quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Os dilemas macroeconômicos do Governo Dilma. Se escolherá uma alternativa a favor dos trabalhadores?

Há quatro grandes dilemas macroeconômicos do Governo Dilma logo em seu início. São eles, o câmbio apreciado, a alta taxa de juros, a inflação em leve alta e a preocupação com o aumento do gasto público puxado pela realização da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. A pergunta que fica: a saída escolhida pela presidenta será em benefício dos trabalhadores, ou dos políticos, empresários e banqueiros?

Juros, câmbio e inflação desafiam gestão de Dilma
S. Barreto Motta, Monitor Mercantil, 15/02/2011

Neste início de ano, alguns empecilhos impedem Dilma Rousseff de relaxar, viajando pelo Brasil e comparecer a inaugurações - tanto de obras como lançamento de pedras fundamentais, como fazia seu antecessor. É que problemas surgem de todo lado e com intensidade.

[câmbio] O câmbio se apresenta como o principal desafio. O aumento de IOF - uma boa sinalização do ministro Guido Mantega, ainda com Lula - se mostrou ineficaz, pois dinheiro especulativo continua entrando no país. O dano à indústria nacional não pode ser sanado com ajudas específicas do governo e nem mesmo com aumento de alíquotas de importação, pois os chineses conseguem exportar através de países próximos. E comprar dólares dia-a-dia gera um custo adicional ao país, pois o ganho não chega a 3% ao ano e o custo da dívida interna supera 11%.

[juros] Com os juros, há um mistério. O país é emergente, saudado por todo o mundo como futura potência e alguns analistas chegam a mostrar piedade diante da boa situação nacional ante problemas europeus e americanos. Mas os juros básicos nos Estados Unidos e Japão beiram a zero e, no Brasil, estão em 11,25% - e ainda se fala em novos aumentos. Quanto aos juros de mercado, os dados são da Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac). Sua pesquisa indica que a média cobrada no comércio é de 96,49%; o empréstimo pessoa-física em financeira tem taxa média de 203%; e o recorde nos juros está com as empresas de cartão de crédito - cuja propaganda as mostra como politicamente corretas, sempre ao lado da ecologia e da cidadania - que cobram, em média, 238,3% de juros. Níveis inacreditáveis, notadamente o cobrado pelas administradoras de cartões.

[inflação] Quanto à inflação, é pequena, inferior a 6% ao ano, mas está em alta, o que acende sinal amarelo no governo. No caso de aluguéis, a taxa supera 10%, o que já gera algum desconforto, aliado à exagerada alta no mercado imobiliário - tanto para venda como para aluguel. E o que é preocupante é que, se o real perder valor em relação ao dólar - o que a indústria espera fervorosamente - haverá efeito inflacionário, por conta de itens importados necessários - como azeite, trigo, remédios e equipamentos industriais. Isso leva o governo a, de certo modo, aprovar a valorização do real.

[Copa, Olímpiadas e gasto público] Em meio a tantos problemas, a presidente Dilma ainda tem de se deparar com Copa do Mundo e Olimpíadas, pois todos sabem que os estados - no caso da Copa - e o Rio - quanto à Olimpíada - esperam transferir a maior parte dos ônus dessas festas para a União. Com relação ao trem-bala, trata-se de projeto de R$ 35 bilhões, que pode facilmente duplicar de preço. Até agora, Dilma sinaliza que irá licitar a polêmica obra em abril, mas há dúvida no ar.

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