sábado, 16 de outubro de 2010

O vale-tudo da burguesia nas eleições 2010

O VALE TUDO DA BURGUESIA NAS ELEIÇÕES DE 2010

Rafael Rossi
A campanha do PSTU sofreu com o boicote sistemático da mídia e tivemos nosso último programa roubado pelo PSDB numa manobra burocrática através da Justiça Eleitoral que concedeu aos tucanos um direito de resposta contra nós por dizermos a verdade. Assisti aos vídeos das candidaturas dos partidos burgueses contra Heloísa Helena em Alagoas e achei realmente chocante. Foi um linchamento político promovido pela burguesia aliada do governo Lula.  A burguesia se organizou para combater com todas as armas as candidaturas de esquerda e este foi um fato gravíssimo.
 As candidaturas do PSTU, PCB e PCO eram chamadas de candidaturas de partidos nanicos e eram desrespeitadas em programas de entrevista e humorísticos, como o fez arrogantemente um jornalista do RJTV com o Cyro Garcia e o CQC com todos os candidatos de esquerda. 
Fica esta lição para os camaradas do PSOL: Heloísa Helena fez de tudo para que o PSOL saísse com o PV, mas sua amiga Marina não lhe prestou a solidariedade no momento em que era fuzilada pelos oligarcas de Alagoas, aliados do PT. Assim foi também em 2006, quando nos negaram a vice na chapa da Frente de Esquerda e César Benjamin saiu criticando a Frente e o próprio PSOL. Plínio, que teve uma postura que deve ser lembrada como bastante positiva na eleição de 2006, desta vez, no mínimo, poderia ter feito mais. Tentou, a todo custo, se distanciar dos demais partidos de esquerda, para não ser associado aos "nanicos", o que foi um fato grave. 
Grave ainda foi a sua ausência no debate dos presidenciáveis da esquerda promovido pelo Brasil de Fato e que contou com a participação de Zé Maria, do PSTU, Ivan Pinheiro, do PCB, e Rui Costa Pimenta, do PCO. Participou dos debates da grande mídia, elogiando em alguns momentos a democracia dos debates e outras denunciando a falta de democracia, falatando-lhe uma postura firme e coerente. 
Antes das eleições, uma parcela importante das correntes do PSOL, que estão na INTERSINDICAL, romperam com o CONCLAT diante de votações democráticas, nas quais eles foram derrotados por estarem em minoria, deixando de compor conosco a CSP-CONLUTAS, alternativa às CUT, CTB e Força Sindical, pelegas, burocratizadas e governistas, inimigas dos trabalhadores. Algumas lições devem ser tiradas de todo este processo. 
De minha parte, acho que devemos ser solidários a todos os camaradas da esquerda que foram brutalmente atacados e sistematicamente boicotados pela grande burguesia, sua mídia, sua justiça e seus partidos. Temos que nos unir contra esses gorilas! 
Parabéns ao camarada Cyro Garcia que resitiu bravamente a todo o boicote da mídia, a ponto de ser desconvidado do debate da Record, ao qual havia sido convidado por ter no início das pesquisas chegado ao terceiro lugar com 3% das intenções de voto. Parabéns a Zé Maria, Ivan Valente, Rui Costa Pimenta, ao PSTU, ao PCB, ao PCO e aos camaradas do Brasil de Fato que construíram o único debate VERDADEIRAMENTE DEMOCRÁTICO dessas eleições. 
Solidariedade a Heloísa Helena, apesar das divergências e por muitas vezes ter posições que consideramos desrespeitar o acúmulo do movimento sobre determinados temas, mas que, como nome da oposição de esquerda, que representou a Frente de Esquerda em 2006, e concorria agora ao senado pelo PSOL foi atacada ferozmente pelas oligarquias aliadas do PT e da maneira mais baixa. Apoio também deve ser dado a Ivan Valente no sentido que assuma sua cadeira na Câmara contra o corrupto do Maluf, que deve continuar com sua candidatura cassada. 
Em muitos casos, o PSOL se rendeu ao vale tudo eleitoral como no caso do apoio a Paulo Paim, do PT, no Rio Grande do Sul. Que fique registrado que é diferente apoiar alguém que está no nosso campo de apoiar um candidato da Frente Popular, da coligação entre partidos de esquerda e partidos burgueses de direita para encher os bolsos dos banqueiros. Camaradas do PSOL apoiaram nossos candidatos contra as alternativas supostamente progressistas de Paim no Sul e Lindberg no Rio de Janeiro, onde tivemos o apoio dos companheiros do Reage Socialista ao nosso candidato ao senado Heitor. E agradecemos sinceramente este apoio dos nossos companheiros de luta. 
Por tudo isso, os companheiros do PSOL devem rever algumas de suas posições e retomar o esforço da unidade em torno daquilo que foi votado por milhares de trabalhadores no CONCLAT e construir a CSP-CONLUTAS e o processo de reunificação. Estão de parabéns os companheiros aqui no Rio que elegeram Chico Alencar e Marcelo Freixo e dobraram sua bancada na ALERJ e elegeram mais um deputado federal no estado. 
Mas merece ainda mais respeito o voto dos trabalhadores em suas próprias instâncias, nos sindicatos e movimentos, e os delegados por eles eleitos na base. O respeito à democracia operária é um princípio sagrado para a esquerda socialista. As eleições no contexto da democracia liberal são muito importantes, mas táticas, pois sabemos que, em essência, elas não mudam nada. Só a nossa luta e organização mudam alguma coisa. 
Depois da eleição mais antidemocrática do período pós-ditadura militar é importante fazermos algumas reflexões. Estamos diante da maior crise econômica desde a crise de 29 e o futuro governo, seja Dilma ou seja Serra iniciará o seu governo com uma nova reforma da previdência. Nesse momento, devemos todos juntos, sem vacilação, puxar o voto nulo e fazer a denúncia de todo este processo repleto de maracutaias e campanhas milionárias a serviço do próprio capital. No segundo turno é VOTO NULO!

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