sábado, 29 de junho de 2013

Jornalismo econômico e mídia

No mês junho o Jornal dos Economistas, periódico de responsabilidade do Conselho Regional dos Economistas do Rio de Janeiro lançou edição com um bloco temático especial sobre "jornalismo econômico e mídia", com artigos de Paulo Henrique Amorim, Andre Modenesi, Gisa Rodrigues, Nilton Viana e Pedro Silva Barros e entrevista com Vito Giannotti, que versam sobre a qualidade do jornalismo econômico e a estrutura do setor de mídia.

Na abertura do bloco temático, um ácido artigo de Paulo Henrique  Amorim desnuda a baixa qualidade do jornalismo de economia praticado no Brasil pela grande imprensa, numa visão de quem já foi comentarista de economia da TV Globo e outros veículos. 

Vito Giannotti, um especialista em comunicação alternativa com mais de 25 livros publicados, é o entrevistado da edição. Ele afirma que o jornalismo econômico cumpre um papel na criação do pensamento único neoliberal e que a mídia no Brasil é extremamente concentrada nas mãos de  poucas famílias pertencentes à classe dominante.

Na sequência, artigo de Andre Modenesi, professor do IE/UFRJ, aponta que a relação entre os juros e a inflação, apresentada pelos meios de comunicação como uma lei incontestável da Economia, se dá por intermédio de uma longa cadeia de eventos que a torna muito precária.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A União tem os R$ 115 bi para atender os manifestantes em saúde, educação e mobilidade

Recursos adicionais até 2020 existem, bastam vir dos juros, superávit e desonerações

Mobilizações exigem  mais saúde, educação e transporte 
por Almir Cezar

A grande mídia, em seu habitual fiscalismo, ataca que para atender às demandas dos manifestantes por todo o país serão usados em projetos nas áreas de saúde, educação e mobilidade urbana, a União gastaria em recursos a enorme quantia de R$ 115 bilhões até 2020. Ao apresentar esses números, o jornal Valor Econômico na verdade, tendenciosamente, questiona da onde a União retiraria esses recursos para cobrir esses valores, e se adotado afetaria o "rigor orçamentário".

Contudo, tomados como verdadeiros esse montante, ao analisarmos o orçamento da União, verifica-se que apenas em 2013 há recursos suficientes para arcar com esses despesas adicionais. Tanto no pagamento dos juros da dívida pública, que neste ano consumirá mais 8 vezes desse valor estimado pelo Valor Econômico. Como no superávit primário, que o governo programa poupar a mais do previsto no orçamento geral da União para juros, de 93% do montante de gastos adicionais na saúde, educação e mobilidade para os próximos 6 anos. Por sua vez, apenas nos últimos cinco meses, as desonerações liberadas pela equipe econômica, mesmo com baixo resultado em aquecer a economia, somam R$ 9,134 bilhões, quase três vezes mais que o orçamento liberado para o ano todo com o desenvolvimento agrário (R$ 3,5 bi).

A grande mídia, em detrimento do povo das ruas, que justamente a denuncia e rechaça, fica ao lado de seus financiadores e anunciantes - banqueiros, megaempresários e multinacionais -, que se beneficiam com os juros e desonerações, que rivalizam com os gastos adicionais em saúde, educação e mobilidade urbana que o povo exige.

O Petróleo garante os 10% do PIB para a educação?

Portanto, mesmo com valores superestimados, verifica-se que somente em 2019 haverá o aporte de recursos em valor maior que 0,4% do PIB para a educação. Ou seja: nos próximos 7 anos, a educação receberá valores irrisórios, o que não condiz com a voz das ruas, que pedem a melhoria imediata desta importante área social.

