sábado, 17 de abril de 2010

Revista Veja manipula a tragédia das chuvas em favor de seus interesses

Mais uma da Grande Mídia...

Revista Veja, que vem sendo nos últimos anos se comportando como veículo do que há de mais retrográdo e oportunista da  grande mídia, manipula a tragédia das chuvas em favor de seus interesses econômicos, dando dois pesos e duas medidas a tragédia das chuvas.  Quando o governo é "amigo" é culpa da natureza, quando não é, "pau nele".

Passada as tragédia das chuvas no Rio de Janeiro, quando a Grande Mídia "descobriu" enfim que a tragédia no estado poderia ser evitada se não houvesse tido omissão dos governantes burgueses. Mas no passado, mesmo recente, essa grande mídia se comportou de maneira diferente para casos semelhantes, ou pior, tem dois pesos e duas medidas sobre esse tipo de incidente, quando a autoridade é "amiga", isto é, quando interessa aos donos do jornal, revista, TV ou rádio por questões políticas e comerciais.

O caso ilustrativo são duas capas da revista Veja, com dois meses de diferença. A tragédia das chuvas de janeiro que se abateu sobre o estado de São Paulo obteve um tratamento distinto ao recente do estado do Rio de Janeiro.

Para a Veja em SP as enchentes, inundações, deslizamentos, caos, prejuízos e mortes foram resultados de uma "correlação" atípica de fatores naturais.

Já dois meses depois, no RJ, a revista afirma que culpar as chuvas é "demagogia" e que a tragédia seria resultado de uma "política criminosa". Isto mesmo, dois pesos e duas medidas para o mesmo tipo de questão,uma mesma questão mas apenas em dois lugares diferentes, governados por governos diferentes, que embora tenham a mesma criminosa responsabilidade pela infeliz consequências de chuvas sobre suas populações, mantêm relações econômicas diferentes com os donos da revista.


É bom lembrar que o Governo de SP, do agora pré-candidato  a presidente da república, José Serra, cujo partido, o PSDB, está a duas décadas a frente, mantém boas relações com a revista, a ponto de adquirir exemplares sem licitação e de anunciar ostensivamente na mesma.

Quanto ao governo fluminense, o governador do estado e o prefeito do Rio, do PMDB são aliados políticos de Lula, adversário político do governador de São Paulo, e que gastou as verbas de publicidade do governo federal de maneira tática por veículos regionais, menores e de outras mídias, obviamente concorrentes diretos do grupo Abril, editora dona da Veja.

Além de detonar Sérgio Cabral e Eduardo Paes, que realmente têm responsabilidade (como por sua vez, também o prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira), a Veja tenta vincular a tragédia à questão por ela chamada da "política criminosa de dar barracos em troca de votos".

Com tal retórica, essa revista procura iludir seus leitores com a velha tese e discurso "lacerdista" (Carlos Lacerda) que demoniza as favelas e toda ação urbanística e habitacional sobre elas, imputando aos moradores das ocupações irregulares pela tragédia. É o discurso, que as favelas devem ser removidas. Como se a vítima fosse culpado. E que toda política pública sobre uma favela fosse "conivência" com a ocupação irregular ou oportunismo eleitoral.

Um comentário:

  1. Lições da tragédia

    Politização e sensacionalismo contaminaram as análises sobre os desastres provocados pelas chuvas no Sudeste.
    Caso São Paulo não fosse governado por José Serra, haveria um escândalo perante o despreparo material da Defesa Civil e dos Corpos de Bombeiros no atendimento imediato às vítimas. Não se trata de incompetência das corporações, mas de negligência administrativa: as cidades ribeirinhas do Estado estavam e continuam entregues às próprias sortes. Também seria a última vez que esses governantes descarados escapariam de fornecer satisfações sobre as fortunas incalculáveis empenhadas nas obras das marginais paulistanas.
    As autoridades fluminenses são historicamente omissas na questão das moradias irregulares. Elas preferem assistir ao martírio dos desvalidos a agir com o rigor da legalidade, politicamente desgastante. É óbvio que as famílias alojadas em situação periclitante precisam ser removidas. Como sugerir pretexto “social” para manter seres humanos pendurados em precipícios, à mercê de temporais?
    A sociedade precisa reagir à hipocrisia surpresa dos governantes. Ninguém esperava que aqueles casebres de papelão, montados nas enlameadas encostas de morros íngremes, fossem obedecer à lei rudimentar da gravidade? O que as oligarquias conservadoras que dominam São Paulo há quase três décadas fizeram para prevenir o alagamento das ruas da capital, salvo reclamar da atmosfera?
    Não se iludam: no ano que vem, as chuvas voltarão. E as verdadeiras responsabilidades passarão incólumes, novamente, até nova mortandade.

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