segunda-feira, 12 de março de 2012

Sobre o ajuste fiscal e o pacote à indústria: Cortar gastos desestimula os investimentos

Cortar gastos desestimula os investimentos. Quem vai pagar a conta do pacote de "bondades" à indústria? As desonerações fiscais e redução das obrigações trabalhistas e previdenciárias são na verdade dois tiros no pé. As empresas não contratarão mais porque as obrigações trabalhistas são mais precárias, elas só investe em ampliação da produção quando vê perspectiva de aumento da demanda. F em ampliar seu lucro, reduzindo seus gastos sociais.


Cortar gastos desestimula os investimentos
Monitor Mercantil, 09/03/2012

"Cortar gastos, baixar juros e, aí sim, esperar o investimento privado é como o cachorro correndo atrás do próprio rabo, pois no curto prazo gera perdas na arrecadação." A advertência foi feita pela economista Beatriz Davis, do BNDES, ao comentar a proposta do professor da Escola de Economia da FGV-SP Emerson Marçal, segundo a qual, para o Brasil crescer a taxas maiores e de maneira sustentável, seria preciso que o PIB tivesse, sistematicamente, um desempenho superior à inflação, "fato que não ocorre há anos." 

Beatriz alertou, ainda, que cortar gastos gera perdas na arrecadação no curto prazo. Já Marçal insiste na tese de que os serviços continuam sendo os vilões da inflação, o que deixaria a inflação, no acumulado do ano, desconfortável".

Segundo Marçal, a valorização cambial teria relativa influência na alta dos preços de serviços, mas a demanda estaria indo mais para este segmento que para os bens comercializáveis: "A inflação na indústria é bem pequena, entre 3% e 4%. Já a dos serviços supera 5%. Mexer nas contas públicas e baixar juros ajudaria a enfrentar o problema, pois o câmbio se depreciaria, deslocando a demanda para a indústria", recomenda. 

Para Beatriz, o que leva o setor privado a investir é a expectativa de demanda. "Não existe o ciclo virtuoso de investir por investir. O Estado tem que sinalizar ao setor privado que haverá demanda."

Quem vai pagar?
Monitor Mercantil, 09/03/2012


A qualquer reivindicação que beneficie a classe média ou os mais pobres do país, integrantes das sucessivas equipes econômicas recorrem ao mantra de que todo gasto sem previsão orçamentária precisa ser acompanhado de compensação equivalente de aumento de receita ou corte de despesa em outra área. Agora, no entanto, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia pretender ampliar a redução da contribuição previdenciária para outros setores da economia nenhum defensor das contas públicas explicou ao contribuinte como será compensada essa nova renúncia fiscal.

Dois tiros no pé 
A redução da contribuição previdenciária dos empregadores embute um grave risco e uma ilusão. O primeiro se revela na nova investida sobre os cofres da Previdência Social, quando se esta se vir obrigada a arcar com aposentadorias sem as correspondentes contribuições. A ilusão é crer que empresas vão contratar mais porque as condições de trabalho são mais precárias. Como sabe qualquer proprietário de botequim, o dono do negócio só investe em ampliação da produção quando vê perspectiva de aumento da demanda. Fora disso, como pessoa física, agradece por ter um governo que se preocupa em ampliar seu lucro, reduzindo seus gastos sociais. E, como empresário, contribui para a redução geral do já reprimido mercado de consumo brasileiro.

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