segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A hegemonia do capital financeiro

A hegemonia do capital financeiro


Jornal Opinião Socialista - Edição nº 430 24/08 a 06/09 de 2011



• Alguns setores da esquerda separam a burguesia entre um setor “produtivo”, progressista, e outro “especulativo”, parasitário. Trata-se de uma ideologia a serviço da colaboração de classes. O capital financeiro é a fusão do capital bancário e industrial. É o setor hegemônico no capitalismo. Por isso, não estamos perante uma crise puramente “financeira” (entendido como bancária). É uma crise do capitalismo tal qual se manifesta nos dias de hoje, parasitário e cada vez mais destruidor.


Febre especulativa
Existem relações estreitas entre essa montanha especulativa (o capital fictício) e a economia real. Uma boa parte das grandes empresas são hoje propriedades de fundos financeiros. Por outro lado, essas mesmas empresas têm departamentos financeiros extremamente ativos na especulação com derivativos.

A resultante dessa ampliação do setor financeiro foi, contraditoriamente, um reforço da tendência à queda nas taxas de lucro. Passou a existir uma nuvem de capitais disputando a única fonte real criadora de valor, ou seja, a mais-valia extraída dos operários. A fonte alimentadora dessa montanha especulativa continua sendo a economia real, a exploração dos trabalhadores. A ampliação do setor financeiro se viabiliza com a imposição, cada vez maior, da superexploração dos trabalhadores para recompor a taxa de lucros. O outro lado da febre especulativa atual é o rebaixamento salarial do proletariado mundial, próximo ao nível chinês.

Além disso, uma das grandes jogadas do Capital para ampliar artificialmente a demanda foi a extensão massiva do crédito. O endividamento das famílias, hoje, nos Estados Unidos é de 180% de sua renda, e de 80% em outros países imperialistas. Essas dívidas são transformadas em títulos que logo são lançados no mercado, sendo mais um instrumento de especulação. Tudo vai bem até que a bolha comece a se desinflar, como parte de uma recessão, como no caso do mercado imobiliário norte-americano.

Dívidas dos Estados
Por último, a hegemonia do capital financeiro levou também à ampliação (a limites antes desconhecidos) do caráter rentista dos Estados. As dívidas públicas foram descritas por Marx como uma alavanca da acumulação primitiva. A utilização sistemática e ampliada dessa dívida levou a níveis brutais esse caráter parasitário e improdutivo do capital.

Não se pode encarar, portanto, o capital financeiro como um “setor mau” da burguesia. Trata-se do verdadeiro caráter do capitalismo nessa fase de globalização, afetando diretamente o dia a dia dos trabalhadores, o funcionamento dos Estados e o conjunto da economia real.

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