quinta-feira, 30 de junho de 2011

Europa à beira do abismo, burguesia empurra as perdas aos trabalhadores

Burguesia européia empurra as perdas aos trabalhadores. À beira do abismo, Grécia dá um passo à frente. Contra 80% dos gregos, ruas de Atenas virando campo de batalha, parlamento aprova novo pacote e aumenta instabilidade do país ao optar por mais aperto fiscal.

À beira do abismo, Grécia dá um passo à frente
Monitor Mercantil, 29/06/2011


Pesquisas indicam que entre 70% e 80% da população são contra o pacote do governo. Os sindicatos informam que, com as demissões no setor público, a taxa de desemprego já ultrapassou os 16%.

Mesmo assim, o Parlamento grego aprovou o pacote de medidas de arrocho fiscal proposto pelo governo, uma contrapartida exigida pelo FMI e pela União Européia (UE) para liberar a última parcela (12 bilhões de euros) de um empréstimo de 110 bilhões de euros ao país. Entre as medidas estão cortes orçamentários, aumento de impostos e privatizações.

Segundo a economista Leda Paulani, da Universidade de São Paulo (USP), a aprovação do novo pacote vai aprofundar a instabilidade da crise grega. Ela observa ainda que a base do sistema mundial financeirizado é justamente a instabilidade, que deve aumentar com as medidas de restrição à economia.

"Há uma base cada vez mais sólida de interesses materiais que sustenta esse modelo, baseado na instabilidade, pois, quando a crise aperta, todos correm para o dólar, favorecendo interesses rentistas, mesmo que a crise tenha origem no Estados Unido", analisa a economista, acrescentando que "daqui por diante, veremos um aumento permanente de tensões na Grécia".

Numa tentativa de intimidar o Parlamento, o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, afirmou antes da votação que, se o governo fosse derrotado, os cofres do país ficariam vazios "em uma questão de dias" e a moratória seria inevitável.

Segundo a Agência Brasil, as autoridades européias finalizam os detalhes de mais um pacote, agora, estimado em 120 bilhões de euros, que visa a permitir à Grécia pagar suas dívidas até o fim de 2014 com os bancos europeus.

Dois artigos são do periódico Correio Internacional, publicado pela Liga Internacional dos Trabalhadores sobre a crise na Itália e Grécia.
Grécia: O parlamento de um um lado e os trabalhadores e o povo de outro

O governo de Papandreu tem o apoio dos deputados, mas não da população. As novas medidas exigidas pela UE e pelo FMI para entregar o dinheiro que já tinham prometido vão afundar mais a economia grega e, sobretudo, os trabalhadores e os setores mais desfavorecidos. ..Leia mais


Itália: A receita patronal para sair da crise: sacrifícios somente para os trabalhadores

Tempos duros para os trabalhadores, sejam italianos ou de um modo geral europeus. As garantias de quem procura convencê-los de que o pior já passou e de que o sistema econômico mundial caminha para uma recuperação sólida não tiveram muito 
...Leia mais

terça-feira, 28 de junho de 2011

Lucro, e não imposto, explica preço do carro no Brasil

Lucro, e não imposto, explica preço do carro no Brasil.

É o "Lucro Brasil" e não o "Custo Brasil" que faz o consumidor pagar o carro mais caro do mundo.

O Brasil tem o carro mais caro do mundo. Por quê? Os principais argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de produção. Outro vilão seria o “alto valor da mão de obra”, mas os fabricantes não revelam quanto os salários – e os benefícios sociais - representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção, um segredo protegido por lei. (...)

O analista Adam Jonas
[Banco Morgan Stanley], responsável pela pesquisa, concluiu que, no geral, a margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países.

O Honda City é um bom exemplo do que ocorre com o preço do carro no Brasil. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por R$ 25,8 mil (versão LX). Neste preço está incluído o frete, de R$ 3,5 mil, e a margem de lucro da revenda, em torno de R$ 2 mil. Restam, portanto R$ 20,3 mil.