As verdadeiras discussões que deveriam estar sendo feitas não estão no PL: (a) para onde vai a maior parte da riqueza do petróleo (para as petroleiras transnacionais); e (b) para onde vai a maior parte do orçamento federal: o pagamento da questionável dívida pública, que consome, por ano, 17% do PIB, ou seja, mais que o triplo do necessário para elevar de 5% para 10% do PIB o investimento em educação.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Na contramão: Povo quer mais gastos públicos, Dilma propõe aperto fiscal em pacto

por Almir Cezar

Para as principais reivindicações que brotam das ruas serem implementadas é preciso forte aumento dos gastos públicos.  A presidenta Dilma acena em sua proposta de "pacto nacional" anunciada nos últimos dias com o aumento de recursos públicos para o setor de transportes – ainda que sem citar qualquer fonte de financiamento. Contudo, ao mesmo tempo, Dilma apontou o compromisso com o aperto fiscal como o primeiro ponto do pacto que propôs ao país.

Por sua vez, apenas nos últimos cinco meses, as desonerações liberadas pela equipe econômica somam R$ 9,134 bilhões, quase três vezes mais que o orçamento com reforma agrária (R$ 3,5 bi) para o ano todo. Desse total, 48,5% (R$ 4,43 bilhões) têm origem na redução de encargos sobre a folha de pagamento, que já é quase duas vezes maior do que a renúncia fiscal oriunda da Cide (R$ 2,23 bilhões), imposto criado para financiar transporte público e a manutenção de rodovias.

Apesar disso, segundo o próprio Banco Central, a economia só deve crescer 2,7% esse ano. De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o PIB, a economia brasileira cresceu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao último trimestre de 2012. Na comparação com o primeiro trimestre de 2012, o PIB brasileiro teve crescimento de 1,9%. No acumulado dos 12 meses, a economia apresentou um crescimento de 1,2%.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Mesa Redonda "A Voz das Ruas"

O CEMARX convida para a mesa redonda "A voz das ruas". O evento que o Cemarx -  organizou para debater as manifestações que estão ocorrendo no Brasil nas últimas semanas.

Mesa Redonda: "A Voz das Ruas"
Data: 26/06/2013
Local do evento: Auditório II - IFCH/Unicamp
Horário: 19h30

Com:
Ligia Carrasco - (Assembleia Nacional de Estudantes - Livre/ ANEL)

Octávio Del Passo - (Levante Popular da Juventude)

Marcelo Ridenti - (Professor do Departamento de Sociologia da Unicamp)

Armando Boito Jr.  - (Professor do Departamento de Ciência Política da Unicamp)


Organização: Centro de Estudos Marxistas (Cemarx)
Apoio: Secretaria de Eventos do IFCH

terça-feira, 25 de junho de 2013

As manifestações de massa e o aparecimento público do fascismo

por Carlos Serrano Ferreira

Há um só amplo consenso político sobre as manifestações que se espalharam por todo o Brasil: elas pegaram de surpresa todos os campos políticos. Outra análise que, se não é consensual é majoritária, aponta – com valorações distintas, sejam positivas ou negativas – para o divórcio crescente entre a institucionalidade democrática burguesa e as massas brasileiras, que se materializam na rejeição ao sistema partidário. Para além disso, essas manifestações demonstraram a existência, até então desconhecida, de um campo fascista bastante organizado em nível nacional.

Desde o início do primeiro governo Lula foram se definindo com clareza quatro campos políticos. Do lado burguês colocavam-se dois campos e do lado popular outros dois. É claro que os limites entre os campos variaram ao longo do tempo.

Como primeiro campo da classe dominante está a direita clássica, organizada em torno à oposição de direita ao governo (PSDB, DEM e outros) e tendo como órgãos oficiais a Veja, a Rede Globo e a Rede Bandeirantes (entre outros), de cunho abertamente neoliberal e conservador.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Theotonio dos Santos fala sobre integração na América Latina

Em entrevista, Theotonio dos Santos avalia os processos de integração na América Latina, fala sobre a relação com a China e alerta para a ameaça da Aliança do Pacífico

Agencia Latinoamericana de Información - ALAI (17/06/2013)
Osvaldo León,

No ato de abertura do VIII Fórum da Associação Mundial de Economia Política, no final de maio deste ano, o cientista social brasileiro Theotonio dos Santos foi homenageado com o Prêmio Economista Marxista 2013, que esta entidade outorga desde o ano de 2011, como reconhecimento de sua extensa produção intelectual, que tem como um dos eixos a “Teoria da Dependência”, tendo em vista que participou na sustentação inicial dela.

