segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Com aprofundamento da crise na Europa, aumenta o déficit das contas externas brasileiras

Almir Cezar
As contas externas brasileiras, segundo dados do Banco Central, tiveram saldo negativo em setembro de 2012, seguindo a tendência de cada vez mais com valores maiores ao longo do ano, muito provavelmente em decorrência do agravamento da crise na Europa, embora sendo por hora compensadas pelo crescimento do IED (investimento estrangeiro direto). Em uma óbvia consequência da capitalismo dependente brasileiro.

O déficit em transações correntes, saldo negativo das compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior, chegou a US$ 2,596 bilhões, em setembro (16% maior do que o mesmo mês do ano passado), e acumulou US$ 34,123 bilhões nos nove meses do anos. A conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) apresentou resultado negativo de US$ 1,823 bilhão, no mês passado, e de US$ 22,506 bilhões, de janeiro a setembro deste ano, correspondendo a mais de 65% do déficit em transações correntes. Ao se acompanhar atentamente o fluxo de capitais do país nos últimos meses observa-se que, com o aprofundamento da crise na Europa, a maior pressão sobre remessas de lucros e dividendos do Brasil tem origem em filiais de empresas daquele continente (em particular, as espanholas).

Até o momento, o déficit é compensado pelo fluxo de IED (investimento estrangeiro direto), mais do que suficiente para cobrir o saldo negativo em transações correntes, que em setembro, esses investimentos ficaram em US$ 4,393 bilhões. Provavelmente, o grande fluxo de IED vem à aquisição de empresas brasileiras por transnacionais e à implantação de novas filiais, atraídas pelas taxa de retorno (lucro) maiores que o Brasil proporciona no momento. Porém, em um futuro, estas remeterão lucros, dividendos e royalties  - vale lembrar que, só em 2011, apenas as montadoras de automóveis remeteram US$5,6 bilhões -, contribuindo tanto para futuros déficits, como para mais desnacionalização da economia, isto é, mais dependência. Em suma, ganhos aos empresários brasileiros e europeus, prejuízos aos trabalhadores.


Contas externas têm saldo negativo de US$ 2,59 bilhões em setembro
Agência Brasil | 23/10/2012 

O déficit em transações correntes, saldo negativo das compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior, chegou a US$ 2,596 bilhões, em setembro, e acumulou US$ 34,123 bilhões nos nove meses do anos. Os dados foram divulgados hoje pelo Banco Central. Nos mesmos períodos do ano passado, o resultado negativo ficou em US$ 2,234 bilhões e US$ 36,675 bilhões, respectivamente.

Um dos itens da conta-corrente é a balança de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros e outros), que registrou déficit de US$ 3,459 bilhões, em setembro, e de US$ 29,46 bilhões, nos nove meses do ano.

A conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) apresentou resultado negativo de US$ 1,823 bilhão, no mês passado, e de US$ 22,506 bilhões, de janeiro a setembro deste ano.

A balança comercial, formada por exportações e importações, registrou saldo positivo e ficou em US$ 2,556 bilhões. Nos nove meses do ano, o superávit comercial chegou a US$ 15,724 bilhões.

As transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) tiveram ingresso líquido de US$130 milhões, em setembro, e US$ 2,119 bilhões, nos nove meses de 2012.

Os dados do BC também mostram que o investimento estrangeiro direto (IED), que vai para o setor produtivo da economia, foi mais do que suficiente para cobrir o saldo negativo em transações correntes. Em setembro, esses investimentos ficaram em US$ 4,393 bilhões. De janeiro até o mês passado, o IED somou US$ 47,576 bilhões.

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