Adicionando os custos de impostos e distribuição aos R$ 20,3 mil, teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (de 29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (10%). A soma dá R$ 40.692,00. Considerando que nos R$ 20,3 mil faturados para o México a montadora já tem a sua margem de lucro, o “Lucro Brasil” (adicional) é de R$ 15.518,00: R$ 56.210,00 (preço vendido no Brasil) menos R$ 40.692,00.

Isso sem considerar que o carro que vai para o México tem mais equipamentos de série: freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, airbag duplo, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos. O motor é o mesmo: 1.5 de 116cv.

Será possível que a montadora tenha um lucro adicional de R$ 15,5 mil num carro desses? O que a Honda fala sobre isso? Nada. Consultada, a montadora apenas diz que a empresa “não fala sobre o assunto”.


Para ler a íntegra da matéria da coluna Mundo em Movimento de Joel Silveira Leite clique aqui.

domingo, 26 de junho de 2011

Crise se espalha em uma Europa refém do "mercado"

Crise se espalha em uma Europa refém do "mercado", depois da Irlanda, Grécia e Portugal, a Itália e Bélgica são os próximos na mira dos especuladores. As agências de classificação de risco além de rebaixar também os títulos da Grã-Bretanha e EUA, já veem amplos sinais de deteriorização da situação fiscal. A crise mundial cada vez mais ameaça os Estados centrais do Capitalismo.

Itália na mira dos especuladores
Monitor Mercantil, 24/06/2011

A Itália esteve sob fogo cerrado da especulação nesta sexta-feira. As negociações na Bolsa italiana com ações de bancos, como o UniCredit e o Intesa Sanpaolo, foram temporariamente suspensas, depois de uma queda de mais de 5%.

O motivo citado foi a decisão da agência de classificação Moody"s colocar, na quinta-feira, em revisão para possível rebaixamento o rating de dívida de longo prazo e de depósito de 16 bancos italianos. A agência norte-americana - que, como suas co-irmãs, recebeu severas críticas por falhar na crise de 2008 - também ameaça reduzir a classificação de longo prazo de duas instituições financeiras relacionadas ao governo.

A Moody"s alterou de estável para negativa a perspectiva para a dívida de longo prazo e dos ratings de depósito de outros 13 bancos italianos. A alegação é a possível redução do rating soberano da Itália, colocado em revisão em 17 de junho.

"Diante do difícil cenário econômico atual, a probabilidade de os governos europeus, incluindo o italiano, de dar suporte aos bancos domésticos é menor agora do que anteriormente", disse o analista da Moody"s, Henry MacNevin, a agências de notícias internacionais.

Itália, e também a Bélgica, encontram-se na mira dos especuladores após o presidente da Zona do Euro, Jean-Claude Juncker, ter dito à imprensa européia que "a falência da Grécia poderia ser disseminada a Portugal e Irlanda, mas, também, a Itália e Bélgica, por causa das elevadas dívidas públicas de ambos e, aliás, antes da Espanha".

Há um mês, uma outra agência internacional de rating - a Standard & Poor"s - havia anunciado que estava estudando a reavaliação para baixo da nota italiana. Após a retomada da negociação na Bolsa italiana, as ações do UniCredit fecharam a sexta-feira em queda de 5,3% e as do Intesa cederam 5%.

As principais bolsas européias fecharam em território negativo, conduzidas pelas ações do setor bancário que ficaram sob pressão após a suspensão temporária das negociações dos papéis de duas instituições de crédito italianas.

Rating do Piigs
Marcos Oliveira e Sergio Souto, 22/06/2011


Acrescente-se ao longo prontuário das agências de classificação de risco que, com a crise da dívida levando à deterioração das dívidas dos países do Piigs (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, na sigla em inglês), a Moody"s continua a considerar a Itália grau de investimento pleno. A Moody"s é uma das integrantes das três irmãs que formam o cartel de avaliação de rating, o mesmo que, às vésperas do estouro da crise de 2008, distribuía a nota máxima, AAA, a empresas que poucos dias depois só não foram à breca porque foram salvas por dinheiro do contribuinte.