Formado em economia, sociologia e ciência política, este professor emérito, da Universidade Federal Fluminense e coordenador da Cátedra e Rede UNESCO-ONU de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (Reggen), participou da Conferência da União de Nações Sul-Americanas sobre “Recursos Naturais para um Desenvolvimento Integral da Região”, realizada entre 27 e 30 de maio, que ocorreu em Caracas, Venezuela, onde aconteceu a entrevista que se segue.

A entrevista é de Osvaldo León, publicada pela Agencia Latinoamericana de Información e traduzida pelo Cepat.

(Osvaldo León) Nos últimos dias do mês de março, você esteve na China, atendendo aos convites da Academia Chinesa de Ciências Sociais, e na de Xangai. O que você pode nos dizer sobre as expectativas desse país em relação à América Latina?

(Theotonio dos Santos) A China tem um interesse muito grande pela América Latina porque é uma fonte de matérias-primas, o que para ela é fundamental. Nos anos 1990, também buscaram estabelecer acordos de cooperação tecnológica, especialmente com o Brasil. Entre 1994 e 1995, finalmente se concretizou um na questão espacial, mas o Brasil não cumpriu grande parte do acordo. A China neste campo conseguiu um desenvolvimento colossal, enquanto que o Brasil não conseguiu enviar nenhum foguete ao espaço. Então, esta cooperação não avançou muito. Agora, eles pensam muito na América Latina para chegarem a acordos regionais e já propuseram uma reunião regional...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Nós. Quem somos 'nós'. Quem são 'os outros' ?

por Rodrigo Souza

Este é um título de um ensaio de Immanuel Wallerstein. E é um bom mote para convidar os amigos e amigas a refletir sobre o momento histórico expresso nas manifestações pelo Brasil.

Perpassando nossa leitura das manifestações, passamos por caminhos do cômico, do estimulante e do preocupante. Às vezes misturado.

Vem em primeiro a indagação quanto ao que se pode conseguir no curto prazo. Mas a atenção verdadeira deve ser com os efeitos no médio e longo.

No curto, teremos: - alguns recuos nos aumentos de passagem. Mais importante, pressões contra as mancomunações das empresas com os políticos, em prol de mecanismos mais transparentes de regulação e operação do transporte coletivo. Quiça se isto estimular melhor qualidade para aumentar o uso coletivo.
- Maiores dificuldades para o congresso aprovar a PEC 37 e a “Cura Gay”, ou mesmo derrubá-las. Não se sabe o efeito sobre o Estatuto do Salazarismo ( com o truque de chamá-lo “do Nascituro”).
- Pressão efetiva para que fique mais difícil postergar ou driblar maiores investimentos percentuais na saúde e educação.
- Não há nada claro sobre algum efeito quanto a corrupção. Coisas como “não gosto dos corruptos” não quer dizer nada. Não vemos pressões efetivas para tratar dos mecanismos de financiamento de campanha, presença de lobbistas ou o sistema de emendas parlamentares orçamentárias. No máximo, maior constrangimento de alguns dos maestros da corrupção, afora algo que tantos esquecem: os corruptores.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Tarifa zero é possível

 A chave para um transporte público, gratuito e de boa qualidade 
são as planilhas de custos e o orçamento público
por Almir Cezar 

Assustado com os protestos, prefeito de São Paulo Fernando Haddad, anunciou suspender reajuste no preço das passagens, porém, ainda mantém o discurso fiscalista, e insiste em que o aumento do subsídio às tarifas de transporte urbano deveria compensado. Contudo, essa Prefeitura destina R$ 3 bi/ano a gasto financeiro, esse gasto com juro é 60% do passe livre. 

