domingo, 16 de junho de 2013

Falência do transporte: tarifas 2,2 vezes maior que a inflação e pior avaliação desde 1987

Infográfico: Folha de São Paulo (16/03/2013)
No país, ao menos dez grandes cidades já tiveram protestos de rua ou embates por causa do aumento das tarifas neste ano. Tarifa de ônibus subiu 2,2 vezes acima do IPCA, se fosse corrigida pela inflação do real, passagem de ônibus em São Paulo custaria R$2,16. Alto preço e péssima qualidade, a avaliação do transporte público de SP é a pior desde 87, diz Datafolha,  e os ônibus são o meio de transporte com pior avaliação - recebe 54% de ruim ou péssimo, apesar de ser o meio utilizado com maior frequência na cidade.

As manifestações, partidas de lideranças estudantis, mas que ganharam força espontaneamente pelas redes sociais, porém, duramente reprimido pela PM, não são apenas para impedir o reajuste das passagens de ônibus. Denunciam também a promiscuidade entre o poder público e as empresas, que são financiadoras de campanhas políticas, e também mostrar que o passe livre não é uma utopia, pois o transporte é obrigação do Estado e não um direito de poucos.

Nos países desenvolvidos, o transporte público é subsidiado e, no Brasil, a Lei da Mobilidade Urbana já prevê subsídios para o setor.  Por sua vez, em Goiânia e em Porto Alegre, em meio aos protestos e questionamentos, a Justiça acabou determinando que as tarifas voltassem ao valor pré-reajuste.

Desde o Plano Real, em julho de 1994, os preços dos transportes têm sido reajustados acima da média da inflação. Entre 1994 e 2013, a inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) totaliza 332%. Já o reajuste das passagens no mesmo período atinge 742%. Quando o Real foi implantada a passagem de ônibus em São Paulo custava R$ 0,50 e hoje estaria em R$ 2,16, se fosse reajustada pelo IPCA, e não R$ 3,20, valor em vigor este mês.

De acordo com a São Paulo Transporte (SPTrans) – empresa municipal responsável pelo setor – os paulistanos gastaram em 2012 R$ 4,51 bilhões com as tarifas de ônibus municipais, valor superior ao PIB de cidades médias do Interior do estado, como Araçatuba ou Marília. Já o subsídio oferecido às empresas chegou a R$ 1,250 bilhão ano passado. Em 2012, foram desembolsados R$ 953 milhões pela Prefeitura da capital paulista.


Pesquisa Datafolha: avaliação do transporte público de SP é a pior desde 87
A série de protestos contra o aumento da tarifa ocorre no momento de maior insatisfação com o transporte público na cidade de São Paulo já captada pelo Datafolha desde a primeira pesquisa realizada pelo instituto sobre o serviço, em 1987. Foram feitas 15 rodadas de pesquisa desde então.

A pesquisa ouviu 815 pessoas, com 16 anos ou mais, anteontem. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.

O sistema de transporte, que inclui ônibus, metrô e trem, é considerado ruim ou péssimo por 55% das pessoas, ante 42% da última pesquisa, de setembro de 2011.

No levantamento atual, 15% disseram que o sistema é ótimo ou bom e 29%, regular.

Antes da pesquisa, o mais alto índice de reprovação era de 51%, registrado em 2007.

Pessoas com idade entre 25 e 34 anos (64% de ruim ou péssimo) e com ensino superior (63%) são as mais críticas.

O ônibus é o meio com pior avaliação - recebe 54% de ruim ou péssimo. Ele é também o meio de transporte utilizado com maior frequência na cidade de São Paulo: 73% das pessoas ouvidas.

Apenas 16% dos entrevistados avaliam o sistema de ônibus como ótimo ou bom. Ele é regular para 27%. A avaliação mais favorável aos coletivos, com 27% de ótimo ou bom, é dada pelas pessoas com 60 anos ou mais, faixa etária que não paga tarifa.

Mesmo o trem, sistema parcialmente paralisado por uma greve anteontem, é apontado como uma alternativa melhor. Recebeu 40% de ruim ou péssimo, 23% de regular e 15% de ótimo ou bom.

É do metrô a melhor avaliação: 32% de ótimo ou bom e 34% de ruim ou péssimo.

Com  informações: 
Monitor Mercantil e Folha de São Paulo

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