segunda-feira, 11 de abril de 2011

Aumento do IOF não resolve inflação e câmbio

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, indicou no dia 07 de abril que a decisão do governo em conter a inflação por meio da maior restrição ao crédito pode não se limitar ao aumento de 1,5% para 3% no IOF das operações de empréstimos e financiamentos feitos por pessoa física.

Ao comentar, em Brasília, a alta de 0,79% do IPCA em março, acima do previsto pelos analistas de mercado, Mantega afirmou que o governo adotará medidas para conter a elevação de preços no setor de serviços, sinalizando que o aumento no IOF informado no dia anterior pode ser sucedido de outros anúncios, tal como se observa na ação a conta-gotas de reforço da política cambial.

Contudo, há um amplo consenso mesmo entre analistas econômicos burgueses que as medidas cambiais que vem sendo anunciadas pelo governo têm efeitos temporários e não revertem a tendência de longo prazo, dada pelos fundamentos econômicos.

A melhor estratégia seria o governo enfrentar os problemas reais: atacar os preços das commodities e dos serviços administrados (privatizados), fixar juros mais baixos e permitir câmbio menos apreciado – mais apropriado que a busca por soluções temporárias. As consequências na estratégia errada que se veem são uma crise nas exportações, uma forte expansão das importações, crise no comércio e indústria, explosão da inadimplência das famílias e falência das pequenas empresas.

Dólar rumo a R$ 1,50 mostra timidez de Dilma
Monitor Mercantil, 07/04/2011

O dólar comercial caiu 1,86%, a R$ 1,584 (venda). Com a baixa, a moeda norte-americana registrou o menor valor desde 6 de agosto de 2008 (R$ 1,578). O recuo da moeda mostra o efeito pífio das medidas do governo e dos dois leilões do Banco Central (BC) para comprar dólares.

Para a economista Beatriz David, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),é mais uma demonstração dos limites do modelo econômico mantido pela presidente Dilma Roussef, que no próximo domingo completa 100 dias de mandato.

"Teoricamente, o governo tomou medidas heterodoxas para enfrentar o problema do câmbio, mas muito tímidas. Elas precisavam ser mais fortes, impondo uma quarentena para os capitais entrantes, por exemplo. Mas o modelo não permite", disse, acrescentando que a presidente não cumpriu a promessa de manter os investimentos nas grandes obras públicas.

Beatriz ressaltou que o novo governo mantém centralizadas as decisões: "Parece um pouco com o primeiro mandato de Lula, no qual Antônio Pallocci (atual chefe da Casa Civil) atua nos bastidores, mas agora sem a contraposição de José Dirceu."

Para Beatriz, não há proposições estratégicas para a nação e a oposição é omissa quanto ao fato.

Varejo acende "o sinal amarelo"
07/04/2011

DEPOIS DA NOVA SEQUÊNCIA DE ALTA DOS JUROS E DO APERTO AO CRÉDITO, INADIMPLÊNCIA NO COMÉRCIO SOBE 4% EM MARÇO

A inadimplência do consumidor avançou 4,32% em março, sobre igual mês de 2010. No primeiro trimestre, subiu 1,81%, segundo pesquisa divulgada pelo presidente da Confederação Nacional dos Diretores Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior.

Ele destacou que as medidas de restrição ao crédito, adotadas no fim de 2010 e a elevação da taxa básica de juros (Selic) para 11,75% ao ano foram fundamentais para levar à desorganização econômica das famílias.

A pesquisa, feita em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), ressalta ainda que a elevação do número de devedores também foi influenciada pelos impostos e despesas acumuladas de fim de ano, viagens de férias e Carnaval.

Pellizzaro destacou que as facilidades de crédito e o aumento de prazos para pagamento dos compromissos também contribuíram para o crescimento da inadimplência nos últimos três meses. Isso, segundo ele, "acendeu o sinal amarelo" para o varejo, principalmente porque, destacou, a tendência é de a inadimplência continuar subindo.

"Cabe ao comércio varejista ficar mais cauteloso e ser mais seletivo na concessão de crédito", disse Pellizzaro Junior.

Ele salientou ainda que as compras com cartão de crédito, estimadas em 20% do total de transações comerciais, não entram no Índice de Inadimplência CNDL/SPC.

Já a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) afirmou que o governo toma medidas a conta-gotas para combater a valorização do real, como a extensão da cobrança de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empresas que tomam crédito internacional com pagamento inferior a dois anos.

Entrada de dólares no país acumula saldo de US$ 35,2 bilhões no ano
06/04/2011

O saldo da entrada e saída de dólares do país, conhecido como fluxo cambial, atingiu US$ 12,660 bilhões no mês de março, um aumento de 70,64% em relação ao do mês anterior, que foi US$ 7,419 bilhões. No ano, o saldo acumulado é de US$ 35,227 bilhões, ou 44,64% a mais do que o registrado em todo o ano passado. Os dados foram divulgados hoje pelo Banco Central.

Os números de março decorrem, principalmente, da forte movimentação financeira, que deixou saldo de US$ 8,997 bilhões no mês passado, resultado da entrada de US$ 37,969 bilhões menos saída de US$ 28,972 bilhões. A movimentação comercial também foi superavitária em US$ 3,663 bilhões, com exportações de US$ 20,8 bilhões e importações de US$ 17,137 bilhões.

O fluxo cambial de março esteve muito alto na primeira metade do mês, atravessou um período de instabilidade com o anúncio de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas transações externas e contabilizou déficits sucessivos nos três últimos dias úteis de março. Essa tendência foi mantida também na sexta-feira, com saldo negativo de US$ 365 milhões.

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