quarta-feira, 30 de junho de 2010

O "fim do Ocidente" ou o ocaso neoliberal, momento de guinada histórica

O "fim do Ocidente"? Ainda não
Ascensão e queda dos grandes impérios tem sido uma constante histórica 

Varsóvia - Niall Ferguson é um dos mais discutidos historiadores britânicos de nossa época. Sua obra escrita oscila em torno de dois temas centrais: a história do dinheiro e a história dos impérios. Em 2003, no rescaldo da guerra dos EUA contra o Iraque, guerra esta que Ferguson defendeu calorosamente, seu livro Império tornou-se best-seller no mundo anglófono.

Representante da escola "Revisora" da história, o autor luta neste livro para reconstituir moralmente a coloniocracia ocidental, advoga a favor de um "império norte-americano sem culpas" e reavive a lógica do poeta Kipling, sobre a famigerada "carga do homem branco", que deve civilizar as raças "atrasadas".
Daquela época até hoje muita água rolou por debaixo das pontes do Tâmisa e do Potomac, como testemunha o último artigo do Ferguson na revista norte-americana Foreign Affairs, sob o eloquente título "Impérios à beira do caos". Desta vez, o professor de Harvard critica duramente não a soberba do vitoriano Kipling, mas o pessimismo do filósofo alemão da pós-Segunda Guerra Mundial Oswald Spengler, autor do livro que marcou época com o título A Decadência do Ocidente.

Motivo para a guinada pessimista de Ferguson foi não tanto a imobilidade militar da capengante superpotência norte-americana no Iraque e no Afeganistão, quanto a grande crise econômica do último triênio, com suas possíveis e gigantescas consequências geopolíticas.

O historiador britânico soa a sinal de perigo para a crise fiscal dos EUA, com a perigosa escalada da dívida e do déficit, avaliando que Washington será obrigada a cortar seriamente os gastos militares e suas ambições geopolíticas.

domingo, 27 de junho de 2010

A tragédia no Nordeste tem culpado

ZÉ MARIA, Presidente Nacional do PSTU e integrante da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas)

Uma grande tragédia recai sobre o Nordeste. Há dias que as chuvas estão castigando cidades de Pernambuco e Alagoas. As enchentes provocaram desabamentos e destruíram milhares de casas. Cidades inteiras foram praticamente arruinadas. Até agora, mais de 170 mil pessoas estão desalojadas e mais de 45 foram mortas. Mas o número de vítimas é bem maior, pois há mais de 150 pessoas desaparecidas.

As cenas da tragédia lembram a ocorrida em Santa Catarina, em 2008, ou Angra dos Reis e Rio de Janeiro, neste ano. Mas há outra coisa semelhante entre esses episódios. Como as outras, a tragédia no Nordeste também poderia ter sido evitada.

A tragédia vitimou, sobretudo, as pessoas mais pobres. Vítimas de baixos salários e da pobreza, elas são empurradas para as margens de rios e ocupam áreas de riscos.

As oligarquias regionais que controlam Alagoas e Pernambuco (de Teotônio Vilela Filho, ligado ao PSDB, a Eduardo Campos, Fernando Collor ou Renan Calheiros, ligados ao governo Lula) são os principais responsáveis por esta tragédia. Décadas de governo destas oligarquias significam miséria para os trabalhadores.

A situação, que já é precária para muitos, se tornou ainda pior com a tragédia. Famílias que perderam suas casas reclamam da falta de água, comida, colchões, cobertores, roupas, alimentos e água. Um morador de União doa Palmares, descreveu a situação ao jornal O Estado de S.Paulo: “Estamos com sede. Comida não trazem. Quem traz é o povo que mora onde as águas não chegaram. Tem que comer pouquinho para deixar para outra pessoa. Senão não tem.” Os moradores também sofrem com a falta de água e energia. Logo, doenças poderão se proliferar e vitimar mais pessoas.

No início, o governo liberou apenas R$ 50 milhões para Alagoas e Pernambuco. Mas diante da repercussão da tragédia o presidente Lula foi obrigado a aumentar a ajuda para mais 500 milhões de reais. No entanto, o valor é bem pequeno quando comparado R$ 4,5 bilhões previstos para a transposição do São Francisco. Todo esse dinheiro poderia ter sido destinado a melhorar as condições de vida e moradia da população, mas o governo prefere atender os interesses do agronegócio e das empreitaras.

Por outro lado, se o governo não envia a ajuda necessária para ajudar os desabrigados, decidiu enviar integrantes da Força Nacional de Segurança Pública para supostamente “combater saqueadores”.

A atuação do governo é absurda. Ao invés de enviar ajuda aos desabrigados, o governo envia polícia para reprimir a população! Os trabalhadores precisam exigir que Lula destine ajuda concreta aos desabrigados. Os trabalhadores e suas e organizações devem ajudar numa campanha de solidariedade às vítimas da tragédia.

Opinião Socialista online, 24/6/2010

sábado, 26 de junho de 2010

A comprovação econométrica da validade da marxiana "lei da queda tendencial da taxa de lucro".

Em artigo, publicado na revista Primeiros Ensaios Econômicos do PET/Economia da UFPR, três autores testam, usando métodos estatísticos econométricos, a validade da tendência de queda da taxa de lucro, um dos pilares da Economia Política marxista, utilizando os dados econômicos dos EUA entre 1947 e 1977 (período justamente considerado de "Era de Ouro do Capitalismo"), comprovando sua validade e relevância história explicativa das crises.

A Queda Tendencial da Taxa de Lucro - Evidência Empírica e Estimação para o Caso dos EUA

sexta-feira, 25 de junho de 2010

As Universidades, a Matemática no vestibular e a Ditatura de 64

Pesquisa enviada ao blog que demonstra ser universidade pública a entidade nacional atual herdeira dos métodos e processos da Ditadura de 64. Prova disto, é como historicamente usou (e ainda usa) a Matemática para alijar egressos da rede pública e cumprir uma das metas da educacionais daquele regime, que foi acabar com o excedente no ingresso ao ensino superior público sem que com isso aumentasse de fato vagas.

Como universidade pública historicamente tem alijado ingresso da rede pública

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Em greve geral, franceses iniciam a resistência a ataques a previdência

Devido a crise fiscal, provocada pelo socorro aos banqueiros em 2008/2009, governos da UE passam a atacar os direitos dos trabalhadores, obviamente que se organizam a resistência.

França: trabalhadores fazem greve contra reforma na previdência

Uma grande greve contra o plano do governo francês de aumentar a idade para as aposentadorias atrapalhou o sistema de transportes e levou ao fechamento de escolas, nesta quinta-feira. Os sindicatos pretendem levar milhões de pessoas às ruas da França para protestar. Foram afetados os trens em cidades por todo o país europeu, informaram autoridades de transporte, referindo-se a uma das duas principais rotas ferroviárias para passageiros da França, que opera em Paris e fora da capital. Três em cada quatro trens do metrô de Paris estavam operando. A autoridade aeroportuária DGAC afirmou que 15% dos vôos haviam sido cancelados, no período entre 7h e 14h (hora local, 2h e 9h de Brasília), nos aeroportos Charles DeGaulle e o de Orly.

O Ministério da Educação informou que 32% dos professores de escolas de ensino fundamental cruzaram os braços. No ensino médio, a paralisação afetou 10% dos professores. O sindicato dos professores SNUipp-FSU afirmou que mais de 50% dos docentes estavam parados e várias escolas não funcionavam. O governo apresentou na semana passada uma proposta para aumentar a idade de aposentadoria de 60 para 62 anos, a partir de 2018, elevando o tempo de trabalho necessário para se conseguir a aposentadoria.

A medida é parte dos esforços do governo para cortar seu déficit orçamentário. Para os sindicatos, essa mudança é um ônus injusto para os trabalhadores. Líderes de alguns dos seis sindicatos que convocaram conjuntamente a greve afirmaram que estavam planejando grandes manifestações nas ruas, ao longo do dia.

- A esperança é conseguir mais de 1 milhão de manifestantes. Eu acho que esse número será superado, com certeza - previu François Chereque, líder do sindicato CFDT.

Segundo ele, "talvez 2 milhões" de pessoas podem participar.

- Nós temos mais de 200 manifestações por toda a França e estamos ouvindo das bases que há um comparecimento excepcional. Os empregados estão percebendo que essa reforma é injusta - afirmou, em entrevista à rádio RTL.

Também foi convocada uma paralisação no serviço de correio, em empresas fornecedoras de gás e eletricidade e em várias companhias privadas. Os funcionários gráficos aderiram ao movimento, levando jornais diários como o Le Monde e o Libération a desistirem de suas edições de sexta-feira. Emissoras como a France Info, geralmente integralmente dedicada ao jornalismo, tocavam músicas para preencher os buracos gerados pelos funcionários parados. Grandes protestos já forçaram o governo francês a recuar em reformas sociais no passado.

