sexta-feira, 1 de abril de 2011

Inflação desaquece, mas é puxada pelos preços privatizados

A inflação oficial desacelera e caí, deixando o Banco Central sem os argumentos corriqueiros para a taxa básica de juros mais alta do mundo. Contudo, a inflação continua em alta, mas isso se dá justamente nos 'preços administrados', produtos e serviços cujos preços são definidos com autorização de órgãos governamental, especialmente em serviços públicos privatizados (elétrica, telefonia, etc), que são monopólios privados.

Isso comprova que primeiro, a alta da inflação não deve ser tratada como um problema de demanda aquecida, sendo portanto qualquer política econômica baseada em alta da taxa de juros equivocada, e se apoia muito mais em favorecer os rentistas do que qualquer combate à inflação. E em segundo, que a própria inflação no Brasil tem um componente âncorado nas grandes empresas monopolistas, sob a subserviência do Estado, que conseguem automaticamente repassar eventuais aumentos de custos aos seus preços, nunca prejudicando suas margens de lucros.

A política de juros altos, não é necessário para conter a atividade econômica, pois não se combate a inflação assim, mesmo que está siga elevando-se, o que não é verdade, pois a pressão sobre ela se dá pelos preços do exterior (em especial as commodities) e dos preços administrados. Por isso mesmo, seria mais um motivo para que políticas alternativas fossem executadas para impedir a alta desses preços, tais como a reforma agrária para interferir sob o mercado de commodities e a redução dos preços administrados pelo próprio governo através intervenção dura sob as empresas ou até mesmo sua re-estatização. Enquanto isso, os trabalhadores são prejudicados, triplamente, com a alta das taxas de juros sob seus empréstimos e dívidas, com a alta da inflação sob seu custo de vida e com o desaquecimento da economia sob empregos e salários.

Indexação da privatização goleia salários
Monitor Mercantil, 22/03/2011

A técnica de planejamento e pesquisa Maria Andréia Parente, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), reconhece ainda haver muita indexação na economia brasileira. E que os preços beneficiados por ela têm subido mais que o salário.

"Mas a indexação já foi muito maior no passado, sobretudo nos serviços públicos privatizados. O fato, porém, não impede que os preços continuem subindo acima dos salários, a partir de uma fórmula difícil de entender, que, além dos IGPs, levam em conta outros fatores, como câmbio e produtividade."

Já os preços administrados em geral, segundo ela, representam 30% da inflação, mesmo percentual dos alimentos: "O que vai impactar mais a inflação, pela indexação a índices de preços, é o aluguel, totalmente indexado. Além disso, está havendo um boom imobiliário, principalmente no Rio. Está cada vez mais difícil a renegociação com o proprietário. Mas aluguel não entra em preços administrados."

A pesquisadora cobrou um acompanhamento mais eficaz das agências reguladoras dos serviços públicos privatizados. "Elas existem para fiscalizar os serviços e coibir o que for abusivo. Mas, em alguns lugares, já aconteceu redução do preço das tarifas", ressalva, acrescentando que o IPTU, outro preço administrado, não entra mais nos índices de inflação.

Prévia da inflação oficial diminui para 0,60% em março
Monitor Mercantil, 23/03/2011

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, apresentou uma variação de 0,60% em março deste ano. O resultado é inferior ao registrado no mês anterior, 0,97%. O dado foi divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado do ano, o IPCA-15 registra inflação de 2,35%. Considerando os últimos 12 meses, a elevação acumulada é de 6,13%.

A redução na taxa de um mês para o outro foi influenciada pelo grupo de despesas de educação, que sofreu reajustes sazonais de início de ano em fevereiro. Com isso, a taxa diminuiu de 5,88% para 1,03% no período. O resultado do mês refletiu os reajustes ocorridos na região metropolitana de Fortaleza (5,27%).

A redução do IPCA-15 também pode ser explicada pela diminuição da taxa dos alimentos, de 0,57% para 0,46%. Embora alguns itens, como o tomate (16,57%), a batata-inglesa (9,66%) e as frutas (3,33%), tenham ficado mais caros no período, a maioria passou a custar menos de um mês para o outro. Foi o que aconteceu com as carnes, com queda de 2,33%, o feijão carioca (-6,91%), e o açúcar refinado (-2,55%).

As despesas com saúde e cuidados pessoais também tiveram decréscimo (de 0,52% para 0,35%), principalmente os remédios (de -0,07% para -0,11%) e os artigos de vestuário (de 0,13% para -0,37%), refletindo as liquidações de final de estação.

Já o grupo despesas pessoais, embora tenha apresentado redução na taxa, registrou inflação significativa, de 1,04% após 1,17% no mês anterior. A diminuição foi influenciada pelo item recreação (de 1,19% para 0,39%). Por outro lado, as principais pressões positivas partiram dos salários de empregados domésticos (de 0,91% para 1,54%) e do cigarro (de 1,61% para 2,30%).