China abre o olho
Diferentemente da leniência demonstrado pelo cartel em relação ao rating dos integrantes do G7, a agência congênere chinesa Dagong Global Credit Rating Co Ltd rebaixou, no fim do mês passado, a classificação dos títulos emitidos pelo Reino Unido, de AA- para o de A+, com perspectiva negativa. A Dagong justificou a decisão, apontando a deterioração da capacidade de o país manter o pagamento da sua dívida pública: "O rebaixamento reflete a situação real da capacidade deteriorada de rolagem do Reino Unido e a dificuldade na melhoria do perfil da divida externa a longo prazo", afirma a agência chinesa.

Deterioração
Segundo a Dagong, ano passado, o déficit público do Reino Unido atingiu 9,8 % do PIB do país e a relação dívida/PIB avançou a 78,7%. A exemplo de outros países europeus, a principal causa da disparada do déficit deve-se aos bilhões de libras gastos para salvar o setor financeiro britânico. Em novembro, a agência já rebaixara, de AA para A+, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, também com tendência negativa, apontando como causa a deterioração da capacidade de rolagem da dívida e "o drástico declínio da intenção de adimplir por parte do governo norte-americano".

"A visão realista da Dagong Global sobre a real situação macroeconômica dos EUA e do Reino Unido reflete uma percepção acadêmica hoje reconhecida internacionalmente e onerará o refinanciamento da dívida externa destes países", prevê o advogado Durval de Noronha Goyos Jr., árbitro do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e professor de direito do comércio internacional.

sábado, 25 de junho de 2011

I Simpósio Interdisciplinar "Questão Agrária e América Latina"

SOBRE O SIMPÓSIO

O I Simpósio Interdisciplinar "Questão Agrária e América Latina" acontecerá na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Exatas/ Campus Mucuri durante os dias 24 e 26 de Agosto de 2011. O evento parte dos esforços do Núcleo de Extensão e Pesquisa Agrário e Movimentos Sociais (NEPAM) em resgatar a centralidade do debate sobre a questão agrária brasileira e as diversas dimensões políticas, econômicas e sociais acerca da América Latina no contexto contemporâneo.

PROGRAMAÇÃO DO SIMPÓSIO


Obs.: A programação está sujeita à alteração.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Brasil: rumo acelerado...ao atraso tecnológico

Mais um sinal da ampliação da dependência econômica do Brasil, a dependência tecnológica-industrial, captada pelo relatório Monitor do Déficit Tecnológico, demonstrado pelo déficit do setor industrial de alta tecnologia.

Rumo acelerado ao atraso
Marcos Oliveira e Sergio Souto, Monitor Mercantil (21/06/2011)


Rumo acelerado...
No primeiro trimestre deste ano, o déficit tecnológico do setor industrial brasileiro atingiu US$ 23 bilhões, cinco vezes mais do que o registrado no mesmo período de 2006. A revelação é do relatório Monitor do Déficit Tecnológico, que a Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec) passa a divulgar trimestralmente.

O estudo sinaliza uma aceleração de US$ 686 milhões em abril, em comparação com a média do primeiro trimestre. O setor químico foi o que mais contribuiu, com elevação do seu déficit em US$ 404 milhões. A previsão da Protec para o ano é de novo recorde, ultrapassando os US$ 100 bilhões.

...ao atraso
O Monitor do Déficit Tecnológico traz também resultados relativos ao comércio exterior de mercadorias e serviços. O objetivo é mostrar o desempenho e a competitividade da indústria brasileira frente a outros países. No ano passado o saldo negativo do setor industrial foi de US$ 85 bilhões. O indicador consiste no saldo comercial dos segmentos industriais de alta e de média-alta tecnologia, somado ao saldo comercial das contas de serviços tecnológicos. Detalhes em www.protec.org.br

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Estudo do Ipea mostra que desenvolvimento do Brasil é instável

Terceira edição de 2011 do IQD-Índice de Qualidade de Desenvolvimento foi divulgada na quarta-feira, dia 22/06, na sede do IPEA, em Brasília, mostra que o desenvolvimento no Brasil ainda é instável - vale lembrar que o desenvolvimento instável é um traço típico de uma economia periférica e dependente no capitalismo mundial.