Desta vez, o ministro do Trabalho, Eric Woerth, afirmou que o governo não cederá no aumento da idade para a aposentadoria. A mudança busca ajudar o país a alcançar a meta de ter um déficit de 3% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Também é um aspecto central da agenda do presidente Nicolas Sarkozy, que se prepara para tentar a reeleição em 2012. A lei sobre a reforma deve ser analisada pelo gabinete de governo no mês que vem e então seguir para o voto do Legislativo, em setembro.

Fonte: Agência Estado

"Os senhores despacham suas tropas" - sobre o ataque a Flotilha da Liberdade

artigo enviando por nosso amiga Camila

Os Senhores Despacham Suas Tropas


Gerardo Leibner.
Junho, 2010.


É hora de pensar sobre aqueles que ficam em seus escritórios e emitem ordens para manter o bloqueio – mesmo ao custo de vidas humanas; aqueles que revezam entre atiçar e extinguir as labaredas de acordo com a necessidade; que preparam as listas de produtos que não podem entrar em Gaza – lápis, remédios, temperos; aqueles que ordenaram o ataque à “Flotilha da Liberdade”; os homens que usam piscinas de sangue como cortinas de fumaça.

Quanto mais se agrava a crise social, mais os banhos de sangue, as provocações e os conflitos se tornam os meios mais fáceis e acessíveis pelos quais as elites tentam nos dominar; ao espalhar fumaça, unem, temporariamente, a maioria da nação; ao incitar contra o inimigo comum, distraem a atenção pública da contínua pilhagem de seus direitos e recursos.

Não há nada como a provocação política para retirar a atenção pública da corrupção dos líderes do governo. Não há nada como a crise na segurança para afastar temporariamente da agenda pública qualquer discussão séria sobre as escandalosas privatizações conduzidas por Netanyahu, Ehud Olmert, [Ehud] Barak (cada qual à sua vez) e seus companheiros, que entregaram a algumas poucas famílias o controle de enormes riquezas, às custas do restante da população. Não há nada como trocas de tiros com o Hamas e o estímulo ao nacionalismo extremista para manter longe do escrutínio público o sempre crescente número de casos de famílias que, tendo vivido por décadas em propriedades públicas, são expulsas de suas casas a fim de abrir caminho para transações imobiliárias suspeitas.

A arte de trocar ameaças com o Hamas ou insultos com manifestantes na Turquia é um meio factível e testado (mas temporário, sempre temporário) para fazer os judeus orientais esquecerem que eles foram – e continuam a ser – vítimas de uma distribuição desigual dos recursos nacionais. Mas ambos, o nacionalismo extremista judeu e o árabe, são meios ainda mais reais e experimentados de impedir a união de judeus e árabes, populações oprimidas exatamente pelos mesmos interesses.

Nada como discorrer sobre abrigos públicos, salas de segurança e exercícios de defesa civil para esconder o fato de que, por conta de cortes de orçamento, mais da metade das crianças apontadas como “crianças ameaçadas” em Israel, aquelas que enfrentam riscos diários em suas famílias desfeitas ou problemáticas, não podem ser aceitas em centros extra-escolares criados para garantir sua segurança e bem-estar por várias horas durante a tarde. Afinal de contas, o que é segurança social quando comparada a “segurança real”?

Naturalmente, o Hamas dança no mesmo compasso – criando conflitos periódicos, até sazonais, que atendem apenas a seus próprios interesses de manutenção do poder político –  e assim contribui, a seu modo, para a sobrevivência da elite corrupta israelense. O mesmo pode ser dito de outros atores em nossa região.

Ainda assim, muitos de nós, a maioria das pessoas vivendo neste país, não apenas absorvemos silenciosamente os chocantes resultados de cada série de violências, mas toleramos a contínua erosão de nossos direitos sociais, nossos direitos econômicos, nossos direitos de negociar e lutar pelo que temos, ou o que realmente deveria ser nosso; enquanto eles, os poucos afortunados, aqueles ligados ao poder, continuam a arrancar cada vez mais das mãos de nossos dois povos, israelenses e palestinos.


Gerardo Leibner é membro do movimento judeu-árabe Hithabrut-Tarabut, em Israel; um dos fundadores do movimento Ta’ayush, que trabalha para construção de uma parceria entre árabes e judeus; e historiador da América Latina.

O texto original está disponível em http://www.tarabut.info/en/home/

quarta-feira, 23 de junho de 2010

40 anos sem Michael Kalecki

Companheiros de esquerda e/ou ligados a pensamento crítico navegantes da Internet em 19 de abril último completou 40 anos de falecimento do economista marxista polonês Michael Kalecki (22 de junho de 1899 — 18 de abril de 1970).


Dando olhada pela Internet e não se vê nada saudando esse fato e/ou relembrando por conta da data esse importante intelectual, militante e cientista social. Os economistas da Academia, nem mesmo os pós-keynesianos, marcaram o fato.

Fica aqui o chamado a propostas para organizar alguma coisa, mesmo que virtual, para celebrar memória do mestre de uma Macro e Microeconomia alternativa à burguesa e com base marxiana, que sempre procurou combinar Teoria Econômica e Economia Política, com Sociologia, Ciência Política e Matemática e Estatística, seguindo o método marxista, mas não dogmático

Livros publicados no Brasil:

*Teoria da Dinâmica Econômica
*Teoria do Crescimento em Economia Socialista
* coletânea Kalecki, da coleção grandes cientistas sociais
* coletânea Crescimento e Ciclo das Economia Capitalista

Fórum: Comunidade no Orkut "Michal Kalecki"
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=71396

Kalecki - Teoria Da Dinamica Economica - Os Economist As

terça-feira, 22 de junho de 2010

Até FMI pede moderação na alta das taxas

Até FMI pede moderação na alta das taxas

Monitor Mercantil online, 21/06/2010

No mesmo dia em que o mercado financeiro revia para cima a estimativa para a taxa básica de juros (Selic) para o fim de 2010 (de 11,75% ao ano para 12,00%), o FMI alertou para "potenciais excessos" quando a "necessidade de elevar as taxas de juros" vier a alimentar o fluxo de capital vindo das economias avançadas.

Para o economista Marcos Coimbra, do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), foi um claro recado para o Brasil, que já pratica os maiores juros reais do mundo:

"Até o FMI muda, menos a política econômica no Brasil. A meta de inflação estourou em menos de um ponto percentual. Não há justificativa técnica para continuar aumentando a Selic, a não ser a variável Meirelles", ironizou.

"Mesmos os economistas mais ortodoxos reconhecem que nossa inflação não é de demanda. Elevar juros aumenta a dívida pública e segura a economia, agravando o problema das contas externas e da desindustrialização", prosseguiu, indagando sobre "quem realmente manda" na economia, o presidente do BC ou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

"Enquanto todos olham para a dívida líquida, a dívida pública bruta se aproxima dos 70%, inflada por esse modelo que favorece o déficit externo e a desindustrialização."

Subir juro causa mais despesa que reajuste do INSS

Subir juro causa mais despesa que reajuste do INSS

Monitor Mercantil - segunda-feira, 21 de junho de 2010

De acordo com a Auditoria Cidadã da Dívida, as duas últimas reuniões do Copom aumentaram a taxa básica de juros em 1,5%, gerando aumento anual nos gastos com juros da dívida em R$ 30 bilhões, "valor 19 vezes superior ao alegado custo do reajuste de 7,7% para os aposentados".

A Auditoria pondera que, na Europa, "os rentistas também estão acima dos trabalhadores e aposentados" e cita como o governo espanhol, que baixou decreto alterando as leis trabalhistas, enquanto a França anunciou a proposta de aumentar de 60 para 62 anos a idade mínima para a aposentadoria, "para tentar conquistar a confiança dos investidores".

Ainda segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, os cortes de gastos sociais por parte de vários outros países da Europa têm a função de convencer os eleitores franceses de que tais reformas realmente seriam necessárias.

"Enquanto isso, no Brasil, Os lucros das estatais (repassados a seu maior acionista, ou seja, o governo federal) chegaram a R$ 26 bilhões em 2009. E são destinados ao pagamento da dívida pública, conforme o art. 1º da Lei 9.530/1997. Esses R$ 26 bilhões representam 16 vezes o custo alegado pelo governo para o reajuste de 7,7% dos aposentados. Mas o governo insiste em deixar intocável o gasto financeiro, e diz que precisa cortar outros gastos sociais para garantir o reajuste."

Já o economista Plínio de Arruda Sampaio Jr., professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acrescenta que, ao vetar o fim do fator previdenciário, o presidente Lula se mantém coerente com a conduta adotada desde quando começou o governo, em 2003: "Lula promoveu uma reforma retrógrada na Previdência, a mando do FMI. Agora, fecha o segundo mandato com seu governo referendando a política recomendada pelo fundo."

