domingo, 24 de outubro de 2010

As privatizações não pagaram os juros da dívida

Já que o tema privatizações voltou ao centro do debate nacional, vale apresentar a seguinte análise: Privatizar não é a solução para questão fiscal. As privatizações dos últimos 19 anos não geraram recursos suficientes para pagar os juros da dívida pública. O governo federal gastou cerca de 20x mais com os juros nesse mesmo período do que economizou com a venda de empresas ao setor privado.

A explosão da dívida pública vivida na década de 80 foi retardada no Brasil porque da primeira metade dos anos 90 se renegociou com os credores (com um prolongamento e um forte aumento dos juros - cuja dívida saiu de US$65 para US$650 bilhões) e se instituí forte arrocho fiscal, através, entre outras coisas, sa adoção do superávit primário, resultando em quase uma década de estagnação econômica e comprometimento do bom serviço público.

Privatizações não foram suficientes para pagar os juros da dívida pública


As privatizações feitas desde o início da década de 1990 sob o pretexto de fornecer dinheiro para o Estado e equilibrar as contas públicas reduziram o endividamento do governo, mas em condições insuficientes para pagar os juros da dívida pública. 

Segundo dados do Relatório de Política Fiscal, divulgado mensalmente pelo Banco Central, o governo gastou cerca de 20 vezes mais com os juros nos últimos 19 anos do que economizou com a venda de empresas ao setor privado.
De acordo com os dados mais recentes, o setor público pagou, de janeiro de 1991 a agosto deste ano, R$ 1,810 trilhão em juros da dívida pública. Em contrapartida, os ajustes de privatização somavam R$ 75,476 bilhões em agosto, 4,1% dos gastos com os juros em quase 20 anos.
Os ajustes de privatização são uma conta que registra o que o governo economizou até hoje com o processo de venda de estatais. Além das receitas com a venda das empresas, a conta abrange as dívidas transferidas ao setor privado. Esse número só começou a ser divulgado em 2001, mas inclui as privatizações da década anterior.
Para Eliana Graça, assessora do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), os dados do Banco Central mostram que, do ponto de vista fiscal, as privatizações não representaram a melhor saída para equilibrar as contas públicas.
- Privatizar não é a solução para questão fiscal. A questão da dívida pública é muito mais complicada do que isso.
Na avaliação da economista, a dívida pública só foi contida quando, no fim dos anos 1990, o Brasil recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e promoveu reformas fiscais que instituíram, entre outras coisas, o superávit primário - economia de recursos para pagar os juros da dívida pública.
- Na época, se falava que o dinheiro das privatizações seria usado para investir em saúde e educação, mas na verdade até hoje não se sabe o que foi feito com esses recursos.

Fonte: Agência Brasil - 18/10/2010

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