terça-feira, 27 de julho de 2010

A volta à Teoria Marxista da Dependência - artigos recentes

A VOLTA DA TEORIA DA DEPENDÊNCIA

Há fortes sinais de despertar da intelectualidade brasileira à Teoria Marxista da Dependência como método teórico de análise do desenvolvimento dos  países dependentes e do sistema capitalista sob o enfoque da periféria desse sistema. 

Surgida na década de 1960 nos países latino-americanos, numa jovem intelectualdiade de esquerda que rompia simultaneamente com o pensamento stalinista e estruturalismo cepalino, - encabeçados por Theotonio dos Santos, Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra, e um vasto número de pensadores - desenvolveram uma abordagem dialética, que se articulava com uma forte militância política. São autores que legaram a Economia Política, combinando as teoria smarxista do imperialismo e do desenvolvimento desigual e combinado com os modernos avanços na teoria econômica, categorias analíticas como revolução científico-técnica, superexploração do trabalho, capitalismo periférico, desenvolvimento subdesenvolvido, etc, ajudando as ciências sociais a explicar inúmeros fenômenos do sistema capitalista e da trajetória sui generis deodesenvolvimento da América Latina.
Trazemos hoje quatro artigos que remetem exatamente a essa teoria, sua contribuição e atualidade e foram lançados recentemente.


A TEORIA DA DEPENDÊNCIA À LUZ DA REALIDADE ATUAL

Valdenésio Aduci MENDES


Resumo: Este trabalho visa apresentar os alcances e limites da teoria da dependência, delineada a partir de 1970, como proposta de leitura da realidade econômica do continente latino-americano. Procuraremos mostrar que a teoria da dependência está vinculada às ideias mestras da teoria do desenvolvimento da CEPAL. Nesse sentido, os alcances da teoria da dependência, se comparada com a teoria do desenvolvimento, estão vinculados à ideia de que a situação de subdesenvolvimento no continente latino-americano se relaciona com o mundo da economia e da política. Por outro lado, os limites da teoria da dependência radicam no fato de
que ela não cumpriu com sua proposta inicial, pois sua leitura da realidade latino-americana ficou restrita a aspectos econômicos. A análise parte do pressuposto de que a crise da modernidade se dá em todos os aspectos da vida ocidental, fruto da racionalidade econômica e do desenvolvimento unidimensional, o que atinge a região latino-americana diretamente. Assim, tanto a compreensão da realidade que nos circunda, assim como a sua transformação, exigem que se repense o modelo de homogeneização do padrão de produção e de consumo, vigentes na sociedade latino-americana, cuja matriz é o modelo ocidental dos países do centro.

Palavras-chave: Modernização. Desenvolvimento. Subdesenvolvimento. Economia. Dependência. Ecologia.


O DEBATE ATUAL SOBRE A DEPENDÊNCIA

Niemeyer Almeida Filho

Resumo: o trabalho discute a atualidade do conceito de dependência. Para tanto, recupera trabalhos que fizerem parte das origens do Aporte da Dependência. Mostra que as transformações do capitalismo desde os anos 1980, mas sobretudo dos anos 1990, reforçam a idéia de parte dos autores do Aporte que sustentavam que a dependência era uma condição estrutural imutável nos parâmetros do capitalismo. Há uma atualização dos termos originários, com incorporação da idéia de subordinação. Conclui-se que há claros sinais de dependência nas relações internas ao sistema capitalista global deste começo de século. No entanto, houve afastamento das posições originárias que compuseram o antigo Aporte, de maneira que não há mais sentido em mantê-las num marco analítico comum.


O “Ornitorrinco” e a Dependência no Brasil de Hoje: Atualidade e convergência entre o pensamento de Francisco de Oliveira e a Teoria Marxista da Dependência

Hugo Figueira de Souza Corrêa
André Morato Dias Cardeal

Resumo: Já se passam mais de quinze anos da intensificação das aberturas comercial e financeira no Brasil, e o país está mais longe do grupo principal de países capitalistas do que estava há quinze ou trinta anos, retrocedeu-se em termos de desenvolvimento. Em uma mistura de dependência, tecnológica e financeira, do capital internacional e de condições estruturalmente adversas ao desenvolvimento do capitalismo nacional sobre bases mais igualitárias, o cenário brasileiro configura o que o sociólogo Francisco de Oliveira conveio chamar de uma evolução truncada; um ornitorrinco. A proposta do presente artigo se assemelha em termos formais ao recente empreendimento de Oliveira: retomar um caminho perdido do pensamento crítico brasileiro. Para isso, busca-se examinar dois momentos da obra de Francisco de Oliveira – primeiro em sua Crítica à razão dualista e depois em o Ornitorrinco –, e também se retomar a Teoria Marxista da Dependência. Procura-se as convergências destas análises, as suas complementaridades e as contribuições que possam dar para o entendimento da condição brasileira.

Palavras-chave: dependência, desenvolvimento


Ruy Mauro Marini: uma Interpretação Marxista do Capitalismo Dependente

Adolfo Wagner

Resumo: O presente artigo desenvolve uma breve descrição das principais características do que se convencionou nominar por “Teoria da Dependência” e situa as noções-chaves que formam o edifício conceitual do pensamento do sociólogo e militante marxista Ruy Mauro Marini, cuja obra representa um dos mais importantes esforços para a compreensão dos dilemas enfrentados pelos países latino-americanos na atualidade.

Palavras chaves: Pensamento social latino americano; teoria da dependência; capitalismo dependente; Ruy Mauro Marini.

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