Segundo Sampaio Jr, Lula "manteve-se coerente com a ortodoxia econômica, acatando esse déficit previdenciário que, embora inexistente, foi construído através de artifícios contábeis."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Trabalhadores gregos organizam nova greve geral

Veja o relato do dirigente Sotiris Martalis, que esteve no Congresso da Conlutas e no Conclat, sobre os últimos acontecimentos na Grécia. Em sua saudação o grego fala da força das greves gerais na Grécia e aponta os culpados pela crise econômica



Trabalhadores gregos organizam nova greve geral

Opinião Socialista online

Leia o relato do dirigente Sotiris Martalis, que esteve no Congresso da Conlutas e no Conclat, sobre os últimos acontecimentos na Grécia

Sotiris Martalis, de Atenas

• O governo da Grécia anunciou uma nova lei sobre as relações trabalhistas. É importante notar que essa lei não será votada no Congresso. Ao invés disso, será ratificada como lei de Estado, como um decreto presidencial. A esquerda acredita que este ato viola a Constituição.

Em essência, a nova lei acaba com os Acordos Coletivos entre patrões e empregados. O salário mínimo não será determinado pelo Acordo Nacional Coletivo, mas por um decreto presidencial. A compensação para os trabalhadores demitidos será reduzida a 50% (quando o empregador avisa o trabalhador quatro meses antes da demissão).

A maior federação sindical, a GSEE (Conferederção Geral dos Trabalhadores no Setor Privado) e ADEDY (Confederação Geral dos Trabalhadores públicos) convocaram uma greve geral de 24 horas no dia 29 de junho.

Os sindicatos já discutiram sobre uma próxima greve nos primeiros dias de julho, quando o governo planeja impor sua nova lei sobre o Serviço de Seguridade social e as pensões. Queremos destacar que a greve de 29 de junho é a 5ª greve geral desde o início do ano.

Os trabalhadores do metrô estão em greve por três dias e vão continuar na segunda feira, por decidirem continuar com greves de 24 horas. Essa greve foi convocada para evitar a demissão anunciada de 289 trabalhadores, que deveria acontecer em agosto. Em solidariedade com os metroviários, os trabalhadores de todo o transporte público também estão organizando paralisações.

Lula veta o fim do fator previdenciário

Lula veta o fim do fator previdenciário

Anúncio foi dado pelo ministro Guido Mantega a poucas horas da estreia da seleção na Copa. Luta dos aposentados, porém, garante reajuste de 7,7%, maior que os 6,14% negociados pelas centrais sindicais com o governo.

• Lula esperou até o último momento para anunciar a sua decisão sobre a MP dos aposentados aprovada pelo Congresso. Finalmente, divulgou o que faria poucas horas antes do primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do mundo. E não surpreendeu. Mantendo aquilo o que já vem fazendo em seu governo, Lula vetou o fim do fator previdenciário, medida aprovada pela Câmara e pelo Senado após diversas mobilizações dos aposentados.

O fator havia sido imposto pelo governo FHC em 1999 e tem como objetivo postergar ao máximo as aposentadorias. Ele estabelece uma conta para o cálculo das aposentadorias que leva em conta a expectativa de vida, o tempo de contribuição e a idade do assegurado, fazendo com que o trabalhador receba menos quanto mais cedo ele se aposentar. Na prática, obriga os trabalhadores a trabalharem cada vez mais, sob o risco de terem seus benefícios reduzidos.

Reajuste
Se Lula vetou o fim do fator, por outro lado, mesmo a contragosto, o presidente foi obrigado a sancionar o reajuste de 7,7%. Mesmo insuficiente, ele é maior que os 6,14% que o governo havia combinado com as centrais sindicais como CUT e Força Sindical. No Congresso, a pressão dos aposentados fez com que esse índice subisse para 7,7%, mesmo com todas as ameaças e chantagens do governo.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT), que integrou a tropa de choque contra os aposentados no Congresso, chegou a dizer que os aposentados “não tem o que reclamar”. Ele reafirmou que o índice havia sido um acordo com as centrais. “Os 6,14% foram um acordo entre as centrais e o governo federal. Não foi um número cabalístico”, disse, expondo o papel que CUT e Força Sindical cumpriram, de rebaixar o reajuste que até o governo estaria disposto a conceder.

Mesmo assim, o ministro da Fazenda Guido Mantega, afirmou que o governo vai compensar o reajuste aumentando o corte no Orçamento para além dos R$ 10 bilhões anunciados recentemente. Para isso, vai cortar mais R$ 1,6 bilhão. “O presidente Lula nos liberou para fazer os cortes necessários, que vão compensar os 7,7%”, disse Mantega.

A luta não terminou
O veto de Lula reafirma sua política para os aposentados. Só para lembrar, em 2003, logo em seu primeiro mandato, Lula impôs a reforma da Previdência no setor público. Já em 2006, vetou o reajuste de 16,6% aprovados pelo Congresso, como parte da recomposição das perdas desde o governo Collor. Agora, veta o fim do fator. Esse caso agora, expõe de forma mais clara o papel cumprido pela CUT que, além de não defender o fim do fator previdenciário, negociou um reajuste ultrarebaixado com o governo, que foi até mesmo rechaçado pelo Congresso. O índice negociado foi ainda utilizado pelo governo a toda hora para negar um reajuste maior.

A lição que fica, porém, é da força da mobilização dos aposentados. Foi a luta que desbloqueou a negociação rebaixada da CUT, impôs o fim do fator no Congresso e garantiu o reajuste de 7,7%. E, mesmo com o veto de Lula, a luta pelo fim do fator previdenciário não terminou. O Congresso pode ainda derrubar o veto. A mobilização dos aposentados agora tem que girar novamente do Planalto para o Congresso, obrigando os parlamentares a derrubarem o veto e pondo um fim em definitivo nesse famigerado fator.

Opinião Socialista online, 15/6/2010

domingo, 20 de junho de 2010

As Ongs: capitalismo, manipulação e o "cala a boca Galvão"

 Artigo de Carlos Alberto Serrano na página da esquerda galega "Diário Liberdade".



Galvão Bueno é um importante locutor esportivo da principal e mais poderosa emissora de televisão brasileira, a Rede Globo. Eu, como muitos torcedores e espectadores brasileiros, não gosto do seu trabalho: o considero chato, de um ufanismo tacanho ornado por uma constante bajulação à determinados jogadores que chega a exasperar.

No entanto, este artigo não é para arrolar as "magníficas" características deste narrador de jogos futebolísticos. Não é sobre ele, diretamente, que falaremos. Seu nome só entra aqui por um motivo: pela antipatia popular que gerou uma brincadeira e ganhou grande proporção, tendo efeitos inusitados que nos ajudarão a abordar alguns temas em torno de elementos onipresentes na atualidade: as ONG's.

sábado, 19 de junho de 2010

Dica de blog político sobre a Copa do Mundo

Um dica para acompanhar a Copa do Mundo pela internet e sem se alienar politicamente. O PSTU reativou o Blog PSTU na Arqubancada, que tanto sucesso fez na Copa do Mundo de 2006. O Blog está acompanhando a Copa da África do Sul, seus jogos e bastidores, mas também o seu contexto político, os fatos da conjuntura e retrospecto histórico.