Os demais grupos tiveram alta no período, como o transporte (de 1,04% para 1,11%), puxado pelas elevações em passagens aéreas (de 11,45% para 29,16%), combustíveis (de 0,72% para 1,09%), e tarifas de ônibus intermunicipais (de 1,28% para 1,94%) e urbanos (de 3,37% para 0,83%).

Entre as regiões metropolitanas, a maior inflação foi registrada em Fortaleza (1,06%), seguida de Porto Alegre (0,87%). As capitais que tiveram inflação abaixo da média foram Belém (0,15%), Salvador (0,32%), Rio de Janeiro (0,50%) e São Paulo (0,52%).


FGV: inflação pelo IPC-S é de 0,69% na terceira prévia do mês

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) ganhou força, segundo informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice subiu 0,69% até a quadrissemana encerrada em 22 de março (terceira prévia do mês), o que indica uma aceleração ante a taxa de 0,64% da segunda prévia de março. Das sete classes de despesa pesquisadas para cálculo do indicador, cinco apresentaram acréscimos em suas taxas de variação de preços, entre o IPC-S de até 15 de março para o indicador de até 22 de março (da segunda para a terceira prévia do mês).

O avanço da inflação no grupo Alimentação (de 0,67% para 0,86%) foi a principal contribuição para a taxa maior do IPC-S na terceira prévia do mês. Segundo a FGV, nesta classe de despesa houve acelerações e quedas mais fracas de preços em produtos importantes, como hortaliças e legumes (de 5,51% para 6,65%) e carnes bovinas (de -2,80% para -2,33%). Além da aceleração de preços dos alimentos, a FGV apurou taxas de inflação mais elevadas nos grupos vestuário (de 0,59% para 0,89%), saúde e cuidados pessoais (de 0,62% para 0,64%), educação, leitura e recreação (de 0,15% para 0,25%) e transportes (de 1,17% para 1,18%. As duas classes de despesa restantes apresentaram desaceleração de preços. É o caso de habitação (de 0,52% para 0,47%) e despesas diversas (de 0,74% para 0,40%).

Entre os produtos pesquisados no varejo, a FGV informou que as altas mais expressivas no IPC-S de até 22 de março foram registradas em tomate (17,60%), batata-inglesa (16,37%) e aluguel residencial (0,75%). Já as mais expressivas quedas de preço foram apuradas em alcatra (recuo de 5,45%), contrafilé (baixa de 5,19%) e açúcar refinado (queda de 3,90%).
Com informações das agências Brasil e Estado


Inflação cai 37%. E agora Tombini?
Monitor Mercantil, 23/03/2011

APÓS ELEVAÇÕES DE PREÇOS ROTINEIRAS DE INÍCIO DE ANO, IPCA-15 TEM MENOR ALTA DESDE SETEMBRO

A inflação já dá sinais de arrefecimento, desautorizando novas altas de juros pelo Banco Central (BC). A variação de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerou este mês para 0,6%, ante 0,97% em fevereiro - uma queda de 37,2%

O IPCA-15 - que antecipa o IPCA, usado pelo governo como medidor oficial da inflação do país - de março foi a menor taxa desde setembro passado, quando subiu 0,31%.

"No entanto, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse no Senado, onde defendeu a política de juros altos, que seria necessário conter a atividade econômica para combater a inflação. E que, mesmo vindo a pressão sobre os preços do exterior e dos preços administrados, as altas de juros são necessárias para se impedir que essas altas sejam repassadas para o conjunto geral dos preços da economia. Mesmo que isso seja verdade, seria mais um motivo para que políticas alternativas fossem executadas para impedir a alta desses preços, tais como a reforma agrária e a redução dos preços administrados pelo próprio governo", avalia Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, lembrando o impacto dos juros na dívida pública.

Já o professor Ricardo Bergamini, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), informa em seu site que, em dezembro de 2010, a dívida interna da União era de R$ 2,3 trilhões, crescimento real em relação ao PIB de 15,18%, em comparação ao mesmo mês de 2002.

"Se os opositores do Governo Lula se indignam, citando que a dívida interna está acima de R$ 1 trilhão, imaginem se tivessem preocupação com a verdade absoluta dos números e viessem saber que a tal dívida interna fechou 2010 no montante de R$ 2.297,9 bilhões", salienta Bergamini.

Segundo ele, somente a dívida interna em poder do BC saltou de R$ 282,1 bilhões para R$ 694 bilhões durante os dois mandatos de Lula. Já o aumento real em relação ao PIB foi de 3,72% apenas.

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