sábado, 1 de setembro de 2012

Modelo baseado só no consumo está esgotado. Cultura rentista trava investimento industrial

PIB avança só 0,5% no 2º semestre e põe em xeque o crescimento via crédito Segundo o IBGE, o PIB cresceu 0,5% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período de 2011, para R$ 1,1 trilhão.
 Para FGV, se trata mais de "indisposição" do que de incapacidade para investir.  O recuo da indústria no segundo trimestre é fruto da baixa taxa de investimento, ligada a uma cultura rentista do empresariado. Nesse período, a atividade industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recuou 2,5%, sobre o mesmo período de 2011.

Modelo baseado só no consumo está esgotado
Monitor Mercantil, 31/08/2012 

PIB avança só 0,5% no 2º semestre e põe em xeque o crescimento via crédito Segundo o IBGE, o PIB cresceu 0,5% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período de 2011, para R$ 1,1 trilhão. Na comparação com o primeiro trimestre, a alta ficou em 0,4%. No primeiro semestre, o PIB brasileiro acumula avanço de apenas 0,6%, sobre os seis primeiros meses de 2011. Nos últimos quatro trimestres, o crescimento alcançou 1,2%. "O resultado não surpreende e confirma o esgotamento do modelo baseado no consumo e no crédito", criticou o economista Roberto Messenberg, do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), em entrevista exclusiva ao MM. 

Do ponto de vista da oferta, em relação ao segundo trimestre de 2011, a agropecuária cresceu 1,7%, devido ao desempenho de produtos da lavoura, como milho (27,0%), café (4,9%) e algodão (4,9%). A indústria, porém, voltou a registrar taxa negativa (-2,4%), com queda de 5,3% da indústria de transformação - com destaque negativo para os resultados setoriais de materiais eletrônicos e equipamentos de comunicações; veículos automotores; artigos do vestuário e calçados; produtos farmacêuticos; e máquinas e materiais elétricos. A indústria extrativa também registrou queda (-1,8%). O valor adicionado dos serviços assinalou alta de 1,5% na mesma comparação, impulsionada pelas atividades de administração, saúde e educação pública (3,3%), serviços de informação (2,6%), intermediação financeira e seguros (1,8%), serviços imobiliários e aluguel (1,4%), outros serviços (1,0%) e comércio (0,2%). 

Pela ótica da demanda, na comparação com o mesmo período de 2011, o consumo das famílias apresentou crescimento de 2,4%, impulsionado pelo aumento da massa salarial e aumento do crédito. A formação bruta de capital fixo amargou queda de 3,7%, puxada pela queda da produção interna de máquinas e equipamentos. O consumo do governo, por sua vez, cresceu 3,1% sobre o mesmo período de 2011. Ao comentar o resultado do PIB, o ministro da Fazenda, Guido Mantega (foto), disse que a crise internacional retarda a recuperação da economia brasileira.


Cultura rentista trava investimento industrial
Monitor Mercantil, 31/08/2012 

Para FGV, se trata mais de "indisposição" do que de incapacidade para investir

O recuo da indústria no segundo trimestre é fruto da baixa taxa de investimento, ligada a uma cultura rentista do empresariado, avaliou o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rogério Sobreira. Nesse período, a atividade industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recuou 2,5%, sobre o mesmo período de 2011.

Sobre o primeiro trimestre deste ano, a queda ficou em 2,5%. Na mesma comparação, a extrativa mineral perdeu 2,3% e, a construção civil, 0,7%. A única área com variação positiva, 1,6%, foi a de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana.

"Quebrar essa natureza rentista é necessário. Até mesmo uma baixa capacidade de endividamento preocupa menos do que a baixa disposição para investir, por parte do empresário. Uma vez que (o governo) segue a cartilha de medidas e sinaliza que você tem uma perspectiva melhor de crescimento, o outro lado tem de fazer a sua parte. E não se trata tanto de uma incapacidade, mas mais de uma indisposição", disse Sobreira, segundo a Agência Brasil.

Para o gerente de Desenvolvimento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mercês, o baixo crescimento não surpreendeu o setor. O desempenho era esperado, refletindo os resultados de queda na produção industrial dos últimos meses e a baixa confiança demonstrada pelos empresários - fenômeno que se refletiu na redução do ritmo de contratações.

"O que tem sustentado o PIB é o consumo da administração pública e das famílias, mas a indústria tem sentido a baixa competitividade em relação aos produtos estrangeiros, com o aumento das importações. Não tem tido estímulos (à produção) para atender a estes estímulos ao consumo, que é a política adotada pelo governo", disse Mercês.

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