Nota da Secretaria Executiva da CSP eleita no Conclat

Nota da Secretaria Executiva Nacional Provisória eleita no Conclat
A Secretaria Executiva Nacional reunida no dia 15 de junho de 2010, em São Paulo, se dirige às entidades sindicais e populares e aos delegados e delegadas do Conclat
O Conclat – Congresso Nacional da Classe Trabalhadora – se constituiu num evento muito importante para as entidades sindicais e populares que participaram da sua construção. O número de participantes (3115 delegados/as) e a representação sindical (aproximadamente 3 milhões de trabalhadores/as) e popular (71 movimentos populares de 12 estados) ali reunida não deixam dúvidas da importância do Congresso.
A organização do Congresso foi definida consensualmente, a partir das resoluções do Seminário Nacional realizado em novembro/2009 e pela Coordenação constituída. O objetivo fundamental do Congresso era avançar na unidade das entidades que compunham a Coordenação.
As diferenças que persistissem seriam definidas por votação dos/as delegados/as presentes. Foi esse o acordo entre todas as organizações que permitiu a convocação do Congresso. Em nenhum momento, qualquer uma das organizações declarou que não aceitaria votação de algum tema polêmico, como pode ser demonstrado pelo próprio Regimento do Congresso, apresentado consensualmente pelas entidades convocantes.
O Conclat se instalou e cumpriu a sua pauta até o final, desde a abertura política, a defesa das teses, trabalhos em grupo até a plenária final de votação das resoluções.
Os/as delegados/as aprovaram as resoluções de conjuntura, plano de ação e a fundação de uma central sindical e popular, deliberando sobre as divergências ainda pendentes de organização da entidade: composição, estrutura e formato das instâncias de direção e nome.
A retirada do plenário de uma parte dos/as delegados/as quando da abertura do processo para eleição da Secretaria Executiva resultou num duro golpe ao processo construído, constituindo-se numa derrota do esforço que todos/as haviam realizado para a realização do Congresso.
Lamentamos profundamente a atitude tomada pelos/as companheiros/as que se retiraram e a consideramos um erro.
Diante dessa situação, junto com a maioria das delegações, encaminhamos o Congresso até o final, elegendo uma Secretaria Executiva Nacional Provisória, responsável por encaminhar o plano de ação votado e as demais resoluções do Congresso, a estruturação e organização da Central, bem como a  luta pela unidade dos lutadores numa mesma organização nacional.
Assim o fizemos porque essa é uma necessidade de nossa classe, que segue sendo fortemente atacada pelos governos e pelo patronato e necessita da unificação de todos que estejam dispostos a se enfrentar com essa situação, com independência frente aos governos e à burguesia.
Por esse motivo estamos a favor de empreender todos os esforços para uma recomposição e para que os setores que se retiraram venham se juntar aos demais e compor organicamente a central fundada no Conclat.
O momento histórico está a nos exigir a construção desse instrumento: uma organização de frente única, construída e dirigida desde as suas entidades de base, uma central sindical e popular, que o Conclat decidiu por incorporar ainda o movimento estudantil, a juventude trabalhadora e dos movimentos populares e também os movimentos classistas de luta contra as opressões.
A democracia é um valor fundamental nessa organização. Todos os debates podem e devem ser feitos, bem como todos os acordos possíveis devem ser valorizados. A experiência de construção do Conclat demonstrou a vitalidade do nosso movimento: foram cerca de 900 assembléias realizadas em todo o país, reunindo milhares de trabalhadores e trabalhadoras.
Garantidas as condições para o debate, como ocorreu no Conclat, as diferenças que porventura permanecerem serão decididas pelas instâncias da Central, pelo voto dos representantes das entidades que a compuserem. De outra forma, cairíamos no risco da paralisia e do internismo. Não existe outra forma possível de funcionamento em qualquer organização de frente única. A unidade na ação será garantida por um programa comum, democracia nas discussões e unidade no encaminhamento das resoluções votadas em maioria, quando não for possível o consenso.
Com esse entendimento, nos colocamos à disposição e fazemos um chamado aos setores que romperam com o Conclat para que nos reunamos para debater os encaminhamentos que forem possíveis no processo de reorganização da esquerda sindical e popular.
Reiteramos a nossa disposição de empreender todos os esforços para a recomposição. A central sindical e popular fundada no Conclat é parte deste esforço e acreditamos que deve se constituir num pólo de aglutinação de todos os setores classistas e de luta.
Nesse sentido, sabendo das preocupações reiteradas pelos/as companheiros/as que se retiraram do Conclat quanto ao nome da Central, informamos que: 1. Tendo em vista a deliberação da Intersindical de desautorizar o uso do nome de sua organização na marca da Central, informamos que não utilizaremos o nome da Intersindical até que a reunião da Coordenação Nacional, já convocada para o mês de julho, decida que atitude tomar frente a esse impasse; 2. Nossos materiais e declarações públicas serão assinados pela “Secretaria Executiva Nacional Provisória eleita no Conclat” e pela “Central Sindical e Popular fundada no Conclat”, até que a Coordenação Nacional de entidades de base se reúna e 3. Estamos abertos a dialogar com os/as companheiros/as que se retiraram do Conclat, buscando uma saída, nos marcos das votações realizadas no Congresso e que contemple as preocupações levantadas pelos/as companheiros/as.
Reafirmamos o nosso respeito por todo o processo e pelas deliberações do Conclat e a continuidade de nossos esforços pela construção da unidade.

São Paulo, 15 de junho de 2010.
Secretaria Executiva Nacional (Provisória) da Central Sindical e Popular fundada no Conclat

segunda-feira, 14 de junho de 2010

PIBão: truques estatísticos no debate entre os economistas na defesa do rentismo

Truque estatístico

Marcos de Oliveira e Sérgio Couto (Monitor Mercantil online, 2/06/2010)
A tese de que o Brasil viveria um superaquecimento da economia implica a remoção do período mais agudo da crise das estatísticas da economia do país. Enquanto muitos economistas projetem que a indústria teria crescimento de 11% a 13% em 2010, pouco ressalvam que esse incremento se dará sobre uma base comprimida, pelo encolhimento de 7,4%, em 2009. Feito o desconto, tem-se uma indústria que avançaria 5% a 6%, avanço longe de poder ser considerado espetacular.

"Os progressistas" 
Com o Governo Lula aproximando-se do fim, cresce o número de economistas que, se reivindicando desenvolvimentistas, defendem cortes drásticos nos gastos públicos como uma espécie de swap com a nova escalada da taxa básica de juros (Selic) que o Banco Central ameaça perpetrar. Argumentam que, além de substituir com vantagens o aumento dos juros, a tesourada nos gastos teria efeito mais imediato para inibir o crescimento. Ao aceitarem a condução do debate nesses termos, consciente ou inconscientemente, reforçam o argumento meirelliano de que o Brasil estaria fadado a taxas de crescimento medíocres, contrariando as médias históricas atingidas durante meio século, entre 1930 e 1980; a partir desta década, a adesão a políticas anticrescimento cresceu no país.
Não é preciso ter lido Keynes para, como ensina um homem prático, como o vice-presidente José Alencar, entender que nosso país padece de subconsumo e não de crescimento excessivo. Com carências seculares e produção constrangida por um mercado interno de baixa elasticidade, é natural que qualquer estímulo ao aumento do consumo, via alta real do salário mínimo ou da expansão do crédito, tenha respostas imediatas da demanda. Tal incremento, no entanto, é bastante distinto do observado em mercados maduros, nos quais grande parte das necessidades básicas e mesmo de consumo de bens duráveis estão, em essência, atendidos - noves fora, claro, os bolsões de pobreza mantidos longe dos olhos do público interno e externo.
Quando economistas do mercado financeiro defendem a patuscada de que, via alta do juros e/ou do corte de gastos públicos, o crescimento brasileiro deve ser limitado a suposto PIB potencial de 3%, cumprem um script a serviço de interesses bastante bem definidos: limitar o avanço do setor produtivo, para que continue a cevar rentistas e especuladores, que, anualmente, amealham um Bolsa Juros na faixa de R$ 160 bilhões. Qualquer avanço acima desse patamar, bem como a ampliação dos gastos públicos em infra-estrutura e políticas sociais, representa uma trava na transferência de recursos para o setor financeiro.
E quando economistas que se reivindicam progressistas argumentam que essa equação seja mantida via cortes de gastos públicos? Qual é sua intenção? Capitulação ideológica ou manutenção das franjas que ocupam distantes do centro decisório do governo?

sábado, 12 de junho de 2010

Nota da Conlutas sobre os Congressos da Conlutas e Conclat

Nota oficial da Conlutas sobre os acontecimentos dos Congressos da Conlutas e Conclat

Leia abaixo a íntegra da nota oficial da Conlutas sobre o Conclat



 


• O Conclat – Congresso Nacional da Classe Trabalhadora – aglutinou 4.000 participantes, dos quais 3.180 delegados/as, com uma representação de base dos sindicatos de cerca de 3 milhões de trabalhadores/as. A Conlutas era a organização com maior representatividade. Nosso Congresso contou com 1.800 delegados/as.

O que era para ser uma grande vitória do processo de reorganização, infelizmente, se transformou numa derrota, pela decisão do bloco Intersindical/Unidos/MAS de se retirar do Congresso depois de perder a votação do nome da nova entidade.

Toda a programação do Congresso foi garantida: do ato político de abertura, passando pela defesa das teses em plenário, trabalhos em grupo até a plenária final de votação das resoluções. O Congresso deliberou sobre os principais temas em discussão: Conjuntura e plano de ação, caráter, composição e funcionamento da Central.

A última votação importante, antes da eleição da Secretaria Executiva, era a definição do nome da nova central. Após um intenso debate acerca das propostas apresentadas, sagrou-se vencedora a proposta do nome da nova central ser “Conlutas/Intersindical – Central Sindical e Popular” apresentada pelo MTL e defendida pela Conlutas.

Na votação, essa proposta obteve cerca de 2/3 dos votos. O resultado foi acatado publicamente pelos demais setores. Tudo isso está filmado e estará disponível nos próximos dias na internet.