Porém, o problema do preço da passagem não está no baixo subsídio, mas em reajustes acima da inflação, mantendo ou ampliando a margem de lucro dos empresários rodoviários. No Rio passagem corrigida pelos custos, custaria R$ 2, e não R$ 2,75 tanto pela inflação, como pela qualidade do serviço. 

Por sua vez, gastos de R$ 7 bilhões com estádios seriam suficiente para executar projetos de 1,4 mil km de ferrovias, e apenas a diferença entre o orçamento inicial das arenas e a despesa final, daria para ampliar enormemente a rede de metrô nessas cidades.

Portanto, um transporte público, gratuito e de boa qualidade é possível

Haddad e Alckimin voltam atrás
A pressão sobre o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin aumentou depois que governos de várias cidades do país reduziram os preços das passagens. Várias cidades já haviam anunciado a redução de norte a sul do país: Blumenau (SC), João Pessoa (PB), Foz do Iguaçu e Curitiba (PR), Recife (PE), Cuiabá (MT), Porto Alegre e Pelotas (RS).

Apesar de revogar o aumento no valor na passagem, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad,com o discurso fiscalista, ainda alega que os usuários paulistanos arcam com 70% dos custos do sistema, sendo o restante dividido entre poder público (20%) e empresários (10%), e portanto seria compensado ou com aumento nos impostos ou redução dos gastos em outros serviços públicos.

O apartidarismo é um discurso vazio e faz coro com o discurso da direita. Trabalhadores, uni-vos!

texto enviado por Liliane Cirino, de Uberlândia

O apartidarismo é um discurso vazio e faz coro com o discurso da direita na política, já que a direita não precisa colocar sua bandeira no movimento, pois eles já estão no poder e no governo. O próprio Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu o apartidarismo numa entrevista na imprensa quando falava dos atuais movimentos contra o aumento do passe de ônibus coletivo. 

Temos que reavivar nossa história e lembrar que durante a Ditadura Militar no Brasil os partidos políticos de esquerda foram proibidos de se manifestar nas ruas. Proibidos de manifestar suas opiniões em público, de levar suas bandeiras, foram torturados, perseguidos, demitidos, desaparecidos, exilados e o unipartidarismo foi colocado em prática com os militares e seu partido, já que, aqueles que proibiam a manifestação dos partidos de esquerda tinham partido (ARENA). 

Naquele período de Ditadura Militar, todos que lutavam contra esse mal maior (Ditadura) faziam coro de pluripartidarismo e pelas “Diretas Já”, pois isso representava a democracia naquele momento. O apartidarismo esconde um discurso fascista. O mesmo discurso que vigora com o Feliciano ao aprovar a “cura gay”.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

“ 'Novo' sindicalismo no Brasil – histórico de uma desconstrução”, uma análise necessária nesse novo momento do Brasil

Em meio a onda de mobilizações que varre o Brasil, em que os manifestantes até mesmo criticam os velhos aparatos organizativos da classe trabalhadora, é preciso analisar cientificamente como ocorreu a degeneração desses importantes instrumentos das últimas 3 décadas, como a CUT, UNE, MST, a partir de como era sua dinâmica interna. Assim, é pertinente o lançamento  do livro Novo sindicalismo no Brasil – histórico de uma desconstrução”, de Teones Pimenta de França (editora Cortez), que busca através da análise, essencialmente, sobre as visões de algumas correntes internas à CUT nos anos 1988-2000 (Articulação, Cut Pela Base/ASS, Corrente Sindical Classista e Convergência/MTS) desconstruir a propalada crise do sindicalismo que surgiu em fins da década de setenta do século passado se autointitulando como “novo”. 

