sábado, 2 de outubro de 2010

Levante policial contra presidente do Equador não foi golpe, mas protesto contra cortes salariais

Os eventos no Equador não é ou foi um golpe de estado, senão uma revolta policial contra uma Lei (do Governo de Correa) de cortes aos "servidores públicos" que tem incidência sobre direitos de bonificaciones y condecoraciones da polícia.

Os eventos recentes no Equador não podem ser classificados e tratados como um golpe de estado. Como visto a cúpula militar, incluindo a da mesma polícia se manifestou a favor do governo. Não existe nenhuma direção que reclame claramente a destituição do presidente. Os representantes de todas as instituições do Estado burguês e da burguesia guayaquilenha (segunda maior cidade do Equador), como Jaime Nebot, Abdalá Bucaram (filho) ou Jymmy Jairala se pronunciaram contra um suposto golpe e pela "defesa da democracia". Houve sim a geração de uma percepção de falsa polarização, que chegou a nível internacional. Como nunca antes, a televisão pública em cadeia nacional fez crer esta polarização e convocou os “cidadãos” a casa presidencial para defender a “democracia”.
Ao contrário disso, o motim tratou-se de uma expressão tergiversada do descontentamento popular, que se dá pela imposição das leis que cortam direitos aos trabalhadores públicos, à polícia e as forças armadas. O que desatou essa situação foi a aprovação da lei de serviço público LOSEP, que reduz direitos aos trabalhadores públicos. No caso da força policial seu protesto é pelos direitos de bonificaciones y condecoraciones, e a exigência de retirada da lei aprovada.
Também existe a intenção de um setor através de Lucio Gutiérrez de pescar a rio revolto, mas a correlação de forças não lhes é favorável. 
Em relação a como veem os trabalhadores e demais setores populares o protesto policial; esta percepção vai se desgastando a cada momento devido a que a atuação policial tem dado se passado sob a forma de uma onda de delinquência setorizada, com o ataque do edifico das mídias públicas, ataque às antenas da Ecuador TV, golpes ao presidente, confrontação com setores da pequena burguesia, tentativa de destruição das antenas de Ecuador TV que tem apoiados os sinais de todos os canais televisivos. Isto se som a já péssima imagem da instituição policial, pela corrupção como pela repressão, tem causado o rechaço generalizado. Ademais a maior parte da população vê como privilégios os direitos assim como os salários que recebem, os policiais de tropa ganham $700 porém o salário básico é de $240, neste sentido o governo maneja um discurso similar ao que utilizou para despojar de direitos os trabalhadores do setor público.
De fato, o Equador se encontra ante um desgaste do regime bonapartista de Correa, que pode dar passagem à mobilização dos setores que têm sido prejudicados por leis recentes: os estudantes com a LOES, os indígenas pela lei dos minérios, os trabalhadores pela lei de serviço público LOSEP. O governo aposta na aprovação da lei que afeta a policiais e os militares e gera a falsa polarização de golpe de estado.
Realizou-se uma aglomeração dos partidários do governo na Plaza Grande e está convocando para hoje a marchas de defesa o governo, ademais declarou o estado de exceção.
Por isso, fica a sugestão de não participar nas mobilizações de apoio a Correa que se estão chamando em vários países, pois se conformam atos de apoio ao governo Correa e não de defesa de liberdades democráticas contra um golpe que não existiu.

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