O Índice de Qualidade do Desenvolvimento (IQD) de março deste ano atingiu 259,43 pontos e ficou dentro da classificação "instável", em uma escala que vai de "ótima" a "péssima". "A classificação de instabilidade significa que não há convergência entre os três fatores que compõem o índice: há crescimento da economia do País e distribuição de renda, mas não na inserção do Brasil no cenário externo", disse o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

Estudo do Ipea mostra que desenvolvimento do Brasil é instável
Folha Online, 22/06/2011


Estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado à Presidência da República, mostra que o desenvolvimento no Brasil ainda é instável.

Embora o IQD (Índice de Qualidade de Desenvolvimento) de março, divulgado nesta quarta-feira, tenha aumentado, chegando aos 259,43 pontos, o número continuou na área classificada como instável pelo instituto. Em fevereiro, o índice havia registrado 246,5 pontos.

A pontuação deste mês está distante do patamar classificado como ótimo (400 a 500 pontos), apesar de ser maior do que a registrada entre março de 2007 e abril de 2008, antes de o Brasil ser atingido pela crise, diz o relatório.

O IQD é composto de três subíndices: Qualidade do Crescimento, Qualidade do Bem-Estar e Qualidade de Inserção Externa.

O subíndice Qualidade do Crescimento de março sofreu queda em relação a fevereiro. De 265,1 pontos para 245,34. A piora foi causada por um leve decréscimo do índice de confiança da indústria e uma forte redução do índice de folha de pagamentos. O índice permanece na área classificada como instável.

O índice de Qualidade do Bem-Estar também caiu em março, registrando 342,59 pontos --ante 361,1 pontos em fevereiro. Ainda assim permanece na área classificada como boa. A diminuição se deve ao aumento do desemprego, do índice de Gini (que mede o grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda) e da taxa de pobreza, que vinham apresentando queda nos períodos anteriores, segundo o Ipea.

Já o Índice de Qualidade da Inserção Externa apresentou sinais de recuperação retornando à mesma taxa registrada em setembro de 2010: 209,45 pontos. Em fevereiro, o índice havia ficado em 148,6 pontos. A recuperação se deve à melhora no desempenho das exportações de bens manufaturados e nos termos de troca.

SAIBA MAIS
O IQD (Índice de Qualidade do Desenvolvimento) é uma pesquisa mensal realizada pelo Ipea que capta se o desenvolvimento vivido pelo país contempla os requisitos de crescimento econômico com distribuição de renda e aponta se o movimento tende a sustentar-se no tempo.

Ele é dividido em cinco escalas:

Ótima - 400 a 500 pontos

Boa - 300 a 400 pontos

Instável - 200 a 300 pontos

Ruim - 100 a 200 pontos

Péssima - 0 a 100 pontos

Leia a íntegra da 3ª edição do Índice de Qualidade do Desenvolvimento
Veja os gráficos da apresentação

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Endividamento externo cresce. Setor privado responde pelo aumento da dívida

País acumula rombo externo de US$ 300 bi, valor que equivale à diferença coberta por capitais externas entre 2003 e 2010. O endividamento externo cresceu 42%, sendo que o setor privado respondeu por 63% do aumento de US$ 84 bi da dívida.

Enquanto o saldo comercial responde por US$ 259,7 bilhões, ou 2,66% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado do período, o déficit da balança de serviços no mesmo intervalo é de US$ 341,2 bilhões, ou 3,5% do PIB.A diferença precisa ser financiada pela entrada de divisas, atraídas pelos juros mais altos do planeta. Esse saldo atinge US$ 299,2 bilhões, somando-se investimentos diretos e indiretos de estrangeiros.

