sábado, 16 de junho de 2012

Pacote anticrise pagaria 8 anos de transição para economia limpa, diz economista


CLAUDIA ANTUNES | www.Folha.com.br | 13/06/2012


DO RIO - Os US$ 16 trilhões que foram gastos nos pacotes de estímulo para conter a crise financeira iniciada em 2007 nos países ricos seriam suficientes para financiar mais de oito anos da transição tecnológica necessária para se alcançar o desenvolvimento sustentável.

O cálculo foi feito durante a pré-conferência Rio+20, que começou nesta quarta no Riocentro (zona oeste do Rio), pelo economista Manuel Montes, assessor de finanças e desenvolvimento do Centro Sul, organização não-governamental baseada na Suíça.

Em 2011, Montes foi o principal responsável pelo relatório "A Grande Transformação Tecnológica Verde", encomendado e divulgado pelo Ecosoc, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.


O relatório calculou que, para que os países em desenvolvimento cheguem a um modelo sustentável -que concilie o avanço econômico e social com a preservação do ambiente--, seria necessário um investimento adicional de US$ 1,9 trilhão por ano até 2050.
O valor seria usado, por exemplo, na construção de fábricas menos poluentes e sobretudo no desenvolvimento e aplicação de fontes energéticas limpas, em substituição ao carvão e à lenha, ainda amplamente usados em países pobres.

Montes fez o cálculo da relação entre o US$ 1,9 trilhão e o dinheiro gasto nos pacotes de estímulo -80% do qual foi destinado ao salvamento dos bancos- para afirmar que é possível que os países ricos contribuam com a atualização tecnológica do mundo em desenvolvimento.

A questão dos "meios de implementação" de metas de desenvolvimento sustentável é uma das principais razões dos impasses na negociação sobre o documento final da Rio+20.

Amparando-se na crise econômica que enfrentaram nos últimos quatro anos, Estados Unidos e Europa querem voltar atrás em compromissos de contribuição que aceitaram há exatos 20 anos, durante a Eco-92. Do outro lado, o G77, que reúne mais de 130 países em desenvolvimento, insiste em que os ricos devem contribuir mais, devido ao passivo ambiental e social criado em sua trajetória para os padrões de consumo atuais.

Nas negociações sobre o documento final - que estão sendo feitas em cinco grupos de trabalho -, os EUA insistem em "apagar" praticamente todas as referências ao princípio das "responsabilidades comuns, mas diferenciadas", que evoca justamente esse passivo.

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