No entanto, depois desta votação, a Intersindical decidiu abandonar o Congresso, no que foi seguida pelas delegações do MAS – Movimento Avançando Sindical – e pelo agrupamento “Unidos Pra Lutar”.

Uma prática inaceitável - O Conclat só foi convocado porque a Intersindical e demais setores envolvidos no debate da reorganização concordaram em chamar um CONGRESSO DELIBERATIVO, que decidisse pelo voto dos delegados/as as polêmicas que não se resolvessem entre as organizações envolvidas no processo.

Essa decisão foi tomada, por unanimidade, no Seminário Nacional realizado em novembro de 2009, na Quadra dos Bancários, em São Paulo.

Sem essa condição não seria possível chamar o Congresso, pois polêmicas tão ou mais importantes que a do nome ainda estavam pendentes, tais como o caráter e a composição da Central, o formato e funcionamento da direção.

Durante todo o período anterior, a Comissão pela Reorganização/Coordenação pró Central funcionou tendo por base o acordo político. Esgotada essa fase, de acúmulo nos debates e conhecimentos das distintas opiniões, convocou-se o Congresso para que a base decidisse tudo o que não foi possível resolver por consenso.

A ruptura do Congresso pelo bloco Intersindical/Unidos/MAS, então, só se explica porque esses setores não aceitam que a base decida as polêmicas que as direções não foram capazes de resolver, e querem impor, por acordo entre as correntes, as suas posições por sobre o que a base decide. Isso evidentemente seria um retrocesso inaceitável.

Nenhuma entidade que sirva à luta dos trabalhadores funciona em base a esse critério, pois, desta forma, nossa Central deixará de ser um instrumento de aglutinação e de luta dos trabalhadores/as e passará a ser um fórum de discussão permanente entre dirigentes, sem serventia para a luta e a defesa dos trabalhadores/as.

Entendemos que todos os esforços devem ser feitos para que os/as companheiros/as do bloco Intersindical/Unidos/MAS revejam suas posições e se incorporem à nova central criada no Conclat. Esforços podem e devem ser feitos para aparar as arestas e diferenças menores. No entanto, o respeito à democracia operária deve presidir o funcionamento da entidade e a relação entre os setores envolvidos.

É inconcebível que a cada vez em que se encontrem em minoria num debate os dirigentes se levantem, se retirem das discussões, ou simplesmente abandonem a organização. Nenhuma organização séria, para a luta dos trabalhadores, poderia ser construída em base a este critério.

O Congresso se restabeleceu com a maioria ainda presente e concluiu o processo de constituição da nova Central, elegendo uma Secretaria Executiva Provisória, conformada praticamente por consenso, para encaminhar as resoluções aprovadas no Congresso.

A Secretaria (conformada por representantes de diversas entidades como a Conlutas, MTL, MTST, dentre outros) se reunirá nos próximos dias e certamente adotará resoluções buscando restabelecer a unidade e o respeito às decisões coletivas tomadas no Congresso, bem como tomará em suas mãos o encaminhamento do plano de lutas aprovado e a organização da nova Central fundada no Conclat.

São Paulo, 8 de junho de 2010.

Coordenação Nacional de Lutas

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mídia, banqueiros e economistas e a "falácia da Selic contra o 'crescimento chinês'"

A falácia da Selic contra o "crescimento chinês"


Para se ter uma ideia do grau de manipulação do mercado e da velha mídia com a taxa Selic, confira os dados abaixo.
Sugiro trazerem para os comentários as análises de jornalistas e economistas afirmando que o Brasil não tolera taxas de crescimento de 9% ao ano. Todas eles visam criar condições junto à opinião pública para legitimar a alta nas taxas Selic.
Os argumentos giram em torno da falta de infraestrutura, da falta de investimentos e da falta de poupança externa.
Quando se fala na insustentabilidade de um crescimento de 9% ao ano, só tem lógica se se supusesse que o ritmo de alta do primeiro trimestre se repetiria durante todo o ano.
Isso porque o crescimento do primeiro trimestre foi em cima de uma base rebaixada.
Vamos às contas, preparadas pelo Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, como uma demonstração clara esse jogo de desinformação valendo-se da falta de conhecimento de parte dos analistas.
eiro, as previsões do mercado para o crescimento do PIB no ano: 7,5%.
O cálculo do PIB é em cima de uma média das elevações trimestrais. Se se começa com 9% no primeiro trimestre, significa que para alcançar o resultado final de 7,5%, o PIB deveria crescer em média apenas um ponto percentual por trimestre. Ou seja, após esse primeiro trimestre atípico - devido a inúmeros fatores que abordo na Coluna Econômica de hoje - a economia irá rodar entre 4% a 4,5% ao ano, segundo as estimativas do próprio mercado.
Então, não há nenhum risco de superaquecimento.
Atropelando os números
Um outro tipo dew sofisma tem sido gerada na Faculdade de Economia da USP, junto ao time que Barbosa chama de Igreja da Microeconomia dos Últimos Dias.
Hoje, no Bom Dia Brasil, um dos pastores rezava que o problema do aquecimento da economia residia, na verdade, na falta de poupança e de investimento interno.
No próprio relatório do IBGE se lê que a taxa de investimento no Brasil (formação bruta de capital fixo / PIB) passou de 16,3% no primeiro trimestre do ano passado para 18% deste ano, uma alta de 1,7 ponto percentual.
Na mesma página do IBGE, a informação de que a poupança interna aumentou 1,5 ponto percentual. Logo, a externa foi responsável por um aumento de 0,2 ponto.
E aí se entra na questão central da macroeconomia. Há anos, os mercadistas sustentam que o país não pode crescer por falta de poupança; há anos os neokeynesianos racionais (em contraposição aos que não vêem importância na responsabiliudade fiscal) sustentam que a poupança é gerada pelo crescimento.
Poupança é resultado da renda menos consumo. Houve aumento de renda do governo (aumento da arrecadaçlão fiscal), das famílias e do lucro das empresas, graças às políticas contracíclicas. Com isso, aumento a poupança interna. De 1,7 ponto de aumento da poupança, 1,5 foi gerada no país

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Julgamento de assassinos de sindicalista brasiliense é adiado

Julgamento do assassinato de Gildo Rocha começaria na terça-feira, 8.
Policial acusado pelo assassinato iria a julgamento no Distrito Federal. Impunidade completa 10 anos.
Erros de procedimento adia julgamento. Movimentos sociais organizam protestos e sofrem intimidação.
Contra impunidade ativistas realizam uma campanha pela internet

 


• Nesta terça, dia 8 de junho, aconteceria o julgamento do acusado pelo assassinato de Gildo da Silva Rocha, militante do PSTU e dirigente do Sindser, o sindicato dos servidores do Distrito Federal, durante uma atividade de greve. 


Em 2000, o então governador Joaquim Roriz, tinha dado ordem de reprimir violentamente a greve dos trabalhadores da limpeza urbana, a SLU, se ela viesse a acontecer. Gildo Rocha, um dos líderes da greve, saiu de casa de madrugada no dia 6 de outubro para uma atividade da greve, votada em assembléia: furar sacos de lixo, para impedir o trabalho dos fura-greves. Policiais a paisana o abordaram e, na perseguição, foram disparados 17 tiros contra seu carro, e um deles o atingiu nas costas.

Para esconder o covarde crime, os policiais afirmaram que Gildo estava em atividade suspeita, e que ele foi o primeiro a disparar. Colocaram arma e drogas em seu carro. 
A perícia desmentiu tudo, provou que Gildo não tinha consumido drogas, que não tinha feito nenhum disparo.

Depois de 10 anos, chegou-se a afirmar que o próprio Gildo teria responsabilidade em sua morte, por ter tentado fugir. “Eles chegaram de madrugada, sem uniforme e carro oficial e de arma na mão. Quem não tentaria correr?”, pergunta Gleicimar de Sousa Rocha, viúva de Gildo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Centenário da Pagu

Hoje comemora-se o centenário de Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, escritora, jornalista, atriz crítica de arte, militante comunista, grande destaque no movimento modernista.

Sobre o simplismo dos NeoMacarthistas no debate sobre o Islã e o Terrorismo

                                                                                                                                      por Rodrigo Souza

 A discussão e a exposição pública do tema da cultura dos e nos países muçulmanos é cravada em lugares-comuns que se acostuma, melhor, faz-se acostumar a introjetar, aceitar, e até discutir-se ferrenhamente por eles. Um olhar menos embotado é suficiente para apreender o pasmo pelo choque diante da multiplicidade, heterogeneidade e complexidade da cultura, do modo de vida, costumes, virtudes e vícios no comportamento do povo. Realmente, pelo que lemos e assistimos nos jornais, e ouvimos dos comentaristas, dos “formadores de opinião”, é tudo tão preto no branco... Está tudo resolvido e respondido... Mas tem hora que pra nós é insuficiente.