Mesmo com o saldo de reservas de US$ 288,6 bilhões (em 2003 as reservas de divisas brasileiras eram de US$ 37,8 bilhões), o Brasil está no limite da crise cambial, em função do déficit nas transações correntes. Isso porque o país está sendo financiado pelos investimentos externos em função dos juros altos, não pelo seu comércio exterior. Com qualquer susto do mercado financeiro a explosão será inevitável.

País acumula rombo externo de US$ 300 bi
 Monitor Mercantil, 16/06/2011



Valor equivale à diferença coberta por capitais externas entre 2003 e 2010


Entre 2003 e 2010, as reservas de divisas brasileiras saltaram de US$ 37,8 bilhões para U$ 288,6 bilhões. No entanto, enquanto o saldo comercial responde por US$ 259,7 bilhões, ou 2,66% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado do período, o déficit da balança de serviços no mesmo intervalo é de US$ 341,2 bilhões, ou 3,5% do PIB.

A diferença precisa ser financiada pela entrada de divisas, atraídas pelos juros mais altos do planeta. Esse saldo atinge US$ 299,2 bilhões, somando-se investimentos diretos e indiretos de estrangeiros.

Em seu site, o economista Ricardo Bergamini, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) alerta para o risco dessa desproporção: "Mesmo com o saldo de reservas de US$ 288,6 bilhões, o Brasil está no limite da crise cambial, em função do déficit nas transações correntes. Isso porque o país está sendo financiado pelos investimentos externos em função dos juros altos, não pelo seu comércio exterior. Com qualquer susto do mercado financeiro a explosão será inevitável."

Já o professor Plínio de Arruda Sampaio Júnior, da Universidade de Campinas (Unicamp), não vê risco iminente, mas "estrutural e cada vez mais latente". Para Sampaio Jr., as reservas protegem o Brasil de eventuais turbulências, mas no momento de uma crise sistêmica o país sofrerá forte fuga de capitais:

"São as tendências estruturais que vão minando o país pouco a pouco, como a desindustrialização", comparou, lembrando que, se no curto prazo, o "risco Brasil" está abaixo do norte-americano, no médio e longo prazos "estamos a anos luz de chegar ao patamar dos EUA".

"Ou seja, o próprio mercado reconhece que somos o centro da especulação. Não fomos nós que melhoramos, mas os EUA é que caíram para uma situação gravíssima", resumiu.


Endividamento externo cresce 42%
Monitor Mercantil,17/06/2011

Endividamento externo cresce 42%. Setor privado responde por 63% do aumento de US$ 84 bi da dívida

De acordo com o Instituto para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), de janeiro de 2009 a abril de 2011, o endividamento externo do país cresceu US$ 84,1 bilhões ou 42,4%.

E o setor privado respondeu pela maior parte. Enquanto a dívida do governo aumentou 8,7%, as captações dos bancos (mais 63,%) - cuja participação no total passou de 37,4% para 42,8% no mesmo período - o endividamento das empresas não financeiras subiu 51,8%.

Os dados não incluem a dívida decorrente de empréstimos intercompanhias, que cresceram US$ 38,2 bilhões, ou 59,2%.

"No total, a dívida externa brasileira foi ampliada no período pós-crise em US$ 122,3 bilhões ou 46,5%.", contabiliza o Iedi, acentuando que o endividamento em moeda estrangeira "é um destacado componente da fragilidade financeira potencial das empresas brasileiras diante de um eventual choque externo".

Para o economista Fernando Ferrari, da Associação Keynesiana do Brasil (AKB), "tudo leva a crer que o problema cambial vai se resolver pela crise".

Para Ferrari, enquanto o governo "faz vista grossa", a tendência é que as empresas se endividem cada vez mais no exterior: "Pois lá fora o juro é mais baixo e o viés para o dólar é de queda."

O economista da AKB destaca, ainda, que as empresas que têm capacidade de alavancagem no exterior, "seja de forma mascarada, para diminuir o lucro tributável, seja para financiamento mesmo", tendem a seguir aumentando suas dívidas, que são avalizadas pelo governo.

"Em caso de crise, os problemas serão repassados ao governo", resume o economista, acrescentando que o fluxo cambial já vem apresentando queda significativa.