Assim, procura-se observar como esse sindicalismo transmuta-se de uma postura crítica ao capital e ao Estado em seu nascedouro para uma postura conformada diante de ambos a partir da chegada ao Brasil das recentes transformações na produção, após Collor, e da sua gradativa institucionalização à ordem vigente. Nesse retorno ao nosso passado recente conseguimos verificar a formação de certas propostas políticas que serão colocadas em prática pelo Executivo brasileiro nos últimos dez anos de governo petista.

Seguem abaixo a orelha e apresentação do livro escritas, respectivamente, pelos professores Marcelo Badaró e Ricardo Antunes.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Anarquismo x Comunismo, pelo economista bolchevique E. Preobrazhenski

Lênin x Bakunin: intelectuais centrais do Comunismo
e do Anarquismo.  Lênin, líder dos bolcheviques, um movi-
mento marxista russo. Bakunin, intelectual contemporâneo
de Marx e Engels, referência dos anarquistas russos.
Estamos em um momento histórico no Brasil e no mundo que é preciso tomar posição ideológica - o neoliberalismo se desmorona, as massas populares rompem com a socialdemocracia, o Socialismo se torna vislumbrável. Porém, nos vemos numa "encruzilhada" de correntes alternativas aos programas políticos da burguesia e da social-democracia, os Comunistas e os Anarquistas.

O discurso “apartidário” minoritário, mas frequente pelas recentes marchas pelas cidades brasileiras, tem ajudado os setores ligados ao anarquismo a se fortalecer em algumas mobilizações. Infelizmente esse novo anarquismo não tem relação com a honrada tradição anarquista do  fim do século XIX e início do XX. O novo anarquismo é burocrático e autoritário no trato com as entidades e organizações partidárias da classe trabalhadora. Nas passeatas e atos, em vez do enfrentamento com a polícia, alguns setores anarquistas preferem o enfrentamento com os ativistas que carregam bandeiras de partidos. Não raros são os casos de aliança desses setores com a direita “apartidária, não apenas nas marchas, mas também no cotidiano político nas entidades estudantis e sindicais.

Sugerimos aos companheiros leitores do blog um livro (infelizmente em espanhol), gratuito na internet, escrita pelo economista bolchevique Evgene Preobrazhenski, Anarquismo e Comunismo,  escrito em 1921 bem no calor dos enfrentamentos entre os comunistas e anarquistas pelo comando e rumos da Revolução Russa.  Em meio as polêmicas surgidas em torno à Revolta de Kronstadt, o livro polemiza com o movimento anarquista sobre transição ao socialismo.

domingo, 16 de junho de 2013

Falência do transporte: tarifas 2,2 vezes maior que a inflação e pior avaliação desde 1987

Infográfico: Folha de São Paulo (16/03/2013)
No país, ao menos dez grandes cidades já tiveram protestos de rua ou embates por causa do aumento das tarifas neste ano. Tarifa de ônibus subiu 2,2 vezes acima do IPCA, se fosse corrigida pela inflação do real, passagem de ônibus em São Paulo custaria R$2,16. Alto preço e péssima qualidade, a avaliação do transporte público de SP é a pior desde 87, diz Datafolha,  e os ônibus são o meio de transporte com pior avaliação - recebe 54% de ruim ou péssimo, apesar de ser o meio utilizado com maior frequência na cidade.

As manifestações, partidas de lideranças estudantis, mas que ganharam força espontaneamente pelas redes sociais, porém, duramente reprimido pela PM, não são apenas para impedir o reajuste das passagens de ônibus. Denunciam também a promiscuidade entre o poder público e as empresas, que são financiadoras de campanhas políticas, e também mostrar que o passe livre não é uma utopia, pois o transporte é obrigação do Estado e não um direito de poucos.

Nos países desenvolvidos, o transporte público é subsidiado e, no Brasil, a Lei da Mobilidade Urbana já prevê subsídios para o setor.  Por sua vez, em Goiânia e em Porto Alegre, em meio aos protestos e questionamentos, a Justiça acabou determinando que as tarifas voltassem ao valor pré-reajuste.