Conhecemos a linha de pensamento do Ali Kamel, um dos diretores do jornalismo da Globo. Em comentários editoriais, a plutocracia é esbanjada e averberada. Sua tese sobre o jornalismo investigativo, norteado pelo "testar de hipóteses" - uma janela aberta para a "irresponsabilidade de imprensa", relativismo no compromisso com a verdade factual e princípio da correspondência da verdade, e ultimamente tem se destacado por ser um neomacarthista fanático.

A partir de um texto de uma estudante de jornalismo, publicado no Estado de Minas, fiquei curioso a respeito de um dos últimos livros do McCar..quer dizer, Kamel. Sobre o Islã: a afinidade entre muçulmanos, judeus e cristãos e as origens do terrorismo. Passei numa loja, vi as apresentações, o fundo do livro e o índice. Folheei. Li trechos dos capítulos. As apreensões qualitativas foram o bastante, com amostragem "estatisticamente" suficiente.

Minhas expectativas se confirmaram. Ele vai buscando levar sua leitura numa nuance, a partir de uma premissa que tenta dar como clarividente: a de que a história é linear, caminhando por etapas, eurocentricamente, até nosso atual estado iluminado. Supostamente, herdamos as virtudes de termos "fundado o indivíduo" e a liberdade individual. Sou muito crítico quanto a isso, porque sei que desde pequenos buscamos artimanhas pra legitimar nossas manias, apegos, pirraças...E culmina, no seu estilo estereotipado e ferrenhamente macarthista, a fazer uma defesa da invasão do Iraque com base num perigo potencial de uma seita sunita fundamentalista formada tempos atrás.

É assim também na hora de tentarmos falar quem somos "Nós", mesmo que seja através de uma comparação com um "Outro". "Outro" que, se precisarmos, lhe acrescentamos umas cores a mais, de forma com que "nós" nos destaquemos. E veladamente ele, Kamel, trabalha com isso, criando uma tal de "nossa cultura", que já não sei qual é no momento em que saio na rua, e buscando daí, dizer que tem muita coisa das "nossas virtudes" na cultura do outro, tendo então que sermos compreensíveis e paternalistas com eles. Porque muitos de seus vícios também se encontram em nós, embora neles estejam menos domesticados.

Parte-se daí a buscar enxergar as raízes dos males nas culturas "dos outros”, no caso, nitidamente que ele tenta enxergar "as origens do terrorismo", em ressentimentos presentes na cultura "deles", mais, as "raizes" do terrorismo ( associando, num truque semântico "terrorismo" como algo automaticamente referenciado nas ações dos grupos paramilitares islâmicos) presentes no espírito de algo que seria análogo ao que o sociólogo Manuel Castells chama de “identidades de resistência” (gerada por atores sociais que estão em posições desvalorizadas, discriminadas ou estigmatizadas).

E fica a questão: _ O que é terrorismo? É possível dizer quais foram os primeiros terroristas da história? Se as origens do terrorismo estão num "lá", como olharemos o que acontece no "aqui", que atende ao conceito de terrorismo? Terrorismo é algo só para indivíduos, ou existe Terrorismo de Estado? Terroristas são só os religiosos? E o tanto de cientistas, políticos laicos, etc., que praticaram "terror"?

O filósofo inglês John Gray, de forma alternativa, identifica grande influência motriz do pensamento iluminista e do positivismo clássico no grupo Al Qaeda, sua crença de reformatar a história e dirigi-la a um novo processo virtuoso pela vontade humana, sintonizada com as bases verdadeiras do real; e por outro lado, ele aponta o apelo e substância religiosa nos discursos iluministas e positivistas clássicos. Mostra também como as táticas da organização possuem grandes similaridades com os grupos anarquistas do século XIX e começo do XX, na Rússia, Inglaterra, etc., com contornos inspirados nas indissiocrasias do discuso modernista.

E algo: Como localizar o "terror", ou se é "do interesse" (sic), localizá-lo em situações, contextos e com precedentes históricos de cunho político e geopolítico, se sócioeconômico? Porque ninguém fala sobre como se deu a criação do Estado do Iraque, por Churchill, com a imposição de uma casta política, aglutinando etnias e troncos religiosos rivais à força, sendo que pouco antes, por influência da própria Inglaterra, alguns grupos destes se enfrentaram em conflitos brutais? Impondo um Rei que era deslegitimado pela maioria, e que não tinha identidade nenhuma com esse projeto de nação (ou de nacionalidade)? Criando assim o que desenbocara na figura de Sadam?

Sugiro o livro "A Loucura de Churchill", de um jornalista inglês, Christopher Catherwood. Um contraponto sóbrio, sólido, embasado, de panorama amplo e ponderadamente discutido, ao pensamento subjacente de Kamel.

O essencial: Quem somos nós? Quem são os Outros? Onde está a linha? Quem cruzou primeiro? Deixo a indicação de um livro imprescindível para entrar nesse debate de forma pertinente: Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Autor é Edward Said.

Vou deixar uns trechos pra poderem falar por si mesmos:
Uma segunda situação que favorece a atitude textual é a aparência de sucesso.
Se lemos um livro que afirma que os leões são ferozes e depois encontramos um leão feroz ( estou simplificando, é claro), é provável que nos sintamos encorajados a ler mais livros do mesmo autor e a acreditar neles. Mas, se além disso, o livro do leão nos instrui sobre como lidar com um leão feroz e as instruções funcionam perfeitamente, o seu autor não apenas gozará de grande crédito como será também impelido a tentar a sorte em outros tipos de desempenho escrito. Existe uma dialética de reforço bastante complexa, pela qual as experiências dos leitores na realidade são determinadas por aquilo que leram, e isso, por sua vez, influencia os escritores a escolherem temas definidos antecipadamente pela experiência dos leitores. Um livro sobre como lidar com um leão feroz poderia então causar toda uma série de livros sobre temas tais como a ferocidade dos leões, as origens da ferocidade e assim por diante. Do mesmo modo, à medida que o foco do texto se concentra mais estreitamente sobre o tema _ não mais os leões, mas a ferocidade deles_ podemos esperar que as maneiras pelas quais se recomenda que se lide com a ferocidade do leão irá na verdade aumentar esta ferocidade, forçá-la a ser feroz posto que é isso que ela é, e é isso que, essenciamente, sabemos ou só podemos saber sobre ela.

Um texto que pretenda conter conhecimento sobre algo real, e que surja de circunstâncias similares às que descrevi, não é posto de lado com facilidade. Atribui-se-lhe conhecimento de causa. A autoridade de acadêmicos, instituições e governos é-lhe acrescentada, rodeando-com um prestígio ainda maior que o que lhe é devido por seus sucessos práticos.

(...) O mais importante é que tais textos podem criar, não apenas conhecimento, mas também a própria realidade que parecem descrever. Com o tempo, esse conhecimento e essa realidade produzem uma tradição, ou o que Michel Foucault chama de discurso, cuja presença ou peso material, não a autoridade de dado autor, é realmente responsável pelos textos a que dá origem.

Isso porque, em última análise, o
*orientalismo* era uma visão política da realidade cuja estrutura promovia a diferença entre o familiar (Europa, Ocidente, “nós”) e o estranho (Oriente, Leste, “eles”).
Recomendamos, dele também, "Cobrindo o Islã - como a mídia e os especialistas determinam nossa visão de mundo". Ed. Ediouro.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Nasce nova central: Conlutas Intersindical Central Sindical e Popular

Neste fim de semana nasceu a mais nova central sindical do Brasil: a Conlutas Intersindical CSP (CSP - Central Sindical e Popular), decidida democraticamente pelo voto de milhares de delegados eleitos pela base sindical, estudantil e popular vindos de todo o país.

É claro que, como podem ler na matéria a seguir, a nova central, nascida de um processo de unificação muito complexa, traria junto sempre algum tipo de divergência minoritária ultimatista, que se manifestou no fim do congresso, numa polêmica menor, sobre "o nome". Porém o processo de unificação prosseguirá, e a constituição da nova central, deliberada no Congresso, é por si só um marco fundamental na aglutinação dos setores classistas e combativo dos movimentos sociais brasileiros, ainda mais na atual conjuntura da luta de classes no Brasil e no mundo inteiro. A Conlutas Intersindical CSP já nasce com um calendário de lutas urgentes, especialmente a luta contra o veto presidencial ao fim do fator previdenciário.

