segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dólar forte contribuí para desindustrialização e desnacionalização

Após uma semana dedicada a refletir sobre a tragédia das chuvas no Rio de Janeiro e seu forte impacto especialmente na cidade de Niterói, voltemos ao noticiário econômico.

O dólar forte parece ser estrutural no atual padrão de desenvolvimento brasileiro. Ele é provocado pela maior taxa de juros básicas reais do mundo e pela ausência de controle de capitais. Acaba por favorecer os banqueiros e especuladores internacionais e como também o consumo de luxo, e ao fim e ao cabo, contribuí para desindustrialização e desnacionalização das empresas brasileiras. O resultado é a perda de empregos locais, mas também superlucros para os empresários obtidos tanto com sociedade com as multinacionais como pela venda de suas empresas para elas.


Monitor Mercantil, 08/04/2010

Desindustrialização e deslumbramento

REAL FORTE FINANCIA IMPORTAÇÃO DE CARROS DE LUXO E PROVOCA DÉFICIT EXTERNO

A Takeda Farmacêutica, maior fabricante de medicamentos do Japão, abriu uma pequena subsidiária no Brasil. A intenção é preparar o caminho para aproveitar o mercado interno do país, o quinto maior do mundo.

Todas outras 19 grandes multinacionais da área já operam no Brasil. Já as montadoras e fabricantes de autopeças trabalham com expectativa de déficit na balança comercial do setor acima de US$ 4 bilhões este ano, o que seria o maior da história. No primeiro bimestre, o déficit já alcança US$ 800 milhões, devido, sobretudo, à importação de veículos de luxo.

Em março, a importação de carros registrou recorde mensal de 58,1 mil unidades. O país deverá importar cerca de 600 mil automóveis este ano, 23% a mais que em 2009 e quase sete vezes mais que o volume de cinco anos atrás, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

"Com o dólar a R$ 1,75 não dá", resume o vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina (Abifina), Nelson Brasil.

Ele classifica o câmbio livre como "um absurdo" e tem dúvidas sobre se a Takeda está realmente interessada em operar no país: "Muitas vezes querem colocar ações no mercado e ficam badalando notícias desse tipo. Com o real tão apreciado e câmbio totalmente livre fica impossível qualquer planejamento estratégico. Ninguém pode prever a taxa cambial, para importar ou exportar", critica, comparando as estratégias brasileira e chinesa.

"Na China, o câmbio é controlado pelo governo, existe uma política industrial sábia, que privilegia a fabricação local e estimula o desenvolvimento tecnológico. Aqui, queremos bancar "os bacanas" com coisas insustentáveis, numa economia absolutamente fragilizada. É absurdo o processo de importação crescente, desindustrializando o país e fechando postos de trabalho", finaliza.

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