quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Seis capitais concentram um quarto da riqueza brasileira

Mais dados de concentração espacial da riqueza no Brasil. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que capitais perderam PIB (Produto Interno Bruto) e municípios menores ganham renda,  porém, seis capitais concentram um quarto da riqueza brasileira. E concentrar riqueza não significa dispor de qualidade de vida, pois os municípios campeões de renda per capita apresentam baixo IDH (índice de desenvolvimento humano).

Seis capitais concentram um quarto da riqueza brasileira
Agência Brasil - 12/12/2012

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro está concentrado em poucas cidades. Seis capitais são responsáveis por 24,9% de tudo o que o país produz em riquezas. São Paulo detém 11,8% do PIB nacional, seguido por: Rio de Janeiro (5%), Brasília (4%), Curitiba (1,4%), Belo Horizonte (1,4%) e Manaus (1,3%).

Os dados fazem parte da pesquisa Produto Interno Bruto dos Municípios 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada hoje (12). Somadas, as riquezas dessas seis cidades, que abrigam 13,7% da população, correspondem a um quarto da geração de renda nacional.

Em todo o Brasil, com 5.565 municípios, metade de toda a renda nacional é produzida por apenas 54 municípios. A outra metade do PIB é dividido entre os demais 5.511 município.

De forma geral, as capitais concentram especialmente atividades do setor de serviços, como bancos, financeiras, comércio e administração pública, exceto o caso de Manaus, onde existe uma participação maior do setor industrial, por causa da Zona Franca.

Fora as capitais, 11 municípios se destacam na participação do PIB, todos com equilíbrio entre serviços e indústria, agregando 8,6% da renda do país: Guarulhos (SP), com 1%; Campinas, 1%; Osasco, 1%; São Bernardo do Campo (SP), 0,9%; Betim (MG), 0,8%; Barueri (SP), 0,7%; Santos (SP), 0,7%; Duque de Caxias (RJ), 0,7%; Campos dos Goytacazes (RJ), 0,7%; São José dos Campos (SP), 0,6%; e Jundiaí (SP), 0,5%.

A concentração de renda é um fenômeno presente em todo o país, com maior ou menor grau. Na Região Norte, com 449 municípios, 50% da renda é produzida por apenas seis municípios. No Nordeste, o fenômeno da concentração também é evidente, com 21 dos 1.794 municípios responsáveis por agregar metade da renda regional.

No Sudeste, 50% da renda é produzida por apenas 15 dos 1.668 municípios. No Sul, com 1.188 municípios, 27 deles respondem por 50% da renda. No Centro-Oeste, com 466 municípios, somente Brasília responde por 42,8% do PIB.

------------------------------------------------------------------------------------------

Municípios campeões de renda per capita apresentam baixo IDH
12/12/2012 

Os municípios que apresentam as maiores rendas per capita do país aparecem mal colocados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A situação paradoxal é explicada porque a renda per capita é resultado matemático simples da receita do município dividida pela população, sem levar em conta a distribuição dessa renda nem estatísticas sociais, como saúde ou educação.

O campeão da renda per capita é São Francisco do Conde (BA), com 33.172 habitantes e R$ 296.885,00 de renda per capita, mas que amarga a 2.743ª posição na lista do IDH dos municípios brasileiros. Os dados aparecem na pesquisa Produto Interno Bruto dos Municípios 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A distorção acontece porque o município, com IDH de 0,714, tem uma população pequena, mas abriga uma das maiores refinarias do país. Em segundo lugar, na lista do IBGE, está Porto Real (RJ), com 16.574 habitantes e uma renda per capita de R$ 290.834,00. O IDH do município, que possui uma grande montadora de automóveis, é de 0,743, ocupando o 2.082º lugar no país.

Em terceiro lugar, o município de Louveira (SP) abriga centros de distribuição de grandes empresas, o que elevou o PIB per capita para 239.951,00. São 37.153 mil habitantes, que usufruem um IDH de 0,80, o que os colocam na 565ª posição no país.

Em quarto, está o município de Confins (MG), com renda per capita de R$ 239.774,00 e IDH de 0,773, no 1.233º lugar, beneficiado pelas operações do aeroporto da cidade, que recebe a maior parte dos voos no estado. A cidade tem 5.943 habitantes. Na quinta posição, aparece Triunfo (RS), que abriga um polo petroquímico, com PIB per capita de R$ 223.848,00 e IDH de 0,788, em 869º lugar. O município tem 25.811 habitantes.