Desde o Plano Real, em julho de 1994, os preços dos transportes têm sido reajustados acima da média da inflação. Entre 1994 e 2013, a inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) totaliza 332%. Já o reajuste das passagens no mesmo período atinge 742%. Quando o Real foi implantada a passagem de ônibus em São Paulo custava R$ 0,50 e hoje estaria em R$ 2,16, se fosse reajustada pelo IPCA, e não R$ 3,20, valor em vigor este mês.

De acordo com a São Paulo Transporte (SPTrans) – empresa municipal responsável pelo setor – os paulistanos gastaram em 2012 R$ 4,51 bilhões com as tarifas de ônibus municipais, valor superior ao PIB de cidades médias do Interior do estado, como Araçatuba ou Marília. Já o subsídio oferecido às empresas chegou a R$ 1,250 bilhão ano passado. Em 2012, foram desembolsados R$ 953 milhões pela Prefeitura da capital paulista.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Alckmin e Haddad aumentam ataques e trabalhadores respondem com greves e manifestações

Nota da CSP-Conlutas/SP: Alckmin e Haddad aumentam ataques e trabalhadores respondem com greves e manifestações

Nota da CSP-Conlutas/SP: 

Alckmin e Haddad aumentam ataques e trabalhadores respondem com greves e manifestações

Nesta quinta-feira (13) a cidade de São Paulo deverá ser agitada novamente pelas manifestações populares e greves de trabalhadores de um lado e a polícia de outro. A política do governo Alckmin é de reprimir com violência as manifestações e a imprensa divulga imagens com manipulação das informações, afirmando que a cidade está sendo destruída [...]

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Aumento na passagem de ônibus: lucros dos empresários acima da inflação e repressão às manifestações

por Almir Cezar *

Gráfico 1: Evolução das tarifas de metrô e ônibus em SP
desde 1994 em comparação a inflação (índice IPCA).
Uma onda de protestos contra o aumento das passagens de ônibus colocou em xeque as tarifas no Brasil: aumentos e a repressão acontecem porque o central é a necessidade de preservar os altos lucros das empresas de ônibus, e é isso possível porque os empresários são poderosos junto aos políticos e governos.

Há algumas semanas a Justiça diante de manifestações concedeu uma liminar que revogou o reajuste na cidade em Porto Alegre. Agora, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia anunciaram aumentos em suas passagens de transporte público.  No Rio de Janeiro, a tarifa subiu de R$ 2,75 para R$ 2,95. Mas o epicentro do momento é a cidade de São Paulo. O preço das tarifas de ônibus e metrô de São Paulo chegaram ao patamar de R$ 3,20 neste mês de junho, mas segundo as autoridades "abaixo da inflação".

Em meio às manifestações populares e o temor do impacto na inflação, o governo federal isentou as empresas de transporte público de dois tributos, o PIS e o Cofins, com objetivo de facilitar a queda dos preços das passagens. Os impostos zerados levaram Manaus, Campinas e Londrina a baixar a tarifa, mas algumas prefeituras ainda aumentaram o valor das passagens, como Rio e São Paulo. O Ministério Público apresentou proposta de suspender por 45 dias o reajuste, prontamente descartada pelo governador paulista Geraldo Alckmin, que prefere defender a ação da Polícia Militar de SP e criticar os manifestantes.

Por sua vez, segundo a prefeitura, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse. Porém, ao longo dos anos, os reajustes nem sempre seguiram a inflação acumulada, o que gerou um “falso” valor da tarifa do transporte.

Apesar do argumento da prefeitura há uma grande discrepância entre os aumentos das tarifas em São Paulo, de acordo com a variação do índice IPCA da inflação (veja o gráfico 1).  Com uma inflação acumulada em 332%, a tarifa de ônibus deveria custar R$ 2,16 e do metrô, R$ 2,59, enquanto que os salários da maior parte da população não acompanharam a inflação.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Cátedra do IPEA lança livro sobre desenvolvimento e dependência

A Cátedra de Estudos do Desenvolvimento Brasileiro "Ruy Mauro Marini" do IPEA-Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, coordenada pelo prof. Niemeyer Almeida Filho, da Universidade Federal de Uberlândia e presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política, lançou o livro que reúne vários autores que tratam sobre Desenvolvimento e dependência, a partir da contribuição teórica de Ruy Mauro Marini e seus aportes a análise da dependência capitalista do Brasil.