                                                                           ***

Nova central é fundada, 
mas Intersindical rompe com o congresso

Setor minoritário abandona o Conclat, com o argumento da discussão sobre o nome da nova entidade



Opinião Socialista online - direto de Santos, SP


• Milhares e milhares de ativistas sindicais se reuniram para eleger cerca de três mil delegados que se deslocaram de todo o país para Santos, com a proposta de fundar uma nova central. Existia um amplo acordo de formar uma central que fosse uma alternativa às centrais governistas, e com uma plataforma de ação para as lutas imediatas dos trabalhadores. Também houve acordo entre todas as forças convocantes do congresso de que as diferenças que existissem deveriam ser resolvidas pela base, no próprio congresso.

No entanto, depois de perderem a votação da última diferença, sobre o nome da entidade, a Intersindical, a Unidos para Lutar (CST), e o Movimento Avançando Sindical (MAS) romperam com o congresso, desrespeitando não só os outros delegados, mas também as regras sob as quais foi convocado o congresso.

Esses setores não aceitaram a proposta vitoriosa de nome: Conlutas-Intersindical. Central Sindical e Popular (CSP). Terão que explicar em suas bases porque rompem com um congresso em função de algo como o nome da entidade.

Essa discussão tinha como pano de fundo uma negação sectária por parte da Intersindical de que houvesse qualquer menção da Conlutas no nome da nova entidade. Queriam, assim, negar a rica contribuição dada nestes seis anos que a Conlutas existiu, como nas grandes mobilizações do funcionalismo contra a reforma da Previdência, nas duas grandes marchas a Brasília, na luta contra as demissões da Embraer, e em inúmeras greves pelo país.

Eles argumentam contra o “hegemonismo”. Que hegemonismo é esse, se o nome proposto era “Conlutas-Intersindical”? Na verdade, o que se queria era impor, de forma sectária, a exclusão de qualquer menção à Conlutas na nova central.

Estava em discussão, porém, mais que um nome. Estava em questão a metodologia da democracia operária. A Intersindical queria impor um critério do tipo “ou aceitam o que eu quero, mesmo sendo minoria, ou eu rompo”. Ou seja, não pode existir uma participação das bases em decisões, prevalecendo apenas o consenso entre as correntes políticas.

Se a nova central já nascesse com essa característica, nasceria morta. Amanhã viria o mesmo método em todas as questões políticas e se imporia a paralisia e o burocratismo. Por este motivo, o Conclat foi convocado de comum acordo, com outro critério, de que as diferenças seriam resolvidas através de votações dos delegados, ou seja, pela democracia operária. Foi com essa democracia que a Intersindical rompeu.

Uma nova central
O congresso, ao constatar a ruptura, resolveu manter todas as votações, definir uma direção provisória e chamar as correntes que romperam a repensarem sua atitude e recompor a unidade.

A nova central Conlutas-Intersindical-Central Sindical e Popular foi fundada. Mais fraca do que poderia ser, se não houvesse a ruptura. Os delegados do congresso elegeram uma direção provisória com 21 nomes para funcionar até a próxima reunião, daqui a dois meses. A nova entidade já vai se expressar na luta de classes contra o veto do governo Lula ao fim do fator previdenciário. Junto com isto, continuará a chamar a Intersindical a recompor a unidade.

Retomar a unidade
Os que permaneceram no congresso fizeram uma avaliação da crise aberta. Janira Rocha, do MTL, afirmou que desde o início o movimento vem lutando pela unidade, mediando os conflitos entre os diferentes setores e defendeu a retomada dos esforços pela unidade.

Guilherme Boulos, dirigente do MTST, criticou a postura da Intersindical. ”Nós votamos a favor do nome ‘Central Classista dos Trabalhadores’, pois não concordávamos com o nome que os companheiros da Conlutas propuseram, mas nem por isso deixamos de estar aqui”, afirmou, lembrando que a necessidade de organização da classe trabalhadora ”está acima dessas questões”. Ele fez críticas ao PSTU mas terminou reafirmando que o MTST ”estará presente nessa nova central que estamos construindo” e que ”a partir do momento que terminar esse congresso devemos retomar todos os esforços para costurar novamente essa aproximação”.

José Maria de Almeida, o Zé Maria, afirmou em sua avaliação que “o caminho da construção da unidade não é uma luta fácil”. Sobre a polêmica, Zé Maria afirmou que o nome Conlutas não é de nenhuma força majoritária, mas um nome construído por milhares de trabalhadores por anos. Para o dirigente, a real polêmica envolvendo a retirada dos setores da Intersindical do congresso é o desrespeito à democracia operária. “Nenhuma força, seja ela minoritária ou majoritária, é dona de um nome ou de uma entidade. É sempre a base que deve decidir, e a base está aqui nesse congresso”, afirmou, sendo muito aplaudido.

Zé Maria lembrou do acordo realizado para os preparativos do congresso, de que qualquer polêmica que as direções dos setores não consigam resolver seria remetida à base. O sindicalista, porém, defendeu que sejam empreendidos todos os esforços para que esses setores retornem. ”Não é por nenhuma benevolência nossa, mas porque a nossa classe precisa”, disse, ressalvando, no entanto, que isso não pode se dar à custa da democracia operária.

Por fim, Zé Maria reafirmou a importância das resoluções do congresso e deixou claro que, já no dia imediatamente posterior ao congresso, a nova entidade estará nas ruas, atuando em defesa dos trabalhadores. ”Amanhã a Conlutas-Intersindical Central Sindical e Popular estará nas ruas e no próximo dia 14 estaremos no ato contra o veto de Lula ao fim do fator previdenciário”, afirmou.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Greve da educação de MG segue forte

A greve dos profissionais de Educação pública do Estado de Minas Gerais segue forte a mais de um mês apesar da repressão do governador Aécio Neves e da justiça estadual.

Veja matéria do boletim de greve:

Juntos para Avançar... Não vamos recuar
A greve por tempo indeterminado deflagrada em Minas Gerais, no dia 08 de abril, configura-se no maior movimento dos últimos anos em nosso estado. Enfrentamos até aqui ameaças, tentativas de demissão, arbitrariedades, repressão e agressão física. Respondemos com organização, mobilização, manifestações e com a continuidade da greve.

Temos um claro objetivo: a implementação do piso salarial profissional de R$1.312,85 para jornada
de 24 horas e nível médio de escolaridade. Enfrentamos uma articulação do Governo do Estado envolvendo mídia paga, inteligência do serviço de segurança pública e decisões políticas do Poder Judiciário. O nosso recuo neste momento significará uma derrota não apenas da campanha salarial de 2010, mas a nossa derrota enquanto categoria. Perderemos a capacidade de conquistar qualquer mudança de salários além de ficarmos vulneráveis às retaliações da Secretaria Estadual de Educação (SEE).

A liminar concedida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (Mandado de Segurança impetrado
pelo Sind-UTE/MG) que garantiu aos/as trabalhadores/ as em educação o direito de greve sem que haja demissões ou substituições foi uma importante vitória jurídica e política para a continuidadeda greve.

No entanto, o Governo de Estado ajuizou ação civil pública pedindo a decretação da ilegalidade da greve. Um Desembargador do Tribunal de Justiça deferiu a tutela antecipada determinando a imediata suspensão da greve, por considerá-la ilegal. O Desembargador não ouviu o Sind-UTE/MG antes de decidir. A decisão proferida é de 04/05/10, véspera da nossa assembleia estadual.

O Sind-UTE/MG cumpriu todos os requisitos determinados pela Lei Federal 7.783/89 que é aplicada ao direito de greve do setor público. No entanto, o Tribunal de Justiça optou por declarar a ilegalidade da nossa greve. O Sind-UTE/MG recorreu da decisão do TJMG e está se organizando para assumir a multa diária de R$10.000,00. Voltar para a escola neste momento não reverterá o que o Governo Estadual está fazendo.
Precisamos manter a nossa mobilização para modificar o atual quadro de ameaças e tentativas de retaliação. Não será a primeira vez que os/as trabalhadores/as enfrentam decisões judiciais que têm perfil político.

sábado, 5 de junho de 2010

Os "novos corsários" - sobre o ataque de Israel à frota de ajuda a Gaza

Os novos corsários: reflexões sobre o injustificável ataque à “Frota da Liberdade”

Vinicius Valentin Raduan Miguel *

  • Santo Agostinho conta a história de um pirata capturado por Alexandre, o Grande, que lhe perguntou: “Como você ousa molestar o mar?”. “E como você ousa desafiar o mundo inteiro?”, replicou o pirata. “Pois, por fazer isso apenas com um pequeno navio, sou chamado de ladrão; mas você, que o faz com uma marinha enorme, é chamado de imperador." - Chomsky, 2006

De um ladrão para um nobre: Tal é nossa diferença, ó melhor dos príncipes: Eu conquisto algumas moedas; tu roubas as províncias - Victor Hugo, escritor francês.

De que forma é possível compreender as políticas israelenses de segregação étnico-religiosa sem fazer alusão ao hediondo sistema de apartheid sul-africano? Como caracterizar a discriminação sistemática contra a minoria palestina e árabe-israelense, senão como segregacionismo?