Entre as capitais, a maior renda per capita está em Vitória, com R$ 76.722,00, à frente de Brasília, com R$ 58.489,00. A boa posição da capital capixaba se explica pela baixa população, de um pouco mais de 325 mil habitantes, terceira menor do Brasil, e pelo Porto de Tubarão, por onde escoa boa parte do minério de ferro exportado pelo país.

No ranking do IDH, Vitória está com 0,856, em 18º lugar. O Índice de Desenvolvimento Humano é organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Os dados mais recentes têm como referência o Censo 2000. O organismo promete atualizar o índice utilizando dados do Censo 2010 no início do próximo ano.
__________________________________________________________________________

Capitais perdem PIB e municípios menores ganham renda, aponta IBGE
12/12/2012 

Nos últimos dez anos, as capitais brasileiras vêm perdendo participação no total da economia do país, ao mesmo tempo em que municípios menores apresentam ganhos de renda. A informação faz parte da pesquisa Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento é referente ao ano de 2010, quando o PIB cresceu 7,5% em relação ao ano anterior, tendo alcançado um valor de R$ 3,770 trilhões. Foram analisados todos os 5.565 municípios do país. A pesquisadora do IBGE Sheila Zani, responsável pela pesquisa, disse que existe um movimento de mudança na produção de riquezas, que é lento e se faz notar em um período maior de tempo.

"Este ano de 2010 foi quando as capitais geraram menos renda. Quando a gente põe a série de 1999 até agora, as capitais geravam 38,7%. Este número vem caindo e em 2010 chegou a 34%. Quando se separa o valor gerado nas capitais entre indústria e serviço, nota-se que a queda é maior na indústria. Isso é conseqüência dos incentivos fiscais, que levam as empresas a sair das capitais, e das commodities, tanto as agrícolas quanto as minerais, que não estão nas capitais."

No sentido oposto, estão os pequenos municípios, que nos últimos dez anos aumentaram o volume de riqueza, em comparação ao PIB nacional. Eles se concentram nas regiões Norte e Nordeste, principalmente no Piauí, Tocantins, na Paraíba e no Rio Grande do Norte.

"Em 2010, juntando 24%, teria 1% do PIB. Em 1999, para ter 1% do PIB, precisava de 25% dos municípios. De lá para cá, esses municípios ficaram mais gordinhos, eu preciso de menos municípios para ter 1% do PIB. Os pequenos estão ficando maiores um pouquinho, deixando de ser tão pequenos, seja pelos programas de transferência de renda do governo, seja pelos incentivos fiscais, seja até pela influência das commodities de um município grande que acaba afetando um município vizinho."

Zani salientou que o país ainda é muito dependente dos produtos primários de exportação, principalmente minerais e agrícolas, o que pode levar a um distorção entre diferentes municípios. "O que mostramos é o quanto a economia brasileira estava dependendo dos preços das commodities. Em 2010, o preço do minério de ferro estava muito alto, até mais do que o petróleo. Então, esses municípios [com produção mineral] tiveram muita participação na geração do PIB do país por conta do preço do minério de ferro."

Se para o minério de ferro, o mercado estava promissor, o mesmo não aconteceu com a soja. "A economia brasileira é focada no preço das commodities, para o bem ou para o mal. Por exemplo, 2010 não foi um ano bom para a soja, o preço estava muito baixo. Municípios que são grandes produtores de soja perderam participação por conta exatamente dos preços. Aí influencia municípios que não são produtores, mas que têm na soja o insumo da cadeia de produção."

Por outro lado, municípios que apostaram na produção de cana-de-açúcar, café e frutas foram bem-sucedidos. "A variação do preço da cana-de-açúcar cresceu 10,8%. O café cresceu 20% em quantidade e 13% em preço. Em Minas Gerais ele é bianual, e 2010 foi ano de colheita. O do Espírito Santo colhe quase todo ano. O preço da laranja estava muito bom. Os municípios plantadores dessas culturas tiveram um ganho muito grande", explicou.

De acordo com a pesquisadora, os baixos preços de soja colocaram Petrolina, município pernambucano situado às margens do Rio São Francisco e grande produtor de fruticultura irrigada, em situação especial no crescimento de renda. "O município foi o maior produtor de uva, manga e goiaba em 2010, com preço bem alto. Por isso, Petrolina foi o segundo lugar com maior valor adicionado da agropecuária no país, que antes era um posto ocupado pelos produtores de soja."

Nenhum comentário:

Postar um comentário