terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nova classe média? Dados sobre moradia e saneamento questionam esse conceito

E agora Neri?
Fatos E Comentários | Jornal Monitor Mercantil |18/10/2012

Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, colocam um poderoso desafio para os criadores da "nova classe média" ("NCM") brasileira. Segundo o IBGE, 27 milhões de moradias do país, 47,5% do total, são consideradas inadequados. Por inadequado, entenda-se lugares nos quais pessoas vivem sem abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário, coleta de lixo e com mais de duas pessoas por dormitório. São 105 milhões nessas condições, mesmo número dos integrantes da "NCM", que tem no novo presidente do Ipea, Marcelo Neri, um dos seus inventores.

Realidade paralela
A discrepância entre os dois números é explicável pelas condições para o ingresso na "NCM". Pelos elásticos critérios de Neri, basta ter renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019. Os dados coletados pelo IBGE apontam, porém, para realidade bem diversa. Segundo a PNAD, nos domicílios considerados adequados, o rendimento médio era de R$ 3.403,57,

11,6 vezes mais o piso da "NCM" de Neri e 3,3 vezes superior ao teto. Mesmo nas residências inadequadas, a renda per capita, de R$ 732,27, é 2,5 vez maior do que o piso da "NCM". Os números do IBGE indicam que, em lugar da "NCM", os 105 milhões de brasileiros que vivem nessas condições pertencem ao SAECL (Sem água, esgoto e coleta de lixo).

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