quinta-feira, 17 de maio de 2012

Para indústria, crescimento zero já seria lucro. Além de juro baixo tem de elevar gastos públicos

Para a indústria, crescimento zero já seria lucro. Segundo Fiesp, para ficar estagnado, o setor teria de crescer 0,6% ao mês. Além de juro baixo tem de elevar gastos públicos. Para Carlos Lessa,, ex-presidente do BNDES e professor da UFRJ, o PAC trata de "necessidades passadas" e defende volta do planejamento.Para ele, "as tentativas tardias" de baixar os juros "não são convincentes", por não serem acompanhadas de investimentos públicos consistentes.

Para a indústria, crescimento zero já seria lucro
Monitor Mercantil, 15/05/2012
Segundo Fiesp, para ficar estagnado, o setor teria de crescer 0,6% ao mês
A indústria de transformação do Estado de São Paulo deve fechar no vermelho este ano. A previsão é da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que reviu para baixo sua projeção anterior de que o setor ficasse estagnado.
"Para a indústria fechar conforme a nossa previsão - em zero - ela precisaria crescer 0,6% ao mês daqui até o fim do ano. Isso é quase uma missão impossível", disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Walter Sacca.


Em abril, o desemprego na indústria paulista cresceu 3,65% na comparação com o mesmo mês do ano passado, com o fechamento de 85 mil vagas. Sobre março, a piora ficou em 1,14% (com ajuste sazonal). Sem o ajuste, o desemprego caiu 0,55%, com criação de 14 mil vagas.
No acumulado do ano, o nível de emprego ainda está positivo, com saldo de 18 mil novos postos, 0,69% a mais que no primeiro quadrimestre de 2011.
Apesar da previsão pessimista para a indústria, Sacca ressaltou a mudança do cenário nas últimas semanas. "O câmbio pode não ser o ideal, mas já melhorou bastante. O juro pode não ser o ideal, mas já está bem melhor. Falta ainda outro ponto do tripé que a gente tem reclamado, que é a diminuição do "custo Brasil", que seria o complemento para ajudar na competitividade", ressalvou o diretor do Depecom.
Segundo ele, porém, as medidas adotadas pelo governo para reduzir juros e estimular a atividade só deverão ter reflexo maior na economia no início de 2013. 
 
Além de juro baixo tem de elevar gastos públicos
Monitor Mercantil, 15/05/2012
Para Lessa, PAC trata de "necessidades passadas" e defende volta do planejamento
Impressionado com o que classifica como "caráter reflexivo" e vulnerável da economia brasileira em relação ao sistema financeiro internacional, o economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, chamou a atenção para a debilidade da dinâmica interna da economia nacional.
Para ele, "as tentativas tardias" de baixar os juros "não são convincentes", por não serem acompanhadas de investimentos públicos consistentes: "As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) respondem a necessidades passadas, não definem novas frentes de expansão", destaca Lessa, para quem o planejamento em setores como energia e transporte é insuficiente.
Ele também vê indefinições na área financeira quanto à indexação da economia e à política cambial: "Internamente, não existe nenhum modelo sendo perseguido e, do ponto de vista externo, nosso sistema financeiro e a bolsa de valores seguem atrelados ao cenário externo", diz o economista, para quem a economia doméstica se tornou "câmara de ressonância do capital cigano".
As afirmações dele foram feitas num dia em que a Bovespa sofreu perdas de 2,25%, superiores à da maioria dos principais mercados globais, em nova rodada especulativa sobre o futuro da Europa com o repúdio dos gregos ao aprofundamento das medidas recessivas exigidas pela Alemanha.

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