O livro está disponível gratuitamente no Portal do IPEA (clique aqui para baixar)

Cada capítulo refere-se a um texto:

terça-feira, 11 de junho de 2013

Por que o PIBinho?

Os fatores responsáveis pelo PIBinho

Do Le Monde Diplomatique
por Luís Brasilino, Igor Ojeda
Nos dois anos de mandato da “mãe do PAC”, o Brasil cresceu, em média, 1,8%. Para especialistas, são vários os “vilões”, entre eles, a baixa taxa de investimento e a desaceleração autoinduzida do início do governo Dilma. Mas o provável é que essa tendência se reverta
"Quero um ‘PIBão’ grandão”, disse a presidente Dilma Rousseff em 20 de dezembro quando perguntada o que gostaria de presente de Natal. Ela se referia a 2013, já que as previsões de crescimento da economia brasileira para 2012, de 1% em relação ao ano anterior, não eram nada animadoras.
De fato, em 1º de março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou o “PIBinho” de 2012: 0,9%, o mais baixo desde a crise econômica internacional deflagrada em setembro de 2008. Considerando o crescimento de 2,7% de 2011, os dois primeiros anos do mandato Dilma alcançaram a média de 1,8%, o pior resultado para a primeira metade de uma gestão desde Fernando Collor.
Números bastante tímidos para o governo da “mãe do PAC”, ou seja, a ministra escolhida por Luiz Inácio Lula da Silva para ser a principal responsável por impulsionar o crescimento econômico do país a partir de sua segunda gestão. Como explicar um avanço do PIB tão baixo nos dois últimos anos depois de uma alta de 7,5% em 2010, mesmo levando-se em conta que naquele ano o desempenho da economia partiu de uma base bastante rebaixada por causa da retração de 2009?

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Economistas reduzem novamente previsão de alta do PIB em 2013, diz BC

Economistas reduzem novamente previsão de alta do PIB em 2013, diz BC

 10/06/2013 - Folha de São Paulo
Economistas de instituições financeiras reduziram pela quarta vez consecutiva suas projeções para o crescimento da economia em 2013, ao mesmo tempo em que elevaram as estimativas para alta da taxa básica do juro, mostrou o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (10).

A pesquisa, publicada semanalmente, reúne previsões de cerca de cem instituições financeiras do país.

Analistas, que na semana passada previam um crescimento de, em média, 2,77% para a economia este ano, agora esperam que o PIB (Produto Interno Bruto) avance 2,53% em 2013. Para 2014, a previsão também caiu: a expectativa de crescimento agora é de 3,20% ante projeção de alta de 3,40%.

O Focus também revelou que economistas agora esperam uma alta maior da taxa básica do juro -- a Selic-- tanto em 2013 quanto em 2014. A projeção para o juro básico saiu de 8,50% ao ano na semana passada para 8,75% ao ano em ambos os períodos.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Até o FMI admite que errou no socorro à Grécia

Nos últimos meses vários analistas da velha lógica burguesa já admitiam, aquilo que economistas das escolas críticas na época apontavam. Mas agora o próprio o Fundo Monetário Internacional (FMI) admite "falhas notáveis" no plano de resgate da Grécia promovido pela instituição em conjunto com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE), a chamada Troica, que superou 100 bilhões de euros. Em documento divulgado na quarta-feira (04/06), o Fundo reconhece que "a confiança dos mercados não foi restabelecida, o sistema bancário perdeu 30% dos seus depósitos e a economia teve uma recessão mais profunda que a esperada, com desemprego excepcionalmente alto". A instituição reconheceu que a reestruturação da dívida deveria ter ocorrido antes.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O desenvolvimento "subdesenvolvido": Envelhecer é muito duro na China, revela pesquisa

O desenvolvimento "subdesenvolvido" da China e as contradições da via chinesa.

