sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Revisão do PIB 2007: embora com maior avanço em 21 anos, indústria perde espaço


Crescimento no padrão Cruzado
REVISÃO DO IBGE CAUSA MAIOR AVANÇO DO PIB EM 21 ANOS.
INDÚSTRIA PERDE ESPAÇO E BANCOS AMPLIAM PESO NA ECONOMIA

Monitor Mercantil (quinta-feira, 5 de novembro de 2009) - Apesar de a expansão da economia brasileira em 2007 ter sido a maior desde 1986, ano do Plano Cruzado -  6,1%, ante 5,7% apurados anteriormente pelo IBGE - o gerente da coordenação de Contas Nacionais do órgão, Cristiano Martins, destacou que a valorização de 37% do real entre 2004 e 2007 promoveu uma mudança estrutural no produto interno bruto (PIB).

A indústria partiu de uma participação no PIB de 30,1%, em 2004; para 29,3%, em 2005; 28,8%, em 2006; e, finalmente, 27,8% em 2007. No mesmo período, o setor de serviços teve trajetória ascendente, de 63% do PIB, em 2004, para 66,6%, em 2007.

"Um dos motivos para esse ganho dos serviços é a valorização do real, que leva a mais importações, enquanto as atividades que sofrem maior concorrência dos bens importados perdem participação", explicou Martins.

Para o economista Marcos Coimbra, do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), o câmbio sobrevalorizado está desindustrializando o país:

"O real apreciado é bom para quem gosta de viajar para o exterior e para os importadores, mas dificulta a exportação. Nossa indústria é relativamente moderna, mas não tem a sofisticação técnica e de mão-de-obra dos desenvolvidos, nem a mão-de-obra barata da China", avalia Coimbra, lembrando que o setor que exporta valor agregado é a indústria e que o segmento de serviços inclui os bancos.

"O câmbio é o ponto mais maléfico de uma política econômica que tem como única meta o controle da inflação e não considera um plano nacional de desenvolvimento. Se persistir por mais tempo, essa política desintegrará o parque industrial brasileiro", alertou.

Para o economista, a saída é o controle cambial, incluindo o de capitais, na entrada e na saída, além de medidas protecionistas não fiscalistas, como controle fitossanitário.

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