusivamente pelas camadas mais pobres da população, principais usuários do sistema de transporte público. - Isso resulta também em imobilidade, já que, entre os 10% mais pobres da população, 30% das famílias não gastam absolutamente nada com transporte público - argumentou Ribeiro.

Já o economista Erivelton Pires Guedes, também do Ipea afirma que, “no modelo atual, tanto faz para o empresário se o custo é elevado, pois ele será repassado para os passageiros. O sistema é duplamente perverso, pois a gratuidade para o idoso é custeada pelo pobre e o empresário não é estimulado a ser competitivo”. 

Para contribuir com horizontes que estimulem o uso e a qualidade do transporte público, a pesquisa sugere a cobrança de tributos sobre usuários e proprietários de automóveis, sobre o setor produtivo (por serem beneficiados a partir do deslocamento de seus funcionários ao trabalho) e pelos proprietários de imóveis e comércios valorizados pela proximidade com estruturas de transporte público.

- No caso dos usuários de automóveis, sugerimos uma maior taxação de combustíveis, de vias sujeitas a congestionamentos e de estacionamentos. Aos proprietários, tributos incidentes sobre a comercialização e propriedade desses veículos. Nesse caso, há que se ter certo cuidado porque a indústria do automóvel responde por 20% do PIB nacional. Não seria interessante, portanto, sobrecarregar na aquisição, e, sim, focar nas alternativas relacionadas ao uso intensivo do automóvel - disse o pesquisador do Ipea.

País bate novo recorde de produção e venda de autos

O Brasil registrou recorde de vendas e de produção de automóveis novos, entre veículos leves, caminhões e ônibus, no primeiro semestre, informou nesta quinta-feira a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), segundo informações da Agência Brasil.

A comercialização no mês de junho também foi recorde. “Foram vendidos 318,6 mil veículos novos, o segundo melhor junho de toda a história do setor automotivo”, destacou o presidente da associação, Luiz Maon Yakibu Junior.

No acumulado dos seis primeiros meses de 2013, 1,8 milhão de automóveis foram vendidos. O recorde anterior havia sido registrado em 2011, quando o setor licenciou 1,73 milhão de veículos. Já a produção de veículos no primeiro semestre deste ano totalizou 1,85 milhão de unidades, número que supera o recorde de 2011, quando o país produziu 1,737 milhão. 

Com informações: Agência Brasil

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