quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"Porto Maravilha": muito pouco para uma região maravilhosa

O projeto Porto Maravilha é um grande projeto urbanístico para os bairros portuários da cidade do Rio de Janeiro. Embora esse projeto pareça ambicioso, é uma necessidade, além disso chega atrasado e são muito poucos se comparado aos montantes dos gastos preparatório às Olimpíadas de 2016, a serem realizados principalmente na Barra da Tijuca. Por fim, o projeto peca por, embora até se dê um verniz preocupação urbano-social, seu foco é turístico e empresarial.

A Zona Portuária do Rio é uma área histórica, com muitos prédios bonitos, que precisa ser revitalizada para se tornar, não apenas mais um cartão-postal da cidade, mas um vetor de desenvolvimento econômico e social, alternativo ao saturados Centro, Zona Sul e Barra, numa área que se transformou nos últimos 30 anos infelizmente em um verdadeiro cemitério industrial, com inúmeros prédios vazios e semi-desmoronados.



Na primeira fase do Porto Maravilha serão investidos, em conjunto pelas três esferas de poder (municipío, estado e Governo Federal) e a iniciativa privada, recursos no valor de R$ 374 milhões. Além da reurbanização da Praça Mauá e do píer, o projeto prevê a construção de uma via para ligar a Avenida Brasil ao porto com o objetivo de desafogar o trânsito da via, na altura do Caju, onde é grande a concentração de caminhões de grande porte. A primeira parte do Porto Maravilha deverá ser executada nos próximos dois anos.

Nesta primeira parte serão realizadas obras de intraestrutura (reurbanização completa da Praça Mauá, das principais vias do entorno, do Morro da Conceição e do píer; e construção de uma garantem subterrânea na Praça Mauá, com capacidade para até mil veículos); de habitação (criação de 499 residências com a recuperação de imóveis antigos na região portuária, através do programa Novas Alternativas); e de cultura e entretenimento (implantação de uma pinacoteca no edifício D. João VI; e do Museu do Amanhã nos armazéns 5 e 6 do cais).

A revitalização da Praça Mauá custará R$ 145 milhões, financiados pelo governo federal e prefeitura; a construção da garagem, R$ 45 milhões pelo setor privado; a criação de unidades habitacionais, R$ 34 milhões, pela Caixa Econômica; a implantação da pinacoteca e do museu, R$ 150 milhões pelo Ministério do Turismo; e a alça viária entre Avenida Brasil e o porto, R$ 18 milhões pela prefeitura e Companhia Docas.



Muito embora, esteja quase claro que o objetivo do projeto é o turismo e as indústria imobiliária e de construção, e não a habitação e a cultura. Para uma cidade que gastará bilhões com as Olimpíadas de 2016 (uns R$10 bilhões só com as edificações esportivas), na verdade está se propondo a gastar (e a fazer) muito pouco com esta importante, porém muitíssima degrada, zona da cidade.

Os Jogos Olimpícos de Barcela de 1992, sempre citado como exemplo de renovação urbana proporcionada por esse importante evento, e utilizado para justificar o projeto olimíco para a cidade do Rio, teve uma lógica distinta do manifestada no projeto carioca. Além do fato de que o Parque Olimpíco se concentrou na antiga e degradada zona portuária, a cidade que teve a estratégia de se transformar de uma grande ex-cidade industrial em uma cidade de turismo e serviços, a começar utilizando como pretexto o mega-evento e canalizando recursos sobre sua zona mais carente e degradada.

Façam sua própria análise e tirem suas conclusões, depois voltaremos a debater esse tema

Um comentário:

  1. Espero que nossos governantes usem bem o dinheiro que será investido nesta obra, chega de "Cidades das Musicas"

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