Como não traçar um paralelo entre o processo de expropriação territorial da era colonial, ocorrida na América Latina e na África, e a expulsão do povo palestino? Como definir o longo e brutal cerco israelense à Gaza – impedindo a entrada de alimentos, medicamentos e de material para a reconstrução – senão a transformação da região em um ghetto?

E o que foi o ataque ao ghetto de Gaza (dezembro de 2008/janeiro de 2009) senão um pogrom? Como justificar os ataques indiscriminados à população civil palestina, senão imbuindo-se de uma pretensa mission civilisatrice que, simultaneamente, abona o crime de guerra dos caças F-16 israelenses e inculpa, de forma totalizante, os civis mortos em terra pela própria morte?

Como aceitar seis décadas de ocupação militar e colonialismo? Como ignorar o entrelaçamento desses sobrerreferidos capítulos do drama palestino e não perceber um quadro de iterados crimes contra a humanidade?

O cerco à Gaza, imposto desde 2007, é criminoso. Obstruir a entrada de alimentos, medicamentos e mercadorias, combustível e eletricidade por três anos viola o princípio da distinção entre civis e combatentes. A medida provoca um espetáculo grotesco: a população inteira é obrigada a assistir a fome, a pobreza e a morte dos seus entes queridos.

Registre-se que o povo de Gaza está encarcerado, não podendo sair do local. Resta-lhes, confinados em uma zona de guerra total, aceitar o sofrimento coletivo cominado pela potência ocupante.

Impedir a chegada de ajuda humanitária não é um exercício da soberania israelense – é uma mostra da agressividade sem lindes éticos. Denota a opção de Israel pelo confronto e pela violência, ainda que contra civis e observadores internacionais.

Atacar navios – estejam eles levando ajuda humanitária ou não - é pirataria. Matar pessoas é assassinato. Fazê-lo na tentativa de desencorajar o apoio internacional à causa palestina é terrorismo de Estado.

Referências

CHOMSKY, Noam. Piratas e Imperadores, Antigos e Modernos. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

* Vinicius Valentin Raduan Miguel é cientista social (Universidade Federal de Rondônia) e mestre em “Direitos Humanos e Política Internacional” (Universidade de Glasgow).

Breve história da destruição da Previdência Pública no Brasil

Há dez anos, FHC começava a destruição da Previdência

Luciana Candido, do Opinião Socialista (fevereiro de 2008)

No dia 11 de fevereiro de 1998, o Congresso Nacional dava o primeiro e fundamental passo rumo à destruição da Previdência. Nesse dia, os deputados votaram, em primeiro turno, a favor da reforma de Previdência do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O projeto havia sido apresentado quase quatro anos antes e ficou conhecido como PEC 33 (Proposta de Emenda Constitucional 33).

Foram 346 votos contra 151. O governo federal, em 1998, utilizou-se do famoso e ainda em vigor “toma-lá-dá-cá”. FHC gastou cerca de R$ 30 milhões em liberação de verbas para comprar deputados e distribuiu cargos à vontade. Para completar a situação, chamou os aposentados de “vagabundos”.

Na época, FHC inaugurou um discurso repetido até hoje. “A Previdência Social é a área onde gastamos mais e arrecadamos menos. É uma das principais causas do déficit público”, afirmava. Sua reforma afetou principalmente os trabalhadores do setor privado, mas os servidores também sentiram seus efeitos. A conclusão da reforma se deu em dezembro daquele ano, com a promulgação da Emenda Constitucional 20/98.

Os principais ataques foram a substituição da aposentadoria por tempo de serviço pela aposentadoria por tempo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 para homens) e a instituição de limite de idade para a aposentadoria integral dos servidores públicos – 53 anos para homens e 48 para mulheres. Além disso, aumentou a idade mínima para aposentadoria dos trabalhadores do setor privado – 60 anos para homens e 55 para mulheres.

Foi na esteira da reforma de FHC que foi instituído, em 1999, o fator previdenciário. A medida dificultou o acesso à aposentadoria, na medida em que condicionou o valor da aposentadoria à sobrevida do trabalhador. Assim, o valor do benefício passou a depender da idade, do tempo de contribuição e da expectativa de vida.

As aposentadorias especiais foram praticamente extintas, permanecendo esse direito apenas para professores e trabalhadores em atividades insalubres. Também acabou a pensão integral por morte e foi estabelecida a contribuição previdenciária dos aposentados com mais de 65 anos.

Uma forte pressão contrária do movimento organizado dos trabalhadores impediu que o texto fosse votado antes. Em todo o país e em Brasília, sobretudo, manifestações e paralisações diversas ocorreram e foram duramente reprimidas. Inclusive, a polícia do Distrito Federal, então governado pelo petista Cristóvão Buarque, cumpriu um papel fundamental e violento para deter os trabalhadores em luta.

Em 1998, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT) estiveram nas mobilizações contra a reforma de FHC. No dia 5 de fevereiro, houve uma ocupação do plenário da Câmara em Brasília.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista esteve à frente de grandes manifestações. O presidente da entidade era Luiz Marinho. Hoje, Marinho, também ex-presidente da CUT, é o ministro da Previdência e está à frente do terceiro projeto de reforma. “Ou ajustamos o tempo de contribuição, ou a idade mínima para o acesso à aposentadoria”, afirmou o ministro em 2007.

Lula e a segunda reforma 
A resistência e a queda de popularidade no segundo mandato impediram FHC de fazer a reforma contra o funcionalismo. Inclusive alguns pontos, como a instituição de teto para os benefícios, tiveram de ser retirados do projeto.

Esse, porém, não seria o golpe final na aposentadoria dos trabalhadores. Cinco anos depois, o ex-operário que chegara ao poder, Luís Inácio Lula da Silva, faria uma nova reforma, atacando diretamente o funcionalismo. Em 2003, o argumento não tinha nada de novo: privilegiados contra trabalhadores que “dão duro”, déficit da Previdência, etc., ou seja, o mesmo blá-blá-blá de FHC.

Aproveitando-se da popularidade de seu primeiro mandato, Lula fez aprovar a reforma da Previdência tentando passar um verniz de modernidade e rotulando os servidores públicos de privilegiados. Nada de novo havia: da mesma forma que FHC, Lula nada mais fazia do que cumprir acordos com o FMI, seguindo as exigências do fundo para garantir o pagamento da dívida externa.

O teto único para aposentadoria foi instituído e o valor dos recebimentos dos trabalhadores aposentados foi desvinculado dos da ativa, entre outras medidas. O governo não fez isso tranqüilamente.

O funcionalismo reagiu com paralisações, trancamento de estradas, grandes atos de rua e uma ocupação do Congresso Nacional. A palavra-de-ordem era “você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”, sinalizando que a ilusão em Lula não era inabalável. Foi daí que surgiram muitos ativistas aguerridos que fizeram parte da fundação da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), uma alternativa para os trabalhadores diante da rendição da CUT ao governo.

E no que depender do governo, tem mais. Lula já não goza mais da enorme confiança que os trabalhadores tinham nele no primeiro mandato. A terceira reforma da Previdência ainda não saiu do papel, mas seu projeto já é bem concreto: fim da aposentadoria dos professores e rural, aumento da idade mínima, fim da diferença de idade entre homens e mulheres.

Por enquanto, a proposta de conjunto foi adiada para 2009. Afinal, em ano de eleições, medidas impopulares não ajudam. Mas os trabalhadores podem esperar para uma grande batalha a ser travada contra o governo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Uma prova das relações excusas entre a Igreja e as grandes riquezas

Mais um problema para o Vaticano: lavagem de dinheiro

Monitor Mercantil, 01/06/2010

Por suspeita do envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro, a justiça italiana está investigando o Banco do Vaticano por suspeita de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro. Segundo reportagem do jornal La Repubblica, o principal alvo das investigações é o Instituto das Obras Religiosas (IOR), nome como é conhecida a instituição oficial do Vaticano, e dez outros bancos italianos, incluindo grandes instituições como a Intesa San Paolo e a Unicredit. O objetivo dos investigadores é descobrir os mecanismos que estão sendo utilizados por diversas pessoas que têm residência fiscal na Itália e estão a usando o IOR para encobrir fraudes e evasão fiscal. O IOR administra as contas bancárias das ordens religiosas e associações católicas e se beneficia do estatuto offshore do Vaticano.

Será que sobrará para os espanhóis? Em setembro do ano passado, o representante do Santander na Itália, Ettore Gotti Tedeschi, foi nomeado presidente executivo do instituto. Acontece que os investigadores italianos descobriram que, num período de dois anos, foram realizadas transações no montante de 180 milhões de euros na conta de uma única ordem religiosa.