Envelhecer é muito duro na China, revela pesquisa

Por Tom Orlik | The Wall Street Journal, de Pequim

Os idosos da China são pobres, doentes e deprimidos em um número alarmante, segundo o primeiro estudo em grande escala feito com pessoas de mais de 60 anos no país. Isso é um desafio imenso para Pequim e umas das maiores vulnerabilidades de longo prazo da economia chinesa.

A pesquisa sobre as condições de vida dos 185 milhões de idosos chineses mostra um quadro desolador, que desafia o esforço do governo para construir o que chama de "sociedade harmoniosa", dedicada ao bem-estar humano em vez de somente ao crescimento econômico. Da geração que construiu o boom econômico da China, 22,9% (42,4 milhões de pessoas) vivem na pobreza, com renda de menos de 3.200 yuans por ano (US$ 522).

O medo de ficar velho e pobre, o que leva muitos chineses a economizar seus ganhos, também vai contra outra prioridade de Pequim de reequilibrar a economia para um consumo mais forte.


A pesquisa, feita por acadêmicos chineses e estrangeiros, incluiu 17.708 indivíduos em 28 das 31 províncias da China, e foi parcialmente financiada pelo governo chinês por meio de uma fundação científica. Sem deixar de cuidadosamente dar crédito ao governo pelo progresso na expansão da cobertura de benefícios médicos e de aposentadoria, o estudo também mostrou que deficiências físicas e doenças mentais são comuns no país. Dos entrevistados, 38,1% relataram dificuldades para exercer atividades diárias e 40% apresentaram sintomas fortes de depressão.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Crescimento, inflação, mercado de trabalho e negociações coletivas no Brasil, segundo o Dieese

Autor: Flauzino Antunes

Estive no dia 28/5, na 8ª Jornada Nacional de Debates do DIEESE na sede do CONDSEF (Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais), e a explanação de conjuntura tinha quatro eixos principais (crescimento, inflação, mercado de trabalho e negociações coletivas), das quais irei resumidamente repassar aos colegas, a seguir:

Crescimento Econômico
A análise conjuntural identificou como promissoras as atitudes do Governo Federal, na busca pelo crescimento econômico, as desonerações de impostos em alguns setores da economia e também da folha de pagamento, pois resultaria no aumento do folego financeiro dos setores abrangidos, e no momento posterior seria revertido no aumento dos investimentos e consequentemente no aumentando a produção.

Indicando também, uma grande participação da União em investimentos, seja de forma direta ou de empresas estatais, e dos Municípios e Estados através dos repasses federais. Partindo de 2003, praticamente dobrando no ano de 2012.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Boom de crescimento da América Latina chega ao fim

Boom de crescimento da América Latina chega ao fim

Por PAULO WINTERSTEIN, de São Paulo, e DARCY CROWE, de Bogotá

image
Armazém de placas de cobre do Grupo México,
em Sonora, no México.

Bloomberg News



O boom de commodities que durou mais de dez anos na América Latina, reforçando o crescimento da região e tirando milhões de pessoas da pobreza, está dando sinais de enfraquecimento, à medida que a demanda da China desacelera, golpeando economias em todo o continente.

A prova mais recente de uma desaceleração regional veio na quarta-feira, quando o governo brasileiro informou que sua economia cresceu apenas 1,9% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior, muito abaixo das estimativas de crescimento de 2,4%. Em comparação com o trimestre anterior, o PIB do país registrou um crescimento modesto de 0,6%, levando o governo a baixar sua previsão do crescimento para este ano, de 3,5% para um percentual não especificado.

"É evidente que não vamos conseguir um impulso do comércio por um bom tempo e que o boom das commodities já passou", disse André Perfeito, economista-chefe da corretora paulista Gradual Investimentos.